domingo, 12 de maio de 2019

O BOM PASTOR

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo da Páscoa


No Quarto Domingo da Páscoa, ressoa pela cristandade a imagem e a missão do Bom Pastor: 'As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão' (Jo 10, 27-28). Jesus, o Bom Pastor, conhece e ama, com profunda misericórdia, cada uma de suas ovelhas desde toda a eternidade. 

Criadas para o deleite eterno das bem-aventuranças, redimidas pelo sacrifício do calvário e alimentadas pela sagrada eucaristia, Jesus acolhe as suas ovelhas com doçura extrema e infinita misericórdia. E com ânsias de posse calorosa e zelo desmedido: 'Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um' (Jo 10, 29-30). 

Nada, nem coisa, nem homem, nem demônio algum, poderá nos apartar do amor de Deus. Porque este amor, sendo infinito, extrapola a nossa condição humana e assume dimensões imensuráveis. Ainda que todos os homens perecessem e a humanidade inteira ficasse reduzida a um único homem, Deus não poderia amá-lo mais do que já o ama agora, porque todos nós fomos criados, por um ato sublime e extraordinariamente particular da Sua Santa Vontade, como herdeiros dos céus e para a glória de Deus: 'Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele a glória por toda a eternidade!' (Rm 11, 36).

Jesus toma sobre os ombros a ovelha de sua predileção, cada um de nós, a humanidade inteira, para a conduzir com segurança às fontes da água da vida (Ap 7, 17), onde Deus enxugará as lágrimas dos nossos olhos. Reconhecer-nos como ovelhas do rebanho do Bom Pastor é manifestar em plenitude a nossa fé e esperança em Jesus Cristo, Deus Único e Verdadeiro, cuja bondade perdura para sempre e cujo amor é fiel eternamente (Sl 99,5). Como ovelhas do Bom Pastor, não nos basta ouvir somente a voz da salvação; é preciso segui-Lo em meio às provações da nossa humanidade corrompida, confiantes e perseverantes na fé, até o dia dos tempos em que estaremos abrigados eternamente na tenda do Pai, lavados e alvejados no sangue do cordeiro (Ap 7, 14b).  

sábado, 11 de maio de 2019

COMO MORRERAM OS 12 APÓSTOLOS?


Qual foi o destino final dos 12 Apóstolos? O Novo Testamento registra formalmente o destino final de apenas dois deles: Judas, que traiu Jesus, se enforcou e Tiago, filho de Zebedeu (Tiago Maior), foi decapitado a mando de Herodes, pouco antes da Páscoa do ano 44 (conforme At 12, 2). Em relação aos demais, com base em registros históricos e nos ensinamentos da Tradição, podem ser feitos os seguintes prognósticos (a data entre colchetes refere-se à data mais provável da morte do Apóstolo):

Pedro [ano 66]

Martirizado em Roma por volta do ano 66 ou 67, durante a perseguição sob o imperador Nero. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo a pedido dele mesmo, segundo Orígenes, por se considerar indigno de morrer da mesma maneira que o Senhor. Paulo foi decapitado aproximadamente na mesma época que Pedro.

André [ano 70]

Seu ministério se estendeu pelas terras da Geórgia (Rússia), Ásia Menor, Turquia e Grécia, onde foi crucificado numa cruz em forma de um X por ordem do governador Aegiatis, irritado com a pregação do apóstolo e a conversão de sua própria família ao cristianismo.

Tomé [ano 70]

Um dos primeiros apóstolos a levar a pregação do Evangelho fora dos limites do Império Romano. Pregou na região da Babilônia, Pérsia e até a Índia, onde teria sido morto transpassado pelas lanças de quatro soldados, após denúncia dos sacerdotes brâmanes por ter convertido a esposa do rei local.

Bartolomeu (ou Natanael) [ano 70]

Pregou o Evangelho na Mesopotâmia, Índia, Pérsia, Turquia e Armênia. No Azerbaijão, por ordem de um rei local contrário à divulgação do Cristianismo, teria sido esfolado vivo e decapitado.

Filipe [ano 54]

Seu ministério ocorreu no norte da África e depois na Ásia Menor, onde teria convertido a esposa de um procônsul em Hierápolis (na Turquia). Em retaliação, teria sido preso e crucificado após tortura por ordem do procônsul local.

Mateus [ano entre 60 -70]

O cobrador de impostos e escritor de um dos Evangelhos atuou na Pérsia, na Macedônia, Armênia e na Etiópia. Alguns relatos indicam que teria sido martirizado na Etiópia, ao ser queimado vivo e amarrado a uma cama. 

Tiago, filho de Alfeu (Tiago Menor) [ano 63]

O filho de Alfeu (chamado Tiago Menor, pela sua baixa estatura, como distinção do outro Tiago Apóstolo) pregou inicialmente na Síria e exerceu posteriormente o ministério em Jerusalém. Segundo relato do historiador Josefo, ele foi apedrejado e morto por meio de uma violenta pancada na cabeça, como retaliação por desafiar as leis judaicas e tentar converter os judeus à fé cristã.

Simão, o zelote [ano 74]

Provavelmente exerceu o ministério em Jerusalém, aós a morte de Tiago Menor, e teria pregado também no Oriente Médio e no norte da África, junto com Judas Tadeu. Sua morte é descrita ora como resultado de um martírio desconhecido após se recusar a prestar sacrifício ao deus sol ou por espancamento até a morte (tendo depois o corpo esquartejado), tal como Judas Tadeu. 

Judas Tadeu [ano 72]

Desenvolveu o ministério em parceria com Simão, o zelote, na Judeia, Pérsia, Samaria, Síria e Líbano. Há duas versões mais correntes para a sua morte: crucificado em Edessa na Turquia ou martirizado junto com Simão, por espancamento até a morte e tendo depois o corpo esquartejado. 

Matias [ano 70]

Foi o apóstolo escolhido para substituir Judas Iscariotes (At 1, 26) e, quando pregava o Evangelho na Etiópia, teria sido crucificado e apedrejado.

João [ano 95]

Provavelmente foi o único dos Apóstolos a morrer de morte natural. Exerceu a liderança da Igreja na região de Éfeso e teria cuidado de Maria, a mãe de Jesus, após a morte do Senhor. Uma antiga tradição latina revela que ele escapou ileso em Roma, depois de ter sido jogado em óleo fervente. Durante a perseguição de Domiciano, em meados dos anos 90, foi exilado para a ilha de Patmos, onde teria escrito o último livro do Novo Testamento - o Apocalipse, fixando-se posteriormente em Éfeso, onde morreu de velhice.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

SOBRE O TESOURO DAS PROVAÇÕES


[João, 16,33]

'No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo'.

[Isaías 48, 10] 

'Passei-te no cadinho como a prata, provei-te ao crisol da tribulação'. 

[Eclesiástico 2, 1]

'Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação'.

[Tiago 1,2]

'Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações'.

[Romanos 8, 35]

'Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?

[1 Pedro 5,10]

'O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará'.

[Salmos 49, 15]

'Invoca-me nos dias de tribulação, e eu te livrarei e me darás glória'. 

[São Lucas 8, 13]

'Aqueles que a recebem (a semente) em solo pedregoso são os ouvintes da Palavra de Deus que a acolhem com alegria; mas não têm raiz, porque creem até certo tempo, e na hora da provação a abandonam

[Tiago 1,12]

'Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam'.

[Romanos 8,18]

'Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada'.

[1 Pedro 1, 6]

'É isso o que constitui a vossa alegria, apesar das aflições passageiras a vos serem causadas ainda por diversas provações'.

[Salmos 36, 39]

'Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provação'. 

[Romanos 5, 3-4]

'nos gloriamos até das tribulações, pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança'.

[Apocalipse 3, 10]

'Porque guardaste a palavra de minha paciência, também eu te guardarei da hora da provação, que está para sobrevir ao mundo inteiro, para provar os habitantes da terra'.

[I Pedro 4, 12] 

'Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária'.

[Romanos 12, 12]

'Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração'. 

[II Coríntios 4, 17]

'A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável'. 

[Salmos 87, 10]

'meus olhos se consomem de aflição; todos os dias eu clamo para vós, Senhor; estendo para vós as minhas mãos'. 

[Apocalipse 7, 14]

'Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro'.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

SOBRE OS MAUS PENSAMENTOS

A respeito dos maus pensamentos encontra-se, muitas vezes, um duplo engano:

(i) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.

Por mais que sejamos atormentados pelas tentações, pela rebelião de nossos sentidos, pelas comoções ou sensações desregradas de nossa natureza corpórea, não existe pecado algum enquanto faltar o consentimento, como ensina também São Bernardo, dizendo: 'O sentimento não causa dano algum, contanto que não sobrevenha o consentimento'.

Para consolar tais almas timoratas e escrupulosas, quero oferecer-lhes aqui uma regra prática, aceita por quase todos os teólogos: Quando uma alma que teme a Deus e detesta o pecado, duvida se consentiu ou não em um mau pensamento, não está obrigada a confessar-se disso, porque, em tal caso, se tivesse realmente cometido um pecado mortal, não estaria em dúvida a esse respeito, porque o pecado mortal, para uma alma que teme a Deus, é um monstro tão horrendo, que não poderá ter entrada em seu coração sem o perceber.

(ii) Outros, que possuem uma consciência mais relaxada e são mal instruídos, julgam, pelo contrário, que os maus pensamentos nunca são pecados, mesmo havendo consentimento neles, contanto que não se chegue a praticar. Este erro é muito mais pernicioso que o primeiro. O que se não pode fazer, não se pode também desejar; por isso, o mau pensamento em si contêm toda a malícia do ato. Assim como as más obras nos separam de Deus, também os maus pensamentos nos afastam dEle e nos privam de sua graça:  'Pensamentos perversos nos separam de Deus' (Sb 1, 3). Como as más obras estão patentes aos olhos de Deus, também a sua vista alcança todos os nossos maus pensamentos para condená-los e puni-los, pois 'um Deus de ciência é o Senhor, e diante dEle estão patentes todos os pensamentos' (I Rs 2, 3).

(Santo Afonso Maria de Ligório)

quarta-feira, 8 de maio de 2019

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Tende confiança em vossas provações. Não esqueçais que convém que a folha caia, para que reverdeça a árvore; que convém que a semente morra no seio da terra, para que se transforme em haste rejuvenescida e renovada. Ainda algum tempo de dor bem pacientemente suportada e essa mortalidade se transformará em imortalidade gloriosa, essa decomposição que nos espera, há de transformar-se em luz brilhante! 

E reunidos com os bons no lugar de doce alívio e eterna paz, onde não há luto, nem gemido, nem dor de espécie alguma, sereis felizes, de uma felicidade serena e imperturbável, pois não vos preocupareis com o pensamento de que ela possa terminar, diminuir, arrefecer. Então direis: bem empregado o sofrimento que durante a vida eu padeci, abençoadas as minhas dores, lutos e aflições. Instantes passageiros, minutos fugitivos, benditos para sempre sejais, pois me granjeastes a felicidade eterna!

(São Francisco de Sales)

terça-feira, 7 de maio de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XI)


51. Além do seu grande exemplo de vida, José exerceu quais funções práticas na educação de Jesus?

Sendo um homem do seu tempo, José procurou em termos práticos cumprir as determinações próprias que cabiam aos pais de então, como aquela da educação religiosa do filho, a qual começava com a adolescência e consistia basicamente no ensinamento de trechos da Sagrada Escritura, no conhecimento das prescrições de Deus ao seu povo, realizadas através do ensino oral, com as leituras seguidas de explicações, de interrogações e de respostas (Dt 8,7-20; Ex 13,8). Além disso, José ensinou a Jesus a própria profissão de carpinteiro que, como de costume, passava de pai para filho. Os longos anos passados no ambiente de trabalho com José, no banco da carpintaria, tornava cotidiana a expressão do amor vivido no ambiente de família. Da mesma forma, como um bom judeu, Jesus herdou de José a educação nas práticas da piedade, recitando todos os dias em sua casa as orações próprias das práticas religiosas judaicas, assim como com José participava dos cultos na sinagoga de sua cidade. Portanto, José exercitou tudo aquilo que era dever de educação de um bom pai, muito mais porque recebera diretamente de Deus a missão de servir diretamente a pessoa de Jesus, mediante o exercício de sua paternidade. 

52. Sendo José um carpinteiro, como compreendemos o trabalho em sua vida? 

O trabalho é um componente fundamental na vida de qualquer pessoa; por isso, também para José, o trabalho foi o meio para assegurar o sustento de sua família, e foi também, no exercício de sua profissão dentro da carpintaria, o laboratório da educação de Jesus, pois ele próprio exerceu com suas mãos o trabalho manual, como Filius Fabri - Filho do carpinteiro (Mt 13,55). A condição operária de José é aquela que personifica o tipo humano que o próprio Cristo escolheu para qualificar a sua posição social de filho de carpinteiro; Jesus quis justamente assumir a qualificação humana e social de São José. São José aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção graças ao banco de sua carpintaria onde exerceu a sua profissão juntamente com Jesus. 

53. O evangelista Lucas (Lc 2,41-52) relata que Jesus subiu a Jerusalém com seus pais quando completou 12 anos e lá se perdeu. Como explicar este acontecimento? 

Aos 12 anos Jesus foi com seus pais pela primeira vez participar dos festejos da Páscoa na cidade Santa de Jerusalém. Esta era para ele a primeira oportunidade de participar oficialmente do culto a Deus no Templo. Era para ele também uma ocasião importantíssima, pois com doze anos tornava-se 'socialmente adulto'. Além do mais, esta peregrinação à cidade Santa colocava-o diante de um mundo diferente daquele vivido até então em Nazaré, um lugarejo insignificante. Em Jerusalém, que por esta ocasião, recebia um número extraordinário de peregrinos, chegando a ter até 150 mil pessoas, Jesus encontrava-se em companhia de seus pais em um mundo diferente. A perda de Jesus não foi um descuido dos seus pais, mas uma decisão dele de permanecer na cidade entre os pórticos do Templo, ouvindo e indagando os rabinos; foi pois uma opção livre e espontânea tomada por Jesus.

54. O que aconteceu com Jesus após o episódio de sua perda no Templo? 

Lucas relata que 'Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles… e crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens' (Lc 2,51-52) Ali em Nazaré, junto com José e Maria, ele passou a viver a 'escola do evangelho' à espera do cumprimento de sua missão messiânica. Ali viveu como um homem entre os homens, condividindo a obediência, a humildade e o trabalho junto com José e Maria, santificando os deveres de família e do trabalho que fazia juntamente com seu pai. Todo este arco de sua existência foi marcado pela presença contínua e iluminadora de José, pai e educador. 

55. Após o episódio da perda e do encontro de Jesus no Templo, os evangelistas não falam mais nada sobre José, não seria porque ele morreu logo em seguida? 

Na verdade não podemos dar uma resposta precisa quanto ao número de anos que José viveu, pois não encontramos disso nenhuma referência nos evangelhos. Após os relatos da infância de Jesus, os evangelistas passam logo para o seu ministério público e a presença de José desaparece. O que podemos afirmar com certeza absoluta é que ele viveu até a idade dos 12 anos de Jesus (Lc 2,4-52). As respostas que os Josefólogos dão a respeito do tempo da morte de José são variadas, porém a mais unânime é que ele morreu logo depois do batismo de Jesus e antes das bodas de Caná. Portanto, logo nos primeiros dias do ministério público de Jesus, ou seja, quando Jesus tinha cerca de 30 anos de idade (Lc 3,23). Os motivos plausíveis para esta afirmação são de que nas bodas de Caná José não estava presente e Maria sim, (Jo 2,1-11) e também pelo fato de que, durante as suas pregações, quem se dirige a ele é sua mãe e os seus primos, (Jo 9,27); além do mais, aos pés da cruz, Jesus confiou sua mãe ao discípulo João (Jo 19,27).

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)

segunda-feira, 6 de maio de 2019

5 CAMINHOS PARA A CONVERSÃO

Quereis que vos indique os caminhos para a conversão? São numerosos, variados e diferentes, mas todos conduzem ao céu. 

O primeiro caminho da conversão é a condenação das nossas faltas. 'Aviva a tua memória, entremos em juízo; fala para te justificares!' (Is 43,26). E é por isso que o profeta dizia: 'Eu disse: confessarei os meus erros ao Senhor e Vós perdoastes a culpa do meu pecado' (Sl 31,5). Condena pois, tu próprio, as faltas que cometeste, e isso será suficiente para que o Senhor te atenda. Com efeito, aquele que condena as suas faltas, tem a vantagem de recear tornar a cair nelas…

Há um segundo caminho, não inferior ao primeiro, que é o de não guardar rancor aos nossos inimigos, de dominar a nossa cólera para perdoar as ofensas dos nossos companheiros, porque é assim que obteremos o perdão das faltas que nós cometemos contra o Mestre; é a segunda maneira de obter a purificação das nossas faltas: 'Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós' (Mt 6,14).

Queres conhecer o terceiro caminho da conversão? É a oração fervorosa e perseverante que tu farás do fundo do coração. O quarto caminho, é a esmola; ela tem uma força considerável e indizível. No quinto caminho, a modéstia e a humildade não são meios inferiores para destruir os pecados pela raiz. Temos como prova disso o publicano que não podia proclamar as suas boas ações, mas que as substituiu todas pela oferta da sua humildade e entregou assim o pesado fardo das suas faltas (Lc 18,9s). 

Eis cinco caminhos de conversão… Não fiques pois inativo mas, a cada dia, utiliza todos estes caminhos, pois são caminhos fáceis para seguir e tu não podes usar a tua miséria como desculpa.

(São João Crisóstomo)