domingo, 18 de agosto de 2019
sábado, 17 de agosto de 2019
5 ATOS DE CONTRIÇÃO
1. Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado, e porque Vos amo e estimo sobre todas as coisas: pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de Vos ter ofendido; pesa-me, também, por ter perdido o Céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de vossa divina graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero alcançar o perdão de minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Amém.
2. Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, e porque Vos amo sobre todas as coisas, pesa-me de todo o coração de Vos ter ofendido; proponho firmemente nunca mais pecar, confessar-me, cumprir a penitência que me for imposta, e afastar-me de todas as ocasiões de Vos ofender; ofereço-Vos a minha vida, obras e sofrimentos em satisfação de todos os meus pecados, e confio na vossa bondade e misericórdia infinitas que os perdoareis pelos merecimentos do vosso preciosíssimo Sangue, Paixão e Morte, e me dareis graça para emendar-me e perseverar em vosso santo serviço até o fim da minha vida. Amém.
3. Senhor meu e Deus meu! Do íntimo do coração, me pesa de todos os pecados da minha vida. Pesa-me porque com eles mereci o purgatório ou o inferno; porque tenho desprezado o céu e porque tenho sido tão ingrato para convosco, o meu maior benfeitor. Pesa-me, sobretudo, porque, com os meus pecados, Vos tenho açoitado e crucificado, a Vós meu amabilíssimo Salvador. Agora, porém, amo-Vos, meu maior benfeitor, meu pai amabilíssimo e misericordiosíssimo Redentor; amo-Vos de todo o coração e sobre todas as coisas e, porque Vos amo, me pesa e me arrependo de Vos ter ofendido, Deus meu, que sois infinitamente formoso, bom e digno de ser amado. Proponho firmemente emendar a minha vida e não mais pecar. Ó meu Jesus! dai-me a vossa graça para assim o cumprir. Amém.
4. Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Vós me criastes à vossa imagem e semelhança, Vós me remistes com infinito amor, morrendo na Cruz e me quereis levar ao Céu para me fazer eternamente feliz. Eu, em troca, tenho-Vos ofendido tantas vezes com meus pecados e tenho merecido justos castigos nesta vida e na outra. Sim, sou culpado do vosso Sangue e de vossas feridas; tenho afligido e amargurado o vosso amantíssimo Coração de Redentor com meus pecados e minha ingratidão. Detesto esta ingratidão e, para compensá-la, amo-Vos com mais ardente amor, sobre todas as coisas. E, porque Vos amo, pesa-me de todo o coração e sobre todas as coisas, de Vos ter ofendido, Senhor meu e Deus meu. Perdoai-me, eu Vos peço. Quero desde este momento emendar-me com fervor. Dai-me, Jesus misericordioso, a vossa graça para isto. Amém.
5. Eu, ruim e indigna criatura, me lanço aos vossos pés, Deus meu e, com o coração contrito e aflito, reconheço e confesso diante de Vós, Redentor de minha alma que, desde o instante em que nasci até agora, tenho cometido inumeráveis negligências e pecados. Tenho-Vos ofendido, Deus meu! Pequei, Senhor! Porém, detesto os meus pecados e me arrependo do íntimo do coração. Por isso, prometo solenemente não mais pecar. Porém, se Vós, em vossa altíssima sabedoria, preveis que posso novamente ofender-Vos e cair outra vez no vosso desagrado, de todo o coração Vos peço que me leveis agora desta vida, em vossa graça. Oxalá a minha dor fosse tão grande que o propósito de não mais Vos ofender permanecesse sempre imutável! Porque Vos devo infinito agradecimento pela vossa divina bondade e porque mereceis que Vos ame sobre todas as coisas, arrependo-me de meus pecados, não tanto para livrar-me dos tormentos eternos que por eles mereci, nem para gozar das delicias do Céu, que tão inconsideradamente desprezei, como porque vos desagradam a Vós, Deus meu, que, por vossa bondade e infinitas perfeições, sois digno de infinito amor. Oxalá todas as criaturas vos mostrem, sem interrupção, amor, reverência e agradecimento. Amém.
