(Tratado do Amor de Deus, de São Francisco de Sales)
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
PALAVRAS AO HOMEM ETERNO
1. Onde quer que estejas, e para qualquer lado que te voltes, miserável serás, se não te convertes a Deus. Em tudo pondera o fim, e de que modo te apresentarás ante o rigoroso Juiz, a quem nada é oculto, que não se deixa aplacar com dúvidas, nem admite desculpas, mas que julgará segundo a justiça. Insensato e mísero pecador, que responderás a Deus que conhece os teus crimes, tu que tremes diante do vulto de um homem irado? Por que não te acautelas para o dia do juízo, quando ninguém poderá ser excusado ou defendido por nenhum outro? Agora o teu trabalho é frutuoso, as tuas lágrimas são bem acolhidas, os teus gemidos são ouvidos, a tua dor é expiatória e meritória.
2. Aqui tem grande e salutar purgatório o homem paciente que, recebendo injúrias, mais se dói da maldade de quem lhe ofende do que da própria ofensa; que de boa vontade ora pelos seus inimigos, perdoando do intimo do coração os agravos; que não tarda em pedir a outros perdão; que mais facilmente se deixa levar à misericórdia do que á ira; que faz violência a si mesmo, esforçando-se por submeter a carne ao espírito. Melhor é purgar agora os pecados e extirpar os vícios que deixá-los para serem extirpados na outra vida. Por certo nós mesmos nos enganamos pelo amor desordenado que temos à carne.
3. Que outra coisa devorará aquele fogo senão os teus pecados? Quanto mais te poupas agora e segues os apetites da carne, tanto mais severamente serás depois atormentado, fazendo maior reserva de combustível para te queimar. No que mais tiveres pecado, nisso mais severamente serás castigado. Ali os preguiçosos serão incitados por aguilhões ardentes, e os gulosos serão atormentados com sede e extrema fome. Ali os impudicos e voluptuosos serão submergidos em abrasado pez e fétido enxofre, e os invejosos uivarão como cães furiosos.
4. Não haverá nenhum vicio que não tenha ali o seu particular tormento. Os soberbos serão acabrunhados de toda a sorte de confusão, e os avarentos reduzidos à misérrima penúria. Uma hora de suplício ali será mais insuportável que cem anos da mais rigorosa penitência aqui. Ali não há sossego nem consolação alguma para os condenados, enquanto aqui às vezes cessam os trabalhos, e somos aliviados por amigos. Tem agora cuidado e dor dos teus pecados para que no dia do Juízo estejas seguro com os bem aventurados. Porque então estarão os justos com grande confiança diante dos que os angustiaram e perseguiram. Então se levantará, para julgar, Aquele que agora se sujeita humildemente ao juízo dos homens. Então terá muita confiança o pobre e humilde; não assim o soberbo que, de todos os lados, estremecerá de pavor.
5. Então se verá, como fora sábio neste mundo quem aprendeu a ser menosprezado e tido por louco, por amor de Jesus Cristo. Então dará prazer toda a tribulação, sofrida com paciência, e a iniquidade será reduzida ao silêncio. Os que foram dados à piedade, se encherão de alegria, e os irreligiosos de tristeza. A carne então mais se regozijará de ter sido mortificada, do que se fora sempre nutrida em delícias. Então resplandecerá a roupa vil, e a vestimenta preciosa ofuscar-se-á. Então será mais exaltada a simples obediência, do que toda a astúcia do século.
6. Então se alegrará a mais a pura e boa consciência do que a filosofia dos sábios. Então se estimará mais o desprezo das riquezas do que todos os tesouros dos ricos da terra. Então te consolarás mais de haver orado com devoção do que de haver comido com regalo. Então te aproveitarão mais as boas obras do que as muitas e lindas palavras. Mais agradará então a vida austera e a rigorosa penitência do que todas as delícias terrenas. Aprende agora a sofrer um pouco para que possas livrar-te de coisas mais penosas. Experimenta primeiramente aqui o que poderás receber no outro mundo. Se agora tão pouco queres padecer, como poderás suportar tormentos eternos? Se agora o menor incômodo te torna tão impaciente, que fará então o inferno? Sem dúvida, não podes ter duas venturas: deleitar-te aqui no mundo, e depois reinar com Jesus no Céu.
