sábado, 19 de junho de 2021

ORAÇÃO: ATO DE ABANDONO (PIO XII)


'Ó meu Deus, creio na vossa infinita bondade; não somente nesta bondade que cobre o mundo, mas nesta bondade particular e muito pessoal que objetiva essa miserável criatura que sou eu, e que tudo dispõe para o seu maior bem.

Por isso, Senhor, mesmo quando não vejo, quando não entendo, quando não sinto, creio que o estado no qual me encontro e tudo o que me ocorre é obra do Vosso amor, e com todas as forças de minha alma, o prefiro a qualquer outro estado que me seria mais agradável, mas que me aproximaria menos de Vós.

Ponho-me entre vossas mãos, faça de mim o que quiseres, deixando-me como único consolo o de Vos obedecer sempre'.

(100 dias de indulgência por vez; indulgência plenária uma vez por mês)

PROFECIA DE SÃO MAXIMILIANO KOLBE


'Um dia, a bandeira da Imaculada Virgem Maria vai voar sobre o Kremlin [centro do poder comunista], mas primeiro, a bandeira vermelha vai flutuar sobre o Vaticano' [ou seja, a Rússia há que se converter, mas não antes que o comunismo, com seus erros e heresias, alcance e subverta o próprio Vaticano e o papado].

sexta-feira, 18 de junho de 2021

PARA VIVER A DIVINA MISERICÓRDIA UM DIA POR SEMANA⁶

 

Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós,
eu confio em Vós!

'Fala ao mundo da Minha Misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha Misericórdia'

Intenção do Dia - Sexta Semana

oferecer as imperfeições cotidianas no pedido diário do perdão 

Aceitai, Senhor, as minhas imperfeições e fragilidades / que me levam a buscar o Vosso perdão / elas passam e se esvaem pela complacência / do Vosso Coração de misericórdia infinita 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

SOBRE A COMUNHÃO ESPIRITUAL

A comunhão pode ser feita sacramentalmente, apenas espiritualmente ou preferencialmente de ambas as formas e, neste caso, particularmente durante a Santa Missa. A comunhão espiritual implica uma união da alma com Jesus Eucarístico não diretamente por meio da recepção do sacramento, mas por meio apenas do desejo sincero e fervoroso dessa recepção. No primeiro caso, o sacramento é a própria causa da graça e o comungante apenas uma condição (ex opere operato), ao passo que, na comunhão espiritual, o comungante torna-se a causa direta da graça, que depende das disposições pessoais colocadas em relação ao ato (ex opere operantis).  

Estas disposições pessoais são basicamente duas: primeiro, manifestar uma fé verdadeira e autêntica na presença de Cristo na Eucaristia, não apenas como presença real, mas também em termos da eficácia dessa presença como causa da graça. A segunda disposição implica buscar compensar com um desejo ardente o próprio ato do sacramento.

A distinção entre as formas de comunhão é significativa, e pode ser ponderada pelas próprias palavras de Nosso Senhor dirigidas a Soror Paula Maresca, fundadora do convento de Santa Catarina de Sena em Nápoles: 'Eu mantenho as suas comunhões sacramentais em um vaso de ouro e, em um vaso de prata, as suas comunhões espirituais'. Essa distinção será tanto maior em função de nossas imperfeições e fragilidades e, neste sentido, a comunhão espiritual será significativamente menos eficaz que a comunhão sacramental, ainda que atuando sobre os mesmos efeitos de graça santificante, alimento espiritual e remissão dos pecados veniais. 

Essa distinção, entretanto, depende essencialmente das nossas disposições interiores e, assim, é lícito pensar que, numa oferenda ardente e sincera de comunhão com Nosso senhor Jesus Cristo em espírito e com o coração pode resultar em maiores graças e frutos do que uma comunhão sacramental realizada com pouco zelo espiritual. A eficácia e o valor extremo da comunhão espiritual são expressos de formas diversas pelo testemunho de diferentes santos e santas da Igreja e muitos deles relataram a percepção de graças recebidas pelas comunhões espirituais como equivalentes às recebidas ou que teriam recebido nas comunhões com as espécies sacramentais.  

Tudo depende das nossas reais disposições interiores na comunhão espiritual, amparadas por uma fé viva e a condição do estado de graça, alcançado por um ato de contrição perfeito. Sem a contrição perfeita, a comunhão espiritual não seria válida (e não constitui um pecado), ainda que o desejo fosse bom. A grande vantagem da comunhão espiritual é que pode ser praticada várias vezes e em quaisquer  lugares, mas pressupõe um ambiente e as condições adequadas para a sua efetiva validação e obtenção de graças, pelo que é preferencialmente indicada durante a prática da Santa Missa.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: ÊXTASE E ORAÇÃO

 

Enquanto não concederes essa graça à alma, não importa o quão íntima ela possa estar, ela vai perceber que não está plenamente integrada contigo. Parece existir assim um certo mal estar espiritual, uma espécie de insegurança. Ela não gostaria de ser perturbada em sua doce ocupação. Mas isso poderia acontecer e ela teme isso. E o seu medo é bem fundamentado. Todos os laços que a prendem longe de ti ainda não foram quebrados. Ela ainda mantém uma certa comunicação com o mundo sensível que nada lhe pode dar e que, pelo contrário, poderia chamá-la para si, arruinando tudo. Sem dúvida esse medo é débil, surdo e quase imperceptível, mas existe e faz sofrer a alma, é um estorvo. Na verdade, a alma não pode elevar-se livremente para te alcançar, ainda que se sinta movida por um desejo muito forte de fazê-lo.

Mas no momento em que te dignas desligar-se por completo, ainda que apenas por um instante, que alegria não teria a alma de se encontrar a sós contigo, quase face a face, e poder contar-te sem palavras tudo o que vivencia no íntimo do coração há tanto tempo! E agir como se não soubesses nada; falar de tudo e se abrir totalmente contigo. Pai, vê como tudo é Vosso, como tudo é feito para Vós! Não existem mais criaturas que possam obstruir o Vosso olhar ou ferir o Vosso coração. Não há mais nenhum obstáculo entre nós. Eu Vos falo e Vós me ouvis. Eu Vos olho e Vós me contemplais com ternura. Ninguém nos ouve, ninguém nos vê; ninguém sabe que estou aqui em Vossa presença. Os anjos podem ver e os santos podem ver, mas até eles não poderão saber dessa nossa intimidade mais do que quereis lhes revelar. Além disso, o olhar deles não é indiscreto; pelo contrário, estão felizes vendo o que veem. E, se necessário, eles vão enlevar a minha alma ainda mais para Vos louvar, abençoar e amar.

Ó meu Deus, uma vez que a oração nada mais é do que a explicação de um desejo, não é possível explicar bem a Vós o nosso desejo de Vos amar, e só é possível orar com perfeição em êxtase. Sim, meu Deus, que nossos corações sejam incensados pelo Vosso amor! Que, para Vos amar livremente e sem obstáculos, permiti que a nossa alma possa deixar o nosso corpo e se refugiar em Vós como fonte de amor. Que o meu eu morra então totalmente aí para que eu não possa mais viver a não ser em Vós e para Vós! Por tão grande amor, as palavras são pequenas demais para Vos delimitar e assim Vós as reprimis, são débeis demais para Vos conceber e é por isso que Vós as aniquilais! Mas, ainda assim, refletem a Vossa glória, uma vez que proclamam, na sua impotência, a Vossa grandeza e o Vosso poder.

Ó amor de Deus, vinde e completeis em mim a Vossa obra: abrasai-me, envolvei-me, consumi-me, arrebatai-me! Eu Vos ofereço todo o meu ser, o mais íntimo de mim, para todo o sempre, e com um infinito amém!

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)

segunda-feira, 14 de junho de 2021

ENCHIRIDION E OS DOGMAS DA IGREJA CATÓLICA

Enchiridion (Manual) é uma compilação de todos os textos básicos sobre os dogmas e ordenamentos doutrinários da Santa Igreja desde a Era Apostólica, tendo sido implementado em 1854 pelo papa Pio IX e, desde então, regularmente atualizado. Foi originalmente publicado como Enchiridion Symbolorum et Definitionum (referido, às vezes, como Denzinger, em homenagem ao seu primeiro editor, Heinrich Denziger) e atualmente publicado como Enchiridion symbolorum, definitionum et statementum de rebus fidei et morum (Manual de credos, definições e declarações sobre questões de fé e moral). Os parágrafos correspondentes ao texto das primeiras edições são comumente expressos pela abreviação Dz - referência direta a Denzinger).

As postagens anexas apresentam uma relação de 250 dogmas da Igreja Católica compiladas a partir do Enchiridion e já publicadas pelo blog (as dez primeiras são reproduzidas abaixo nesta postagem, indicando as principais fontes de sua prescrição pelo Denzinger).


PARTE I - A UNIDADE E A TRINDADE DE DEUS

1. Deus, nosso Criador e Senhor, pode ser conhecido, com absoluta certeza, pela luz natural da razão das coisas criadas.

Constituição dogmática Dei Filius (1870), pós-Concílio Vaticano I, que assim definiu: Si quis dixerit, Deum unum et verum, creatorem et Dominum nostrum, per ea quae facta sunt naturali rationis humanoe lumine certo cognosci non posse (Dz 1806; cf. 1391, 1785).

2. A existência de Deus não é meramente um objeto de conhecimento racional, mas também um objeto da fé sobrenatural.

Constituição dogmática Dei Filius (1870), pós-Concílio Vaticano I, que assim definiu: Si quis dixerit, in revelatione divina nulla vera et proprie dicta mysteria contineri, sed universa fidei dogmata posse per rationem rite excultam e naturalibus principiis intelligi et demonstrari; anathema sit (indicando que  que a razão não basta para conhecer quem é Deus, pois a fé vai além da razão). Por outro lado, O Credo começa por dizer Credo in unum Deum.

3. A Natureza de Deus é incompreensível para os homens.

O IV Concílio de Latrão (1215) e o Concílio Vaticano I chamam Deus de 'incompreensível' (incompreensibilis); o Concílio de Latrão define Deus como 'inefável' (inefabilis).

4. Os bem-aventurados no Céu possuem um conhecimento intuitivo imediato da Essência Divina.

Constituição dogmática Benedictus Deus (Bento XII, 1336): Vident (sc, animae sanctorum), divinam essentiam visione intuitiva et etiam faciali, nulla por criatura em ratione objeti visi se habente, sed divina essentia imediata se nude, clare et aprte eis ostendente - as almas dos bem aventurados veem a essência divina em visão intuitiva e face a face, sem nenhuma criatura intervir como meio de visão, mas mostrando-lhes a essência divina de imediato e com absoluta transparência e clareza (Dz 530); o Concílio de Florença (1438/45), assim especificou qual era o objeto do conhecimento de Deus que os bem-aventurados possuem: Intueri (sc. Animas sanctorum) clare ipsum Deum trinum et unum, sicuti est"- as almas dos bem aventurados intuem claramente o Deus trino e único como Ele o é (Dz 693).

5. A visão imediata de Deus transcende a força natural da percepção da alma humana e é, portanto, sobrenatural.

O Concílio de Viena, pela constituição Ad Nostrum Qui (1312), condenou expressamente os erros dos begardos e beguinas [comunidades semirreligiosas que praticavam uma vida espiritual alheia aos ensinamentos da Igreja]:  Quod anima non indiget lumine gloriae ipsam elevante ad Deum videndum et eo beate fruendum (Dz 475): é heresia considerar que a alma, destituída da luz da glória, seja capaz de  ver e se deleitar de Deus em êxtase.

6. A alma requer a luz da glória para a visão imediata de Deus.

(Enchiridion, Dz 475)

7. A Essência de Deus é igualmente incompreensível para o bem-aventurado no Céu.

(Enchiridion, Dz 428, 1782) 

8. Os atributos divinos são realmente idênticos entre si e com a Divina Essência.

O sínodo de Reims (1148) desaprovou a doutrina de Gilbert de Poitiers: Credimus et confitemur simplicem naturam divinitatis esse Deum, nec aliquo sensu católico posse negari, quin divinitas sit Deus et Deus divinitas… credimus, nonnisi e a sapientia, quae est ipse e a sapientia, quae est ipse, sapientem esse, nonnisi e a magnitude, quae est ipse Deus, magnum esse ' (Dz 389). O Concílio de Florença declarou no Decretum pro Iacobitis (1441): 'Em Deus tudo é um, desde que não haja oposição relativa' (Dz 703).

9. Deus é absolutamente perfeito.

O Concílio Vaticano I ensina que Deus é infinito em toda perfeição (omni perfectione infinitus), conforme Dz 1782.

10. Deus é verdadeiramente infinito em toda a perfeição.

O Concílio Vaticano diz que Deus é infinito em compreensão e vontade em toda perfeição (intellectu ac volunt omnique perfectione infinitus - Dz 1782).

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA