quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ORAÇÃO PARA O ÚLTIMO DIA DO ANO

Obrigado, Senhor,
pelo ano que termina,
porque estou aqui, junto Convosco e com minha família (com meus amigos),
vivendo a alegria de ter vivido um ano mais
em Vossa Santa Presença.

Obrigado, Senhor,
por mais um ano de vida,
por ter tido ainda este tempo para viver 
as santas alegrias do Natal e deste Ano Novo.
Por estar com pessoas que amo
e que compartilham comigo
a mesma fé e o sincero propósito
de viver o Evangelho a cada dia.

Obrigado, Senhor,
por tantas graças recebidas neste ano que passa;
eu Vos ofereço hoje o meu nada
e, dentro do meu nada, todo o meu amor humano possível,
como herança de Vossa Ressurreição.
No meio das luzes do mundo nesse dia de festa,
eu me recolho à sombra da Vossa Misericórdia;
e Vos honro e Vos dou glória nesse tempo
pelos tempos que estarei Convosco para sempre.

Obrigado, Senhor,
por estar aqui na Vossa Presença,
no tempo que conta mais um ano que se vai,
na gratidão da alma confiante
que aprendeu o caminho do Pai.
Das coisas boas que fiz, dou-Vos tudo,
porque as recebi de Vosso Santo Espírito.
E Vos suplico curar com Vosso Corpo e Sangue
as cicatrizes dos meus pecados.

Obrigado, Senhor,
pela caminhada diária com Maria, 
que nos ensina no cotidiano de nossa vidas
a ir ao Vosso encontro todos os dias.
Pelo meu Santo Anjo da Guarda,
pelos meus santos de devoção, 
pelo papa, e pela Vossa Igreja,
eu Vos agradeço, Senhor, e Vos louvo, 
neste último dia do ano.

Obrigado, Senhor,
pelo ano que termina.
Que eu não me lembre nesse tempo
das dores e sofrimentos que passei,
das tristezas e angústias que vivi:
que todo mal seja olvidado agora
na alegria de eu estar aqui Convosco,
e pela resignação à Santa Vontade de Deus.

E que nesta última hora do tempo que se vai,
do ano que chega ao fim:
mais uma vez, não seja eu que viva,
mas o Cristo que vive em mim.
Amém.

(Arcos de Pilares)

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A BÍBLIA EXPLICADA (XIII): AS DUAS GRANDES MISSÕES DE SÃO JOSÉ


Qual foi a missão especial de São José em relação a Maria Santíssima?

Consistiu, principalmente, em preservar a virgindade e a honra de Maria, em contrair com a futura Mãe de Deus um verdadeiro matrimônio, mas absolutamente santo. Como nos refere o Evangelho de São Mateus (Mt 1, 20), o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: 'José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, porque aquele que está nEla vem do Espírito Santo'. Maria é sua esposa de verdade. 

Trata-se de um verdadeiro matrimônio, mas todo celeste, e que devia ter uma fecundidade divina: 'A prole não é chamada bem do matrimônio — escreve São Tomás — só porque gerada por meio do matrimônio, mas porque no matrimônio é acolhida e educada; e, assim, o bem daquele matrimônio foi aquela prole, mas não no primeiro modo. O que nasceu de um adultério, ou um filho adotivo, que é educado no matrimônio, não são bem do matrimônio, porque este não é ordenado à educação daqueles, como, ao invés, este matrimônio (de Maria e José) foi especialmente ordenado a este fim, ou seja, que aquela prole fosse acolhida e educada neste'. 

A plenitude inicial de graça dada à Virgem em vista da divina maternidade lembrava, em certo sentido, o mistério da Encarnação: 'A Beata Virgem (...) mereceu, pela graça que lhe foi dada, aquele grau de santidade e de pureza que fosse côngruo à sua condição de Mãe de Deus (...) como também os Santos Padres (do Velho Testamento) mereceram, por suas orações e desejos, em modo côngruo, a Encarnação' (São Tomás de Aquino, IIIa, q. 2, a. 11, ad 3). Como diz Bossuet: 'É a virgindade de Maria, que atrai Jesus do céu (...). Se é esta pureza que a torna fecunda, e não temo afirmar que José tem sua parte neste grande milagre. Porque, se essa pureza angélica é o bem da divina Maria, é também o depósito do justo José' . 

Tratava-se, sem dúvida, da união mais respeitosa com a criatura mais perfeita que jamais existiu, no quadro mais simples, o de um pobre artesão de aldeia. José aproximou de si, assim, do modo mais íntimo em relação a qualquer outro santo, aquela que é também a Mãe de Deus, aquela que é também a Mãe espiritual de todos os homens, do próprio São José, que é a Corredentora, a Mediadora universal, a dispensadora de todas as graças. São José, a todos esses títulos, amou Maria com o amor mais puro e mais devoto. Era também um amor teologal, porque amava a Virgem em Deus, por toda a glória que lhe havia doado. A beleza de todo o universo era nada comparada à sublime união dessas duas almas, uma união criada pelo Altíssimo, que encantava os Anjos, e deliciava o próprio Senhor. 

Qual foi a missão excepcional de São José em relação ao Senhor? 

Em toda verdade, o Verbo de Deus encarnado foi confiado a ele, José, ao invés que a outro justo, entre os homens de todas as gerações. Se o santo velho Simeão segurou o pequeno Jesus por alguns instantes e viu nEle a salvação dos povos, 'luz para a revelação das gentes', José velou sempre, noite e dia, sobre a infância de Nosso Senhor. Muitas vezes, segurou em suas mãos aquele que sabia ser seu Criador e Salvador. Recebeu dEle graças sobre graças, durante os longos anos em que viveu com ele na maior intimidade cotidiana. 

Viu-o crescer, contribuiu à sua educação humana. Jesus lhe foi submisso: 'Era submisso a eles' (Lc 2,5). É comumente chamado de 'pai nutrício do Salvador', mas o foi em um sentido mais elevado, porque, como sublinha São Tomás, é apenas acidentalmente que tal homem, depois do seu matrimônio, se torna 'pai nutrício' ou 'pai adotivo' do Menino, exatamente porque não foi mesmo de modo acidental que São José foi encarregado de cuidar de Jesus. Ele foi criado e veio ao mundo exatamente para este desígnio. Foi uma predestinação. É em vista desta missão totalmente divina que a Providência lhe concedeu toda espécie de graça desde sua infância: graça de piedade profunda, de virgindade, de perfeita fidelidade. 

No desenho eterno de Deus, a razão de ser da união de São José com Maria foi, sobretudo, a proteção e a educação do Salvador; e ele recebeu de Deus um coração de Pai para velar sobre o Menino Jesus. Esta é a missão principal de São José, aquela pela qual ele recebeu uma santidade proporcional; proporcional, de certa forma, à sua condição, ao mistério da Encarnação, que domina a ordem da graça e cujas perspectivas são infinitas. 

Este último ponto foi bem iluminado por Mons. Sinibaldi, em sua recente obra, La Grandezza di San José [A Grandeza de S. José], onde mostra que São José foi predestinado desde a eternidade a se tornar o esposo da Santíssima Virgem, e explica, com São Tomás, a tríplice conveniência desta predestinação: 'O ministério de São José e a ordem da União Hipostática (...). Por Ministério (...) se deve entender um ofício, uma função que impõe e produz uma série de atos dirigidos a alcançar um escopo determinado (...): Maria nasceu para ser a Mãe de Deus (...). Mas o esponsalício virginal de Maria depende de José (...). Por isso, o ministério de José tem uma estreita relação com a constituição da ordem da União Hipostática (...). Celebrando seu conúbio virginal com Maria, José prepara a Mãe de Deus como Deus a quer; e nisso consiste a sua cooperação na atuação do grande mistério. Disso surge que a cooperação de José não é igual à de Maria. Enquanto a cooperação de Maria é intrínseca, física, imediata, a de José é extrínseca, moral, mediata (para Maria); mas é verdadeira cooperação'. 

O Doutor Angélico o estabeleceu, questionando-se (III, q,29, a. 1) se Cristo devia nascer de uma Virgem que havia contraído um verdadeiro matrimônio. Respondeu afirmativamente: que devia nascer assim, seja por Cristo, seja por sua Mãe, seja por nós. Isso era demasiado conveniente para o próprio Nosso Senhor, para que não fosse considerado, antes de manifestar o mistério do seu nascimento, como um filho ilegítimo, e porque devia ser protegido na sua infância. Para a Virgem não era menos conveniente, para que não fosse considerada culpada de adultério e, por isso, apedrejada pelos hebreus, como observou São Jerônimo, e para que ela também fosse protegida no meio das dificuldades e das perseguições que deveriam iniciar com o nascimento do Salvador. Isso, como acrescenta São Tomás, foi também muito conveniente para nós, porque, graças ao testemunho insuspeito de São José, apreendemos a concepção virginal de Cristo. Segundo a ordem dos assuntos humanos, o seu testemunho admiravelmente confirma para nós o de Nossa Senhora. Finalmente, era soberanamente conveniente porque em Maria encontramos, ao mesmo tempo, seja o perfeito modelo dos Virgens, seja o das esposas e das mães cristãs.

(Excertos da obra 'A superioridade de São José sobre todos os outros santos', do Fr. Garrigou-Lagrange, 1929)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

29 DE DEZEMBRO - SÃO TOMÁS BECKET


Thomas Becket nasceu em Londres no dia 21 de dezembro de 1117 e, como cortesão da corte, conviveu intimamente com o futuro rei Henrique II que, ao se tornar rei, o nomeou como chanceler. Sob orientação de Teobald, então Arcebispo de Canterbury, foi educado na autêntica fé cristã e enviado para várias missões em Roma. Com a morte do seu preceptor em 1161, tornou-se seu substituto como Arcebispo da Canterbury e Primaz da Inglaterra, por indicação do rei Henrique II. Nesta nova função, a defesa da fé levou a um confronto continuado com o rei e o amigo íntimo dos tempos da adolescência e da juventude, o que culminou com um longo exílio na França. Após seis anos, e mediante a intervenção do papa Alexandre III para uma acordo com o rei, o arcebispo reassumiu o seu cargo, ciente dos riscos que teria de correr, por manter convictos os seus princípios cristãos em detrimento da amizade e lealdade antigas ao rei. E, com efeito, a relação entre os dois tendia a ser, cada vez mais, mais crítica e mais conflituosa.


