terça-feira, 12 de dezembro de 2017

9 PECADOS VENIAIS QUE DEVEM SER EVITADOS

Não há nada que nos possa dar uma tal certeza de salvação eterna do que uma preocupação constante em evitar o pecado venial, por insignificante que seja, e um zelo definido e geral, que alcance todas as práticas da vida espiritual: zelo na oração e nas relações com Deus; zelo na mortificação e na negação dos apetites; zelo em obedecer e em renunciar à vontade própria; zelo no amor de Deus e do próximo. Para alcançar este zelo e conservá-lo, devemos querer firmemente evitar sempre os pecados veniais, especialmente os seguintes:

1. O pecado de dar entrada no coração de qualquer suspeita não razoável ou de opinião injusta a respeito do próximo. 

2. O pecado de iniciar uma conversa sobre os defeitos de outros ou de faltar à caridade de qualquer outra maneira, mesmo levemente. 

3. O pecado de omitir, por preguiça, as nossas práticas espirituais, ou de as cumprir com negligência voluntária. 

4. O pecado de manter um afeto desregrado por alguém. 

5. O pecado de ter demasiada estima por si próprio ou de mostrar satisfação vã por coisas que nos dizem respeito. 

6. O pecado de receber os santos sacramentos de forma descuidada, com distrações e outras irreverências e sem preparação séria. 

7. Impaciência, ressentimento, recusa em aceitar desapontamentos como vindo da Mão de Deus; porque isto coloca obstáculos no caminho dos decretos e disposições da Divina Providência quanto a nós. 

8. O pecado de nos proporcionarmos uma ocasião que possa, mesmo remotamente, manchar uma situação imaculada de santa pureza. 

9. O pecado de esconder propositadamente as nossas más inclinações, fraquezas e mortificações de quem devia saber delas, querendo seguir o caminho da virtude de acordo com os caprichos individuais e não segundo a direção da obediência.

(Santo Antônio Maria Claret)

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

VERSUS: OS DEZ MANDAMENTOS DO 'CATÓLICO MANCO'

1. O 'católico manco' adora dizer que Deus é só Bondade e Misericórdia e que, assim, se a gente fizer um pouquinho, todos seremos salvos.


👉 Deus é Bondade, Misericórdia e Justiça. A salvação é uma consequência de vidas santas e consagradas a Deus, em tudo, para com todos, o tempo todo.

'Quero ser santo, pois se eu não conseguir a santidade, nada terei feito neste mundo' (São Domingos Sávio).

*********

2. O 'católico manco' acredita piamente que o ecumenismo é um projeto abençoado por Deus e que a 'unidade' dos cristãos é o que realmente importa.


👉 Fora da Igreja Católica não há salvação.

'Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no reino dos céus' (Mt 7, 21).

*********

3. O 'católico manco' tem o hábito irrestrito de dizer que quem morreu 'foi descansar' e que agora 'está em lugar melhor do que os que aqui ficaram'.


👉 O número dos que se salvam é pequeno e a porta é estreita. 

'O fato de apenas oito pessoas se salvarem na Arca significa que muito poucos cristãos são salvos, porque são muitos poucos os que realmente renunciam ao mundo' (Santo Agostinho).

*********

4.  O 'católico manco' tem uma visão bastante tolerante do mal; na verdade, o mal existe e deve ser combatido, mas nem tudo é tão ruim como a Igreja acredita que seja.


👉 O mal não tem concessões; qualquer pecado, ainda que venial, é uma afronta à Bondade Infinita de Deus.

'O salário do pecado é a morte' (Rm 6, 23).

*********

5.  O 'católico manco' acredita que os cristãos não precisam falar ou pensar no inferno, porque o inferno não é para os católicos ou cristãos, mas somente para os ateus convictos e os incrédulos impenitentes.

 
👉 Em Fátima, para mostrar a gravidade dos pecados e a realidade terrível do inferno, Nossa Senhora mostrou o inferno a três crianças... 

'Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem' (Das orações de Fátima).

*********

6.  O 'católico manco' acha que a Igreja é uma instituição que deve sempre buscar se adaptar ao mundo presente para ser moderna e eficaz.


👉 O próprio Jesus nos alertou para não se mudar sequer um til das Suas palavras.

'Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo não há nele o amor do Pai, porque tudo o que há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida, e isto não vem do Pai, mas do mundo. Ora o mundo passa, e a sua concupiscência com ele, mas o que faz a vontade de Deus permanece eternamente' (1 Jo, II, 15-17).

*********

7.  O 'católico manco' é extremamente sensível às novidades e às variações doutrinárias e litúrgicas, porque assim consideram sua participação na Igreja mais operante e proativa. 


👉 A Igreja possui uma única doutrina, um único Credo, a profissão de uma única fé recebida dos Apóstolos; a Igreja é universal e a liturgia deve demonstrar essa universalidade da fé católica.

'Cuidai, pois, irmãos, em andar com prudência; não como insensatos, mas como circunspectos, recobrando o tempo, pois que os dias são maus. Portanto não sejais imprudentes, mas considerai qual é a vontade de Deus' (Ef 5, 15 - 17).

*********

8.  O 'católico manco' não tem posição pré-definida ou fechada sobre muitos princípios, dogmas e doutrinas defendidas pela Igreja Católica tradicional.


👉 É por isso que não passa de um 'católico manco'.

'Procurai a limpeza de consciência e humildade, desprezo de todas as coisas do mundo e fé inabalável no que ensina a santa Madre Igreja' (Santa Teresa de Ávila).

*********

9.  O 'católico manco' nunca leu os grandes Padres da Igreja ou as obras clássicas do catolicismo, mas se apega a quaisquer leituras de cunho religioso, muitas vezes tomando-as como verdade absoluta e sem quaisquer contestações, porque soam agradáveis ou lógicas. 


👉 Amar implica conhecer; não pode amar a Igreja Católica e a Cristo quem não conhece profundamente a Cristo e a sua Igreja.  

'Seja firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem' (Tt 1,9).

*********

10. O 'católico manco' tem como único dogma absoluto o relativismo.


👉 Definitivamente Deus não ama as almas tíbias.

'Estas almas ferem mais dolorosamente o meu Coração. Foi da alma tíbia que a Minha Alma sentiu repugnância no Horto' (Revelações de Jesus a Santa Faustina Kowalska)

domingo, 10 de dezembro de 2017

TEMPO DE CONVERSÃO

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Advento
Neste segundo domingo do Advento, a Igreja, à espera do Senhor Que Vem, celebra, após um primeiro tempo de vigilância, o tempo de conversão, mediante a proclamação na história dos tempos de dois grandes profetas das revelações messiânicas: Isaías e João Batista. 

Isaías é o profeta messiânico por excelência, o precursor dos evangelistas. É Isaías quem declara que Jesus será da estirpe de Davi, é Isaías quem profetiza o nascimento de Cristo através de uma virgem, são de Isaías as profecias sobre a Paixão e Morte do Senhor, sobre a Santa Igreja de Deus e sobre a pregação de João Batista. É Isaías que anuncia a libertação dos judeus do exílio na Babilônia: 'Consolai o meu povo, consolai-o, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida' (Is 40, 1-2). Esta manifestação profética, entretanto, extrapola os limites da Antiga Aliança e assume um caráter messiânico: pela conversão, o homem do pecado há de se tornar digno de contemplar a própria glória de Deus. 

E eis que surge então outro profeta, o maior de todos, maior que Isaías, Moisés ou Abraão, aquele que foi aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11), que vai fazer o anúncio definitivo da chegada do Messias ao mundo: 'Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias' (Mc 1, 7). Como precursor imediato e direto do Messias e arauto desta revelação divina ao povo judeu, João vai se autoproclamar como 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo. 

E o deserto de hoje não é ainda mais árido, muitíssimo mais árido, do que nos tempos do Profeta João Batista? O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. A Igreja de Cristo não se pode sustentar sobre as areias frouxas do deserto das almas tíbias, do ateísmo e da indiferença religiosa. Eis, portanto, a imperiosa necessidade de tempos de conversão. E, nesse sentido, João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida, agora como arauto do Senhor da Segunda Vinda: 'Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo' (Mc 1, 8).

sábado, 9 de dezembro de 2017

FÁTIMA EM FATOS E FOTOS (XVII)

81. Como se deu a saída de Lúcia de Aljustrel?

Dom José Alves Correia da Silva, então bispo de Leiria, em reunião realizada com Lúcia e a sua mãe em 13 de junho de 1921, convidou a menina a sair de Aljustrel e se transferir para a cidade do Porto, para estudar no Colégio das Irmãs Doroteias. A solicitação encontrou grande acolhida tanto pela menina como pela sua mãe, tanto pela oportunidade de estudo oferecida como pela possibilidade concreta de se isolar a vidente da enorme exposição às caravanas cada vez mais numerosas de romeiros que chegavam a Fátima. 

Dois pedidos lhe fez o bispo, que ela atendeu prontamente: não dizer a ninguém para onde estava indo e, no colégio, não dizer a ninguém que era a vidente de Fátima e nem falar sobre as aparições. Quatro dias depois, em 17 de junho de 1921, Lúcia dos Santos deixou Aljustrel em direção à Leiria, onde tomou o trem para a cidade do Porto. Estava com 14 anos, era e tinha feições de uma camponesa rude, com sobrancelhas espessas e lábios grossos, tímida e com um certo ar de alheamento, o que não a tornava uma pessoa particularmente carismática. 


82. Como foi a vida de Lúcia no Colégio de Santa Doroteia?

Lúcia passou cerca de quatro anos no Asilo do Vilar, como era conhecido o Asilo das Irmãs de Santa Doroteia, no Vilar, subúrbio do Porto. No completo escondimento do mundo e no anonimato de suas colegas, viveu lá desde o primeiro momento como 'Maria das Dores', procedente de 'perto de Lisboa'. Ali dedicou-se à rotina intensa de uma aluna interna de um colégio de freiras: estudos, missa matinal, trabalhos manuais, oração. Ali se dedicou às atividades de costura, bordado, datilografia, serviços de cozinha e no refeitório, limpeza e passeios pelos jardins. Ali entrou como uma camponesa rude e saiu como uma moça prendada e de boas maneiras. Ali se entregou à oração, à consagração a Nossa Senhora e à generosa missão de servir a todos. Depois de cinco anos, estava pronta para assumir em definitivo a sua vocação como religiosa. Inicialmente, pensou ingressar na Ordem do Carmelo, mas a madre superiora a instigou a ser religiosa na própria instituição das Irmãs de Santa Doroteia, o que aceitou prontamente sendo, então, aceita como postulante no Convento de Tuy, em Pontevedra / Espanha, perto da fronteira com Portugal.

83. Como foi a vida de Lúcia no Convento de Tuy?

Lúcia ingressou no Convento de Tuy em 1925 e, em novembro do ano seguinte, tornou-se noviça. Em 3 de novembro de 1928, fez os primeiros votos como irmã leiga e, somente seis anos mais tarde, em 3 de outubro de 1934, pronunciou os votos perpétuos que a tornaram Irmã Maria Lúcia das Dores das Irmãs de Santa Doroteia. A mãe e duas irmãs, a quem não via então há anos, vieram de Aljustrel para assistir a cerimônia. Em Tuy, a Irmã Maria Lúcia das Dores vai permanecer até 1946, vivendo uma vida de clausura e de oração, sem quaisquer privilégios ou liberdades, como qualquer outra religiosa conventual. Retornou a Portugal em 1946 e, em março de 1948, depois de receber uma autorização especial do papa para se libertar de seus votos perpétuos, entrou no convento carmelita de Santa Teresa em Coimbra, onde viveu até a sua morte.

(Convento das Doroteias em Tuy e Carmelo de Coimbra)

84. Como e por que Lúcia escreveu as suas Memórias?

Desde 1922, o bispo de Leiria Dom José Alves Correia da Silva criara a Comissão Especial para estudar os eventos de Fátima, os quais considerava, cada vez com maior ênfase e reconhecimento, como autênticos, tanto que presidiu os eventos comemorativos das aparições já em 1927. Em 1930, fez reconhecer oficialmente a devoção e o culto a Nossa Senhora de Fátima pela provisão 'A Divina Providência' e, no ano seguinte, realizou a consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, com a adesão de todo o episcopado português. 

A revelação do rosto incorrupto de Jacinta, quando da  transladação dos seus restos mortais de Ourém para Fátima em setembro de 1935, foi o fato que deu origem às chamadas  'Memórias da Irmã Lúcia', escritos registrados pela vidente com caligrafia singular em vários cadernos pautados comuns. 


Com efeito, nesta ocasião, Dom José enviou algumas fotos para Lúcia em Pontevedra. Agradecendo o gesto do bispo, Lúcia lhe remete uma carta que inclui algumas recordações da prima. Estas observações deram ensejo ao que o bispo a intimasse a escrever, então, tudo o mais que ela pudesse recordar de Jacinta, o que deu origem à chamada 'Primeira Memória'. A Primeira Memória foi escrita em dezembro de 1935 e constitui basicamente uma transcrição geral das recordações de Lúcia sobre fatos e palavras de sua prima Jacinta Marto. A partir do conhecimento e da divulgação deste primeiro texto, ficou claro que Lúcia poderia dar um testemunho muito mais completo e abrangente dos extraordinários eventos de Fátima ocorridos em 1917 e, neste propósito, foi instada pelo bispo a escrever mais detalhadamente sobre estes fatos.


A Segunda Memória foi escrita na forma de um documento de 38 folhas, escritas em frente e verso, em apenas 14 dias, entre 7 e 21 de novembro de 1937 e que gerou muitas expectativas e rediscussões sobre os eventos ocorridos. Isto porque  nesta Memória, os temas foram surpreendentes: as aparições do Anjo da Paz, o relato das graças extraordinárias na sua primeira comunhão, as aparições do Coração Imaculado de Maria em junho de 1917 e muitas outras circunstâncias que eram absolutamente inéditas até então. 

(Jacinta do Pe. José Galamba de Oliveira: edição de 1938, 90p. e edição de 1943, 220p.)

Em 26 de julho de 1941, o Bispo de Leiria escreve a Lúcia anunciando-lhe que o Pe. José Galamba de Oliveira (considerado hoje um dos escritores mais importantes da história de Fátima) estava escrevendo uma nova edição do livro sobre Jacinta e pede, então, que ela registre tudo o mais que possa lembrar sobre a prima, de modo a ser incluído no livro. O texto de resposta de Lúcia deu origem à chamada Terceira Memória, escrita quase que integralmente em agosto de 1941 e que incorpora muitos detalhes adicionais sobre a vida de Jacinta (objetivo preliminar do texto), mas que inclui também a extraordinária revelação das duas primeiras partes do Segredo, incluindo a edição de um capítulo sobre o inferno e de outro capítulo dedicado ao Imaculado Coração de Maria. Estas novas revelações indicaram a necessidade urgente de um relato muito mais completo e mais detalhado de Lúcia sobre os eventos ocorridos em Fátima em 1917, o que veio a constituir o texto da chamada Quarta Memória.

A Quarta Memória constitui o documento mais extenso de todos e foi escrita, sempre na estrita obediência às solicitações do Bispo de Leiria, para responder a um contingente de quesitos muito mais abrangente: recordações de Lúcia sobre Francisco, tal como pedido previamente para Jacinta; mais recordações de Jacinta; as aparições do Anjo da Paz; um relato completo das aparições de Nossa Senhora e ainda questões diversas. Com notável esforço e limpidez admirável, Lúcia trata de todas essas questões no longo texto, compilado em dois cadernos que foram enviados ao bispo em 25 de novembro e em 8 de dezembro de 1941. A única parte explicitamente não revelada nesta Memória trata da terceira parte do Segredo.

85. Como foram os anos finais de Lúcia no Carmelo de Coimbra?

Mais de duas décadas depois da estadia na Espanha, em 24 de março de 1948, Lúcia ingressou no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, tomando então o nome de Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, fazendo os votos perpétuos em 31 de maio de 1949. No Carmelo de Coimbra entrou com a idade de 40 anos, após a reestruturação das ordens religiosas, tendo ajudado na recuperação de toda a estrutura local, que teve de ser adaptada por se tratar previamente de um quartel. Ali, em clausura quase que absoluta, viveu os mais de 50 anos finais da sua longa vida.


No Carmelo de Coimbra, viveu como uma mulher adulta e consciente, que cumpria rigorosamente as funções do convento, como qualquer uma das outras religiosas. Como atividade adicional e bem distinta das demais religiosas. Lúcia escrevia (e recebia) cartas para o mundo inteiro (este acervo é estimado atualmente em 11.000 cartas). Sabia ler espanhol e italiano e as cartas em outras línguas lhe eram previamente traduzidas. Visitas só eram possíveis mediante autorização expressa por parte do Vaticano. Durante todo este período em Coimbra, somente voltou a Fátima por ocasião de quatro visitas papais, a última delas para participar da cerimônia de beatificação de seus primos Francisco e Jacinta, realizada pelo Papa João Paulo II em 13 de maio de 2000. Nos últimos anos, com a saúde muito debilitada, ficou praticamente reclusa e, depois, prostrada na cama. Morreu em 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade.  

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

GLÓRIAS DE MARIA: IMACULADA CONCEIÇÃO


'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.

(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)

Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição. Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer  pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.

A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez).

O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. A confirmação do dogma, a partir de manifestações que remontam os primeiros Padres da Igreja, foi ratificada muitas vezes pela própria Mãe de Deus, em várias aparições:

'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!' foi a mensagem que Nossa Senhora pediu que fosse inscrita na Medalha Milagrosa,  mediante recomendação expressa a Santa Catarina Labouré em 1830 (24 anos antes da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Eu sou a Imaculada Conceição!' assim Nossa Senhora se apresenta à pequena vidente Bernadette Soubirous em Lourdes, no dia 25 de março de 1858 (apenas 4 anos depois da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!mensagem de Nossa Senhora em Fátima sobre a devoção ao seu Coração Imaculado.

Excertos da Bula INEFFABILIS DEUS de Pio IX
                       Pio IX
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
Escolha da Santíssima Mãe

2. Em vista disso, desde todos os tempos, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho, na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado. E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complacência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade, mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito.

Com efeito, era conveniente que tão venerável Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando, assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15). E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo. Deu-Lho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, também, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe. Ela é, enfim, a criatura de quem o Espírito Santo quis que o Filho, do qual procede, fosse concebido e nascido por obra sua. [...]
Pedidos para a Definição

33. Aqui a razão por que, desde os tempos remotos, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ordens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervorosos memoriais à Sé Apostólica, em prol da definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogma da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram-se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à atenção de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa memória, e a Nós mesmo, não só por bispos, mas também pelo clero secular, comunidades religiosas, por legisladores de nações e pelos fiéis. [...]
O Consistório

39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conveniente e reto, a exemplo de Nossos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a Nossos Irmãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a maior alegria espiritual ao ouvi-los suplicarem promulgássemos a definição do dogma da Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus.

40. Por isso, tendo plena confiança no Senhor de que já chegou o tempo oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Mãe de Deus, que as Divinas Escrituras, a veneranda Tradição, o desejo incessante da Igreja, o singular consentimento dos Bispos católicos e dos fiéis, e os atos e constituições assinalados dos Nossos antecessores ilustram e proclamam; havendo considerado diligentemente todos os acontecimentos e tendo dirigido a Deus solícitas e sinceras preces, Nós  julgamos não devermos fazer tardar por mais tempo a ratificação e definição, por Nossa autoridade suprema, da Imaculada Conceição da Virgem, satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho.
A Definição Infalível

41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo. Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invocamos o Paráclito. Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.

42. Em conseqüência, se alguém ousar – o que Deus não permita – pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto  incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabelecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por  outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima.
Frutos da Imaculada Medianeira

43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmagou a cabeça envenenada do mais cruel dragão, trazendo ao mundo a salvação; Ela é a glória dos Profetas e dos Apóstolos, a honra dos Mártires, a coroa e delícia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amparo de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo. Ela é a suma glória e ornamento, a fortaleza inexpugnável da Santa Igreja. Pois Ela destruiu todas as heresias e livrou os povos e nações fiéis de todas as calamidades gravíssimas. Também a Nós livrou-Nos de tantos perigos que nos assediavam. Temos, pois, confiança e esperança absolutas e totais de que a Bem-aventurada Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, fará com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erros dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa florescer, sempre mais, entre todas as nações e povos e possa espalhar seu reino “de mar a mar, do rio até aos confins da terra” (Sl 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade. Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanho e um só pastor.

