sábado, 29 de julho de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (237/240)

  

237. CAIU A PEDRA

No domingo, 22 de dezembro de 1861, em Volterra, alguns jovens se haviam reunido perto de uma muralha, sobre a qual sobressaía uma grande pedra. Um deles, que perdera no jogo, começou a dizer horríveis blasfêmias contra Nossa Senhora. Os companheiros procuraram acalmá-lo, mas ficou ainda pior. Chegada a hora da missa, convidaram-no a entrar com eles na igreja; respondeu-lhes, porém, com a mais horrível das blasfêmias. Apenas tinha fechado a boca, a grande pedra caiu sobre ele e o esmagou.

238. VEREIS COMO ISTO PARA!

Em agosto de 1891, uma aldeia foi açoitada por uma chuva de pedras, que devastou vinhedos e hortas. Vários camponeses reunidos numa taberna se queixavam, blasfemando, da tempestade que os arruinava. O taberneiro, furioso, blasfemava mais do que todos e, tomando uma espingarda, saiu à rua, dizendo: 'Atirarei contra Deus e vereis como isto para já!'

O blasfemo ergueu a espingarda contra o céu... mas, no momento preciso, caiu um raio, matando-o juntamente com um cigano que o acompanhava.

239. COMPADECIAM-SE DELE!

Na cidade de Gênova, em maio de 1902, enquanto os fiéis saíam da igreja de São Teodoro, após as funções sagradas, um indivíduo começou a insultar os que tinham ido à igreja e a blasfemar contra Deus e Nossa Senhora. Os fiéis que passavam, espantados, compadeciam-se dele. De repente, o homem calou-se, empalideceu e caiu como que fulminado por um raio. Toda tentativa para socorrê-lo foi inútil.

240. CEGO PELO RESTO DA VIDA

Um homem voltava da venda depois de ter ouvido ali toda sorte de impiedades. Ao ver o crucifixo à cabeceira da cama, pôs-se a blasfemar e xingar a sagrada imagem. Foi além: tomou uma faca e arrancou sacrilegamente os olhos do crucifixo. No dia seguinte começou a sentir uma dor agudíssima nos olhos. Levaram-no ao hospital, de onde saiu completamente cego, vendo-se obrigado a mendigar até o fim da vida.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

sexta-feira, 28 de julho de 2023

COMO ALCANÇAR A SANTA PACIÊNCIA

1. Devemos ter fé

Digo que a primeira coisa é possuir a iluminação da fé. Com a luz desta virtude, conseguiremos todas as outras; sem ela andaremos no escuro como um cego, para quem o dia torna-se noite. Para pessoa sem fé, tudo o que Deus faz por amor na claridade da luz, torna-se escuridão, trevas de ódio, pois a pessoa pensa que é por ódio que Deus permite os sofrimentos e as dificuldades. Vede como precisamos da luz da fé!

2. Devemos pensar que tudo vem de Deus por amor

A segunda coisa é crer firmemente que Deus existe e que tudo vem dele menos o pecado. Não vem de Deus a má vontade do pecador. O restante – quer provenha do fogo, da água, da morte ou de qualquer outra coisa – vem de Deus. Diz Jesus no evangelho que sem a providência Divina não cai uma folha das árvores e diz ainda que os cabelos da nossa cabeça estão todos contados, e que nenhum deles cai sem que Deus o saiba (Mt 10,29). Ora, se Jesus fala assim a respeito das coisas materiais com maior razão cuida de nós criaturas racionais. Em tudo o que nos manda o permite, Deus usa da sua providência. Tudo é feito por Deus com mistério e amor. Jamais por ódio!

3. Devemos crer que até na dor Deus nos quer felizes

O desejo de Deus é que nos santifiquemos. Tudo o que Ele nos manda ou permite tem esta finalidade. Se duvidarmos disto, erramos. Basta pensar no sangue do humilde e imaculado cordeiro, transpassado pela lança, sofrido, atormentado. Entenderemos que o Pai eterno nos ama. Por causa do pecado, nos tínhamos tornado inimigos de Deus. Amorosamente, o Pai nos deu o Verbo, seu filho Unigênito. Este último entregou por nós sua vida, correndo para uma vergonhosa morte na cruz. Por qual razão? Por amor a nossa salvação. Como vedes o sangue de Jesus dissipa toda a dúvida em nós, de que o Pai possa querer outra coisa que não seja a nossa santificação. Aliás, como poderia Deus querer algo fora do bem? Impossível! Como poderia o supremo Bem descuidar-se de nós? Ele que nos amou antes de existirmos, Ele que, por amor, nos criou à sua imagem e semelhança, não poderia deixar de nos amar de prover às necessidades de nossa alma e do nosso corpo.

Deus permite algumas vezes certas coisas para que nos conheçamos melhor em nossa instabilidade. E também conheçamos a instabilidade deste mundo. Tudo o que temos – vida, saúde, esposa, filhos, riquezas, posições sociais, prazeres – tudo nos é dado por Deus como empréstimo para nosso uso. Não como propriedade. É assim que devemos tratar tais coisas. Tanto é verdade, que não podemos impedir que tais coisas nos sejam retiradas. Quanto à graça divina é diferente. Nem os demônios nem outras criaturas nem as perseguições conseguem retirar de nós, se não dermos nosso consentimento.

O sofrimento que padeceis é de grande utilidade para vós. Deus vos oferece o modo de romper muitas amarras e de aperfeiçoar vossa consciência. Deus vos libertou e vos indicou a estrada, se é que a desejais segui-la. A todos Deus deu a vida eterna e nos convida a alcançá-la também por meio do sofrimento, afim de que conheçamos a bondade divina e nossos defeitos, durante o restante da vossa vida.

4. Devemos meditar sobre os próprios pecados

A quarta coisa necessária para se tornar paciente é esta: refletir sobre os próprios pecados e defeitos, sobre quanto já ofendemos a Deus. Ele é o Bem infinito. Destes pecados e defeitos, grandes ou pequenos que sejam, resultaria para nós um castigo infinito. Infelizes que somos! Ofendemos nosso Criador e merecemos mil infernos. E quem é este Criador ofendido! É a bondade sem limites. E nós, o que somos? Nada! O ser que temos e qualquer outro beneficio a ele acrescentado, tudo veio de Deus. Por nós mesmos, nada somos. Em tal situação e merecendo um castigo eterno, Deus nos purifica aqui na terra. Mais ainda; se aceitamos o sofrimento purificador, alcançamos méritos. Isso não sucede na purificação da vida futura; no purgatório a alma se purifica mas nada merece. Como nos convém, pois tolerar com paciência estas pequenas dores agora.

Pequenas dores repito, por causa da brevidade desta existência. Aqui na terra a dimensão da dor tem a dimensão do tempo. E qual é a extensão do tempo? Assemelha-se à ponta de uma agulha. Assim sendo a dor é pequena. O sofrimento que passou ficou para trás, não o sinto mais; o sofrimento futuro ainda não padeço, e nem tenho certeza de continuar vivo. Posso morrer e não sei quando. Somente o presente existe nada mais. Soframos, então, com alegria. Toda ação boa é remunerada. Toda culpa é punida. São Paulo afirma: 'Os sofrimentos desta vida não se comparam com a glória que receberá a alma paciente' (Rm 8,18).

(Excertos das 'Cartas de Santa Catarina de Siena')

quinta-feira, 27 de julho de 2023

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LX)

 

Capítulo LX

Alívio às Santas Almas pelo Santo Sacrifício da Missa - Madre Inês e Irmã Serafina - Rainha Margarida da Áustria e o Arquiduque Alberto - Padre Mancinelli e o Manto da Caridade

Acabamos de falar da eficácia do Santo Sacrifício para aliviar as pobres almas. Uma fé viva neste mistério consolador inflama a devoção dos verdadeiros fiéis e suaviza a amargura da dor da perda. A morte privou-os de um pai, de uma mãe, de um amigo? Voltem os seus olhos lacrimosos em direção ao Altar, que lhes oferece o meio de testemunhar o seu amor e a sua gratidão para com os seus queridos defuntos. Daí resulta as numerosas missas que podem mandar celebrar; daí também esse afã de assistir ao Santo Sacrifício de Propiciação em favor dos defuntos.

A Venerável Madre Inês de Langeac, religiosa dominicana de quem já nos referimos antes, assistia à Santa Missa com a máxima devoção e incentivava as suas religiosas a um fervor semelhante. Dizia-lhes que este Divino Sacrifício era o ato mais santo da religião, a obra de Deus por excelência, e recordava-lhes a Sagrada Escritura: 'Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!' (Jr 48,10).

Uma irmã da comunidade chamada Serafina faleceu; ela não tinha prestado atenção suficiente aos conselhos salutares da sua Superiora e foi condenada a um Purgatório severo. Madre Agnes soube disso por revelação. Num êxtase, foi levada em espírito ao lugar da expiação e viu muitas almas no meio das chamas. Entre elas, reconheceu a Irmã Serafina que, por meio de penosos lamentos, implorava a sua ajuda. Tocada pela mais viva compaixão, a caridosa Superiora fez tudo o que estava ao seu alcance: durante oito dias, jejuou, comungou e assistiu à Santa Missa em intenção da querida irmã falecida. Enquanto rezava, entre lágrimas e suspiros, implorando a Divina Misericórdia por meio do precioso Sangue de Jesus, para que Ele tivesse a bondade de livrar a sua querida filha daquelas terríveis chamas e admiti-la ao deleite da sua presença, ela ouviu uma voz que lhe disse: 'Continue a rezar; a hora da libertação dela ainda não chegou'. Madre Agnes perseverou na oração e, dois dias depois, enquanto assistia ao Santo Sacrifício, no momento da elevação, viu a alma da Irmã Serafina elevar-se ao Céu num êxtase de alegria. Esta visão consoladora foi a recompensa da sua caridade e a inflamou ainda mais na devoção pelo Santo Sacrifício da Missa.

As famílias cristãs, que possuem um espírito de fé viva, têm o dever, segundo a sua categoria e os seus meios, de mandar celebrar um grande número de missas pelos defuntos. Na sua santa liberalidade, esgotam os seus recursos para multiplicar os sufrágios da Igreja e assim aliviar as almas santas. Conta-se na Vida da Rainha Margarida de Áustria, esposa de Filipe III que, no dia de suas exéquias, se celebraram na cidade de Madri quase mil e cem missas pelo repouso da sua alma. Esta rainha tinha pedido por mil missas no seu último testamento e o Rei mandou acrescentar este número para vinte mil. Quando o arquiduque Alberto morreu em Bruxelas, a piedosa Isabel, sua viúva, mandou celebrar quarenta mil missas pelo repouso da sua alma e, durante um mês inteiro, ela própria assistiu com a maior piedade às dez missas de cada dia (Padre Mumford, 'Caridade para com os Falecidos').

Um dos modelos mais perfeitos de devoção ao Santo Sacrifício da Missa e da caridade para com as almas do Purgatório, foi o Padre Júlio Mancinelli, da Companhia de Jesus. As missas oferecidas por este digno religioso - diz L. Rossignoli (Merv 23) -  pareciam ter uma eficácia toda especial para o alívio dos fiéis defuntos. As almas apareciam-lhe frequentemente para implorar o favor de uma única Missa. 

César Costa, tio do Pe. Mancinelli, era arcebispo de Cápua. Um dia, encontrando o seu santo sobrinho muito mal vestido, apesar do mau tempo, deu-lhe, com a maior caridade, uma esmola para que comprasse um manto. Pouco tempo depois, o arcebispo faleceu; e o padre, ao sair para visitar os doentes, envolto no seu novo manto, encontrou o seu falecido tio a vir em sua direção, envolto em chamas e a pedir-lhe que lhe emprestasse o seu manto. Assim que o padre concedeu e o arcebispo vestiu o manto, as chamas extinguiram-se de imediato. O Pe. Mancinelli compreendeu que aquela alma estava a sofrer no Purgatório e que pedia a sua ajuda, em troca da caridade que tivera para com ele. Pegando então o manto, prometeu rezar pela pobre alma sofredora com todo o fervor possível, especialmente junto do altar.

Este fato foi noticiado internacionalmente e produziu uma impressão tão salutar que, após a morte do padre, foi representado em uma pintura que se conserva no Colégio de Macerata, a sua terra natal. O Padre Júlio Mancinelli é visto no altar, vestido com as vestes sagradas, um pouco elevado acima dos degraus do altar, para significar o arrebatamento com que foi favorecido por Deus. Da sua boca saem faíscas, emblema das suas orações ardentes e do seu fervor durante o Santo Sacrifício. Sob o altar, vê-se o Purgatório e as almas que recebem o benefício dos seus sufrágios. Por cima dele, dois anjos derramam de vasos esplendorosos uma chuva de ouro, significando as bênçãos, as graças e os privilégios concedidos às pobres almas em virtude do Santo Sacrifício. Vemos também o manto e uma inscrição em verso, que traduzida diz assim: 'Ó veste milagrosa, dada como proteção contra a severidade do frio e que depois serviu para temperar o calor do fogo. É assim que a caridade atua, dando calor ou refrigério, segundo os sofrimentos que alivia'.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para Jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

terça-feira, 25 de julho de 2023

O CAMINHO DA SANTIFICAÇÃO PERFEITA


O caminho da santificação perfeita passa pela Escola de Maria, passa pela Presença de Maria, passa pelo Segredo de Maria!

Viver a Escola de Maria é estar sempre em intimidade com Deus: 'onde eu estou, Deus aí está'. Na intimidade com Deus, a alma não tem anelos para si própria, tudo emana e evolui para cumprir em tudo, com todos, o tempo todo, a Santa Vontade de Deus.

'Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra' 

(Lc 1, 38)

Viver a Presença de Maria é estar sempre em intimidade com ela: 'eu vou onde Nossa Senhora iria'. Como um filho que segue com docilidade o chamamento da Mãe; como um filho que confia plenamente na companhia segura da sua mãe; como um filho que recorre a sua mãe em todos os seus anelos e necessidades. 

'Como a respiração é sinal inconfundível de que o corpo não está morto, o pensamento assíduo e a invocação amorosa de Maria é um sinal certo de que a alma não está morta pelo pecado'

(São Luís Maria Grignion de Monfort)
'
Viver o Segredo de Maria é passar por esta vida com o olhar na eternidade com Deus: 'eu vivo à espera do Céu que me espera'. Nas pequenas coisas, no anonimato, no silêncio, no escondimento, no 'eu comigo mesmo' da alma que confia, que ama e que persevera em fazer todas as coisas não para proveito próprio mas para a maior glória de Deus.

'Senhor, Deus meu, Criador e Redentor meu! desejo receber-vos hoje com tal afeto e reverência, com tal louvor e honra, com tal agradecimento, dignidade e pureza, com tal fé, esperança e amor, como vos desejou e recebeu vossa Mãe Santíssima, a gloriosa Virgem Maria, quando, ao anjo que lhe anunciou o mistério da encarnação, humilde e devotamente respondeu: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra!'

(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)

segunda-feira, 24 de julho de 2023

FRASES DE SENDARIUM (V)

'A prova de que Deus está conosco não está em não cair,
mas no levantar após a queda'

(Santa Teresa de Ávila)

Nas tuas pequenas e grandes alegrias, louva o Pai pela graça de perceber que és capaz de alcançar objetivos e metas; nos teus pequenos ou grandes fracassos, louva o Pai ainda mais por te mostrar que sem Ele tu és nada...

domingo, 23 de julho de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!(Sl 85)

Primeira Leitura (Sb 12,13.16-19) - Segunda Leitura (Rm 8,26-27)  -  Evangelho (Mt 13,24-43)
 
 23/07/2023 - Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum

35. O REINO DE DEUS (I)


No Evangelho deste Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum, Jesus encontra-se ainda numa barca, às margens do mar da Galileia, falando à multidão. E vai se utilizar de três diferentes parábolas para descrever o Reino de Deus aos homens.

A primeira parábola é a do campo semeado de trigo e de joio: 'O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo' (Mt 13, 24). No campo do Senhor, ou seja, o mundo, Deus planta sempre a boa semente, plena de fertilidade e capaz de produzir muitos frutos. Mas o Maligno interveio e 'enquanto todos dormiam' (Mt 13, 25), contaminou o campo com a erva inútil. O mal sempre triunfa quando o bem não se manifesta ou se recolhe. No mundo dos homens, ambas as plantas germinam igualmente e convivem igualmente, os Filhos da Luz (o trigo) e os herdeiros do Mal (o joio). E não serão separados nas vinhas do Senhor, mas apenas na colheita final: 'Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!' (Mt 13, 30). Pois o bem é a prática da virtude que há de superar o mal e o mal pode ser sempre reparado antes da colheita.

A segunda parábola compara o Reino dos Céus a uma minúscula semente de mostarda: 'O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo' (Mt 13, 31). De fertilidade ímpar, a pequena semente produz um vigoroso arbusto, tão alto que as aves podem fazer ninhos em seus ramos. O Reino de Deus se desenvolve tal como a pequena semente: no escondimento, quase imperceptível na sua evolução, mas vigoroso e extraordinário na grandeza e dimensão dos seus frutos! O caminho da santificação é essencialmente simples e tranquilo, mas impelido por uma torrente de bênçãos e graças.

A terceira parábola compara o Reino dos Céus a uma porção de fermento: 'O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado' (Mt 13, 33). A mistura do bem e do mal no mundo é resultado do campo semeado pelas boas e más sementes; a ação do bem é a de fomentar os ensinamentos evangélicos, atuando como fermento de transformação e transfiguração das almas semeadas nas vinhas do Senhor.