sábado, 23 de fevereiro de 2019

23 DE FEVEREIRO - SÃO POLICARPO DE ESMIRNA



São Policarpo nasceu no ano de 69 em Esmirna, cidade grega situada no litoral da Ásia Menor (hoje Izmir, na Turquia). Teve contato direto com alguns dos primeiros apóstolos de Jesus e foi discípulo de São João Evangelista, que o nomeou pessoalmente como bispo de Esmirna, função na qual se destacou como um defensor incansável da unidade da Igreja Primitiva, contra inúmeras heresias da época, as quais combateu duramente, envolvendo-se em várias questões teológicas polêmicas. 

Por ocasião da quarta grande perseguição romana, nos tempos do imperador Marco Aurélio, o Cristianismo foi duramente atacado na Ásia Menor e São Policarpo foi perseguido, preso e conduzido ao martírio pelo fogo. Milagrosamente, porém, o fogo não lhe consumiu as carnes, fazendo um arco em torno do corpo do santo que foi, então, morto a espada. O martírio de São Policarpo foi descrito um ano depois de sua morte, em uma carta datada de 23 de fevereiro de 156, enviada pela igreja de Esmirna, e este documento constitui o registro mais antigo do martirológio cristão existente. Os fatos da sua morte e os eventos milagrosos que se sucederam foram posteriormente ratificados pelos escritos de Santo Irineu de Lyon, o maior dos discípulos deste grande santo da Igreja Primitiva.

22 DE FEVEREIRO - A CÁTEDRA DE PEDRO

A celebração da festa litúrgica da Cátedra de São Pedro no dia 22 de fevereiro tem origem muito antiga e está documentada por sua inclusão num calendário do ano 354 e no Martyrologium Hieronymianum, o mais antigo da Igreja Latina, composto entre 431 e 450. Na pessoa de São Pedro (e de todos os seus sucessores), insere-se o fundamento visível da unidade da Igreja, nascida de Deus e glória de Deus até os confins dos séculos 'porque as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mt 16,18).

'O chamado de Pedro' (Giorgio Vasari, sem data)

'Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus' (Mt 16, 17-19)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O HOMEM QUE CONSTRUIU SOZINHO UMA CATEDRAL

Um ex-monge espanhol, forçado a abandonar a ordem monástica por problemas de tuberculose, encenou, então, uma tarefa hercúlea e inacreditável: construir sozinho uma imensa catedral dedicada a Nossa Senhora do Pilar, na localidade de Mejorada del Campo, nas cercanias de Madrid.

Justo Gallego Martínez (nascido em 1925) é um agricultor e nunca possuiu formação especializada em arquitetura e construção civil. Ainda assim, praticamente sozinho (com eventual ajuda de alguns voluntários), desde 1963 e por mais de 50 anos, tem dedicado a sua vida exclusivamente à construção do templo, num terreno recebido como herança de família. 

Com a venda e aluguel de outros bens herdados e com a ajuda de doações particulares, adquiriu os materiais de construção e pagou a consulta de especialistas em questões mais complexas da obra (o zimbório da catedral, por exemplo, tem cerca de 40m de altura). Atualmente, com mais de 90 anos de idade, continua firme em sua cruzada particular, consciente de que não terá tempo para concluir a obra monumental, cuja finalização coloca, então, 'nas mãos de Deus'.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

REGRAS PARA BEM ASSISTIR A SANTA MISSA

I. Desde o princípio até que o sacerdote chegue ao altar, deves fazer com ele a preparação, que consiste em te pores na presença de Deus, reconhecer a tua indignidade, e pedir perdão das tuas faltas.

II. Desde que o sacerdote sobe ao altar até ao Evangelho, considera a vinda e a vida de Nosso Senhor neste mundo, fazendo uma consideração simples e geral.

III. Desde o Evangelho até depois do Credo, considera a pregação do Nosso Salvador, protesta querer viver e morrer na fé e na obediência a sua santa palavra e em união com a santa Igreja Católica.

IV. Desde o Credo até ao Pai Nosso, concentra o teu coração nos mistérios da morte e Paixão do nosso Redentor, que são atual e essencialmente representados neste santo Sacrifício que, com o sacerdote e com o resto do povo, oferecerás a Deus Pai, em sua honra e para tua salvação.

V. Desde o Pai Nosso até à Comunhão, esforça-te por despertar em teu coração muitos desejos, almejando ardentemente estar sempre junto e unido a Nosso Senhor com um amor eterno.

VI. Desde a Comunhão até o fim, dá graças à sua divina Majestade pela sua Encarnação, vida, morte e Paixão, e pelo amor de que te dá provas neste santo Sacrifício, pedindo-lhe encarecidamente que por este te seja sempre propício, aos teus parentes, aos teus amigos, e à toda a Igreja. Humilhando-te de todo o coração, recebe devotamente a bênção divina, que Nosso Senhor te dá por meio do seu ministro.

Mas, se queres durante a Missa fazer a tua meditação sobre os mistérios que vais seguindo dia-a-dia, não será preciso que te distraias a fazer estes atos particulares, mas bastará que, no princípio, formes a intenção de querer adorar e oferecer este santo sacrifício pelo exercício da tua meditação e oração, pois que em toda a meditação se encontram os referidos atos, ou expressamente, ou implícita e virtualmente.

(São Francisco de Sales)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

FOTO DA SEMANA

'Porque está próximo o dia, está próximo o dia do Senhor, dia carregado de nuvens, dia marcado para as nações' (Ez 30, 3)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

SOBRE O PECADO DA OMISSÃO

A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo; e pecado que nunca é má obra, e algumas vezes pode ser obra boa, ainda os muito escrupulosos vivem muito arriscados em este pecado.

Estava o Profeta Elias em um deserto metido em uma cova, quando lhe apareceu Deus e lhe disse: 'E bem Elias, vós aqui?' — 'Aqui, Senhor! Pois aonde estou eu? Não estou metido em uma cova? Não estou retirado do mundo? Não estou sepultado em vida? E que faço eu? Não me estou disciplinando, não estou jejuando, não estou contemplando e orando a Deus?' Assim era, pois se Elias estava fazendo penitência em uma cova, como o repreende Deus e isso lhe estranha tanto? Porque ainda que eram boas obras as que fazia, eram melhores as que deixava de fazer. O que fazia era devoção, o que deixava de fazer era obrigação. Tinha Deus feito a Elias profeta do povo de Israel, tinha-lhe dado ofício público; e estar Elias no deserto, quando havia de andar na corte; estar metido em uma cova, quando havia de aparecer na praça; estar contemplando no Céu, quando havia de estar emendando a terra, era mesmo grande culpa.

A razão é fácil de entender porque, no que fazia Elias, salvava a sua alma; no que deixava de fazer, perdiam-se muitas. Não digo bem: no que fazia Elias, parecia que salvava a sua alma; no que deixava de fazer, perdia a sua e as dos outros: as dos outros, porque faltava à doutrina; a sua, porque faltava à obrigação. É muito bom exemplo este para a corte e para os presbíteros que tomam a ocupação por escusa da salvação. Dizem que não tratam de suas almas, porque se não podem retirar. Retirado estava Elias e perdia-se; mandam-no vir para a corte para que se salve. Não deixe o presbítero de fazer o que tem por obrigação e pode ser que se salve melhor em um conselho do que em um deserto. Tome por disciplina a diligência, tome por cilício o zelo, tome por contemplação o cuidado e tome por abstinência o não tomar, e ele se salvará.

Mas porque se perdem tantos? Os menos maus perdem-se pelo que fazem, que estes são os menos maus; os piores perdem-se pelo que deixam de fazer, que estes são os piores: por omissões, por negligências, por descuidos, por desatenções, por divertimentos, por vagares, por dilações, por eternidades. Eis aqui um pecado de que não fazem escrúpulo os presbíteros e um pecado por que se perdem muitos. Mas percam-se eles embora, já que assim o querem; o mal é que se perdem a si e perdem a todos, mas de todas estas omissões hão de dar conta a Deus.

(Excertos do 'Sermão do Primeiro Domingo do Advento', do Padre Antônio Vieira)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (V)


21. Os artistas também contribuíram para uma representação de José idoso? 

Sim. Os artistas, influenciados pelos apócrifos, disseminaram a representação plástica de José idoso e de cabelos brancos, a fim de melhor salvaguardar a virgindade de Maria e, com isso, não se levou também em conta que o evangelista Lucas testemunha que Jesus 'era tido como filho de José (Lc 3,23). Felizmente, e graças à Josefologia, ultimamente o guarda do Redentor é representado na arte como um jovem cheio de vigor. 

22. Como era o costume da celebração do matrimônio no tempo de José? 

Não era muito diferente do costume de hoje. A cerimônia era constituída por duas etapas: o noivado e o matrimônio propriamente dito. A cerimônia do noivado era bastante simples e normalmente se realizava na casa do pai da noiva, onde o noivo pagava ao futuro sogro uma certa quantia baseada naquilo que ele possuía, ou podia, e isto era devido ao fato que uma mão de obra o pai a entregava ao genro. De fato, a partir desta cerimônia, a mulher passava a pertencer ao marido, de direito e de dever, embora ainda continuasse morando na casa paterna. Era, desta forma, selado o verdadeiro matrimônio, pois com o noivado os contraentes tinham direitos de esposos. O nascimento de um filho durante o noivado era tido como legítimo e se a noiva fosse infiel neste período era tratada como adúltera e sujeita aos castigos, inclusive de apedrejamento. 

23. Como se procedia à segunda etapa de celebração matrimonial? 

Esta era celebrada com mais solenidade, quando a noiva, na casa do pai, esperava o seu noivo toda enfeitada e coroada com flores na cabeça, acompanhada por suas amigas. O noivo dirigia-se à noite  e acompanhado por seus amigos para a casa da noiva. Ali, na presença dos convidados, dava-se o início à cerimônia onde o noivo dirigia-se à noiva com estas palavras: 'És minha esposa e eu sou teu esposo de hoje para sempre'. Em seguida começava a festa que podia durar até uma semana. 

24. Se José conduziu Maria para sua casa, então a anunciação do Anjo a Maria deu-se depois que tinham celebrado a segunda parte do matrimônio? 

Alguns afirmam que José e Maria não dividiam o mesmo teto na ocasião da anunciação do Anjo fundamentando-se nas palavras do Anjo: 'Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo' (Mt 1,18). Porém, segundo os estudiosos, na interpretação exata deste versículo deve-se afirmar que 'antes que tivessem relações sexuais'. Lendo o texto de Mateus (Mt 1,20): 'Não temas receber Maria como tua esposa', alguns entenderam que Maria estava ainda na casa de seus pais, constatando, portanto, a gravidez de Maria antes da segunda parte do matrimônio. Porém, segundo a interpretação de grandes exegetas, as palavras do Anjo a José foram para tranquilizá-lo e devem ser entendidas como: 'Não temas ficar ou estar ao lado de tua esposa', ou seja, referem-se a algo que José já havia feito. Portanto a anunciação do Anjo a Maria deu-se dentro do clima familiar de convivência com José. 

25. Se Maria convivia com José, sob o mesmo teto, quando recebeu o anúncio do Anjo sobre sua maternidade divina, como entendemos o anúncio do Anjo a José diante de sua dúvida? 

O evangelista Mateus (Mt 1,20-25) relata que enquanto pensava assim, um Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria como esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo…'; despertando do sono, José fez como o Anjo lhe havia mandado e recebeu sua esposa em sua casa, e sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho, e José deu a ele o nome de Jesus. Portanto, confirma para José a sua vocação de esposo e de pai de Jesus, realçando o exercício da maternidade de Maria (v. 23-25) e sua cooperação como pai putativo de Jesus (v. 25) com a intervenção da força divina (v. 20). Desta forma, fica esclarecido que o encontro do divino com o humano, ou seja, a encarnação de Jesus, aconteceu dentro da instituição da família. Daqui conclui-se a importância do matrimônio de José e Maria e a função indispensável de sua paternidade (v. 21-25). No momento culminante da história da salvação, José é o 'filho de Davi' (v. 20), preparado por Deus para ser esposo da Mãe de Jesus (v 20) e para dar o nome ao Menino (v. 21-25) que fora concebido pelo Espírito Santo (v. 18-20). Neste anúncio do Anjo, 'José, filho de Davi' garante desta forma a messianidade de Jesus e também a virgindade de Maria, a qual depende do fato de ela ser a esposa de José.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)