terça-feira, 28 de julho de 2020

PROFECIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

'Célere se aproxima o tempo no qual haverá grandes provas e aflições; perplexidades e discórdias, tanto espirituais como temporais, virão em abundância; a caridade de muitos esfriará, enquanto a malícia dos ímpios aumentará.

Os demônios deterão um poder incomum; a imaculada pureza de nossa Ordem, e de outras, será tão enegrecida que bem poucos cristãos ainda obedecerão ao verdadeiro Pontífice Soberano e à Igreja Romana com corações leais e caridade perfeita. Na época dessa tribulação, um homem não canonicamente eleito será elevado ao pontificado e, com a sua astúcia, empenhar-se-á em levar muitos ao erro e à morte.

Então escândalos se multiplicarão, nossa Ordem se dividirá, e muitas outras serão totalmente destruídas, porque aprovarão o erro ao invés de combatê-lo. Haverá uma tal diversidade de opiniões e cismas entre as pessoas, os religiosos e o clero, que, se aqueles dias não fossem abreviados, segundo as palavras do Evangelho, até os eleitos seriam levados ao erro, se não fossem guiados, em meio a tão grande confusão, pela imensa misericórdia de Deus.

Então nossa Regra e nosso modo de vida serão violentamente combatidos por alguns, e provas terríveis virão contra nós. Os que permanecerem fiéis receberão a coroa da vida; mas ai dos que, confiando somente em sua Ordem, caírem em mornidão, pois não serão capazes de suportar as tentações permitidas como teste para os eleitos.

Os que perseverarem em seu fervor e mantiverem sua virtude com amor e zelo pela verdade sofrerão injúrias e perseguições como rebeldes e cismáticos; pois seus perseguidores, instigados por espíritos malignos, dirão que prestam um grande serviço a Deus eliminando aqueles homens pestilentos da face da terra; mas o Senhor será o refúgio dos aflitos, e salvará todos que nEle confiarem. E a fim de se assemelharem com sua Cabeça [Cristo], esses eleitos agirão com total confiança e, com sua morte, obterão para si mesmos a vida eterna; escolhendo obedecer a Deus e não aos homens, eles não terão medo de nada e preferirão perecer a aprovar a falsidade e a perfídia.

Alguns pregadores manterão silêncio sobre a verdade, e outros a calcarão sob os pés e a negarão. A santidade de vida será desprezada até pelos que exteriormente a professam, pois naqueles dias Jesus Cristo lhes dará não um verdadeiro pastor, mas um destruidor'.

(São Francisco de Assis, em Works of the Seraphic Father St. Francis of Assisi)

segunda-feira, 27 de julho de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (VIII)


CONGREGAÇÃO RELIGIOSA

É uma sociedade aprovada pela legítima autoridade eclesiástica, na qual os associados se regem por leis próprias da mesma sociedade, tendendo à perfeição evangélica por meio dos votos simples, quer perpétuos quer temporários. Há congregações de direito pontifício, são as que obtêm aprovação ou ao menos decreto de louvor da Santa Sé e há congregações de direito diocesano, as que, eretas pelo bispo, não obtiveram aquele decreto de louvor. Qualquer congregação religiosa, ainda que somente diocesana, uma vez legitimamente estabelecida, não pode ser suprimida senão pela Santa Sé.

CONSAGRAÇÃO

É o ato litúrgico por virtude do qual uma pessoa ou uma coisa ica dedicada ao serviço de Deus. A consagração é função reservada ao bispo ou a quem tenha Indulto Apostólico para isso. As coisas consagradas devem ser tratadas com reverência, e não podem servir para usos profanos ou impróprios, embora pertençam a pessoas particulares. Quando já não servem ao fim para que foram consagradas, devem ser queimadas e lançadas as cinzas em lugar decente, por causa da consagração. Os lugares sagrados são isentos da jurisdição da autoridade civil e a legítima autoridade da Igreja exerce neles livremente a sua jurisdição. A consagração é também a parte da Missa em que o sacerdote consagra a hóstia e o vinho para ficar sobre o altar o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo.

CONSELHOS EVANGÉLICOS 

São incitamentos contidos no santo Evangelho, induzindo à prática mais perfeita da religião cristã em ordem ao fim último. São assim chamados estes três: pobreza voluntária, que consiste em renunciar à posse dos bens materiais; obediência inteira, que consiste em renunciar ao império da própria vontade; castidade perpétua, que consiste em renunciar ao gozo dos prazeres da carne. Os conselhos não obrigam como os preceitos, mas são necessários para viver com maior perfeição.

CONSISTÓRIO

É a Assembléia dos cardeais residentes em Roma, sob a presidência do papa. É secreto, se só os cardeais assistem. É público, se, além dos cardeais, podem também assistir outros prelados e representantes dos chefes das nações.

CONTINÊNCIA 

É a abstenção de toda a deleitação venérea. Para conservar a continência, é eficaz a mortificação da carne com a abstinência da comida e da bebida e com o trabalho corporal.

CONTRIÇÃO

É o arrependimento e detestação do pecado cometido, com o propósito de não tornar a pecar. A contrição é um ato de vontade, uma impressão desagradável de ter ofendido a Deus. A contrição é perfeita quando a causa do arrependimento é ser o pecado uma ofensa a Deus, Bondade infinita, nosso Pai e Benfeitor e, nesse caso, obtém-se o perdão dos pecados, mesmo sem a confissão sacramental, se há impossibilidade de a fazer; é imperfeita quando a causa do arrependimento é o pecador merecer o castigo do inferno ou a privação do Céu. Para obter o perdão dos pecados na confissão sacramental, basta a contrição imperfeita, também chamada atrição. A contrição é de tal modo necessária para obter o perdão dos pecados que sem ela, diz Santo Tomás, nem mesmo o pecado venial pode ser perdoado. Que a contrição é necessária para obter o perdão ensina-o a Sagrada Escritura, dizendo: 'Arrependei-vos e convertei-vos para que os vossos pecados sejam perdoados' (At 3, 19).

CORO

É a parte da capela-mor, onde o clero assiste às funções litúrgicas. Deve estar separado do corpo da igreja por uma balaustrada que, coberta com uma toalha branca, serve de mesa de comunhão para os fiéis. Também se dá o nome de coro a uma espécie de palanque elevado à entrada da igreja, para os músicos tocarem ou um grupo de fiéis cantar nas solenidades religiosas.

CORPO MÍSTICO DE CRISTO 

É a Igreja, de que são membros todos os fiéis, de que é Cabeça Jesus Cristo e de que é alma o Espírito Santo, cujos dons misteriosos circulam nas veias dos membros unidos entre si e à única cabeça que é Jesus Cristo, representado na terra pelo seu vigário, o Papa. De sorte que a Igreja não é um mero agregado moral como qualquer outra sociedade natural; é o corpo místico de Jesus Cristo.

CREDÊNCIA

É uma pequena mesa que deve estar ao lado do altar — lado da epístola — sobre a qual se colocam os objetos necessários para o serviço do altar (galhetas, etc). Deve estar coberta com uma toalha branca sem renda e descida até ao chão.


CRISTIANISMO

É a religião que Jesus Cristo instituiu e confiou à sua Igreja, cujo chefe é o papa, sucessor do Apóstolo São Pedro. É a Igreja Católica que conserva e ensina o Cristianismo como Jesus Cristo o deixou no mundo para os homens o conhecerem e o viverem, e por meio dele se salvarem do inferno e poderem gozar o Céu.

CÚRIA DIOCESANA 

É constituída por pessoas que o bispo nomeia para o auxiliarem no governo da diocese, dando despacho e solícita expedição aos negócios eclesiásticos. Fazem parte da cúria: os censores de livros, o conselho de vigilância doutrinal, a comissão de vigilância para a pregação, o conselho de administração diocesana, os examinadores sinodais, os párocos consultores e a comissão disciplinar do seminário.

CÚRIA ROMANA 

É constituída pelas Sagradas Congregações, Tribunais e Ofícios, aos quais compete tratar dos negócios eclesiásticos que são determinados pelo Direito Canônico.

CUSTÓDIA 

É um objeto de metal, em que se coloca a sagrada Hóstia na meia lua ou lúnula, de ouro ou de prata dourada, para a exposição solene do Santíssimo Sacramento.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

domingo, 26 de julho de 2020

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Deus disse a Salomão: Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem haverá depois de ti(1Rs 3, 11-12)

sábado, 25 de julho de 2020

A VIDA OCULTA EM DEUS: A FÉ


Agradar a Deus é tudo o que importa para nós. Mesmo se tivéssemos todas as riquezas do mundo, mesmo se fôssemos admirados por todos, se não agradássemos a Deus, todas essas honras e admirações seriam inúteis. Mas se Ele está feliz conosco, se ele gosta de vir nos visitar e descansar em nossos corações, se ele está satisfeito conosco ... oh, então, tudo é ganho, e as coisas deste mundo, por sua vez, não valem nada.

Nossa maior sabedoria deve ser, portanto, tentar agradar a Deus em tudo, sempre e em todos os lugares, mais e mais, de maneira que Ele possa ser cativado pelo encanto de nossa alma. Como fazer isso? São Paulo nos diz, ou pelo menos, nos indica um dos meios indispensáveis: 'sem a fé, é impossível agradar a Deus'. Quando queremos empreender a conquista de Deus, temos que começar pela fé.

A fé é a firme adesão de nossas mentes à palavra de Deus. Pela fé, submetemos nossa mente, nosso coração e nossa vontade. Proclamamos que Deus é a própria verdade, palavra verdadeira e infalível, pelo que assim o agradamos e, pela fé, O honramos. Um mestre se alegra quando os seus discípulos acreditam nele, mesmo quando não entendem o que lhes é dito. Um pai está feliz quando seus filhos confiam nele. E que enriquecimento isso representa para a nossa inteligência, que comunhão é essa da verdadeira ciência de Deus! Ele vê, nós acreditamos!

Se uma alma verdadeiramente iluminada pela fé repousa em tudo nos braços do Pai e vê a Vontade de Deus em cada um dos pequenos deveres do momento presente, como pode não agradar a Deus? Durante todo o tempo, ela se põe à procura de descobri-lo nas mil ninharias, nos mil detalhes que compõem a sua vida. É de se supor que essa alma alcance diretamente a Deus, escondido sob as espécies dos pequenos deveres cotidianos. Seu olhar não se detém no plano das criaturas, mas ascende às Mãos que tudo sustentam e que tudo governam suave e firmemente; para essa alma, o mundo é apenas uma espécie de transparência, que reflete em cada momento a vontade de Deus. Como essa alma pode não agradar a Deus?

Vamos dar outro exemplo. A fé nos diz que toda alma em estado de graça possui a Santíssima Trindade no fundo de seu coração. Bem, aqui temos, portanto, uma alma que vive na fé. Se ela orar, irá diretamente ao santuário interior onde Deus se esconde e se entrega, à Santíssima Trindade que nela faz morada. Ela vai adorar, louvar, amar, ouvir o seu Deus, e falará com Ele; tentará, ainda, à sua medida, ter comunhão nesta vida divina, dizer a Palavra junto com o Pai, exalar o Espírito de Amor que procede do Pai e do Filho, e retornar ao Pai e ao Filho com o mesmo Espírito divino. Ela esquecerá a si mesma, esquecerá o mundo e, libertada das criaturas, terá prazer nesta comunhão, gostará de viver nela e não a deixará, exceto com dor, às vezes sem ter experimentado nada mas, na maioria das vezes iluminada, reanimada, fortalecida. Ela soube como agradar a Deus.

Que força incomparável é a nossa vontade de saber que o menor dos nossos sofrimentos e que a menor das nossas orações não poderá ser perdida! Veja a diferença entre uma alma de fé tíbia e uma que acredita no valor do silêncio, no poder da lembrança, na possibilidade de união íntima com Deus, em um grande escondimento, sem pretensões e sem orgulho. No primeiro caso, como que se rasteja; no segundo, a nossa alma voa e torna-se cada vez mais agradável a Deus, porque o que mais lhe agrada não é que apenas escutemos seus mandamentos, mas que os cumpramos. Se queremos agradar a Deus, sejamos almas de fé, de fé simples, que nos aviva completamente. Vamos julgar os acontecimentos à luz da fé, tanto quanto no caso das provações e alegrias. Toda fraqueza na vida espiritual vem da falta do espírito de fé. Quando você se sente desanimado, quando se fica menos recolhido ou menos mortificado e, assim, menos generoso no serviço de Deus, é porque o espírito de fé enfraqueceu. Urge redescobri-lo desde os fundamentos.

Vamos aperfeiçoar o nosso espírito de fé. Em vez de nos deixarmos levar pela pura razão e, às vezes, pela sensibilidade, retifiquemos pela fé as impressões de nossos sentidos. Quando aquela luz, que atinge com seus raios as últimas fibras do nosso coração, nos levar a uma plena transformação, teremos então em nós o triunfo da fé. E a fé inspirada pela caridade nos molda à imagem e à semelhança de Jesus, a ponto de fazer Deus julgar que Ele, ao nos ver, vê o seu Filho.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte I -  O Esforço da Alma; tradução do autor do blog)

sexta-feira, 24 de julho de 2020

INQUIETO ESTÁ O MEU CORAÇÃO...

Grande és tu, Senhor, e sumamente louvável: grande é a tua força, e a tua sabedoria não tem limites! Ora, o homem, esta parcela da criação, quer te louvar, este mesmo homem carregado com sua condição mortal, carregado com o testemunho de seu pecado e como testemunho de que resistes aos soberbos. Ainda assim, quer louvar-te o homem, esta parcela de tua criação! Tu próprio o incitas para que sinta prazer em louvar-te. Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti. 

Dá-me, Senhor, saber e compreender o que vem primeiro: o invocar-te ou o louvar-te? Começar por conhecer-te ou por invocar-te? Mas quem te invocará sem te conhecer? Por ignorância, poderá invocar alguém em lugar de outro. Será que é melhor seres invocado, para seres conhecido? Como, porém, invocarão aquele em quem não creem? ou como terão fé, sem anunciante?

Louvarão o Senhor aqueles que o procuram. Quem o procura encontra-o e tendo-o encontrado, louva-o. Buscar-te-ei, Senhor, invocando-te; e invocar-te-ei, crendo em ti. Tu nos foste anunciado; invoca-te, Senhor, a minha fé, aquela que me deste, que me inspiraste pela humanidade de teu Filho, pelo ministério de teu pregador. Invocarei o meu Deus, o meu Deus e Senhor: mas como? Porque ao invocá-lo eu o chamarei para dentro de mim. Que lugar haverá em mim, aonde o meu Deus possa vir? Aonde virá Deus em mim, o Deus que fez o céu e a terra? Há, então, Senhor, meu Deus, algo em mim que te possa conter? O céu e a terra, que fizeste e nos quais me fizeste, são eles capazes de te conter? Ou, se sem ti nada existiria de quanto existe, é porque tudo quanto existe te contém?

Portanto eu, que também existo, que tenho de pedir tua vinda em mim, em mim que não existiria se não estivesses em mim? Ainda não estou nas profundezas da terra e, no entanto, ali também estás. Pois, mesmo que desça às profundezas da terra, ali estás. Não existiria, pois, meu Deus, de forma alguma existiria, se não estivesses em mim. Ou melhor, não existiria eu se não existisse em ti, de quem tudo, por quem tudo, em quem todas as coisas existem? É assim, Senhor, é assim mesmo. Para onde te chamo, se já estou em ti? Ou donde virás para mim? Para onde me afastarei, fora do céu e da terra, para que lá venha a mim o meu Deus, que disse: 'Eu encho o céu e a terra'?

Quem me dera descansar em ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus males, e abraçar-te a ti, meu único bem! Que és para mim? Perdoa-me, se falo. Que sou eu a teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, te indignares e ameaçares com imensas desventuras? É acaso pequena desventura não te amar?

Ai de mim! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu para mim. Dize à minha alma: Sou tua salvação. Dize de forma a que ela te escute. Os ouvidos de meu coração estão diante de ti, Senhor. Abre-os e dize à minha alma: Sou tua salvação. Correrei atrás destas palavras e segurar-te-ei. Não escondas de mim tua face. Morra eu, para que não morra, e assim possa contemplá-la!

(Excertos da obra 'Dos Livros das Confissões', de Santo Agostinho)

FOTO DA SEMANA

'O insensato diz em seu coração: não há Deus' (Sl 13,1)