Na noite de 29 de dezembro de 1170, Thomas (Tomás) Becket dirigiu-se à Catedral de Canterbury, para as cerimônias das Vésperas. De repente, quatro cavaleiros da corte, aparentemente convictos de estarem atendendo a uma vontade expressa do rei, irromperam o recinto sagrado, gritando: 'Onde está o arcebispo? Onde está o traidor?'. Apoiado em um altar lateral, o arcebispo respondeu: 'Aqui me tendes; sou o arcebispo, mas não um traidor'. Diante da ameaça de morte, recusou-se a fugir e enfrentou o covarde ataque. Com vários golpes de espadas, foi ferido mortalmente e, ao morrer, aos 53 anos de idade e nove de episcopado, dos quais dois terços passados em desterro na França, exclamou: 'Morro voluntariamente pelo nome de Jesus e pela defesa de sua Igreja'. 

(altar lateral da Catedral de Canterbury, local do martírio do santo)


Devido às imediatas e intensas manifestações de devoção que se seguiram, na Inglaterra e por toda a Europa, Thomas Becket foi canonizado pouco mais de dois anos após a sua morte, em 21 de fevereiro de de 1173, pelo papa Alexandre III. Em julho de 1174, o rei Henrique II se penitenciou publicamente diante do túmulo do santo, que se tornou local de grande peregrinação religiosa, até ser destruído por ordem do rei Henrique VIII, em setembro de 1538, à época da implantação do Anglicanismo como religião oficial da Inglaterra em rejeição à fé cristã.

domingo, 28 de dezembro de 2014

SAGRADA FAMÍLIA

Páginas do Evangelho - Festa da Sagrada Família


Neste último domingo do ano, o Evangelho evoca o culto à Sagrada Família, síntese da vida cristã autêntica e primeira igreja na terra. Na humilde casa de Nazaré, três pessoas: pai, mãe e filho, viviam em natureza sobrenatural exatamente inversa à ordem natural: São José, patriarca e pai de família devotado, com direitos naturais legítimos sobre a esposa e o filho, era o menor em perfeição; Nossa Senhora, esposa e mãe, era Mãe de Deus e de todos os homens; Jesus, a criança indefesa e submissa aos pais, é o Deus feito homem para a salvação do mundo. Portentoso mistério que revela a singular santidade da família humana, moldada sobre clara hierarquia divina, moldada por Deus para ser escola de santificação, amor, renúncia e salvação. 

Neste modelo de submissão perfeita ao amor de Deus e em obediência estrita à Lei de Moisés, 'quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho' (Lc 2, 22), José e Maria se dirigem ao Templo de Jerusalém para a consagração do seu primogênito e oferenda do sacrifício penitencial. E será ali, apenas 40 dias após o nascimento de Jesus, que Nossa Senhora vai experimentar, pela profecia do velho Simeão, a primeira grande ferida de sua alma imaculada nesta terra, que a tornaria Nossa Senhora de todas as dores: 'Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma' (Lc 2, 35).

O velho Simeão, sacerdote piedoso e justo, dirigiu-se ao Templo por um impulso sobrenatural e, para se cumprir plenamente a grande promessa que recebera de que não morreria sem ter contemplado o Messias, agora O tinha entre os braços: 'Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meu olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel' (Lc 2, 29 - 31). Eis que se conclui naquele momento o tempo dos profetas, nas palavras do velho Simeão e da profetisa Ana: Deus se fez homem e a redenção e a salvação da humanidade estava entre nós!  Nesta sagrada família, Jesus 'crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele' (Lc 2 , 40).

Eis o legado da Sagrada Família às famílias cristãs: a oração cotidiana santifica os pais e os filhos numa obra incomensurável do amor de Deus e a fortalece contra todos as tribulações. Sim, que os maridos amem profundamente suas esposas, que as esposas sejam solícitas a seus maridos, que os pais não intimidem os seus filhos, que os filhos sejam obedientes em tudo a seus pais. Mas que rezem juntos, que louvem a Deus juntos, que se santifiquem juntos, como família de Deus. Em Nazaré, Deus tornou a família modelo e instrumento de santificação; que em nossas casas e em nossas famílias, a Sagrada Família seja o modelo e instrumento para a nossa vida e para nossa santificação de todos os dias!

28 DE DEZEMBRO - SANTOS INOCENTES


Santos Inocentes de Deus,
almas cristalinas,
pousai vossos ternos anelos
nas sombras das colinas;
não inquieteis com vosso pranto
as feras sibilinas,
fitai o esgar dos carrascos
com doces retinas;
que a vida que foge breve,
em  adagas repentinas,
renasça em eternos louvores
nas glórias divinas.
(Arcos de Pilares)

Santos Inocentes de Deus, rogai por nós!

sábado, 27 de dezembro de 2014

GALERIA DE ARTE SACRA (XVII): NOSSA SENHORA E O MENINO

(Nossa Senhora e o Menino Jesus, entre os imperadores Constantino e Justiniano, século X, autor anônimo, Istambul)

(A Virgem de Vladimir, século XII, autor anônimo, Moscou)

(Nossa Senhora e o Menino, 1390, de Luca Signorelli, Florença)

(Nossa Senhora e o Menino, 1487, de Hans Memling, Bélgica)

(Madona Litta, 1490-91, de Leonardo da Vinci, São Petersburgo/Rússia)

(Nossa Senhora e o Menino, 1520, de Francesco Granacci, Nova York/EUA)

(Nossa senhora com o Menino e João Batista, 1540, de Francesco d'Ubartini Verdi, Virgínia/EUA)

(Nossa Senhora de Loreto, 1576, autor desconhecido, Utah/EUA)

(Nossa Senhora e o Menino, 1742, de Pompeo Batoni, Roma)

(A Visão de Luís XIII, 1824, de Jean-Auguste Dominique Ingres, Notre Dame /França)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

DA VIDA ESPIRITUAL (78)

A racionalidade dos homens utiliza como critério de nossa eternidade a imagem de uma balança em que Deus pondera, em cada prato, as boas e más ações de cada ser humano... No céu, Deus não brinca com balanças. No espelho de sua Infinita Sabedoria, Ele nos permite um olhar de toda uma vida para dentro de nós mesmos e nos deixa decidir se queremos refletir a nossa imagem de filhos no Coração de sua Infinita Misericórdia ou no Coração de sua Infinita Justiça...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

FELIZ E SANTO NATAL EM CRISTO!


Desejo a todos os nossos amigos visitantes um Santo e Feliz Natal. 
Deseo a todos los amigos y visitantes Felices Navidades. 
I wish to our friends' visitors an happy and Holy Christmas. 
Je désire à tous nos amis un heureux et joyeux Noel. 
Auguro a tutti gli amici uno Santo ed Felice Natale. 
Ich wunshe to unsere Freude eine Wundabar und Stille Nacht.

IGREJA CATÓLICA: ALMA DO NATAL

(clicar para o vídeo)

AS MAIS BELAS CANÇÕES DE NATAL


(clicar para o vídeo)

NATAL

Jesus nasceu! e na pequena estrebaria
José apressa-se em fazer a manjedoura
ajunta palha e feno, mudo de alegria,
enquanto a Mãe em êxtase se entesoura

Os animais se aproximam cautelosos
inebriados diante a luz que transfigura
e os pastores de joelhos, jubilosos,
louvam o Criador agora criatura!

Há uma paz imensa nesta noite fria
todos os anjos cantam a doce melodia
que une céu e terra em amor profundo;

É Natal, a Mãe embala seu pequeno filho
e a luz que inunda a gruta tem o brilho
da salvação que libertou o mundo!

                                                                              (Arcos de Pilares)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O NASCIMENTO DE JESUS

Maria sentiu um leve estremecimento no ventre. Estremecimento e não dor. Percebera-o nitidamente em meio ao movimento harmônico do trote do burrico pela estrada poeirenta. No recolhimento de sua oração profunda, sua mão busca tocar levemente o ventre como uma resposta imediata da Mãe ao sinal enviado pelo Filho: a longa preparação do Tempo dos Profetas há de ser realidade em breve naquele tempo da história e Deus feito homem vai nascer no mundo. É o primeiro sinal. Suave estremecimento, perceptivel apenas por Maria, naquele momento da longa travessia que perpassa agora os campos abertos que levam mais adiante à Belém de todas as profecias.

José, puxando o burrico, olha para trás e se preocupa. O vento começa a soprar mais forte e mais frio e a jornada agora é mais lenta e penosa, nos declives mais acentuados da estrada que serpenteia pelo vale e pelos contrafortes de formações rochosas. E há muitas pessoas e alarido em torno deles. De tempos em tempos, são obrigados a parar e dar passagem a outros viajantes em marcha mais apressada ou para superarem com extremo cuidado os trechos mais íngremes. Quase todos os peregrinos têm o mesmo destino e o mesmo objetivo: apresentarem-se às autoridades em Belém e cumprirem as normas do novo recenseamento imposto pelas autoridades romanas. 

Em meio a um acontecimento regional e específico da história humana, está prestes a ocorrer o mais extraordinário evento da humanidade. Em meio ao burburinho e à agitação de toda aquela gente, Maria recebeu o primeiro sinal da manifestação da vinda do Messias prometido. Um murmúrio de humanidade no sagrado ventre consubstancia em definitivo o Mistério da Anunciação. Um leve estremecimento acaba de prenunciar o nascimento de Deus. 


As ruas estreitas se consomem de tanta gente. Há um cenário de mercado livre por toda a Belém daqueles dias. Eles acabaram de cumprir os registros formais do recenseamento e agora buscam ansiosamente uma pousada para o pernoite. Não é apenas o albergue principal da cidade que está com a lotação esgotada; as casas se transformaram em emaranhados de pessoas e utensílios, num entra e sai sem fim de gente ruidosa e apressada. Há o burburinho comum das crianças e o festim grotesco das ofertas gritadas e dos negócios de ocasião. No vaivém das ruas apinhadas e confusas, Maria e José buscam refúgio fora da cidade, além das casas mais ermas e mais afastadas. Aqui e ali ainda se veem acampamentos rústicos, improvisados, à guisa de refúgio de grupos mais ou menos numerosos. Além, mais além, as formações calcárias formam reintrâncias e cavernas, que muitas vezes são utilizadas como estrebarias pelos mercadores das grandes rotas até Jerusalém.

José leva o burrico na direção destas cavernas. Ele não sente no rosto o vento frio da tarde que se desvanece, nem o cansaço da longa jornada. Seu pensamento é todo, totalmente por Maria. A preocupação em encontrar um lugar digno para ela o consome por completo. A ânsia de dar descanso e refúgio a Maria tolhe todos os seus sentidos e atividades. A dimensão do mistério insondável o atordoa e o aniquila: a humanidade de José sente o peso incomensurável dos desígnios da Providência.