44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras. Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confiança a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[...]
Publicação da Definição

45. Para que, finalmente, esta Nossa definição da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.

Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de Dezembro do ano de 1854 da Encarnação de Nosso Senhor, 9º ano de Nosso Pontificado.




    Pio IX, PAPA

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

NOSSA SENHORA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

Como obra prima do Pai, moldada em oração,
ornada por Deus de privilégio substancial,
Maria foi criatura plena de imaculada conceição,
nascida isenta do pecado original.

Entre as luzes de tantas glórias de Maria,
sua imaculada conceição muito ilumina: 
como refúgio seguro ao pecado e à heresia,
como graça e louvor da inspiração divina!

Senhora minha, 
Nossa Senhora da Imaculada Conceição; 
Salve Rainha, 
velai por nós com maternal proteção!







quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (III)

XII

DO MUNDO CORPORAL - A CRIAÇÃO E A OBRA DOS SEIS DIAS

Qual é a segunda categoria dos seres criados por Deus?
A segunda categoria está formada pelo mundo corpóreo.

Criou Deus também o conjunto dos seres materiais?
Sim, Senhor (LXV, 5)*.

Criou por si, e imediatamente, a terra com todas as suas maravilhas, o mar e tudo o que misteriosamente nele se contém, o céu, a lua e as estrelas?
Sim, Senhor.

Quando criou Deus o mundo corporal?
No princípio dos seres, ao mesmo tempo que criava o mundo dos espíritos (LXVI, 3; LXVI, 4).

Criou Deus o mundo instantânea ou sucessivamente?
A Criação, quer se trate da matéria, quer do espírito, é instantânea (Ibid.).

Formou Deus o mundo, desde o princípio, tal como hoje o vemos?
Não, Senhor (LXVI, 1).

Em que estado o criou?
No estado caótico.

Que entendeis, ao dizer que Deus criou o mundo em estado caótico?
Que Deus criou primeiramente os elementos ou materiais com que havia de construí-lo na forma e estado que agora tem (LXVI, 1, 2),

Quem ordenou e compôs aqueles primeiros elementos e deu ao mundo corpóreo a sua forma atual?
Deus.

Rematou Deus a sua obra de uma só vez?
Não, Senhor, mas mediante intervenções sucessivas.

Quantas vezes interveio até dar ao mundo a forma definitiva?
Seis vezes.

Que nome têm aquelas seis intervenções?
Conhecem-se com o nome de 'os seis dias da criação' (LXVII, 1,2).

Que fez Deus no primeiro dia?
No primeiro dia fez a luz (LXVII, 4).

E no segundo?
Fez o Firmamento (LXVII, 4).

E no terceiro?
Separou os mares dos continentes e produziu as plantas (LXIX).

Que fez no quarto?
O sol, a lua e as estrelas (LXX, 1).

E no quinto?
As aves e os peixes (LXXI).

E no sexto?
Produziu os animais terrestres e criou o homem (LXXII).

Como sabemos que Deus criou o mundo na ordem predita?
Porque Ele mesmo nos revelou.

Donde consta o testemunho divino no que se refere à Criação do mundo e à disposição que agora tem?
Do primeiro capítulo do Gênesis que é, por sua vez, o primeiro da Sagrada Escritura.

Existem conflitos entre a ciência e o primeiro capítulo do Gênesis?
A verdadeira ciência sempre estará de acordo com o primeiro capitulo do Gênesis.

Por que?
Porque a verdadeira ciência vê as coisas como elas são e ninguém as conhece melhor como são, do que o mesmo Deus que as criou e que no primeiro capitulo do Gênesis nos revelou como as fez.

É, por conseguinte, impossível que haja contradição entre o relato da Escritura e os descobrimentos científicos, no que se refere à Criação do mundo?
Não há contradição e não a haverá jamais (LXVII, LXXIV).

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular).