segunda-feira, 23 de outubro de 2017

domingo, 22 de outubro de 2017

'DAI A DEUS O QUE É DE DEUS'

Páginas do Evangelho - Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum


Os fariseus encontravam-se plasmados em fúria; Jesus lhes dera a conhecer a dureza dos seus corações por meio de diversas parábolas. Tramavam a morte do Senhor, mas não a ousavam praticar de pronto temendo a perda de controle da situação e a insubmissão do povo. Era preciso criar subterfúgios, angariar apoio com encenações hipócritas, mentir e difamar, submeter Jesus a ciladas constrangedoras. Era preciso fazer a perfídia humana assumir a dimensão diabólica de um deicídio.

As velhas serpentes mandam alguns dos seus próprios discípulos e outros tantos coligados a Herodes para, com uma questão aparentemente proposta na forma de um dilema de consequências desastrosas, imporem a Jesus uma prova definitiva de condenação pública e explícita. Depois das adulações fraudulentas - 'Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus... (Mt 22, 16), questionam Jesus se seria lícito ou não pagar o tributo imposto pelo governo romano. Em caso de uma resposta afirmativa, seria um declarado manifesto de submissão ao domínio de Roma; em caso negativo, Jesus seria o potencial mentor de uma sublevação.

Percebendo a malícia diabólica daqueles homens, Jesus os revela publicamente como hipócritas e, tomando nas mãos uma moeda cunhada com a efígie do imperador romano e, em resposta à declaração pública de que a figura e a inscrição presentes na mesma referem-se a César, responde: 'Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus' (Mt 22, 21). Em outros termos, Jesus declara à turba ensandecida dos fariseus: as obras humanas são necessárias, boas em si e devem ser feitas de acordo e ajustadas às circunstâncias e valores do mundo; as obras humanas inseridas na vida plena com Deus, entretanto, tornam-se instrumentos de graças e de salvação eterna.

Na moeda romana, convergem a figura de um homem e o valor de uma dada atividade humana. No espelho da alma, reflete-se em nós a própria imagem de Deus. Possuir e conviver com as coisas do mundo e delas se ocupar no cotidiano de nossas vidas, é vida que segue, é o suor do trabalho de nossa herança adâmica. Buscar as coisas do Alto, e projetar todas as nossas ações e pensamentos para a suprema glória divina, é o triunfo de nossa herança como filhos de Deus. No mundo ou passando pelo mundo, o livre arbítrio nos conduz a vivermos para César ou para Deus.

sábado, 21 de outubro de 2017

PARA QUEM QUISER A SANTIDADE

Sumário. Quem quiser ser santo, deve desprender-se das criaturas, vencer as paixões, vencer-se a si próprio, amar as cruzes e sofrer muito. Ora, o santo desejo, ao passo que nos dá força para praticar tudo isso, torna-nos a pena mais leve. Pode-se dizer que já é quase vencedor quem possui um grande desejo de vencer. Irmão meu, lança um olhar sobre a tua alma, vê se tens grande desejo da perfeição, e roga a Jesus e Maria que o façam sempre mais crescer em ti.

I. Nenhum santo alcançou a perfeição sem um grande desejo de chegar à santidade. Assim como os pássaros precisam de asas para voar, assim às almas são necessários os santos desejos para caminharem à perfeição. Quem quer ser santo deve desprender-se das criaturas, vencer as paixões, vencer-se a si próprio, amar as cruzes, e para fazer tudo isso, requer-se grande força e é mister sofrer muito. 

Ora, o que faz o santo desejo? Responde São Lourenço Justiniano: 'Subministra forças e faz julgar a pena mais leve'. Razão porque o mesmo santo acrescenta que já é quase vencedor quem possui grande desejo de vencer: Magna victoriae pars est vincendi desiderium. Quem pretende subir ao cume de um alto monte, nunca chegará ali sem um grande desejo de chegar. Este dar-lhe-á coragem e força para aguentar as fadigas da subida; sem ele ficará prostrado na encosta desgostoso e desanimado.

São Bernardo afirma que cada um progredirá na perfeição à proporção do desejo que tiver. E Santa Teresa diz que Deus ama as almas generosas que têm grandes desejos. Por isso a santa dava a todos esta exortação: 'Os nossos pensamentos devem ser grandes, porque deles virá o nosso bem. Não convém abaixar os desejos, mas confiar em Deus, que, esforçando-nos, pouco a pouco poderemos chegar até aonde, com a divina graça, chegaram os santos'. 

É assim que os santos em breve tempo atingiram um alto grau de perfeição e fizeram grandes coisas para Deus: Consummatus in brevi, explevit tempora multa – Tendo vivido pouco tempo, encheu a carreira de uma larga vida. Assim São Luiz de Gonzaga chegou em poucos anos a tão alto grau de santidade, que Santa Maria Magdalena de Pazzi, vendo-o num êxtase, no paraíso, disse se lhe afigurava de certo modo que não havia no céu outro santo que gozasse de mais glória do que São Luiz. Ao mesmo tempo a santa compreendeu que São Luiz subiu tão alto pelo grande desejo de amar a Deus tanto como o merece, e que o jovem santo, vendo que nunca poderia chegar a este ponto, sofreu na terra um martírio de amor.

II. São Bernardo, sendo já religioso, para afervorar-se, costumava perguntar a si mesmo: Bernardo, para que vieste? – Bernarde, ad quid venisti? A mesma pergunta te dirijo a ti: 'Que vieste fazer na casa de Deus? Para que deixaste o mundo? Para te fazeres santo?E agora que fazes? Para que perdes o tempo? Dize-me: desejas fazer-te santo? Se não o desejas, é certo que nunca o serás. Se não tens este desejo, pede-o a Jesus Cristo, pede-o a Maria'. E se o tens, reveste-te de coragem, diz o mesmo São Bernardo, porque muitos não se fazem santos por falta de coragem. Para que temeremos? De quem deveremos desconfiar? O mesmo Senhor que nos deu força para deixarmos o mundo, dar-nos-á também força para abraçarmos uma vida santa.

Eis-me aqui, meu Deus, eis-me aqui pronto para executar quanto de mim quiserdes. Domine, quid me vis facere? – Senhor, que quereis que eu faça? Dizei-me, Senhor, o que de mim desejais, que em tudo Vos quero obedecer. Sinto ter perdido tanto tempo em que podia agradar-Vos e não o fiz. Agradeço-Vos que ainda me dais tempo para fazê-lo. Não o quero mais perder. Quero e desejo ser santo; não para receber de Vós mais glória, ou gozar mais: quero ser santo para mais Vos amar e dar-Vos mais gosto nesta vida e na outra. 

Fazei, Senhor, que eu Vos ame e Vos compraza quanto Vós o desejais. Eis tudo o que Vos peço, ó meu Deus: quero amar-Vos, quero amar-Vos, e para Vos amar ofereço-me a sofrer qualquer desgosto, qualquer enfermidade, qualquer pena. Senhor meu, aumentai sempre em mim este desejo e dai-me a graça de o por em obra, por mim mesmo nada posso; mas ajudado por Vós posso tudo. Ó Eterno Pai, por amor de Jesus Cristo, atendei-me. Jesus meu, pelos méritos da vossa Paixão, socorrei-me. Maria, minha esperança, por amor de Jesus, protegei-me. 

(Excertos da obra 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I de Santo Afonso Maria de Ligório)

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

PADRE PIO E AS VOZES MISTERIOSAS

Durante a Primeira Guerra Mundial, a porta principal do monastério de Nossa Senhora das Graças era mantida fechada todas as noites, depois do toque da hora do Angelus. Uma barra de ferro era colocada na porta e o monastério ficava protegido contra estranhos.

Uma certa noite, o Superior do monastério, o Padre Raffaele, foi perturbado por vozes que gritavam em coro: 'Viva o Padre Pio,! Viva o Padre Pio! