sábado, 27 de julho de 2019

QUANDO É PRECISO SER HOMEM... DE FÉ!

Vivemos a era do triunfo aparente do mal, sobejamente despejado em todos os momentos contra os princípios universais da moral católica. A meta é uma só, exclusiva: a destruição completa da Igreja Católica e de tudo o que ela representa. Tal propósito não é passível de sequer ser tentado pela mente humana, pois é fruto de um ato absurdo de degenerescência diabólica. A origem do mal, catalisado ao extremo da desordem e da liquefação moral, é absolutamente satânica. 

Não se trata apenas de um mero aumento, ainda que fosse exponencial, das atividades satânicas em todo o mundo. Isso é óbvio e, mais que óbvio, totalmente previsível. Em Fátima, Nossa Senhora alertou, de forma cristalina, sobre a necessidade de entendimento universal da hora tremenda que estava por vir, na história da humanidade, do embate final e decisivo a ser travado entre a Virgem e o demônio e suas legiões. Poucos, muito poucos inclusive na própria Igreja, tomaram tais palavras como farol de suas vidas: os bons se fragilizaram sob a tutela da tibieza e do indiferentismo e os maus culminaram a síntese de todos os seus males na busca e na entrega total ao domínio do maligno, arregimentando para si e para todos uma multidão de todo tipo de pecados, blasfêmias e sacrilégios.

Esse tsunami de iniquidades varre e arrasta sem dó toda a pobre humanidade, alimentada, catalisada e impulsionada pela mídia, pela internet e pelas redes sociais, despejando, a preço vil, o vômito do maligno sobre todos os valores cristãos bimilenarmente incorporados à vida, à família, ao casamento, aos sacramentos, a tudo que é sagrado e a tudo que procede de Deus. O mal se alastra ao passo que a reação ao mal cambaleia e se acovarda. A ideologia do gênero, o aborto e a pornografia não são exemplos da mera variedade das desmedidas propensões humanas, mas a brutal compunção satânica concreta e deliberada pelo aniquilamento da obra divina da salvação.

Sufocados diariamente por essa temática avassaladora, corremos o sério risco de nos deixarmos levar pelos redemoinhos da rebentação e quantos cristãos já não não estão entregues a um crescente indiferentismo, a uma tácita rendição, ao conformismo diante dos fatos e notícias deprimentes do dia-a-dia, à tibieza dos vencidos? Vencidos não estão apenas os que estão mortos, mas também os que não mais lutam. E estes não são poucos, nem alguns de muitos, são quase todos. E há muitos de muitos que não apenas pararam de lutar, mas se venderam ao inimigo e lutam agora contra nós, muitos abertamente e, muitos de muitos, como lobos vorazes travestidos em ovelhas. 

A Igreja, toda a Igreja, vacila e cambaleia. A Verdade é distorcida e manipulada, a palavra de Deus não é una e inquebrantável; não, agora pairam sobre os telhados arrufos da Verdade, o joio diabólico mistura-se ao trigo da doutrina católica, as trombetas das graças desperdiçadas aos ventos mais alardeiam e distorcem do que semeiam vinhas. As feridas da Igreja sangram abertas, autoridades eclesiásticas promovem ambiguidades e incertezas que estercam a glutoneria das agendas de esquerda; sacerdotes, religiosos e leigos sucumbem ao desvario das tarefas mundanas; o avassalador poder do mal e da ação demoníaca parece não ter fim.

Não lutamos contra homens. Lutamos contra homens enlameados até a alma pelo maligno. Não existe acordo possível ou convivência pacífica entre Deus e o demônio no meio de uma humanidade corrompida e dividida, não existe meio termo entre o bem e o mal em termos da salvação das almas, não existe um patamar ecumênico entre o Céu e o Inferno. Não interessa o que somos ou quantas vezes caímos ou levantamos; nós seremos apenas os salvos ou os não salvos na eternidade com Deus. E, para alento ou profundo desgosto de tantos, a misericórdia de Deus é o triunfo portentoso dos fortes e nunca, nunca mesmo, o sufrágio dos fracos.

Também em Fátima, Nossa Senhora nos legou a mensagem definitiva do triunfo final da Igreja: 'Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!' A mesma promessa foi feita pelo próprio Cristo ao primeiro papa: 'E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mt 16,18). Levantai-vos, portanto, que almas tíbias, acovardadas e titubeantes apenas induzem a repulsa de Deus; levantai-vos e ponde mãos às armas: oração, oração e oração, penitência, conversão. Com o terço na mão, com o Santo Rosário, com o amor incondicional às coisas de Deus e sem concessão alguma à perda da Fé, seremos, com efeito, cristãos num mundo não cristão, mas com certeza outros Cristos num outro mundo onde o mal não grassa e nem existe desde a eternidade. 

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XVII)


81. Dentro da liturgia existem referências a São José? 

Além daquelas nas missas, São José tem seu nome lembrado na 'Ladainha dos Santos' e Leão XIII aprovou a recitação do 'Ofício votivo de São José' nas quartas-feiras. Seu nome está incluído também nas orações rezadas depois da missa desde 1884; assim como o mesmo papa prescreveu uma belíssima oração em honra a ele: 'A vós, São José, recorremos', a ser rezada no mês de outubro após a reza do Rosário. Em 1921, Bento XV inseriu o seu nome no prefácio da missa e acrescentou sua invocação na oração 'Bendito seja Deus'. Pio XI, em 1922, incluiu-o nas orações pelos moribundos no Ritual Romano. João XXIII em 1962 incluiu o seu nome no Cânon da missa. 

82. Existem algumas orações ou práticas de piedade josefinas indulgenciadas? 

São muitas, basta lembrar apenas algumas, tais como: a 'Ladainha a São José', indulgenciada em 1909 por Pio X . Da mesma forma, Bento XV em 1921 concedeu indulgências especiais para a recitação do 'Pequeno Ofício de São José'. Existem muitas outras orações indulgenciadas como aquela bastante conhecida 'Jesus, José e Maria, eu vos dou meu coração…'. O importante é salientar que todas estas orações exaltam a sua santidade, dignidade e a sua missão específica no mistério da nossa redenção.

83. Quais são as devoções mais características nas práticas de piedade josefina ao longo dos séculos? 

Uma devoção bastante difundida desde o século XIV e presente até hoje é a prática 'As sete dores e sete alegrias de São José'. No final do século XV, encontramos o 'Rosário de São José' e ainda hoje existem vários. Em 1597, ficou conhecida a 'Ladainha de São José', publicada em Roma e atribuída a Jerônimo Graziano da Mãe de Deus; também esta até hoje é muito rezada. Desde 1850, multiplicaram-se diversas formas do 'Rosário de São José; Rosário Perpétuo de São José: Rosário do devoto de São José; Terço a Maria Santíssima e a São José'… Em 1649, surgiu a devoção do 'Cordão de São José', com as Agostinianas da Bélgica, como forma de curar as doenças e livrar os fieis das ciladas do demônio. Esta devoção foi enriquecida por Pio IX com indulgências. Os padres capuchinhos difundiram a devoção nascida com a Ordem Terceira Franciscana na França do chamado 'Escapulário de São José'; da mesma forma, desde 1865, os Camilianos divulgaram o 'Escapulário da Bem-aventurada Virgem Maria, São José e São Camilo'. Em 1875, surgiu no México a devoção de benzer as velas na festa de São José assim como, ainda neste mesmo país, a partir de 1903, implantou-se o costume de benzer a 'Água de São José'. Em Milão, desde 1854, implantou-se o 'Culto Perpétuo a São José”, dedicando ao santo um dia a cada mês do ano. Surgiram depois “A Novena Perpétua a São José'; 'Os sete domingos de São José'; 'As dezenove quartas-feiras de São José' e 'As sete quartas-feiras de São José'. A prática das 'quartas-feiras dedicadas a São José' é muito comum ainda hoje, assim como a 'dedicação do mês de março a São José', também muito celebrado atualmente. 

84. São José foi lembrado também na música? 

A música foi da mesma maneira uma forma utilizada para honrar o nosso santo. Alguns músicos famosos compuseram missas em honra do nosso santo, tais como: Johann G. Albrechtsberger, que compôs a Missa Sancti Josephi; Flor Peeters, a Missa in honorem Sancti Joseph; Pergolesi com o '“Oratório sobre a morte de São José', assim como inumeráveis outras músicas e cânticos nascidos em vários países que contribuíram para exaltar São José. 

85. Existiram outras formas de honra tributadas a São José? 

Uma das mais características foi a coroação canônica de suas imagens. A primeira delas deu-se em Bogotá em 1779; depois, na cidade do México, em 1788; também em Guanajuato no México em 1790. Em Kalisz, na Polônia, São José foi coroado em 1796 e recoroado em 1985. Dezenas de outras coroações aconteceram no século XX em Barcelona, Montreal, Buenos Aires, Ávila, Santa Ana (El Salvador). Atestam-se ainda o culto a São José as suas aparições, dentre as quais as de 1448 em Novara (Itália), em Knock (Irlanda) em 1879 e em Fátima (Portugal) em 1817.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)

sexta-feira, 26 de julho de 2019

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

quinta-feira, 25 de julho de 2019

OS DOIS PRINCÍPIOS DA VIDA EM INTIMIDADE COM DEUS

PRIMEIRO PRINCÍPIO

A vida de intimidade, sendo uma aspiração de nossa alma, já é uma antecipação da vida do céu. Em geral, a vida de intimidade é uma das aspirações mais urgentes de nossa natureza. Ensina a psicologia que o homem traz em si quatro inclinações sociais. Estas inclinações são as seguintes: a sociabilidade, ou o amor aos outros homens em geral; as afeições familiares, que não são mais que o amor aos nossos pais; as afeições patrióticas ou o amor aos nossos concidadãos e, finalmente, as afeições eletivas, particulares, como a amizade, o amor (Compayé: Psicologia aplicada à educação).

Não temos que analisar cada inclinação em particular; todas elas são uma aspiração à intimidade. Nós amamos os homens, amamos os nossos concidadãos, amamos os nossos pais, mas todos estes amores ainda são muito vagos; a alma, porém, aspira a uma vida mais íntima, que se esforça por realizar, seja pela amizade, seja pelo amor propriamente dito. O amor quer intimidade. Ele a quer, aqui na terra ou lá no céu. O amor terreno só pode ser parcial, imperfeito; contudo, ele pode atingir o cume, a plena realização de suas aspirações.

O amor do céu, não encontrando aqui na terra nada que o satisfaça, dá-se a Deus, entrega-se ao Bem supremo, desejando uma intimidade perfeita, intimidade ideal, sem nuvens, para realizá-la pouco a pouco, pela lembrança, pelo coração e pelo espírito. Se a vida de intimidade é uma necessidade para toda alma racional, a vida de união a Deus é uma aspiração de toda alma sinceramente cristã.

É esta necessidade que colocava nos lábios do imortal gênio de Hiponna, Santo Agostinho, estas palavras tão amorosas e tão cheias de saudade divina: 'Vós nos fizestes para Vós, meu Deus, e nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Vós'. Já aqui na terra Deus se dá a nós. Ele se dá, mas não se deixa ver ainda. Esta doação do tempo é envolvida em trevas e combatida por mil imperfeições. Ora, o que nos é necessário é um conhecimento que sacie o nosso espírito, repouse o nosso coração e dê à nossa alma o seu verdadeiro alimento - o próprio Deus: 'nós havemos de vê-lO, não mais através de um espelho, como aqui na terra, mas face à face, tal qual Ele é' (Jo 3, 2).

Desejamos pois o céu, porque ele é posse de Deus, é a intimidade com Deus, intimidade perfeita, sem sombras. Aspiramos por ele, porque somos feitos à imagem de Deus. E, trazendo em nós esta imagem divina, desfigurada pelo pecado, nós aspiramos contemplar-lhe o arquétipo, em toda a sua beleza, em toda a sua pureza e em toda a sua glória. Deste modo a vida de intimidade se torna uma das aspirações mais irresistíveis e mais atraentes de nosso ser. É uma necessidade de nosso coração, feito para amar e, que não encontrando na terra nenhum amor capaz de saciá-lo, eleva mais alto o seu ideal, procurando-o na beatitude eterna.

Esta aspiração é reconhecida, não somente pelas almas piedosas, mas também por todos os psicólogos, que a unem às inclinações ideais. Com efeito, estas inclinações ideais ou superiores referem-se a quatro objetivos: a ideia do verdadeiro, a ideia do belo, a ideia do bem e a ideia de Deus. Esta ideia de Deus, que geralmente chamamos o sentimento religioso, resume as três primeiras aspirações, abrange-as todas e lhes comunica todo o seu valor.

Nada mais verdadeiro, mais belo e mais nobre do que Deus. Eis porque o sentimento religioso exerce sobre o homem uma influência muito mais extensa e mais forte que qualquer uma das três primeiras aspirações. E é este sentimento, elevado a um grau intenso, que faz os santos, os verdadeiros heróis, pois todos eles souberam vencer o mundo e a vencer a si próprios. 

Ora, o sentimento religioso é essencialmente uma aspiração à vida de intimidade com Deus. O santo sente que por si mesmo nada pode: por conseguinte, apoia-se sobre Deus, a fim de alcançar tudo e todo poder por Aquele que o fortifica: omniapossum in eo qui me confortat [tudo posso naquele que me fortalece], dizia o grande Apóstolo.

Só no céu esta aspiração será plenamente satisfeita, porque lá somente é que poderemos possuí-lo, sem receio de nunca mais perdê-lo. Lá viveremos com Ele, viveremos dEle, seremos verdadeiramente de sua família: - será isto à verdadeira vida de intimidade que se chamará então 'visão beatifica'! Mas, até que a morte venha desligar os laços que nos prendem à terra, até que nos desembaracemos de tudo o que em nós existe de corruptível, já aqui na terra podemos fazer um esboço e de certo modo ir colocando os fundamentos de nossa intimidade já enunciado.

SEGUNDO PRINCÍPIO

Sendo a glória o aperfeiçoamento da graça, quanto mais estreita tiver sido nossa intimidade sobre a terra, tanto mais, com as devidas proporções, ela será intensa no céu. No céu todas as almas possuirão a Deus, todas vê-lo-ão, todas banhar-se-ão neste oceano de amor e de eterna felicidade, mas não todas elas em igual medida, nem em iguais profundidades: 'há muitas moradas na casa de Meu Pai', disse Nosso Senhor.

Na verdade compreende-se que a visão de Deus, a glória e a felicidade de uma seráfica Teresa de Jesus, de um apóstolo como São Francisco Xavier, de um amante da Cruz como São Pedro de Alcântara, de um pobre voluntário como São Francisco de Assis, de um apaixonado pela Santíssima Virgem como os santos Bernardos, Ligórios, Eudes, beatos de Montfort... compreende-se, digo, que a glória, seja superior a de um pecador convertido na última hora.

No céu, entre as moradas de um e de outro, deve haver uma distância incalculável. Aquele, cujo coração já era na terra qual chama ardente e brilhante, cuja ambição era amar e fazer amar a Deus, receberá uma coroa mais bela, ocupará um trono mais cintilante, gozará de uma visão divina mais intensa e mais clara, do que aquele que viveu em uma espécie de apatia, não dando a Deus senão os estritos deveres, quase sem fazer obras de maior superação.

É assim que, desde agora, nós podemos e devemos por os fundamentos de nossa vida de intimidade no céu. Podemos até, com o socorro da graça, fazê-la atingir uma intensidade tal que seja verdadeiramente uma antecipação da vida celestial. 'Prometendo um céu para a eternidade', diz muito bem São João Crisóstomo, 'Deus já nos deseja um céu sobre a terra'. E qual é este céu?

É a vida de intimidade, como ela existia antes do pecado entre Deus e nossos primeiros pais. 'O prazer (a vontade) de Deus', diz uma santa alma (Mère M. de Salles Chappuis) 'é fazer conosco o que Ele queria fazer antigamente antes do pecado'. 'A intimidade da terra conduz verdadeiramente à intimidade do céu' (F. Maucourant - Vida de intimidade com o bom Salvador).

E, além disso, 'a felicidade do céu não é outra coisa que uma grande familiaridade com Deus, elevada a um grau que ultrapassa toda a compreensão humana' (R.P. Coulé)  e, em outras palavras, como diz Santo Tomás, 'toda graça é um gérmen do que existirá na glória' e, consequentemente, segundo observa Santo Afonso de Ligório, 'a caridade nos bem-aventurados revestirá a forma que o amor tinha durante a vida terrena'.

Ao entrar no céu, o cristão não muda o coração; conserva-o somente concluído e aperfeiçoado. Lá Jesus se nós dá, como Ele o havia entrevisto e desejado aqui na terra: 'o que começardes aqui na terra', diz Bossuet, 'continuá-lo-eis na eternidade'. É o que o Espírito Santo nos faz compreender por estas conhecidas palavras: 'Cada um será premiado conforme tiver trabalhado' (Is 53, 2).

(Excertos da obra 'Princípios da vida de intimidade com Maria Santíssima, segundo os Santos, os Doutores e os Teólogos', pelo Pe. Júlio Maria)

quarta-feira, 24 de julho de 2019

GUIA ILUSTRADO DOS EVANGELHOS (JEROME VIDAL)

Nova publicação de página na Biblioteca Digital do blog: Guia Ilustrado dos Evangelhos, de autoria de Jerome Vidal. Jerome Nadal (1507-1580), espanhol de Maiorca, foi um dos dez primeiros membros da Sociedade de Jesus e atuou, em várias missões, como representante direto do fundador da ordem, Santo Inácio de Loyola (1491-1556). O próprio santo solicitou a Nadal compilar um guia ilustrado para meditação orante sobre as cenas e os eventos dos Evangelhos, numa mesma concepção dos seus Exercícios Espirituais. 

A obra, que ficou inacabada, comportou 153 ilustrações, publicadas originalmente em 1593, em um um volume intitulado Evangelicae Historiae Imagines - Ilustrações das Histórias do Evangelho, organizado então em ordem cronológica da vida e do ministério de Jesus. Em 1595, foram novamente publicados em um volume maior, com textos mais extensos e rearranjados de acordo com a ordem das leituras do calendário litúrgico prescrito pelo Missal Romano à época, com o título de Adnotations and Meditationes in Evangelia  - Notas e Meditações sobre os Evangelhos (o título completo desta obra é Adnotations and Meditationes in Evangelia quae in sacrosancto Missae sacrificio toto anno leguntur; cum Evangeliorum concordantia historiae integritati sufficienti).

                                                  (edição de 1593)                          (edição de 1595)

A página apresenta as 153 ilustrações de Nadal, publicadas na obra de 1595 e com a sequência original de 1593, ou seja, de acordo com a ordem cronológica da vida e do ministério de Jesus. 

PALAVRAS DE SALVAÇÃO


Aos sacerdotes:

Queres que te ensine a caminhar de virtude em virtude e como seres mais atento ao ofício, ficando assim teu louvor mais aceito de Deus? Escuta o que digo. Se ao menos uma fagulha do amor divino já se acendeu em ti, não a mostres logo, não a exponhas ao vento! Mantém encoberta a lâmpada, para não se esfriar e perder o calor; isto é, foge, tanto quanto possível, das distrações; fica recolhido junto de Deus, evita as conversas vãs... 

Entendei, irmãos, nada mais necessário aos eclesiásticos do que a oração mental que precede, acompanha e segue todos os nossos atos: 'salmodiarei e entenderei' (Sl 100,1), diz o Profeta. Se administras os sacramentos, ó irmão, medita no que fazes; se celebras a missa, medita no que ofereces; se salmodias no coro, medita a quem e no que falas; se diriges as almas, medita no sangue que as lavou e, assim, tudo o que é vosso se faça na caridade (1Cor 16,14). Deste modo, as dificuldades que encontramos todos os dias, inúmeras e necessárias (para isto estamos aqui), serão vencidas com facilidade. Teremos, assim, a força de gerar Cristo em nós e nos outros.

(São Carlos Borromeu)

JURAMENTO PAPAL

Juramento feito por todos os papas no ato de sua coroação:


'Ego promitto nihil de traditione quod a probatissimis praedecessoribus meis servatum reperi, diminuere vel mutare, aut aliquam novitatem admittere; sed ferventer, ut vere eorum discipulus sequipeda, totia viribis meis conatibusque tradita conservare ac venerari.

Si qua vero emerserint contra disciplinam canonicam, emendare; sacrosque Canones et Constituta Pontificum nostrorum ut divina et coelestia mandata, custodire, utpote tibi redditurum me sciens de omnibus, quae profiteor, districtam in divino judicio rationem, cuius locum divina dignatione perago, et vicem intercessionibus tuis adjutus impleo. Si praeter haec aliquid agere praesumsero, vel ut praesumatur, permisero, eris mihi, in illa terribili die divini judicii, depropitius (...)

Unde et districti anathematis interdictionis subjicimus, si quis unquam, seus nos, sive est alius, qui novum aliquid praesumat contra huiusmodi evangelicam traditionem, et orthodoxae fidei Christianaeque religionis integritatem, vel quidquam contrarium annintendo immutare, sive subtrahere de integritate fidei nostrae tentaverit, vel auso sacrilego hoc praesumentibus consentire'.


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'Eu prometo não diminuir ou mudar nada daquilo que encontrei conservado pelos meus probatíssimos antecessores e de não admitir qualquer novidade, mas de conservar e de venerar com fervor, como Vosso verdadeiro discípulo e sucessor, com todas as minhas forças e com todo empenho, tudo aquilo que me foi transmitido.

De emendar tudo quanto esteja em contradição com a disciplina canônica e de guardar os sagrados Cânons e as Constituições Apostólicas dos nossos Pontífices, os quais são mandamentos divinos e celestes, consciente de que deverei prestar contas diante do juízo divino de tudo aquilo que eu professo, por ocupar o Vosso lugar por divina designação e o exercer como Vosso Vigário, assistido pela Vossa intercessão. Se pretendesse agir diversamente ou de permitir que outros o façam, Vós não me sereis propício naquele tremendo dia do divino juízo... 

Portanto, nós submetemos ao rigoroso interdito do anátema, se porventura qualquer um, nós mesmos ou um outro tiver a presunção de introduzir qualquer novidade em oposição à Tradição Evangélica ou à integridade da Fé e da Religião, tentando mudar qualquer coisa concernente à integridade da nossa Fé ou consentindo, a quem quer que seja, que pretendesse fazê-lo com ardil sacrílego'.

(Juramento estabelecido pelo papa Santo Agatão, ano 678, em Liber Diurnus Romanorum Pontificum, p. 54)