sábado, 19 de maio de 2012

A FÉ EXPLICADA - I

A essência de nossa vida cristã é a prática recorrente da virtude da fé. Infundida pela Graça de Deus em nosso batismo, a fé de infusão em si não basta. Impõe-se transformar esta fé original na fé de adesão e de devoção. Não basta o mero conhecimento das verdades divinas ou a simples aceitação das mesmas. Os atos de fé, frequentes, maduros e convictos, pressupõem a nossa adesão interior, de todo coração e de toda alma e a sua profissão exterior, manifestação expressa dessa virtude para glória e honra de nosso Deus. A fé de adesão e a fé de  profissão exige-nos superar constantemente a nossa covardia e o mero respeito humano, diante de tantas situações diárias e profissionais. Exige também a busca contínua por um conhecimento pleno da doutrina católica, à luz da maturidade de mentes adultas e cultas nas verdades divinas, desassociadas da mera contextualização infantil do primeiro catecismo ou de enlevos emotivos e superficiais. Exige ainda uma prática de vida cristã, que não se molda por modismos, nem pela tutela intelectual da razão científica (a razão deve estar a serviço da fé), nem pela banalidade dos achismos e nem pela cômoda adaptação da fé católica aos nossos interesses e gostos inconfessáveis. A fé pressupõe o conhecimento da Verdade absoluta para, assim, vivê-la em plenitude por infusão, adesão e profissão. 

O pecado mais grave contra a fé é a apostasia. O apóstata impõe-se uma rejeição total à virtude da fé. A raiz principal da apostasia é a soberba intelectual. Se Deus não cabe em tubos de ensaio, então não há Deus. Da mesma forma, a vivência de uma fé infantilizada é porta aberta para o relaxamento espiritual e a perda da Vida da Graça. E a aquiescência servil ao pecado habitual também é porta arrombada no caminho da apostasia. Por outro lado heresia constitui uma rejeição parcial à verdadeira fé, mediante a rejeição a algum dos dogmas da Igreja Católica. É o caso do católico, mesmo batizado, que não professa a crença no inferno ou na Imaculada Conceição de Maria, por exemplo. Trata-se, neste caso, da soberba do achismo, que se esvai em meias verdades, porque aquele que rejeita um dogma, rejeita todos os demais, uma vez que a Verdade não pode ser relativa. E as heresias incluem ainda os pecados do indiferentismo ('todas as religiões são caminhos para a salvação', ou seja, a Verdade Absoluta não existe) e do ecumenismo (condividir o culto a Deus com outras religiões, mediante formas e rituais que são obras humanas e não de Deus, propagando-se livre e publicamente um grave erro doutrinário).