7. Se até hoje sempre tivesses vivido em honras e deleites, que te aproveitaria, se agora mesmo tivesses de morrer? Vaidade tudo, pois, que não for amar e servir somente a Deus. Decerto os que amam de coração a Deus, não temem a morte, nem o suplício, nem o juízo, nem o inferno, porque o perfeito amor tem segura recepção com Deus. Mas quem se deleita ainda em pecar, não admira que tema a morte e o juízo. Todavia, se não te desvias do mal pelo amor, convém ao menos que o faças pelo temor do inferno. Porém aquele que despreza o temor de Deus, não poderá perseverar no bem, antes cairá muito depressa nos laços do demônio.
8. Que pode te dar o mundo sem Jesus? Estar sem Jesus é terrível inferno; estar com Jesus é doce Paraíso. Estando Jesus contigo, nenhum inimigo te poderá ofender. Quem acha a Jesus, acha um grande tesouro, ou antes um bem superior a outro qualquer. Quem o perde, priva-se de muito mais do que de um mundo inteiro. Viver sem Jesus é reduzir-se à extrema pobreza; estar bem com Jesus é tornar-se sumamente rico. Preferível é, pois, ter todo o mundo por inimigo que ofender a Jesus.
9. Confessarei, pois, contra mim mesmo a minha iniquidade; confessar-Vos-ei, Senhor, a minha fraqueza. Vede, Senhor, a minha fragilidade e abatimento que melhor conheceis que eu mesmo. Compadecei-Vos de mim e tirai-me desta lama, para que nela eu não fique atolado e submergido. O' fortíssimo Deus de Israel, zelador das almas fieis, dignai-Vos olhar para os trabalhos e dores do vosso servo e de assisti-lo em tudo. Robustecei-me da força celestial para que não me vença e domine esta carne miserável, ainda rebelde ao espírito, e contra a qual convém combater enquanto vivemos neste desgraçado mundo.
(lmit. 1. 22, 24; II. 8; III. 20)
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
FOTO DA SEMANA
'A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas' (Gn 1, 2)
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (II)
06. Como era a situação geográfica na época em que José nasceu?
Sabemos que o seu país de origem é a Palestina, onde hoje se situa o território de Israel, localizado na parte oriental do Mar Mediterrâneo, formado por uma faixa de terra de 240 por 150 quilômetros quadrados. Uma região de terras férteis, embora comporte também desertos desoladores e de regiões montanhosas com colinas, que vão de 500 a 900 metros, espalhadas por suas regiões denominadas de Galileia, Samaria e Judeia. Destacava-se no tempo de José, como de sorte ainda hoje, o Mar da Galileia, também denominado de Lago de Genesaré, com 2 km de comprimento por 11 km de largura e com uma profundidade de até 45 metros, um dos principais palcos da vida do povo de José, sobretudo pela pesca. Era de suma importância também o Rio Jordão que, percorrendo 350 km, despeja suas águas no Mar Morto, o qual possui uma extensão de 85 km por 16 km de largura, com profundidades de até 400 metros e com suas águas densas de sal que não permitem, portanto, nenhum tipo de vida.
07. Como era a situação política no tempo de José?
São José nasceu sob a dominação dos Romanos, pois seu povo passou a viver sob o jugo dos Romanos desde o ano 63 antes do nascimento de Jesus. Seu povo tem uma longa história marcada de lutas, conquistas, derrotas, deportações, exílios, monarquias e infidelidade a Deus, embora sempre com uma fé forte em Javé, embora muitas vezes contaminada por idolatrias. Quando José nasceu, seu país era palco de um certo progresso e de novidades por parte dos Romanos, os quais gostavam de construções imponentes e de artes. Entretanto seu povo era de certa maneira escravo dos dominadores, e pouco se podia progredir a não ser os privilegiados. Por ser os Romanos de uma índole eclética, seus comportamentos eram incompatíveis com as aspirações do povo de José, o que deu ocasião para muitas revoltas, guerrilhas e revoluções armadas organizadas por facções do próprio povo e em tudo isso estava o desejo enorme de livrar-se da dominação estrangeira. O país de José era governado por Herodes; este era um caudilho imposto pelo poder real de Roma no ano 46 aC. Cruel, mandou matar todos aqueles que se opunham à sua política mas, apesar de tudo, foi um administrador hábil e um político astuto.
08. Como era a situação social que José vivenciou?
Como povo dominado e explorado pelos Romanos, as pessoas eram pobres com exceção de alguns que constituíam a classe dos privilegiados. Agravava-se ainda mais a situação de precariedade se levarmos em conta que, além da dominação dos Romanos, havia muitas e altas taxas impostas pelo império romano que toda pessoa era obrigada a pagar. Soma-se a isso o solo pobre e pouco produtivo, agravado pelas condições climáticas hostis por causa da escassez de chuva e por uma agricultura rudimentar. Além de tudo isso, havia também a exploração por parte da classe dominante.