(Excertos da obra 'A Contrição Perfeita', do Pe. J. de Driesch)
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
DA PRÁTICA DA CARIDADE PELO SERVIÇO
1. Quanto a caridade que deveis praticar nas vossas ações, procurai estar dispostas a servir vossas irmãs em todas as suas necessidades [o texto foi dirigido originalmente à orientação espiritual de religiosas]. Algumas religiosas dizem que amam suas irmãs e que as conservam todas no coração, mas não querem incomodar-se em coisa alguma por seu amor. Esquecem-se do que o apóstolo São João escreveu aos seus discípulos: 'Filhinhos, não amemos com as palavras e com a língua, mas com obras e verdade' (1Jo 3,18).
Para satisfazer a caridade, não basta amar o próximo somente com palavras, é preciso amá-lo também com fatos. Todos os santos, diz o Sábio, são cheios de caridade e de compaixão para com aqueles que tem necessidade de seus socorros (Pv 13, 13). Escreve-se de Santa Teresa que ela procurava todos os dias praticar algum ato de caridade com suas irmãs e, quando alguma vez o não fazia durante o dia, procurava fazê-lo à noite, ao menos saindo da sua cela com a candeia, para fornecer luz às monjas que passavam no escuro diante dela
2. Quando puderdes fazer alguma esmola do vosso pecúlio, fazei-a. A sagrada Escritura diz que a esmola livra o homem da morte, o purifica dos pecados e lhe alcança a misericórdia divina e a salvação eterna (Tb 12,9). E reflete São Cipriano que nada há que o Senhor recomende tanto como a esmola, nas Sagradas Escrituras.
3. Por esmola não se entende somente o dinheiro e os objetos materiais, mas também todo o alívio que se dá ao próximo necessitado desse auxílio. 'Como pode ufanar-se de ter caridade', pergunta São João, 'aquele que vendo seu irmão na necessidade, lhe fecha suas entranhas, e lhe não vem em auxílio, quando pode?' (1Jo 3,17). A religiosa faz uma esmola muito agradável a Deus, quando ajuda suas irmãs nos seus trabalhos. Santa Teodora, religiosa, procurava ajudar todas as irmãs nos seus ofícios, e evitava ao contrário que as outras a ajudassem no seu.
Santa Maria Madalena de Pazzi, quando havia algum trabalho extraordinário para se fazer, logo se oferecia para fazê-lo sozinha; e depois ajudava as outras em todos os ofícios mais penosos, pelo que era voz corrente no convento que só ela trabalhava mais do que quatro irmãs conversas. Procurai também vos proceder desse modo, quanto for possível, e quando vos achardes cansadas, olhai para o divino esposo levando a cruz às costas, e abraçai alegremente vosso novo trabalho. O Senhor virá em vosso auxílio, quando ajudardes as vossas irmãs.
Ele mesmo o disse: 'Pela medida com que houverdes medido, sereis medidos (Mt 7,2). Donde conclui São João Crisóstomo que a prática da caridade é uma arte muito lucrativa e o meio de ganhar muito diante de Deus . E Santa Maria Madalena de Pazzi se achava mais feliz socorrendo o próximo do que gozando na contemplação, pois como dizia: 'Quando estou em contemplação, é Deus que me auxilia e quando socorro o próximo, sou eu que ajudo a Deus'. O divino Salvador, com efeito, declarou que o bem que fazemos ao próximo, nós o fazemos a ele mesmo (Mt 25, 40).
4. Mas prestando serviços às irmãs, não deveis esperar delas nenhuma recompensa nem agradecimento. Regozijai-vos antes, se, em vez de agradecimentos, receberdes desatenções e censuras; porque, então, lucrareis uma dupla vantagem. É também um ato de caridade condescender com os pedidos honestos que vos fizerem vossas irmãs. Mas isto sempre se entende, contanto que o pedido não prejudique o vosso adiantamento espiritual; por exemplo: se a irmã quisesse que omitísseis os vossos exercícios de piedade, sem outro motivo que ficar a conversar com ela para lhe comprazer; nesse caso, é melhor que cuideis dos vossos afazeres. A caridade é bem ordenada, como diz a Esposa dos Cânticos (Ct 2,4). Não há pois caridade naquilo que prejudica o vosso bem espiritual ou o de vossa irmã.
(Excertos da obra 'A Verdadeira Esposa de Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
GLÓRIAS DE MARIA: ASSUNÇÃO AO CÉU
"Pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma de revelação divina que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à Glória celeste”.
(Papa Pio XII, na Constituição Dogmática Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de 1950)
A solenidade da Assunção da Virgem Maria existe desde os primórdios do catolicismo e, desde então, tem sido transmitida pela tradição oral e escrita da Igreja. Trata-se de um dos grandes e dos maiores mistérios de Deus, envolto por acontecimentos tão extraordinários que desafiam toda interpretação humana:
1. Nossa Senhora NÃO PRECISAVA morrer, uma vez que era isenta do pecado original;
2. Nossa senhora QUIS MORRER para se assemelhar em tudo ao seu Filho, pela aceitação de sua condição humana mortal e para mostrar que a morte cristã é apenas uma passagem para a Vida Eterna;
3. Nossa Senhora NÃO PODIA passar pela podridão natural da carne tendo sido o Sacrário Vivo do próprio Deus;
4. A morte de Nossa Senhora foi breve (é chamada de 'Dormição') e ela foi assunta ao Céu em corpo e alma;
5. Aquela que gerou em si a vida terrena do Filho de Deus foi recebida por Ele na glória eterna;
6. Nossa Senhora foi assunta ao Céu pelo poder de Deus; a ASSUNÇÃO difere assim da ASCENSÃO de Jesus, uma vez que Nosso Senhor subiu ao Céu pelo seu próprio poder.
Louvor a Ti, Filha de Deus Pai,
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!
15 DE AGOSTO - NOSSA SENHORA DO PILAR
A devoção a Nossa Senhora do Pilar tem origem na Espanha. Segundo a Tradição, o apóstolo São Tiago Maior, enviado à Espanha para anunciar o Evangelho, estava frustrado pelos resultados limitados de sua atuação, quando teve uma visão da Virgem incentivando-o no cumprimento de sua missão. Nossa Senhora lhe apareceu encimando uma coluna (pilar), às margens do Rio Ebro, na região de Saragoza. Nossa Senhora do Pilar é invocada como sendo o Refúgio dos Pecadores e a Consoladora dos Aflitos. Na Espanha e nos países ibéricos, a festa é comemorada em 12 de outubro.
Nossa Senhora do Pilar é Padroeira da cidade de Ouro Preto/MG, maior acervo arquitetônico barroco do Brasil e patrimônio cultural da humanidade. A festa de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto é comemorada em 15 de agosto, data de sua entronização. Eu visitei e conheço bem a Igreja do Pilar, a mais imponente e mais rica de Minas Gerais. Recentemente (2012), a Paróquia do Pilar em Ouro Preto comemorou 300 anos como comunidade paroquial (1712 - 2012), 300 anos com Maria, a Senhora do Pilar. À cidade histórica mais importante do Brasil, a minha homenagem nestes versos à sua Padroeira.
Nossa Senhora do Pilar
Estão abertas as portas da Igreja do Pilar.
Entro. E logo nos meus primeiros passos,
meu olhar encontra no mais alto do altar
a Santa Virgem com Jesus nos braços.
Hesito. Diante da bela imagem da Senhora,
de repente, imensa inquietude me possui:
pois o homem que inda sou traz lá de fora
o pobre pecador que eu sempre fui.
Mas, do Vosso olhar materno não viceja
revolta alguma, nada de condenação:
Este caminho que atravessa a igreja
É uma via crucis que só tem perdão!
Sob o Vosso olhar de Mãe na minha fronte,
avanço sem medo a tão grande tesouro:
Sois Porta da terra, aberta para o horizonte,
Sois Pilar do Céu, entronizada em ouro.
Se inda há algo em mim que me pertença,
por mais louvável, quanto mais profano,
que seja apenas o tênue fio da presença,
do amor que pulsa no meu peito humano.
que seja apenas o tênue fio da presença,
do amor que pulsa no meu peito humano.

E, assim, diante do Vosso altar, prostrado,
Padroeira de Ouro Preto, ouso suplicar:
que eu seja por Vosso Filho muito amado,
como eu Vos amo, ó Senhora do Pilar!
(Arcos de Pilares)
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
14 DE AGOSTO - SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE
São Maximiliano Maria Kolbe (08/01/1894 - 14/08/1941)
Quando tinha apenas 10 anos, Raimundo Kolbe recebeu uma dura repreensão de sua mãe: 'Se aos dez anos você é tão mau menino, briguento e malcriado, como será mais tarde?' Estas palavras doeram fundo na alma da criança e, muito perturbado por tal admoestação, prostrou-se aflito diante da imagem de Nossa Senhora: 'Que vai acontecer comigo?' A Mãe de Deus apresentou-se, então, diante dele, trazendo nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha e lhe perguntou, sorrindo, qual delas ele escolhia para a sua vida. O pequeno escolheu as duas. A coroa branca lhe assegurou a castidade; a coroa vermelha lhe outorgou a glória do martírio. Assim nascem os santos, assim se forjam os mártires.
Assumindo a sua vocação religiosa, decidiu ser capuchinho franciscano com o nome de Maximiliano e fez os solenes votos do sacerdócio em 01 de novembro de 1914, acrescentando o nome de Maria aos seu nome religioso. Quase 40 anos após a visão da Santa Virgem, ele receberia a coroa do martírio. Em fevereiro de 1941, o padre Kolbe foi levado à prisão de Pawiak, em Varsóvia para interrogatório, tornando-se em seguida o prisioneiro de número 16670 do campo de concentração de Auschwitz durante a II Grande Guerra Mundial. Mais do que nunca, exerceu ali o seu apostolado de oração e pela conversão daqueles condenados. No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14 do campo, cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas. Numa dada oportunidade, ocorreu a fuga de um deles e, como castigo, dez outros foram sorteados para morrer de fome e de sede num abrigo subterrâneo.
O sargento Franciszek Gajowniczek do exército polonês foi um dos dez escolhidos e suplicou pela sua vida, por ser pai de uma família ainda de pequenos. Padre Kolbe se ofereceu para substitui-lo no 'bunker da morte' e assim foi feito. Desnudos, os dez homens padeceram o suplício da fome e da sede no subterrâneo confinado. Pe. Kolbe lhes deu toda a assistência espiritual possível neste período de martírio. Ao final de três semanas, 4 ainda estavam vivos e receberam, então, injeções letais de ácido muriático. Era o dia 14 de agosto de 1941, véspera da Festa da Assunção de Nossa Senhora. Pe. Kolbe foi o último a morrer. Sua festa religiosa é celebrada em 14 de agosto. Foi canonizado pelo papa João Paulo II em 10 de outubro de 1982.
'Não tenham medo de amar demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o próprio Jesus: e imitar Jesus é nossa santificação. Quanto mais pertençamos à Imaculada, tanto melhor compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus, Deus Pai, a Santíssima Trindade'.
Mas o que aconteceu com Gajowniczek - o homem que Padre Kolbe salvou? Depois da guerra, retornou à sua cidade natal, reencontrando a sua esposa. Seus dois filhos tinham sido mortos durante a guerra. Todos os anos, no dia 14 de agosto, ele retornou à Auschwitz e divulgou durante toda a vida o ato heroico do Pe. Kolbe. Morreu aos 95 anos, em 13 de março de 1995, em Brzeg, na Polônia, quase 54 anos depois de ter sido salvo da morte por São Maximiliano Kolbe.
(Franciszek Gajowniczek)
terça-feira, 13 de agosto de 2019
DA PRÁTICA DA CARIDADE PELOS SENTIMENTOS
1. Tende cuidado de lançar fora todo juízo, suspeita ou dúvida temerária a respeito do próximo. É uma falta duvidar sem razão da inocência do próximo; mais falta ainda conceber uma suspeita positiva; e uma falta ainda maior julgar alguém certamente culpado, sem um fundamento certo. Aquele que julga desta maneira, será julgado por sua vez, pois disse o Senhor no Evangelho: 'Não julgueis e não sereis julgados, porque vos julgarão do mesmo modo que julgardes os outros' (Mt 7,12).
Disse, sem um fundamento certo, porque, se houvesse motivos certos para suspeitar e mesmo para crer mal do próximo, então não haveria falta. De resto, é sempre mais seguro e mais conforme à caridade pensar bem de todos e evitar os juízos e as suspeitas pois, diz o Apóstolo, que 'a caridade não pensa mal de ninguém'(1Cor 13,5). Todavia é preciso é preciso advertir que esta regra não serve para as religiosas que exercem os ofícios de superiora ou de mestra [ou pessoas que exercem cargos de direção espiritual], as quais, como dissemos em outro lugar, fazem bem ou antes devem suspeitar para prevenir o mal que pode suceder, com as diligências oportunas. Se, pois, não estais encarregadas de velar pela conduta das outras, tomai a resolução de sempre pensar bem de todas as vossas irmãs.
