segunda-feira, 8 de agosto de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXXIV)

VASO INSIGNE DE DEVOÇÃO, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

domingo, 7 de agosto de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!(Sl 32)

 07/08/2022 - Décimo Nono Domingo do Tempo Comum 

37. AS PARÁBOLAS DA VIGILÂNCIA


Três parábolas de Jesus são contempladas no Evangelho deste Décimo Nono Domingo do Tempo Comum, todas centradas na prática da vigilância. A vida cristã não pode prescindir da contínua vigilância sobre nossas palavras, pensamentos e ações, embalada pelo zelo às coisas do Pai e às virtudes de uma serena e santa prudência. Jesus vai falar da necessidade imperiosa da vigilância ao seu 'pequenino rebanho' (Lc 12, 32) a quem está destinado o Reino de Deus, que, como dito em outra passagem, 'não é deste mundo'. Sim, pequenino rebanho inserido na imensa multidão dos que se acercam apenas dos bens e futilidades desse mundo, pequenino rebanho que tem por Jesus o Bom Pastor, pequenino rebanho que vende o que tem, dá esmolas, que ajunta tesouros que o ladrão não rouba e nem a traça corrói, pequenino rebanho que guarda tesouros num coração que persevera em ser bondoso e compassivo.

A primeira voz da vigilância ressoa na alegoria dos empregados que esperam o senhor da casa voltar de uma festa de casamento. Na impossibilidade de saber com certeza a hora da chegada do Senhor Que Vem, a palavra de Jesus é uma exortação à vigilância constante, a qualquer hora, à meia noite ou de madrugada: 'Felizes os empregados que o Senhor encontrar acordados quando chegar' (Lc 12, 37). E estes bem-aventurados poderão sentar-se, então, à mesa com o Senhor.

Na segunda mensagem, reaviva-se o mesmo espírito de vigilância de todas as horas, na única certeza de que Jesus há de vir, uma vez mais, em busca do seu pequenino rebanho: 'Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes' (Lc 12, 40). Os que se fartam da imprudência e da indiferença dos tempos, descuidam da suas casas (almas) e as tornam vulneráveis à ação de ladrões. Mas o que se cerca de diligências e cuidados, estará sempre pronto quando o Senhor chegar.

Na parábola final do administrador prudente e fiel, Jesus leva a virtude da vigilância à medida do nosso amor à Santa Vontade de Deus. Neste amor sem medidas, há de se fazer a medida do amor de cada um: 'A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!' (Lc 12, 48). A perseverança e a vigilância de sempre devem ser reflexos cristalinos da nossa certeza nas verdades imutáveis dos Santos Evangelhos e das palavras de Cristo. Como um pequenino rebanho, confiantes e perseverantes na fé, guardemos no coração os tesouros dos que vivem vigilantes à doce espera do Senhor Que Vem.

sábado, 6 de agosto de 2022

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XXXVII)

Capítulo XXXVII

Razões da Expiação no Purgatório - Intemperança da Língua - O Religioso Dominicano - Irmãs Gertrudes e Margarida - São Hugo de Cluny e o Infrator da Regra do Silêncio 

Acabamos de ver como a imoderação no uso das palavras é expiada no Purgatório. Padre P. Rossignoli fala de um religioso dominicano que incorreu nos castigos da Justiça Divina por falta semelhante. Este religioso, um pregador cheio de zelo, uma glória para sua Ordem, apareceu depois de sua morte a um de seus irmãos em Colônia. Ele estava vestido com vestes magníficas, usando uma coroa de ouro na cabeça, mas sua língua estava terrivelmente atormentada. Esses ornamentos representavam a recompensa de seu zelo pelas almas e a sua perfeita observância em todos os pontos de sua Regra. No entanto, sua língua foi torturada porque ele não havia sido suficientemente cauteloso em suas palavras, e sua língua nem sempre moldavam os lábios sagrados de um padre e de um religioso.

O exemplo a seguir é extraído de Cesarius. Num mosteiro da Ordem de Citeaux, diz este autor, viviam duas jovens religiosas, chamadas Gertrudes e Margarida. A primeira, embora virtuosa, não cuidou suficientemente de sua língua; ela frequentemente se permitia transgredir a regra do silêncio prescrita, às vezes até em coro, antes e depois do canto do Ofício. Em vez de se recolher com a reverência devida àquele lugar santo, dirigia palavras inúteis à irmã, que se colocava ao lado dela, de modo que, além de sua violação da regra do silêncio e sua falta de piedade, ela foi objeto de desvirtuação para a sua Irmã de Ordem. 

Ela morreu ainda jovem. Pouco tempo depois de sua morte, a Irmã Margarida dirigiu-se ao coro e viu de repente a Irmã Gertrudes chegar e ocupar o mesmo assento que ocupava em vida. Muda de espanto, a irmã chegou quase a desmaiar diante essa visão. Quando se recuperou suficientemente, foi contar à Superiora o que acabara de ver. Esta admoestou-lhe a não preocupar-se em demasia e que, caso a falecida aparecesse outra vez, perguntasse a ela, em nome de Deus, o motivo de sua aparição.

No dia seguinte, a falecida reapareceu da mesma forma e, seguindo a orientação da Superiora, a de acordo com a ordem da prioresa, a Irmã Margarida lhe perguntou: 'Minha querida Irmã Gertrudes, de onde você vem e o que você quer?'. 'Venho' - disse ela- 'para satisfazer a Justiça de Deus neste lugar onde pequei. Foi aqui, neste santo santuário, que ofendi a Deus com palavras inúteis e contrárias ao respeito religioso, para desonra de muitos e pelo escândalo que vos dei em particular. Ah se você soubesse' - acrescentou ela - 'o quanto sofro! Sou devorada pelas chamas e, em particular, a minha língua é terrivelmente atormentada'. Ela desapareceu em seguida, depois de ter pedido orações em sua intenção.

Quando São Hugo, que sucedeu a Santo Odilo em 1049, governava o fervoroso mosteiro de Cluny, um de seus religiosos, que havia sido descuidado na observância da regra do silêncio, tendo falecido, apareceu ao santo abade para pedir a ajuda de seu orações. Sua boca estava cheia de úlceras terríveis, como castigo imposto ás suas muitas palavras vãs. São Hugo estabeleceu então sete dias de silêncio à sua comunidade, que foram passados ​​em recolhimento e oração. Então o falecido reapareceu, livre de suas úlceras e com semblante radiante, testemunhando a sua gratidão pelo socorro caridoso que recebera dos seus irmãos. Se tal é o castigo das palavras vãs, qual não deveria ser o das palavras mais passíveis de recriminação?

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

PARA SER UM HOMEM ETERNO... (V)

  ... SEJA UM HOMEM COM ALMA DE APÓSTOLO 

Oração e apostolado. Uma coisa é intimamente associada a outra. Vida de oração pressupõe seguir Jesus por todos os caminhos e em todos os momentos. Construir uma caminhada com Deus e para Deus. Uma caminhada que não se faz sozinho, mas que implica a participação de muitos, porque o amor de Deus não pode ser separado do amor ao próximo, aquele que também precisa fazer a sua experiência de encontro com Deus. Ninguém - ninguém mesmo - entra no Céu sozinho. E nem no inferno.

A alma de todo apostolado é Cristo, a pregação oportuna e inoportuna da doutrina da salvação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Percorrer esse caminho de santificação pessoal significa construir, passo a passo, a santificação do outro. Que tesouro pode existir nessa terra que possa ser maior do que compartilharmos a graça da salvação eterna com os nossos irmãos e companheiros de jornada? Nos escombros e ruínas das vidas que vivemos, o ouro que reluz na eternidade são os minutos em que fomos verdadeiramente arautos e instrumentos de salvação para os outros.

Um homem de oração tem alma de apóstolo, porque dele emana a necessidade imperiosa de praticar o bem. Fazer o bem faz bem. E, assim, apostolado e missão são complementos lógicos e diretos, e viver implica ser agente de anunciação do Evangelho aos que nos cercam e levar a todos ao Senhor da Vida. E apostolado tem várias nuances, formas diversas, ações intrinsecamente distintas. O apostolado não precisa ser trombeteado por cima de todos os telhados, às vezes é mais eficiente quando tem o peso do sussurro de uma brisa; o apostolado não precisa ter a violência das marés, mas se basta com o lento avanço da alma para águas mais profundas; o apostolado não implica vencer todas as batalhas, mas tornar a alma suficientemente madura para se agigantar nas derrotas.

O apostolado se faz sem alarde e sem prospecção de frutos imediatos. Ele nasce como missão e se nutre e se realimenta da caridade. É uma semeadura que tem a dimensão de uma vida inteira. Singularmente, essa semente vai gerar uma árvore imensa e de muitos frutos numa manhã de sol qualquer; nos dias nublados da vida dos homens comuns, estes frutos serão espaçados e colhidos em muitas estações. Os frutos da graça são obra pura e simples da Providência Divina. 

Para ser um homem eterno... seja um homem com alma de apóstolo. Para os que se ama, para os que não somos capazes de amar, para os que não sabem amar. Seja um apóstolo para todos os gentios. A vinha é grande e muitas serão as contradições e irregularidades da colheita: mais aqui, menos acolá, pouco resultado num terreno mais árido, frutos abundantes em outro mais fértil. Orar sem cessar; semear sem descanso.

Eis a síntese do apostolado cristão para os homens de hoje e de sempre: anunciar o Evangelho de Cristo ao mundo inteiro. Ser missionário e se fazer apóstolo, aí estão as marcas de identidade de um cristão no mundo. De todos os cristãos. Ser instrumento de Deus para salvação de muitos dos seus filhos, eis aí o maior tesouro que se leva desse mundo, o ouro que não se desgasta e nem se corrói e com o qual será construída, com esmero divino, a nossa morada eterna na casa do Pai. 

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

   

DEVOÇÃO DAS NOVE PRIMEIRAS SEXTAS - FEIRAS 

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

04 DE AGOSTO - SÃO JOÃO MARIA VIANNEY (CURA D'ARS)

 

A mais difícil, extraordinária e espantosa obra 
feita pelo Cura d’Ars foi a sua própria vida

Existem vidas extraordinárias entre os santos da Igreja. Mas poucas delas foram tão cingidas pela pequenez, pela humildade e pelo aniquilamento interior como a do pobre cura de Ars, São João Batista Maria Vianney (nascido em 08 de maio de 1786, em Dardilly, na França). Ordenado sacerdote em 1815, aquele que teria o dom extraordinário de ler consciências foi proibido inicialmente de atender confissões, 'porque não teria capacidade para guiar consciências'. Três anos depois, aceitou ser o vigário do minúsculo povoado de Ars, situado ao norte de Lyon, na época com pouco mais de 200 habitantes e nenhuma prática religiosa. Ali chegou em fevereiro de 1818, ali construiu uma santidade ímpar entre os padres da Igreja, ali se tornou um santuário de peregrinação de toda a Europa. Ali viveu incansavelmente a fadiga das confissões intermináveis (geralmente 17 horas diárias), da oração constante, da devoção incondicional à pequenez e à pobreza, até a sua morte, em 04 de agosto de 1859, aos 73 anos de idade. 

São João Batista Vianney foi canonizado em 1925 pelo Papa Pio XI e seu corpo incorrupto encontra-se depositado na igreja da paróquia de Ars. Foi proclamado Padroeiro dos Sacerdotes e no dia de sua morte, 4 de agosto, celebra-se o Dia do Padre

'Nós devemos nutrir um grande amor por todos os homens, pelos bons e pelos maus. Quem tem o amor não pode querer que alguém faça o mal, 
porque o amor perdoa tudo'

Corpo Incorrupto do Santo em Ars

Conta-se que, indo em direção a ArsSão João Batista Vianney perguntou a um menino a direção a seguir para se chegar ao povoado. Diante da orientação recebida, o santo respondeu a ele: 'já que você me ensinou o caminho para Ars, eu lhe ensinarei o caminho para o céu'. Que, no dia de hoje, os sacerdotes de Cristo reflitam sobre esta mensagem do Cura D'Ars e assumam incondicionalmente esse caminho de vida religiosa para a salvação de muitos homens.