09. Sendo José pertencente à classe pobre, como podemos deduzir seu estilo de vida?
Como todo pobre, José morava em uma casa muito simples, construída com paredes de pedras calcárias, com tijolos de barro cozido ao sol. Dormia como era o costume, em esteiras apropriadas para esse fim e sua alimentação era constituída de pão e peixes provenientes do Lago de Genesaré, não distante de Nazaré. Não faltavam também variedades de frutas tais como: romãs, figos e tâmaras. A carne era muito rara na mesa do pobre, mas em compensação havia sempre o azeite, o leite e até o vinho.
10. E quanto ao ambiente religioso?
Toda a vida religiosa do povo hebreu, e também a política e a social, girava em torno do Templo de Jerusalém, imponente edifício que tinha sido construído pelo Rei Salomão dez séculos antes de Jesus nascer. Destruído por Nabucodonosor em 516 aC, fora reconstruído por Zorobabel. Porém, por volta do ano 20 antes do nascimento de Jesus, novamente fora destruído por Herodes para que, em seu lugar, fosse edificado um outro mais suntuoso e rico pela sua imponência. Este ficou pronto no ano 64 dC. O Templo era o lugar das orações e das ofertas dos sacrifícios e imolações de animais por parte dos hebreus. Pela sua importância e constante movimentação, devido ao fluxo de gente que o frequentava, este possuía cerca de 20 mil funcionários, desde o mais alto grau sacerdotal até o mais humilde empregado. Naturalmente para sustentar todo este funcionamento, cada hebreu pagava 10% de impostos do que produzia.
Outro fator importante que constituía o contexto religioso da época era a divisão dos grupos ou classes, constituídos pelos saduceus, que eram as pessoas mais ricas e influentes. Estes geralmente eram os sacerdotes e os administradores do Templo; era o grupo dos privilegiados. Seguiam depois os fariseus, inimigos dos Romanos e distinguidos pela ostentação religiosa, com suas práticas de orações, purificações, normas de comportamento e pela observância estrita da lei. Havia ainda um grupo de revolucionários e guerrilheiros denominados de zelotas e também uma outra classe conhecida como essênios. Estes viviam em comunidades monacais às margens do Mar Morto, numa localidade hoje conhecida como Qumran, onde levavam uma vida ascética e rígida. Por fim, devido a uma divisão dos hebreus no século X aC, a região da Samaria era considerada pelos judeus como uma terra maldita e seus habitantes eram tidos como pagãos, heréticos e impuros, e por isso odiados, ainda mais porque adoravam a Deus no monte Garizim, onde haviam construído um templo.
('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)
domingo, 20 de janeiro de 2019
FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER
Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Tempo Comum
Neste segundo domingo do tempo comum, estamos com Jesus e Maria nas bodas de Caná. Não sabemos detalhes do evento, os nomes dos noivos ou do mestre de cerimônia, o tempo da celebração. Mas a presença de Jesus e de Maria naquela ocasião em Caná da Galileia são o testemunho vivo da santidade e das graças associadas àquela união matrimonial. Muitos teólogos manifestam inclusive que foi, neste enlace de santa vocação e harmonia, que Jesus elevou o casamento à condição de sacramento, imagem de suas núpcias eternas com a Santa Igreja.
E o vinho veio a faltar. Nossa Senhora tem a clara percepção da situação constrangedora e aflitiva dos noivos e de suas famílias, porque faltou o vinho. É a Mãe que roga, que intercede, que suplica ao Filho Amado: 'Eles não têm mais vinho' (Jo 2, 3). Medianeira e intercessora de nossas aflições e angústias, de Caná até os confins da terra, Nossa Senhora leva a Jesus as súplicas de todos os seus filhos e filhas de todos os tempos. É ela que nos abre as portas da manifestação da glória de Jesus para a definitiva aliança dos céus com a humanidade pecadora, mediante a sua súplica de Mãe face à angústia humana: 'Fazei tudo o que Ele vos disser' (Jo 2,5).
E eis que havia ali seis talhas de pedra, que foram 'enchidas até a boca' (Jo 2,7). E a água se fez vinho, nas mãos do Salvador. Da angústia, faz-se a alegria; da aflição, tem-se o júbilo; da ansiedade, nasce o alívio e a serenidade. Alegria, júbilo, alívio e serenidade que são os doces frutos da plena santificação. Este vinho nos traz a libertação do pecado e nos coloca nas sendas do céu, pois nos deleita com as graças da virtude, do santo juízo, da sabedoria de Deus. Mas nos cabe encher nossas talhas de água até a boca, prover os nossos corações do mais pleno amor humano, para que a santificação de nossas almas seja completa no coração de Deus.
'Este foi o o início dos sinais de Jesus' (Jo 2,11). Em Caná da Galileia e por Maria, mais que o primeiro milagre, a glória de Jesus foi manifesta à humanidade pecadora. O firme propósito pessoal em busca da virtude e da superação das nossas vicissitudes humanas é a água que será transformada no vinho pela graça e pela misericórdia de Deus em nossos corações aflitos e inquietos, enquanto não repousados na glória eterna. Enchei, portanto, as vossas talhas de água e fazei tudo o que Ele vos disser, com a intercessão de Maria. Eis aí a pequena e a grande via em direção ao Coração de Deus, que nos foi legada um dia em Caná da Galileia.
'Este foi o o início dos sinais de Jesus' (Jo 2,11). Em Caná da Galileia e por Maria, mais que o primeiro milagre, a glória de Jesus foi manifesta à humanidade pecadora. O firme propósito pessoal em busca da virtude e da superação das nossas vicissitudes humanas é a água que será transformada no vinho pela graça e pela misericórdia de Deus em nossos corações aflitos e inquietos, enquanto não repousados na glória eterna. Enchei, portanto, as vossas talhas de água e fazei tudo o que Ele vos disser, com a intercessão de Maria. Eis aí a pequena e a grande via em direção ao Coração de Deus, que nos foi legada um dia em Caná da Galileia.
20 DE JANEIRO - SÃO SEBASTIÃO
São Sebastião foi um oficial romano, do alto escalão da Guarda Pretoriana do imperador Diocleciano (imperador de Roma entre 284 e 305 de nossa era e responsável pela décima e última grande perseguição do Império Romano contra o Cristianismo), que pagou com a vida sua devoção à fé cristã. Denunciado ao imperador por ser cristão e acusado de traição, foi condenado a morrer de forma especial: seu corpo foi amarrado a um tronco servindo de alvo a flechas disparadas por diferentes arqueiros africanos.
Primeiro Martírio: São Sebastião flechado
Abandonado pelos algozes que o julgavam morto, foi socorrido e curado e, de forma incisiva, reafirmou a sua convicção cristã numa reaparição ao próprio imperador. Sob o assombro de vê-lo ainda vivo, São Sebastião foi condenado uma vez mais sendo, nesta sua segunda flagelação, brutalmente açoitado e espancado até a morte. O seu corpo foi atirado num canal de esgotos, de onde foi depois retirado e levado até as catacumbas romanas. Suas relíquias estão preservadas na Basílica de São Sebastião, na Via Apia, em Roma. É venerado por toda a cristandade como modelo de vida cristã, mártir da Igreja e defensor da fé e como padroeiro de diversas cidades brasileiras, incluindo-se o Rio de Janeiro. Sua festa é comemorada a 20 de janeiro, data de sua morte no ano 304.
Segundo Martírio: São Sebastião espancado até a morte
sábado, 19 de janeiro de 2019
SOBRE A CONFISSÃO DOS PECADOS
'O pecado não é vergonhoso senão quando o fazemos, mas sendo convertido em confissão e penitência é honroso e saudável. A contrição e a confissão são tão formosas e de tal fragrância, que apagam a fealdade e desvanecem o mau cheiro do pecado'.
(São Francisco de Sales)
'Um pecado que pode conduzir à condenação eterna é o sacrilégio. Desgraçado daquele que caminha por este caminho! Comete sacrilégio quem voluntariamente esconde qualquer pecado mortal na confissão, quem se confessa sem a vontade de deixar o pecado ou de fugir das ocasiões próximas. Quase sempre que uma pessoa se confessa de modo sacrílego, vem a realizar também o sacrilégio do sacramento da Eucaristia, porque depois recebe a comunhão em pecado mortal'.
(Cardeal Giuseppe Siri)
'Os pecados, depois da reconciliação, são destruídos, deixam de existir. Acontece por vezes que o diabo, durante os exorcismos, diz a lista das faltas das pessoas presentes, mas não pode dizer os erros já confessados, porque deles já não há nenhum vestígio; Deus, na sua misericórdia, os cancelou'.
(Padre Gabriele Amorth, famoso exorcista do Vaticano)
Assinar:
Postagens (Atom)