sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (195/197)

 

195. DUAS MORRERAM... SALVOU-SE UMA!

Eram três jovens, quase meninas. Acabavam de deixar o colégio, um bom colégio, onde tinham sido educadas. Lançaram- se ao mundo e o mundo, como um redemoinho absorvente, arrastou-as às suas festas e diversões. Não sonhavam senão com cinemas, teatros e bailes. Eram jovens! Ainda teriam tempo para fazer penitência. Não iriam passar os melhores anos da vida encerradas, como freiras, em casa e na igreja! Ah! isso não!

Uma tarde, uma delas me procurou. Chegou chorando e o terror espelhava-se no seu rosto. Sabeis o que se passara? Poucos dias antes as três amigas tinham sucumbido, deixando-se vencer por uma tentação perversa. Das más leituras haviam passado às más conversas, das más conversas às perigosas amizades e das perigosas amizades ao passo fatal. Estavam nas garras do demônio! Isso acontecera poucos dias antes da festa da Imaculada Conceição. Como ainda não tinham perdido a fé, os remorsos gritaram em seus corações protestando contra a sua conduta louca e pecadora. 

Mas as três convieram em responder à consciência: 'No dia da Imaculada iremos confessar-nos e tudo estará em ordem. No dia seguinte iriam a uma cidade vizinha para se divertirem. Encontrar-se-iam na estação à hora da partida. Só chegaram duas; a terceira chegava apressada quando o trem já ia saindo. As amigas, da janela do trem, diziam-lhe adeus entre risos e gargalhadas de alegria. Elas, quanto iriam gozar! Ela, abandonada e só... que raiva!

Poucas horas se passaram. Chega um telegrama terrível com uma notícia aterradora que circulava por toda a cidade: dera-se um encontro de trens e as vítimas eram muitas. Entre as vítimas achavam-se as duas amigas, mortas instantaneamente!
➖ Padre! - disse-me a que ficara - hoje Deus me livrou do inferno. Se tivesse ido com minhas amigas, com elas estaria morta e com elas condenada. Bendita seja a misericórdia de Deus! 'Filhos dos homens, temei a justiça divina!'

196. TUDO POR DEUS

Quereis um exemplo? Ei-lo: São Francisco Xavier. Amou a ciência; as ilusões da juventude; as alegrias dos camaradas; os entusiasmos da esperança; amou as diversões e o mundo. Um dia, porém, compreendeu que tudo aquilo era vaidade e que corria perigo a sua salvação eterna e deixou tudo. Desde aquele dia, só teve um ideal, o ideal de seu amigo Inácio de Loiola: a maior glória de Deus.

Ei-lo: não é velho, completou quarenta e seis anos, está no vigor da vida. Consomem-no agora as ânsias da salvação das almas perdidas e a glória de Deus. Não o interrogueis porque nunca falará do que realizou pelo nome de Deus. Eu o recordarei rapidamente. Percorreu a Itália. Embarcou para a Índia, penetrou em Goa e ali formou uma cristandade numerosa. E dali? Foi à Costa da Pescaria. E dali? A Travancore. E dali? Foi percorrer as ilhas Molucas e alcançou o arquipélago filipino. E dali? Voltou novamente à Índia para visitar as cristandades e consolidar nelas a fé cristã.
➖ E não descansou nunca?
➖ O amor de Deus não consente que repouse; parte para as costas de Yamaguchi e de Bungo.
➖ E continuou caminhando?
➖ Sim; soube que além de mares longínquos havia um povo de muita inteligência e amigo de grandes empresas: o Japão, e para lá se foi. Percorreu-o sem descanso e regressou de novo à Índia.
➖ Nem então lhe deu descanso o seu zelo?
➖ Pelo contrário; soube que havia um império imenso, chamado império da China, e concebeu o pensamento de ganhá-lo para Deus.

E põs-se logo a caminho.
➖ E percorreu muitas léguas?
➖ Mais de três mil léguas.
➖ E batizou muitos pagãos?
➖ Contam-se por milhares, talvez por milhões.
➖ Sofreu muito?
➖ Não há língua humana que o possa dizer.
➖ Sofreu muitas perseguições?
➖ Contínuas e imensas.
➖ E nunca desanimou?
➖ Nunca. Teve a sublime loucura de ganhar almas para Deus e levar a luz da fé e da verdade a todos os povos do mundo.
Abraçado ao crucifixo, morreu amando com todo ardor a Deus e as almas imortais.

197. UMA ÚLTIMA COMUNHÃO NO BOSQUE

No Tirol (Áustria), um sacerdote foi chamado para socorrer a um doente num sítio distante, na montanha. Tomou logo os Santos Óleos e o Santíssimo e montou a cavalo. Muito linda era a serra, entrecortada de límpidos regatos e vales cobertos de árvores. Ao voltar, pensava o padre, desfrutaria do ar fresco e perfumado dos pinheirais.

Chegou ao sítio, socorreu ao doente mas, ao dar-lhe a comunhão, notou que levara duas hóstias. Isto o contrariou um pouco, pois, em vez de passear, teria de regressar com o Santíssimo, em silêncio e rezando. De sobrepeliz e estola ia descendo e rezando, quando ouviu um grito:
➖ Um padre! Um padre!
Um moço veio correndo e disse:
➖ Senhor Padre, depressa, depressa! Um lenhador acabou de ter o peito esmagado por uma árvore.

Compreendeu logo porque levara duas hóstias. Era a Divina Providência! Confessou o pobre homem e ali mesmo lhe deu a última comunhão. Perguntou a ele, naquele momento final, se fizera algo especial para merecer tão grande graça.
➖ Padre - disse-lhe o homem - cada vez que via um sacerdote levar o viático a algum doente, rezava uma Ave-Maria para ter a graça de não morrer sem receber o Santíssimo Sacramento.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS E DO ANO

   

DEVOÇÃO DAS NOVE PRIMEIRAS SEXTAS - FEIRAS  

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

GALERIA DE ARTE SACRA (XXXIII)

A chamada Cathedra Petri (Trono de São Pedro) constitui um monumento único e singular da arte sacra, localizado na abside da Basílica de São Pedro, em Roma, conformando um cenário simbólico intimamente associado às colunatas da Praça de São Pedro. A obra imortal do arquiteto italiano Gian Lorenzo Bernini (1598 - 1680) foi especialmente encomendada pelo Papa Alexandre VII (1655 - 1667), para se consolidar como símbolo maior da realeza da Igreja e do próprio magistério pontifício, firmado sobre o trono (a cátedra) de Pedro, primeiro pontífice da Igreja.

A Cátedra de São Pedro (monumento) faz referência a um antigo costume romano de veneração aos mortos, cuja celebração incluía a utilização de uma cadeira suntuosa e vazia em memória de um ilustre falecido, que convergiu então para a figura de São Pedro. Historicamente, a festa da Cátedra de São Pedro comportou duas variantes, que incluíam procissões solenes da cátedra (trono) de Pedro e sua exposição em altares para veneração púbica dos fieis: uma em Antioquia (celebrada em 22 de fevereiro), em referência ao período antes da viagem e do martírio do Apóstolo em Roma e outra em Roma, em referência direta ao seu magistério romano (celebrada em 19 de janeiro). Ambos os eventos foram unificados para a data de 22 de fevereiro, após a reforma do calendário litúrgico do Papa João XXIII, em 1960.

