sábado, 25 de junho de 2022

A FÉ EXPLICADA: A MORTE DE NOSSA SENHORA


O dogma da Assunção de Nossa Senhora, 'assunta em corpo e alma à glória do céu', foi proclamado pelo Papa Pio XII, por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, publicada em 1º de novembro de 1950, nos seguintes termos: 'com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu'.

A premissa fundamental da chamada 'Assunção' de Nossa Senhora (festa litúrgica a 15 de agosto) pressupõe que a Mãe de Deus não poderia subir ao Céu por seu próprio poder antes de sua morte e ressurreição - salvo por um milagre da intervenção do próprio Deus. Jesus Cristo, ao contrário, poderia ascender ao Céu por seu próprio poder mesmo antes de sua morte e gloriosa ressurreição - o que caracteriza esta subida ao Céu como a 'Ascensão' do Senhor (festa litúrgica no Sétimo Domingo da Páscoa). Neste contexto, portanto, Nossa Senhora morreu e ressuscitou.

Mas sendo a morte uma consequência direta do pecado, como Aquela isenta de pecado poderia então morrer? A imortalidade de Maria derivaria assim, como um preceito lógico, do privilégio de sua imaculada conceição. Mas uma vez que Nossa Senhora foi a primeira e a mais fiel e perfeita discípula de Jesus e porque assumiu e encerra a maternidade espiritual de todos os homens, não seria óbvio que ela  participasse igualmente dos mistérios da morte e ressurreição? Se a encarnação a privilegia para garantir a origem divina do Redentor (por meio da sua Imaculada Conceição), sua participação na obra salvífica de Cristo a consubstancia em seu sofrimento e morte (por meio da sua própria morte), para assim exprimir a sua plena realização humana. 

Esta é a concepção aceita e assumida pela Tradição da Igreja em relação à morte de Maria, mesmo diante a falta de evidências dos textos sagrados e das manifestações algo reticentes dos Padres da Igreja sobre este assunto. Nossa Senhora experimentou a morte e a ressurreição a exemplo do seu filho Jesus. A sua morte, porém, foi tão suave e serena como a imersão aconchegante do corpo em um sono calmo e reparador, tão extraordinária que a Igreja concebeu simplesmente por chamá-la 'dormição' da Virgem Maria.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

TESOURO DE EXEMPLOS (155/157)

 

155. CORTEM-LHE A CABEÇA!

Conta-se que Teodorico, famoso príncipe ariano, tinha a seu serviço um católico, a quem estimava muito, a ponto de nomeá-lo seu ministro. Esse indivíduo, querendo merecer ainda mais as graças do príncipe, renunciou à religião católica e abraçou a ariana, o que era uma perigosa heresia.

Ao ter notícia dessa resolução do seu ministro, dirigindo-se aos seus dois guardas, disse-lhes o príncipe:
➖ Cortem-lhe a cabeça!
Estranhando os guardas aquela ordem, acrescentou Teodorico:
➖ Cortem-lhe a cabeça porque, se este homem é infiel a Deus, não deixará de ser infiel a mim, que não passo de um simples homem.
E o ministro, que esperava grandes favores à custa de sua religião, foi imediatamente decapitado.

156. OS SANTOS E A CARIDADE

A. São Pedro Nolasco, filho de uma nobre família da Provença, era devotíssimo de Nossa Senhora. Em consequência de uma visão que tivera, ele, São Raimundo e o rei Jaime I, fundaram uma Ordem (de Nossa Senhora das Mercês) para remir os cristãos cativos dos mouros. Os religiosos comprometer-se-iam, se necessário fosse, a resgatar os cristãos à custa da própria liberdade.

São Pedro foi o primeiro a dar o exemplo. Vendeu tudo quanto possuía, viveu paupérrimo, como bom religioso, e certa vez, que pregava na África, ficou como refém para libertar alguns cativos. Sofreu inúmeros e indizíveis martírios dos mouros naquelas terras de bárbaros. Recuperou, por fim, a liberdade, vindo a falecer aos sessenta e nove anos de idade, numa noite de Natal. O seu corpo exalava um suave odor que encheu todo o convento e seu rosto apresentava um resplendor celeste: eram o odor e o resplendor da santidade.

B. São Pedro Claver foi, como todos os santos, um perfeito imitador de Jesus Cristo. Não se dedicou, como São Pedro Nolasco, a remir os cativos, mas passou toda a sua vida no meio dos escravos negros. Nascido em Verdu, perto de Lérida, fez a sua carreira eclesiástica em Barcelona. Aos vinte e um anos entrou na Companhia de Jesus, e logo embarcou para a América, onde aguardava a chegada das naus carregadas de escravos negros.  

Explicava a doutrina cristã àqueles pobrezinhos, curava os enfermos e purgava-lhes as chagas, chegando a beijá-las por mortificação e amor de Jesus Cristo. Conseguiu desta forma converter a muitos milhares de escravos. E como se lhe mostravam gratos todos aqueles que, por seu ministério, se viam livres das enfermidades do corpo e da ignorância religiosa! Assim entendiam e praticavam os santos o verdadeiro amor ao próximo.

157. ... SAIU TOSQUIADO!

Um senhor, que gostava de festas familiares, convidou os seus parentes e amigos para uma festa em família. No meio dos convidados apareceu também um moço desses que querem, nessas ocasiões, passar por engraçados. Quando o dono da casa se pôs a fazer as orações da mesa, o rapaz negou-se a rezar alegando ser ateu, isto é, não crer em Deus.

Todos reprovaram tal procedimento. Vendo-se contrariado e meio envergonhado, disse:
➖ De maneira que o único que nesta casa não crê em Deus sou eu? E deu uma grande gargalhada.

Uma senhora, que estava assentada ao lado dele, replicou:
➖ Não se ria tanto, moço: nesta casa, além do senhor, há dois gatos e um cachorro que também não creem em Deus. Mas, como não têm entendimento e nem sabem falar, não podem dizer o que pensam como o senhor!
Foi buscar lã e... saiu tosquiado!

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XIX)

 
MÃE AMÁVEL, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

quinta-feira, 23 de junho de 2022

'COM MINHA MÃE ESTAREI...'

'Com Minha Mãe Estarei...' é um hino religioso bastante antigo e de autoria desconhecida. A versão original mais completa constava aparentemente de treze estrofes, sempre seguidas pelo refrão - 'No céu, no céu, com minha Mãe estarei!' - repetido duas vezes. Em versões mais recentes, o hino foi restruturado com a inserção de outras e novas estrofes, pela facilidade da composição ditada pelo padrão rítmico bastante simples das estrofes originais.

01. Com minha mãe estarei / na santa glória um dia / junto a Virgem Maria / no céu triunfarei!
 
No céu, no céu, com minha Mãe estarei! (2x)

02. Com minha Mãe estarei / mas já que hei ofendido / a seu Jesus querido / as culpas chorarei.

03. Com minha Mãe estarei / é a fé viva ardente / com que firme, valente  / o mal evitarei.

04. Com minha mãe estarei / longe falsas carícias / prazer, torpes delícias / sempre vos fugirei.

05. Com minha Mãe estarei / firme nesta certeza / à falsa e vã riqueza / nunca me apegarei.

06. Com minha Mãe estarei / desta vida a mor pena / em minha alma serena / constante sofrerei.

07. Com minha Mãe estarei / é segura esperança  / com que larga tardança / forte suportarei.

08. Com minha Mãe estarei / palavras deliciosas / que em horas trabalhosas / fiel recordarei.

09. Com minha Mãe estarei / enquanto neste exílio / do seu piedoso auxílio / com fé me valerei.

10. Com minha Mãe estarei / e sempre nesta vida / de mestra tão querida / as lições ouvirei.

11. Com minha Mãe estarei / mãe de toda pureza / nesta vida inteireza / fiel lhe guardarei.

12. Com minha Mãe estarei / pois sei que assim vivendo / fiel permanecendo / em graça morrerei.

13. Com minha Mãe estarei / ó viver deleitoso / ó sempiterno gozo / em que me embeberei.

Algumas das inserções complementares envolvem alterações de termos originais ou mesmo a inclusão de novas estrofes como as seguintes:

14. Com minha Mãe estarei / aos anjos me ajuntando / e hinos entoando / louvores lhe darei.

15. Com minha mãe estarei / aos anjos me ajuntando / do Onipotente ao mando / hosanas lhe darei.

16. Com minha Mãe estarei / então coroa digna / de sua mão benigna / feliz receberei.

17. Com minha mãe estarei / e que bela coroa / de mãe tão terna e boa / feliz receberei.

18. Com minha mãe estarei / em seu coração terno / em seu colo materno / sem fim descansarei.

E, como intervenções adicionais possíveis, aqui estão mais duas outras, propostas pelo autor do blog:

19. Com minha mãe estarei / Maria cheia de graça / da vida que não passa / eternamente viverei.

20. Com minha mãe estarei / entre doces encantos / e santo entre santos / me santificarei.

No vídeo a seguir, o hino é cantado com algumas poucas estrofes, incluindo estrofes do texto original e outras de proposições mais recentes.

terça-feira, 21 de junho de 2022

OS 5 PASSOS DA APOSTASIA UNIVERSAL

1. O nascimento da apostasia universal: cisma protestante de Lutero em detrimento à unidade da Igreja. 
Frutos da apostasia de Lutero: centenas ou milhares de denominações e seitas protestantes atuais.

2. A confrontação inicial à apostasia universal: a iniquidade exposta até a raiz, quando o Papa São Pio X definiu o modernismo, no final do século XIX, como a síntese de todas as heresias (Encíclica Pascendi Dominici Gregis).
Fruto da oposição à apostasia: promulgação do Manifesto Antimodernista (que deveria ser proferido e comungado por todos os padres e bispos da Igreja).

3. O renascimento da apostasia universal: Concílio Vaticano II (mudança de rota da Igreja, confrontação à Igreja Tradicional, renovação do modernismo)
Frutos da renovação modernista: Teologia da Libertação, culto ao ecumenismo, busca da adaptação da doutrina da Igreja às coisas e humores do mundo.

4. A imposição da apostasia universal: a infiltração demoníaca da Igreja pelo topo (a Igreja combatida e combalida por dentro)
Frutos da imposição da apostasia universal: perda da unidade doutrinária, abusos da liturgia, escândalos da Igreja, indiferentismo religioso, clérigos e leigos vistos como homens iguais e comuns.

5. O triunfo da apostasia universal: a consumação de uma falsa Igreja - a Igreja do Anticristo (abominação da desolação, negação de Deus, nulidade dos dogmas, triunfo das heresias, domínio e reinado absoluto da iniquidade).

Este triunfo (efêmero) da iniquidade, que abarca um período de provação singular para a Igreja de Cristo, como fruto dantesco de uma apostasia universal, tem sido confirmado reiteradamente em muitos acontecimentos da história recente da Igreja, particularmente pelas revelações da Santíssima Virgem em Fátima:

1. A Visão do Papa Leão XIII sobre um diálogo entre Jesus Cristo e Satanás, no qual o diabo alegou que poderia destruir a Igreja Católica, se tivesse mais poder e mais tempo, o que lhe teria sido concedido por um tempo de 100 anos. 

2. 'Seu conteúdo diz respeito à fé. Caracterizar o [Terceiro] Segredo com anúncios catastróficos ou com um holocausto nuclear é distorcer o significado da mensagem. A perda da fé de um continente é pior que a aniquilação de uma nação; e é verdade que a fé está diminuindo continuamente na Europa'
(Dom Alberto Amaral, terceiro bispo de Fátima, numa conferência em Viena, Áustria, a 10 de setembro de 1984).

3. 'No Terceiro Segredo está previsto, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começa no topo' (Luigi Ciappi, teólogo pessoal de quatro papas).

4. 'Sabe, Gabriele? Satanás entrou no seio da Igreja e em muito pouco tempo governará uma falsa Igreja'
(Palavras do Santo Padre Pio de Pietrelcina à Gabriele Amorth, famoso exorcista do Vaticano, como reveladas por ele).

5. 'Através de alguma rachadura a fumaça de Satanás entrou no Templo de Deus' (Paulo VI, pouco tempo depois do fim do Concílio Vaticano II).

Quando tudo parecer perdido, quem ficará de pé? 'O Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?' (Lc 18,8).