segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE O ADVENTO

1. A palavra Advento significa vinda ou chegada (do latim 'ad-venio' - 'chegar') e constitui um tempo litúrgico que só existe nas Igrejas do Ocidente, desde o século VI, quando era celebrado como um tempo de seis semanas, que foram então reduzidas para quatro semanas por São Gregório Magno (590-604).

2. O Advento é um tempo de celebração de dois adventos do Senhor: tempo de esperança, conversão, penitência e júbilo pela celebração do aniversário da primeira vinda de Jesus Cristo ao mundo como a encarnação de Deus e de preparação e feliz expectativa pela sua vinda final como juiz, na nossa morte e no fim do mundo.

3. O Advento é o tempo litúrgico que começa no domingo mais próximo à festa de Santo André Apóstolo (30 de novembro) e compreende, portanto, quatro domingos.

4. O primeiro domingo do Advento pode ser adiantado até 27 de novembro (período máximo do Advento com vinte e oito dias) ou ser atrasado até o dia 3 de dezembro (período mínimo do Advento com vinte e dois dias).

5. O tempo do Advento pode ser subdividido em três períodos distintos por ordem de relevância: (i) os quatro domingos do Advento (domingos tão especiais que nenhuma solenidade tem precedência sobre eles; assim, por exemplo, se o dia 08 de dezembro for um domingo, a solenidade da Imaculada Conceição é automaticamente transferida para o dia seguinte); (ii) a semana entre 17 a 24 de dezembro, por corresponder ao período mais imediato de preparação do Natal; (iii) os demais dias do tempo do Advento.

6. O primeiro domingo do Advento nos exorta a praticar a vigilância; o segundo, a conversão; no terceiro celebramos a alegria da vinda do Senhor (o chamado 'Domingo Gaudete') e no quarto domingo, a Anunciação e o Fiat de Nossa Senhora.

7. Com o Advento, tem início um novo Ano Litúrgico nas Igrejas do Ocidente, que são divididos em Anos A, B e C, sendo narrados nestes anos os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente (2017-2018 é o Ano B, com os Evangelhos de São Marcos).

8. Nas missas do Advento, omite-se o 'Glória', cântico associado diretamente ao nascimento de Jesus e que somente volta a ser entoado na Noite de Natal; canta-se, porém, o 'Aleluia', como referência a um tempo que é também de piedosa e alegre expectativa e não exatamente de penitência quaresmal. 

9. No tempo do Advento, os paramentos são roxos para assinalarem o caráter penitencial deste período, com uma breve mudança no terceiro domingo, no qual é utilizada a cor rosa, símbolo da nossa expectativa alegre e confiante como pausa nos tempos penitenciais do Advento. 

10. Por ser um tempo de penitência e conversão, a confissão é altamente recomendável neste período e as palavras de ordem são sobriedade e moderação. Não são propícios luzes coloridas, enfeites natalinos ou decoração festiva; não são estes os verdadeiros símbolos do Advento cristão.

A LINHAGEM REAL DE JESUS CRISTO

(publicado originalmente no Grupo Estudos Católicos Monárquicos) 

domingo, 17 de dezembro de 2017

TESTEMUNHA DA LUZ

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo do Advento


Neste domingo, Terceiro Domingo do Advento, mais uma vez, a mensagem profética que ressoa pelos tempos vem da boca de João Batista. Em Betânia, além do Jordão, diante da expectativa da chegada do Messias e da interrogação dos sacerdotes e dos levitas sobre a sua identidade, João Batista foi sucinto e categórico em suas respostas: 'Eu não sou o Cristo'. 'Eu não sou Elias'. 'Eu não sou o Profeta' (Jo 1, 20 - 21). E sintetiza tudo: 'Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias' (Jo 1, 26 - 27). Eis o primado de João: Jesus vem, a sua Vinda é iminente: alegrai-vos todos porque o céu vai tocar a terra e fazer novas todas as coisas.

Eis o Advento do Senhor: depois da vigilância e da conversão, vivenciados nos domingos anteriores, segue agora o ressoar das trombetas da legítima alegria cristã neste terceiro domingo. Sim, alegria cristã, alegria plena do amor de Cristo, proclamada nas palavras do Profeta Isaías: 'Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias' (Is 61, 10) e também na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: 'Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo'' (1 Ts 5, 16 - 18).

João Batista 'não era a luz, mas veio dar testemunho da luz' (Jo 1, 8). Ele é a voz passageira que anuncia a Palavra Eterna, como nos ensina Santo Agostinho: 'O som da voz te faz entender a palavra; e, quanto te fez entendê-la, o som desaparece, mas a palavra que foi transmitida permanece em teu coração' (Sermão 293, 3). Neste deleite da graça, esparge-se a luz do entendimento da fé e amolda-se suavemente a paz divina ao coração humano que palpita inquieto enquanto não repousar definitivamente em Deus.

O testemunho de João Batista é a nossa herança de fé, na alegria daqueles que acolhem o Messias, a Luz do mundo. Eis aí o verdadeiro caminho da felicidade, trilhado apenas por aqueles que vivem a alegria da espera do Senhor Que Vem, perseverantes na oração e na fé que move montanhas e que inquieta o coração humano até o encontro definitivo com Deus. Benditos sejam os homens e mulheres que se consumem de alegria nesta via de santidade, porque possuirão para sempre as moradas na Casa do Pai. Nascidos para a eternidade, e herdeiros da Visão Beatífica, no Céu todos se tornarão testemunhas da Luz ainda maiores que o João Batista deste mundo.

sábado, 16 de dezembro de 2017

ORAÇÃO DA SALVAÇÃO (PAPA CLEMENTE XI)

Senhor, creio em Vós, fazei que creia com mais firmeza;
espero em Vós, fazei que espere com mais confiança;
amo-Vos, aumentai o meu amor;
arrependo-me, avivai a minha dor.

Adoro-Vos como primeiro princípio;
desejo-Vos como último fim;
exalto-Vos como benfeitor perpétuo;
invoco-Vos como defensor propício.

Dirigi-me com a vossa sabedoria;
atai-me com a vossa justiça;
consolai-me com a vossa clemência;
protegei-me com o vosso poder.

Ofereço-Vos meus pensamentos, para que se dirijam a Vós;
minhas palavras, para que falem de Vós;
minhas obras, para que sejam vossas;
minhas contrariedades, para que as aceite por Vós.

Quero o que quereis,
quero porque o quereis,
quero como o quereis,
quero enquanto o quiserdes.

Senhor, peço-Vos que ilumineis minha mente,
inflamais minha vontade,
limpeis meu coração,
santifiqueis minha alma.

Que me afaste das faltas passadas;
rejeite as tentações futuras;
corrija as más inclinações;
pratique as virtudes necessárias.

Concedei-me, Deus de bondade, amor por Vós;
ódio por mim,
zelo pelo próximo,
desprezo pelo mundano.

Que saiba obedecer aos superiores,
ajudar os inferiores,
acolher os amigos,
perdoar os inimigos.

Que vença a sensualidade com a mortificação,
a avareza com a generosidade,
a ira com a bondade,
a tibieza com a piedade.

Fazei-me prudente nos conselhos,
constante nos perigos,
paciente nas contrariedades,
humilde na prosperidade.

Senhor, fazei-me atento na oração,
sóbrio no comer,
perseverante no trabalho,
firme nos propósitos.

Que procure ter inocência interior,
conversa exemplar,
modéstia exterior,
vida ordenada.

Que lute para dominar a minha natureza,
fomentar a graça,
servir a vossa lei e
obter a salvação.

Que aprenda de Vós como é pouco o terreno,
como é grande o divino,
como é breve o tempo,
como é duradouro o eterno.

Fazei-me preparar para a morte,
temer o juízo,
evitar o inferno,
e alcançar o paraíso.

Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

BREVIÁRIO DA CONFIANÇA (II)


14 DE DEZEMBRO

ABISMO SOBRE ABISMO

Meditemos com Santa Margarida Maria os abismos insondáveis do Coração de Jesus. Eis como ela nos fala, com tanta eloquência, desses abismos: 'O Coração de Jesus é um abismo de amor, onde havemos de abismar todo o amor próprio que em nós existe, com todas as suas produções más, isto é, respeitos humanos e desejos de nos satisfazer. Se estais no abismo da pobreza e desnudado de vós mesmos, ide vos abismar do Coração de Jesus. Ele vos enriquecerá. Se vos achais num abismo de fraqueza e caís a todo instante, ide vos abismar na força do Sagrado Coração, que vos fortificará e vos livrará. Se estais no abismo das misérias, ide vos abismar no Coração adorável todo cheio de misericórdia. Se vos achais num abismo de orgulho e de amor próprio, de vanglória, abismai-vos no abismo de bondade do Sagrado Coração. Se vos achais num abismo de trevas, Ele vos revestirá de Sua luz. Quando mergulhardes num abismo de tristeza, ide vos abismar no abrigo da alegria divina do Sagrado Coração de Jesus e achareis um tesouro que dissipará todas as tristezas e aflições do vosso espírito. Nas inquietações, nas dúvidas, ide vos abismar desse Adorável Coração. Se vos encontrardes num abismo de temor, abismai-vos da confiança do Coração de Jesus e o temor há de ceder lugar ao amor'. Abismo sobre abismo! Ó Jesus, dai-me cada vez mais amor e confiança na onipotência misericordiosa do Vosso Coração!

15 DE DEZEMBRO

ALMAS REPARADORAS

Hoje, mais do que em tempo algum, o mundo, para se salvar, tem necessidade de almas generosas, de almas reparadoras. 'A necessidade de reparar' - escreve o admirável Pe. Plus - 'não se impõe apenas como dedução dos princípios sobre os quais se assenta a nossa fé católica e, especialmente a doutrina do Corpo Místico e o Dogma da Redenção, impõe-se também como consequência forçosa de um ensinamento formal, constante e muitas vezes repetido por Nosso Senhor! Não nos soa aos ouvidos a palavra de Jesus: 'Fazei penitência! Fazei penitência!' Que é a penitência? Reparação. O mundo, chafurdado na lama da sensualidade, saturado de orgulho sacrílego, tem necessidade de almas reparadoras. E são poucas! Quem nos dera ter uma legião de almas como Simone Dennriel, cujo brado é o de todos os corações generosos que hoje se imolam no altar da reparação: 'Tenho necessidade de sofrer' - escreve ela - 'quero sofrer porque Jesus sofreu por mim... porque Deus o pede em expiação dos crimes do mundo. Quero sofrer, porque o sofrimento é a mais poderosa das orações,  porque o sofrimento eleva e purifica ... quero sofrer porque a felicidade se encontra no sofrimento e a minha alma anseia pela verdadeira felicidade. Non mori sed pati*. Sofrer, sofrer durante cem anos, se preciso for, para salvar almas e dar glória a Deus. Tenho necessidade de oração contínua, que é a força da alma e a chave do Céu. A oração me une a Jesus e me ajuda a suportar tudo para a sua glória. A oração é irmã do sofrimento. Ambos se unem para se oferecerem a Deus e para salvarem o mundo. Jesus não os separou em sua vida oculta, nem na Paixão e nem na Cruz'.

* não morrer, mas sofrer

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

AMOR DE PERFEIÇÃO

1. O amor de Deus, o amor desmedido de si mesmo, eis os dois adversários que disputam teu coração. Se conseguisses eliminar tudo que não satisfaz a Jesus e tudo fazer para lhe ser agradável, serias perfeito. Será difícil? Começa tranquilamente esse trabalho de eliminação.

2. Talvez que te apegues demasiadamente a um objeto, a uma ocupação, a um emprego, a uma dignidade, a uma pessoa, a uma amizade, a certas relações de sociedade, a atenções, respeitos de que és alvo. Talvez que estejas por demais preso a certos projetos, ao sucesso de tuas empresas, ao reconhecimento, à reputação, a certas opiniões, a tuas convicções, tuas comodidades, à tua saúde? Quem se julgará isento de apegos, quando lança um olhar ao abismo do coração, onde se entrechocam tantos desejos, afeições, temores, alegrias, tristezas e esperanças?

3. Não te perturbes diante desta multidão de imperfeições, nem percas teu tempo examinando-te com ânsia para descobrir teus defeitos. À medida que te adiantares na humildade, Deus fará brilhar sua luz nas tuas trevas e então verás tuas faltas.

4. E que tática adotarás para suprimir todas as coisas ilícitas, e conservar teu amor na esfera das afeições legítimas? Perseguir um a um esses inumeráveis inimigos em seus redutos, seria desperdiçar um tempo precioso, e perder a paz do coração, para não chegar, aliás, a um resultado satisfatório. Importa, pois, apegar-se simplesmente ao soberano bem por um ato de vontade.

5. Sem se preocupar com um apego em particular, a alma conserva-se atenta desde o levantar. Ela repete frequentemente atos de amor de Deus, atos de complacência e preferência, principalmente quando um objeto, uma criatura qualquer a solicita, quando se sente estimulada a buscar uma satisfação pessoal, perseguir uma vã questão de honra, descuidar-se de um dever imposto. Cada uma dessas ocasiões faz brotar em seu coração um ato de amor: 'Jesus, eu vos amo, é a vós que eu busco; longe de vós tudo é vaidade, mentira e decepção'. Assim, a alma não dispersa sua atenção sobre muitos objetos ao mesmo tempo. Ela simplifica sua vida espiritual, conservando a paz do coração, e concentra a cada instante toda a sua energia no amor de Deus. Desse modo, no princípio sobretudo, muitas ocasiões lhe escapam. Não raro ela escolhe de boa fé o que lhe apraz, o que a eleva a seus próprios olhos e a lisonjeia. Que isso não a aflija. À medida que ela se adianta, sua atenção será despertada e Jesus mesmo lhe fará notar o que ainda esteja por fazer. E se ela visse de chofre toda a extensão do trabalho, assustar-se-ia de sua fraqueza e cairia por certo na pusilanimidade. Assim a alma avança sossegadamente cada dia e cada momento. Ela esforça-se por viver para Deus em Jesus Cristo. Considera-se como morta ao pecado. Cada vitória do amor de Deus é uma derrota do egoísmo.

6. Entre os apegos que mancham a vontade há um que prejudica mais que todos os outros o remo do perfeito amor. Este apego é a afeição sensível desordenada. A amizade é desordenada quando é contrária ao amor de Deus ou lhe é paralela sem lhe ser subordinada. O sinal de que uma amizade não é absolutamente pura é que, pelo menos em certos momentos, ela gera uma·inquietação, uma preocupação. Esta regra é universal e infalível. Toda desordem, por mínima que seja, tanto na ordem física como moral, é uma falta de equilíbrio e, por conseguinte, perturba a harmonia, o repouso e a paz. Quanto mais delicada é a alma e já possuída pela divina caridade, tanto mais é suscetível de sentir essa inquietação. E' uma advertência de Jesus. Ele é um Deus ciumento. Não permite que uma alma fervorosa se apegue a qualquer criatura, seja ela pura e santa.

7. A alma que se apercebeu dessa discreta advertência deve obedecer incontinenti, romper esse laço não obstante a angústia que causará essa ruptura, evitar de alimentar esta amizade por pensamentos, entretenimentos ou outras relações não necessárias. Ela deve multiplicar seus atos de preferência para Jesus e esperar pacientemente que cicatrize a ferida, enquanto o coração, abalado pelo choque, volte de novo ao seu estado normal. A paixão não descuidará em achar pretextos para legitimar este apego. Esta afeição é pura, ela inclina-me à piedade e sustenta-me; minha natureza sensível exige intimidade; o reconhecimento obriga-me a manter essas relações; os santos tiveram suas amizades. Todas essas razões são sem fundamento, como verás mais tarde, quando for livre o teu coração. Enquanto isso, faz calar teu coração e sacrifica essa amizade. Encontrá-la-ás um dia, porém purificada. Sem este ato enérgico, arrastando-te penosamente na vida espiritual, não possuirás jamais inteiramente o coração de Jesus.

8. Todavia, ninguém se pode gabar de conquistar a liberdade perfeita do coração, sem Deus mesmo por mãos à obra. E' preciso pedir-lhe sempre para desligar-nos de tudo e derramar a amargura sobre tudo a que nos apegamos! Quando Jesus quer possuir plenamente um coração e desgostá-lo de todo o criado, Ele o torna tão amplo e tão profundo que nada é capaz de saciá-lo. E cria nele exigências tais que somente Ele pode satisfazê-las. Revela à alma as fraquezas e incapacidade das pessoas mais queridas; despoja de seus encantos a beleza sedutora das criaturas; permite decepções acerbas e desilusões amargas e, de repente, Ele mesmo se apresenta, por uma súbita iluminação, com sua ternura de amigo, sua paciente bondade, sua condescendência infinita.

9. Quanto mais um coração é naturalmente amante, delicado e nobre nas suas aspirações, tanto mais Jesus acha o terreno preparado para lançar a semente do puro amor. Uma tal alma pode se desviar algum tempo em busca de seu objetivo; pode prodigalizar às vezes seu amor a criaturas indignas dela, mas a indigência, que ela encontra de todos os lados, reconduzi-la-á, cedo ou tarde, a Jesus. Toma desde hoje a resolução de conservar intacto teu coração ou de reconquistar a todo custo tua liberdade.
Foste feito para a santidade, teu coração pertence exclusivamente àquele que o formou, àquele que morreu para que somente a Ele te apegasses.

(Excertos da obra 'O Divino Amigo', do Pe. José Scrijvers, 1961)