Santa Joana de Chantal dizia: 'No próximo não devemos olhar o mal, mas somente o bem'. E se, falando do próximo, vos acontecer enganar-vos em seu favor e tomar por bem o que é mal, não fiqueis tristes por isso; porque, diz Santo Agostinho: 'a caridade não lamenta o seu erro quando pensa bem ainda de um mau' (conf. Sl 147). Santa Catarina de Bolonha dizia um dia: 'Há muitos anos que estou na religião, e nunca pensei mal de minhas irmãs, sabendo que aquela que parece imperfeita é talvez mais agradável a Deus do que a outra que parece muito exemplar'.
Guardai-vos, pois, de estar a espreitar os defeitos e ações dos outros, como fazem algumas, especialmente as que andam a perguntar o que se diz de sua pessoa e que, em seguida, se enchem de suspeitas, incômodos e aversões. Muitas vezes as coisas se referem adulteradas, ou como se diz, com franjas. Por isso, quando ouvirdes dizer qualquer coisa sobre os vossos defeitos, não deveis dar atenção, nem procureis saber quem assim falou. Fazei tudo de modo que ninguém possa dizer mal de vós, e depois deixai que todos digam o que quiserem. E, quando ouvirdes censurar alguma falta vossa, respondei: 'É muito pouco o que sabem de mim! Ó quantas coisas poderiam dizer, se soubessem tudo!' Ou então podereis dizer: 'Deus é que me há de julgar!'
2. Quando suceder ao nosso próximo alguma desgraça, uma doença, um prejuízo ou outro qualquer pesar, a caridade manda que nos entristeçamos, ao menos na parte superior de nós mesmos. Digo na parte superior de nós mesmos, porque, quando ouvimos falar de um dano sofrido por pessoas que nos são contrárias, nossa natureza rebelde parece que sempre sente certo prazer; mas nisso não há falta, quando a má complacência é repelida pela vontade. Assim, pois, quando arrastadas pela parte inferior a vos regozijardes do mal acontecido ao próximo, deixai-a gritar, como se deixa gritar uma cachorrinha, que ladra como animal sem razão; e acudi com a parte superior a ter compaixão dos males alheios.
É verdade que algumas vezes, é lícito alegrar-se com a enfermidade de um pecador público e escandaloso porque, talvez assim, ele entre em si e se converta, ou, ao menos, porque assim cessará o escândalo dos outros. Entretanto, se a pessoa que sofre nos deu algum desgosto, tal alegria pode ser suspeita.
3. A caridade nos obriga a nos alegrarmos com a felicidade do próximo, expulsando a inveja que consiste em ver com desprazer o bem do próximo, porque o seu bem impede o nosso. Segundo o doutor angélico, o bem alheio pode nos desagradar de quatro modos, a saber:
1.º - Quando tememos que esse bem possa causar dano a nós ou a outros. Este temor, quando o dano é injusto, não é inveja e pode ser isento de toda a culpa, segundo aquilo que escreve São Gregório: pode muitas vezes acontecer que, sem faltar a caridade, a desgraça do nosso inimigo nos alegra, como quando a sua queda serve para livrar muitos das misérias que padecem; e também pode suceder que, sem inveja, nos aflija a prosperidade do inimigo, quando tememos que lhe sirva para oprimir injustamente os outros;
2.º - Quando vendo, o bem alheio, ficamos tristes, não porque dele goza o próximo, mas porque não gozamos também. Este desprazer não é inveja, é antes um sentimento virtuoso, tratando-se de bens espirituais;
3.º Quando vemos com pena o bem do próximo, porque o julgamos indigno dele. Tal desprazer não é ainda ilícito, quando pensamos que essa vantagem, essa dignidade, ou essa fortuna será prejudicial à sua alma;
4.º Quando, enfim, nos afligimos com o bem do próximo, porque impede o nosso. E este desprazer é propriamente a inveja de que nos devemos guardar. O sábio diz que os invejosos imitam o demônio que induziu Adão ao pecado, porque sentia desprazer em vê-lo destinado ao céu, donde tinha sido expulso. É pela inveja do demônio que a morte entrou no mundo e o imitam os que são do seu partido. Pelo contrário, caridade nos faz alegrar com o bem do nosso próximo como se fosse nosso, e nos faz olhar as suas perdas como nossas.
(Excertos da obra 'A Verdadeira Esposa de Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)
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