O monumento em bronze e em estilo barroco de Bernini, construído entre 1657 e 1666, representa a Cátedra de Pedro em dimensões portentosas no alto da abside e atrás do altar-mor da Basílica. O conjunto da obra expressa um cenário extraordinário, com a cátedra vazia (com cerca de 7m de altura) sendo ladeada por anjos e sustentada por quatro estátuas (com cerca de 5m de altura) de grandes Padres da Igreja latina e grega: Santo Agostinho, Santo Ambrósio, Santo Atanásio e São João Crisóstomo. O espaço acima do trono é dominado por um cenário de nuvens douradas, envolvidas por anjos e raios irradiantes. No centro dessa área, uma janela liga com grande luminosidade a igreja ao mundo exterior e inclui a figura de uma pomba, símbolo do Espírito Santo a guiar o papado e a iluminar os homens. É a plena celebração da singularidade, da identidade e da unidade da Igreja sob o Papado.


No interior do monumento, totalmente confinada e com raríssimas exposições públicas, mantém-se preservada a cátedra original de Pedro em Roma (foto abaixo), embora algo modificada. A peça original em madeira de carvalho teria sido uma cadeira romana de transporte comum à época (sedes gestatoria), já bastante carcomida e deteriorada pelo tempo, pelo que foi reformada quase por completo por meio de inclusões de peças de madeira de acácia e por incrustações de marfim, após o que teria sido doada à Igreja enquanto Papa João VIII (872 - 882), pelo monarca britânico Carlos, o Calvo, em torno do ano 875 da nossa era.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

POEMAS PARA REZAR (XLIV)

MENINO JESUS, O QUE SOU AGORA DIANTE DE TI?

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem sem tempo,
fruto das horas perdidas,
como refém de tardes e manhãs?
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem que não precisa de tempo
sob a eternidade do agora.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem sem oração,
mas cheio de coisas vazias,
e vazio das coisas de Deus.
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem prostrado em oração
diante a humilde manjedoura.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem de muitas palavras,
das muitas palavras do mundo,
que são menos que nada.
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem que pressente no coração
o sussurro do teu chamado.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem moldado de sombras
como uma imagem distorcida
de um rascunho mal feito.
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem contemplado à tua imagem  
que ora contempla o Criador.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem sem pés e sem passos,
peregrino de todos os portos,
náufrago de mares sem fim.
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem que perscruta o caminho
entre o presépio e a Cruz.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem feito de ilusões
buscando num carrossel de quimeras
ser menos cinza que as cinzas.
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem que vislumbra num menino
a eternidade da graça.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus:
O que sou agora diante de ti?
Um homem nascido como homem
filho, irmão e escravo do mundo,
dono de uma vida sem sentido. 
Eis-me aqui, diante de ti,
E o que posso ser agora?
Um homem feito filho de Deus
diante de Deus feito homem.

Menino Jesus,
ó meu Menino Jesus,
eis-me aqui, diante de ti:
recebe o meu pobre coração,
recebe minha alma em conversão,
recebe as minhas lágrimas de perdão,
recebe o meu louvor de adoração,
recebe o meu amor e gratidão
e me dê a eterna salvação,
ó meu Menino Jesus,
Menino Jesus!  

(Arcos de Pilares)

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XLVII)

Capítulo VI

Consolação das Almas - A Santíssima Virgem e o Privilégio dos Sábados - Venerável Paula de Santa Teresa - São Pedro Damião e o Relato de uma Visão Milagrosa

É em certos dias especiais que a Rainha do Céu exerce a sua misericórdia no Purgatório. Esses dias privilegiados são: primeiro todos os sábados e depois as diversas festas da Santíssima Virgem, que assim se tornam como festas no Purgatório. Vemos nas revelações dos santos que, no sábado, dia especialmente consagrado à Santíssima Virgem, a doce Mãe de Misericórdia desce às masmorras do Purgatório para visitar e consolar os seus devotos servos. Então, segundo a piedosa crença dos fiéis, ela resgata aquelas almas que, tendo usado o santo escapulário, gozam deste privilégio sabatino, e depois dá alívio e consolo a outras almas que lhe foram particularmente devotas. Testemunha disso foi a Venerável Irmã Paula de Santa Teresa, religiosa dominicana do Convento de Santa Catarina de Nápoles.

Num sábado, arrebatada em êxtase e transportada em espírito para o Purgatório, ficou algo surpreendida ao encontrá-lo transformado num Paraíso de delícias, iluminado por uma luz brilhante, em vez da escuridão que prevalecia em outras ocasiões. Enquanto ela se perguntava qual poderia ser a causa dessa mudança, ela percebeu a Rainha do Céu cercada por uma multidão de anjos, aos quais ela deu ordens para libertar aquelas almas que a honraram de maneira especial e conduzi-las ao Céu. Se isso ocorre em um sábado comum, dificilmente podemos duvidar que o mesmo ocorra nos dias de festa consagrados à Mãe de Deus. Entre todas as suas festas, a da gloriosa Assunção de Maria parece ser o principal dia de libertação. 

São Pedro Damião nos diz que todos os anos, no dia da Assunção, a Santíssima Virgem resgata vários milhares de almas. Eis o relato de uma visão milagrosa que ilustra este assunto: 'É um piedoso costume' - diz ele - 'que tem o povo de Roma de visitar as igrejas, levando uma vela na mão, durante a noite anterior à Festa da Assunção de Nossa Senhora'. Ora, aconteceu que uma pessoa de posição, estando de joelhos na basílica de Santa Maria em Aracoeli, em Campidoglio, viu diante dela, prostrada em oração, outra senhora, que reconheceu como sendo a sua madrinha, falecida alguns meses antes. Surpresa, e não podendo acreditar em seus olhos, ela quis desvendar o mistério e, então, postou-se perto da porta da igreja. Assim que viu a senhora sair, pegou-a pela mão e puxou-a para o lado. 'Você não é a minha madrinha Marozi, que me segurou na pia batismal?' 'Sim, sou eu' - respondeu a aparição imediatamente. 'E como é que te encontro entre os vivos, já que estás morta há mais de um ano?' 'Até hoje estive mergulhada em um fogo terrível, por causa dos muitos pecados de vaidade que cometi em minha juventude, mas hoje, durante esta grande solenidade, a Rainha do Céu desceu ao meio das chamas do Purgatório e me livrou, juntamente com um grande número de outras almas, para que possamos entrar no Céu na festa de sua Assunção. Ela pratica esse grande ato de clemência todos os anos; e, apenas no dia de hoje, o número daqueles que ela libertou é igual à população de Roma. Vendo que a sua afilhada permanecia estupefata e parecia ainda duvidar da evidência de seu bom senso, a aparição acrescentou: 'Como prova da verdade de minhas palavras, saiba que você mesmo morrerá daqui a um ano, na festa da Assunção; se você sobreviver a esse período, acredite que isso foi uma ilusão'. São Pedro Damião conclui este relato dizendo que a jovem passou o ano praticando o exercício das boas obras, a fim de se preparar para comparecer diante de Deus. No ano seguinte, na Vigília da Assunção, ela adoeceu e morreu no próprio dia da festa, como havia sido previsto.

A festa da Assunção é, pois, o grande dia da misericórdia de Maria para com as pobres almas; ela se deleita em introduzir os seus filhos na glória do Céu, no aniversário do dia em que ela entrou pela primeira vez em seus abençoados portais. Esta crença piedosa, acrescenta o Abade Louvet, baseia-se em um grande número de revelações particulares; é por essa razão que em Roma a Igreja de Santa Maria in Montorio, que é o centro da arquiconfraria dos sufrágios pelos defuntos, é dedicada nessa intenção com o título de Assunção.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

UM SANTO DE DEVOÇÃO PARA 2023!

Acesse o link 

 http://saintsnamegenerator.com/index.php 

e escolha um santo de devoção para o ano de 2023 e reze todos os dias do Novo Ano pela intercessão dele junto a Deus em seu favor e de sua família.

Santo(a) de devoção ... rogai por mim, rogai por nós,
rogai pela minha família. Amém!

domingo, 1 de janeiro de 2023

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE DE DEUS E RAINHA DA PAZ

La Pietà (1498-1499) - Michelangelo Buonarroti

No primeiro dia do Ano Novo, a Igreja exalta Maria como Mãe de Deus; o calendário dos santos é aberto com a solenidade da maternidade daquela que Deus escolheu para mãe do Verbo Encarnado. Trata-se da primeira festa mariana proposta pela Igreja Ocidental, moldada sob as palavras eternas de Isabel: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre' (Lc 1,42). Todos os títulos e todas as grandezas de Maria dependem do dogma essencial de sua maternidade divina. Desde a Antiguidade, Maria é chamada 'Mãe de Deus', do grego 'Theotokos', título ratificado pelo Concílio de Éfeso, de 22 de junho de 431. Em 1968, o Papa Paulo VI dedicou o 1° dia do ano como Dia Mundial da Paz. Assim, Maria é louvada também neste dia como Rainha da Paz.

São Cirilo de Alexandria (370-442), na homilia pronunciada no Concílio de Éfeso contra Nestório, que negava ser Maria Mãe de Deus:

'Contemplo esta assembléia de homens santos, alegres e exultantes que, convidados pela santa e sempre Virgem Maria e Mãe de Deus, prontamente acorreram para cá. Embora oprimido por uma grande tristeza, a vista dos santos padres aqui reunidos encheu-me de júbilo. Neste momento vão realizar-se entre nós aquelas doces palavras do salmista Davi: ‘Vede como é bom, como é suave os irmãos viverem juntos bem unidos!’ (Sl 132,1). Salve, ó mística e santa Trindade, que nos reunistes a todos nós nesta igreja de Santa Maria Mãe de Deus. Salve, ó Maria, Mãe de Deus, venerável tesouro do mundo inteiro, lâmpada inextinguível, coroa da virgindade, cetro da verdadeira doutrina, templo indestrutível, morada daquele que lugar algum pode conter, virgem e mãe, por meio de quem é proclamado bendito nos santos evangelhos ‘o que vem em nome do Senhor’ (Mt 21,9).

Salve, ó Maria, tu que trouxeste em teu sagrado seio virginal o Imenso e Incompreensível; por ti; é glorificada e adorada a Santíssima Trindade; por ti, se festeja e é adorada no universo a cruz preciosa; por ti, exultam os céus; por ti, se alegram os anjos e os arcanjos; por ti, são postos em fuga os demônios; por ti, cai do céu o diabo tentador; por ti, é elevada ao céu a criatura decaída; por ti, todo o gênero humano, sujeito à insensatez dos ídolos, chega ao conhecimento da verdade; por ti, o santo batismo purifica os que creem; por ti, recebemos o óleo da alegria; por ti, são fundadas igrejas em toda a terra; por ti, as nações são conduzidas à conversão.

E que mais direi? Por Maria, o Filho Unigênito de Deus veio ‘iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte’ (Lc 1,77); por ela, os profetas anunciaram as coisas futuras; por ela, os apóstolos proclamaram aos povos a salvação; por ela os mortos ressuscitam; por ela, reinam os reis em nome da Santíssima Trindade. Quem dentre os homens é capaz de celebrar dignamente a Maria, merecedora de todo louvor? Ela é mãe e virgem. Que coisa admirável! Este milagre me deixa extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor fosse impedido de habitar no templo que ele próprio construiu? Quem se humilhou tanto a ponto de escolher uma escrava para ser a sua própria mãe? Eis que tudo exulta de alegria! Reverenciemos e adoremos a divina Unidade, com santo temor veneremos a indivisível Trindade, ao celebrar com louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o templo santo de Deus, que é seu Filho e esposo imaculado. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.'