Passa adiante da primeira entrada, que não passa de um buraco estreito e irregular na rocha. A seguinte é pouco melhor do que isso. As demais mostram-se maiores e limpas, mas já estão todas ocupadas. As pessoas amontoam-se nos espaços exíguos em silêncio, homens na sua grande maioria, cercados por animais, feno e capim. São estrebarias que agora acomodam pessoas. José se inquieta ainda mais. Não há possibilidade aparente de privacidade para o nascimento de Jesus, não há lugar nenhum para um abrigo ainda que provisório. 

Avançado o paredão rochoso, José agora se depara com um cinturão de amendoeiras que margeiam o caminho adiante, que se abre, então, para campos e vales ao longe. Bem distante, na encosta suave do outro lado do vale, consegue divisar um pastor empurrando o seu rebanho. Nesse momento, sente os ombros dolorosamente pesados e seu andar vacilante. Seu olhar havia percorrido cada entrada rochosa e cada rosto humano em busca de recepção e de um gesto de boa vontade. E nada. Agora volve o seu olhar para Maria, como que pedindo perdão pela sua incapacidade e incerteza daquele momento. A humanidade inteira geme as suas ânsias pelo olhar desconsolado de José. 

Ao passar pela terceira gruta, Maria sentiu, como uma vibração percorrendo todo o seu corpo, o sopro do Espírito de Deus. Desde o primeiro sinal, recolhera-se, ainda com maior devoção, à oração de dar glórias ao Pai pelo que estava prestes a acontecer. Como serva da Anunciação, era agora a mesma serva como Mãe de Deus. E, nesse momento, pressentira o segundo sinal. A Divina Promessa iria dispensar a Redenção em breve à humanidade pecadora. Ao olhar para José, compreendendo a sua aflição e seu desapontamento, fitou-o com os olhos da perseverança e da fé inquebrantáveis e o brilho deste olhar emanava a própria luz de Deus.

Diante do olhar de Maria, a humanidade de José se detém e suas dúvidas se dissipam. Então, ele avança mais vinte, mais cinquenta metros, contorna as árvores e avista a gruta que emerge da continuação do maciço rochoso à esquerda. É e será sempre a visão do paraíso. Não é exatamente uma gruta, mas uma escavação que avança em profundidade na rocha e é protegida por uma murada frontal de pedras mal alinhadas, trançadas com restos de vigas de madeira, espalhados em desordenada profusão, que fecham de maneira irregular a entrada do lugar, protegendo-o dos ventos e das intempéries. Escondida, erma, isolada, bendita seja a gruta de Belém! 

Ela está suja, úmida, mal cuidada, mas não de todo desconhecida ou abandonada, porque um boi ali se encontra, com bastante feno e água. Há sujeira e palha solta em todos os lugares. Num canto, um arranjo de pedras enegrecidas indica o lugar de costume de se acender o fogo. Aliviado e feliz, José se consome nos arranjos práticos do refúgio improvisado. Ajuda Maria a entrar na gruta e se apressa a alimentá-la e a acomodá-la o melhor possível; dá feno e água ao burrico que é levado para junto do boi, monta um tablado de feno no chão, dispondo cuidadosamente os fardos; com paus e pedras, faz um arremedo de cercado em torno da Maria e o cobre com a sua manta grossa de viagem; empilha num canto os troncos e os pedaços de madeira espalhados; limpa as pedras e o chão com feixes de palhas e, com gravetos e pedaços de madeira seca, acende o fogo. A pequena luz se espalha pela escondida, erma, isolada, bendita gruta de Belém! 


O silêncio da gruta é quebrado apenas pelo crepitar das últimas chamas. O fogo aqueceu o espaço limitado e agora existe mais penumbra do que claridade. O fogo emoldura em repentes luminosos o rosto de José enquanto, pelas aberturas das muradas de pedras, o luar desenha feixes de luzes prateadas que cortam a escuridão que envolve toda a gruta. De repente, Maria põe-se de joelhos em contrita oração. Prostra-se com o rosto no chão e José percebe, apesar de toda a escuridão, o que está para acontecer. Coloca-se também de joelhos, também em fervorosa oração, louvando a Deus por ser testemunha e personagem de mistério tão extraordinário. Em muda expectativa, contempla o perfil de Maria apenas esboçado na escuridão da gruta.

A princípio, supõe ver os feixes de luar convergirem para o rosto de Maria ou auréolas de luz provenientes do fogo a envolverem completamente. Mas sabe que é muito mais que isso: uma luz, de claridade e brilho espantosos, nasce, emana e flui dela, enchendo a gruta de uma tal iridescência, que todas as coisas perdem a forma, o volume e a natureza material. Maria não se transfigura em luz, ela é a própria luz! O rosto de Maria é luz, as vestes de Maria são luz, as mãos de Maria são luz. Mas não é uma luz deste mundo, nem o brilho do cristal mais polido, nem o resplendor do diamante mais lapidado, nem a etérea luminosidade dos átomos em fissão; tudo isso seria uma mera pátina de luz. Maria torna-se um espelho do próprio Deus, da qual emana a luz do Céu!

José se transfigura neste redemoinho de luz sem ser a luz. Seus olhos puderam contemplar o terceiro e definitivo sinal da Natividade de Deus. E trêmulo, mudo, pasmado, contempla o recém-nascido acolhido entre os braços de Maria, recebendo o primeiro carinho e o primeiro beijo da Mãe Imaculada. Pressuroso e em êxtase, prepara a humilde manjedoura, o primeiro altar de Jesus na terra. O Filho do Deus Vivo já habita entre nós!

(Adaptação livre do autor do blog sobre os eventos prévios ao nascimento de Jesus)

domingo, 21 de dezembro de 2014

A ANUNCIAÇÃO

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo do Advento


'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' (Lc 1, 28). A saudação do Anjo Gabriel é dirigida àquela que levou à perfeição nesta terra o amor de Deus. Cheia de graça Maria está desde a sua concepção, cheia de graça Maria passou cada momento de sua vida, cheia de graça Maria praticou cada ação ou pensamento nesta terra. Cheia de graça está, portanto, Maria diante a saudação do Anjo, como templo de santidade e da ciência infusa de todas as virtudes, dons e graças possíveis e imagináveis à natureza humana.

E Maria de todas as graças perturbou-se. As revelações do Anjo, provavelmente muito mais detalhadas que as palavras transcritas nos textos bíblicos, colocava Maria no centro de todas as profecias messiânicas que ela tanto conhecia e em nome das quais tantas orações e súplicas já teria feito a Deus. Num relance, percebeu a extraordinária manifestação daquela revelação angélica, que descortinava séculos de profecias, que inseria naquele lugar e naquele tempo a Natividade de Deus, que a tornava a co-redentora da humanidade, a bendita entre todas as mulheres, a Mãe de Deus: 'Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi' (Lc 1, 31 - 32).

E Maria de todas as graças perturbou-se. Diante do extraordinário mistério da graça e dos desígnios extremos da Providência, a Virgem de toda pureza e castidade e obra prima do Espírito Santo, se inquieta: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' (Lc 1, 34). A virgindade de Maria é o relicário de Deus. No imaculado corpo de Maria, o Espírito de Deus há de projetar a sua luz, cuja sombra faz nascer o Verbo encarnado. E o Anjo, mensageiro das coisas impossíveis e triviais para Deus, revela ainda a Maria a graça da gravidez tardia de Isabel, no 'sexto mês daquela que era considerada estéril' (Lc 1, 36).

E a Virgem de Nazaré, antes de ser a Mãe, oferece-se como serva e escrava do seu Senhor e do seu Deus: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' (Lc 1, 38). O Céu e a terra, as miríades dos anjos e dos homens de todos os tempos, hão de bendizer e louvar a glória daquele dia e a consumação daquele 'Fiat!' Sim, porque naquele momento, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro se fez, então, carne na carne de Maria e se fez carne a Nossa Salvação.

sábado, 20 de dezembro de 2014

SÍMBOLOS DO NATAL CRISTÃO


PRESÉPIO

O presépio, como símbolo máximo do natal católico, deve ser simples, sem adereços e enfeites sofisticados; pelo contrário, a montagem deve ser a mais despojada possível, de forma a lembrar a grande simplicidade e as dificuldades materiais enfrentadas pela Virgem Maria e São José no nascimento de Jesus. A montagem deve incluir os personagens básicos convencionais (gruta, animais, pastores, etc), mas as imagens da Virgem Maria, São José e do Menino Jesus somente devem ser inseridos no presépio na época mais próxima à Noite de Natal.

ÁRVORE DE NATAL

A árvore de Natal representa o símbolo da perseverança e da preparação cristã diante o nascimento do Menino Deus. Perseverança porque é réplica do pinheiro, única árvore que não perde as folhas no inverno e preparação porque deve ser adornada aos poucos, de forma continuada, durante todo o tempo do Advento. Assim, numa primeira etapa, o símbolo deve ficar limitado à própria árvore, sem quaisquer adereços, como expressão da perseverança cristã. Posteriormente (por exemplo, a partir de 17 de dezembro), a árvore deve ir ganhando luzes, cores, enfeites, beleza, para nos recordar a necessidade de uma preparação crescente de cada um diante o Natal em Cristo.

COROA DO ADVENTO 

A coroa do Advento, comumente afixada na porta de entrada das residências, possui forma circular e deve ser feita com ramos verdes. Simboliza a unidade e a perfeição; nasce Jesus, filho do Deus vivo, Deus sem começo e sem fim, na unidade de um tempo firmado pelos homens. Em cada Domingo do Advento, acende-se uma vela  em vigília pelo Natal, que vão sendo somadas nos domingos seguintes, até quatro velas acesas; eis a luz que se difunde e aumenta de intensidade gradualmente no tempo de preparação para o Natal.


Todos estes símbolos são mantidos após o Natal, para celebrar que a mensagem de Cristo avança para além dos tempos dos homens de outrora até o tempo dos homens finais. Na Data de Reis, 6 de janeiro, são, então, desmontados, dando início ao Tempo Comum da Igreja de Deus.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

AS NOVE JORNADAS DO ADVENTO


Preparação: andor com a imagens peregrinas de São José e da Virgem Maria
Procissão: passagem do andor em frente a uma casa, segundo trajeto pré-estabelecido, durante nove jornadas consecutivas.

Início: Sinal da Cruz, Credo, Pai Nosso.


Canto Inicial (livre)

Kyrie eleison
Christe eleison
Kyrie eleison

Canto

O Andor é colocado diante da porta da casa, no caminho da procissão. Os participantes dividem-se em dois grupos: dentro e fora da casa, agora de portas fechadas, e tem início o canto em que o grupo de fora pede pousada para o grupo de dentro.

(Grupo de Fora)

Em nome do Céu
vos peço pousada
porque já não pode andar
minha esposa amada. 

(Grupo de Dentro)

Aqui não é pousada
sigam adiante
não vamos abrir:
podeis ser um farsante!

(Grupo de Fora)

Não sejais desumanos
tende piedade 
que o Deus do Céu
vos recompensará de verdade.

(Grupo de Dentro)

Sigam em frente
sem mais nos molestar
porque se insistirem estamos prontos
a vos fazer calar.

(Grupo de Fora)

Temos muito viajado 
desde Nazaré
Eu sou um carpinteiro
meu nome é José.

(Grupo de Dentro)

Não nos importa o vosso nome
Deixai-nos dormir
porque já vos dissemos
que não vamos abrir!

(Grupo de Fora)

Escutai, ouvi isso,
quem vos pedis pousada
é a rainha do Céu
em terrena jornada.

(Grupo de Dentro)

então quem quer abrigo
por acaso é rainha;
como pode uma soberana
viajar assim sozinha?

(Grupo de Fora)

Sim, é a Rainha do Céu,
que tem por nome Maria
Que será a Mãe de Deus
antes de romper o dia.

Todos: Maria de Nazaré!

(Grupo de Dentro)

Que entre pois em minha casa,
a Virgem Imaculada
que passa à minha porta
pedindo pousada.

(Grupo de Fora)

Que Deus vos console
por tal caridade
E que o Céu seja vosso
por toda eternidade.

(Grupo de Dentro)

Ditosa é a morada
e bendito é o seu senhor
que nesta noite dá pousada
à Mãe do Salvador!

Todos: Mãe do Salvador!

(São abertas as portas da casa e todos cantam, com o andor posto à frente)

Abram-se as portas, rasguem-se os véus, 
vamos receber a Rainha dos Céus

Venham os esposos e filhos deste lar
receber Maria; deixá-la entrar.

Venham todos os que se encontram neste lugar
receber José; deixá-lo entrar.

Que os santos peregrinos
terminem a jornada
fazendo de nossas almas
a sua morada!

Ato de contrição

Prostrado em vossa presença, ó adorável Trindade, vos bendigo e vos dou graças pelo inefável mistério da Encarnação, no ventre da mais pura das virgens, vitima propícia da Divina Justiça pelo mundo pecador. Eis-me aqui, o mais ingrato dos pecadores... confundido e envergonhado, reconheço o vosso amor infinito e vossa ardentíssima caridade; adoro, bendigo e glorifico a vós que, desde o ventre puríssimo de Maria, vos entregastes aos padecimentos, desprezos e provações, mesmo inocente e que fixais em mim olhos de misericórdia; em mim, o mais indigno de vosso perdão, por haver ultrajado a vossa santidade e grandeza em troca dos inumeráveis benefícios que me haveis outorgado.

Ó Salvador que me redimistes da escravidão do demônio! Ó Pai que, esquecendo minha insensatez e desvarios, me busca, me chama e me oferece, em troca de tanta ingratidão, amor e bem-aventurança eterna! Pequei e me pesa na alma haver-vos ofendido. Aumentai em mim, meu Deus, o arrependimento e dai-me a força eficaz para odiar o pecado e perseverar em vosso santo serviço até o fim da minha vida. Amém.

Oração de Cada Dia (Nove Jornadas)

Primeira Jornada

'Ó Inocente e Puríssima Virgem Maria que, para cumprir o mandato de um soberano da terra, obrigada tivestes de partir, em companhia de vosso castíssimo esposo José, de Nazaré até Belém, para fazer cumprir o edito do César, que se apresentasse toda pessoa residente em seu império declarando o lugar de origem para pagar futuros tributos; por vosso exemplo, ó tão humilde Rainha, vos rogo reanimeis minha fé para que também, submisso e obediente, possa cumprir com o mandato de nosso Soberano do céu. Amém'.

Segunda Jornada

'Ó Virgem Santíssima, assim como vós sofrestes os rigores das intempéries levando em vosso ventre virginal ao Divino Jesus feito homem; eu, vos louvo e vos rogo que me ensineis a suportar as misérias, contratempos, desprezos e provações e que minha esperança se fortaleça em seguir vossos passos nas jornadas da virtude. Amém'.

Terceira Jornada

'Ó Rainha dos anjos, comunicai à minha alma, ó Imaculada Conceição, a fortaleza com que suportastes as provações da vossa terceira jornada, tendo por companhia vosso esposo José e o coro dos anjos celestes que cantavam e bendiziam ao Filho de vossas puríssimas entranhas, para que convosco possa continuar minha peregrinação nesta terra. Amém'.

Quarta Jornada

'Ó Minha Mãe, assim como vós suportastes miséria, provações e desdenhosas negativas quando, sem desanimar, imploravas pousada nesta jornada, transmiti-nos, ó Virgem Santíssima, essa mesma submissão e humildade vossa, para que o meu coração somente possa dar abrigo a um amor puro, piedoso e sincero como o da vossa Sagrada Família. Amém'.

Quinta Jornada

'Ó Cândida Pomba, Mãe e Rainha celestial que, à vossa chegada a Belém em busca de abrigo, pressurosa vos empenhastes em cumprir o mandato que aí vos levava; com este exemplo de submissão que me dais, ensinai-me também no caminho da obediência e submetei-me à vontade do  vosso Filho para que se fortaleça o meu espírito e avive o fogo do meu amor; e não permitis, Minha Mãe, que vacile a minha fé. Amém'.

Sexta Jornada

'Ó Rainha soberana, que suportastes as duras fatigas de tão cruel jornada de Nazaré a Belém, de porta em porta pedindo pousada, que todos vos negavam, sem haver encontrado humilde asilo afinal; por que não hei de suportar as provações da vida para alcançar a graça de seguir pelo caminho da virtude e conseguir contemplar-vos eternamente na Glória? Amém'.

Sétima Jornada

'Ó Rosa Mística e puríssima de aroma celestial que, nesta jornada em busca de pousada, com abnegação inefável, submissa aceitastes por asilo a solícita oferta de vosso santo esposo que somente pôde conduzir-vos a uma gruta, morada e refúgio eventual de pastores que aí, com seus rebanhos, se abrigavam contra as chuvas e as inclemências do tempo. Vós, que tudo isto suportastes, dai-me paciência para suportar também as amarguras terrenas. Amém'.

Oitava Jornada

'Ó Santíssima Virgem, ó Rainha Imaculada, aproxima-se o feliz momento em que, com resignação sem igual, dareis a luz ao Redentor do mundo; considerai que, apesar do sofrimento, ainda solícita ajudastes ao vosso casto esposo limpar as imundícias do lugar que não era propício nem para os animais; façais, Virgem Santa, que eu possa alcançar a eterna ventura de ser vosso digno servo. Amém'.

Nona Jornada

'Por fim, Mãe gloriosa, é chegado o ansiado momento em que destes a luz ao menino mais lindo, sábio e adorável, cuja presença o estábulo embelezou. Com o Castíssimo Patriarca, celebrais a glória com os hosanas de anjos, arcanjos e querubins e com todo o orbe cristão e o júbilo de milhões de fieis que adoram o Vosso Filho e cantam 'Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade'; até os animais se aproximam lentamente para dar calor e alento ao desnudo corpinho do nosso Redentor. Assome neste momento a aurora do cristianismo, a luz divina que exalta o fraco e o oprimido, que iguala o rico ao mendigo. Ó Maria, por este feliz momento em que recebestes a homenagem dos mais humildes, vos pedimos, com a mesma humildade, que nos ajudeis a viver sempre na Santa Vontade do Vosso Divino Filho. Amém'.

Rezam-se Nove Ave Marias (em memória aos nove meses de gravidez de Nossa Senhora), antecipadas com o seguinte Oferecimento:

Nós vos oferecemos estas Nove Ave Marias, ó castíssima Virgem e Mãe de Deus, em memória de vossa gloriosa maternidade e por todas as virtudes com que o Altíssimo adornou vossa alma. Rogamo-vos que não olheis a miséria e a indignidade que nos revestem, mas atendei-nos somente pelo honrosíssimo titulo de Mãe de Deus. Por este titulo, cheios de regozijo e consolo, infunde-nos a esperança de que, na hora final, velareis por nós, esquecendo-se de nossas ingratidões, e recordando, como Mãe do Salvador, quem, em sua agonia, vos fez depositária de sua misericórdia para com os pecadores. Suplicantes imploraremos a vossa assistência, cuja memória nos bastará, pois sabemos que nunca quem vosso auxilio implora será desamparado e, assim, confiamos obter a graça de receber no coração o vosso divino Menino Jesus Sacramentado, graça que será o sinal de nosso perdão e prenda segura da vida eterna. Amém.

Canto final (livre)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

ANTÍFONAS DO Ó

As Antífonas do Ó são sete orações especialmente cantadas durante o tempo do Advento, particularmente ao longo da semana que antecede o Natal. A autoria das antífonas, que remontam aos séculos VII e VIII, tem sido comumente atribuída ao papa Gregório Magno. São sete orações extremamente curtas, sempre iniciadas pela interjeiição Ó, correspondendo a sete diferentes súplicas manifestadas a Jesus Cristo, na expectativa do nascimento do Menino - Deus entre os homens, que é invocado sob sete diferentes títulos messiânicos tomados do Antigo Testamento. 

17 de dezembro

O Sapientia
quæ ex ore Altissimi prodisti,
attingens a fine usque ad finem,
fortiter suaviter disponens omnia:
Veni ad docendum nos viam prudentiae   


Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência 

18 de dezembro

O Adonai
et Dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammæ rubi apparuisti
et ei in Sina legem dedisti:
Veni ad redimendum nos in brachio extento 


Ó Adonai
guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço. 

19 de dezembro

O Radix Jesse
qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges os suum,
quem gentes deprecabuntur:
Veni ad liberandum nos; jam noli tardare 


Ó Raiz de Jessé
erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais. 

20 de dezembro

O Clavis David
et sceptrum domus Israel:
qui aperis, et nemo claudit;
claudis et nemo aperit:
Veni, et educ vinctum de domo carceris,
sedentem in tenebris et umbra mortis 


Ó Chave de Davi
o cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte. 

21 de dezembro

O Oriens
splendor lucis æternæ, et sol justitiæ
Veni et illumina sedentes in tenebris
et umbra mortis. 


Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte. 

22 de dezembro

O Rex gentium
et desideratus earum
lapisque angularis,
qui facis utraque unum:
Veni et salva hominem quem de limo formasti 


Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular
que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes. 

23 de dezembro

O Emmanuel,
Rex et legifer noster,
exspectatio gentium,
et Salvador earum:
Veni ad salvandum nos, Domine Deus noster 


Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvar-nos,
Senhor nosso Deus.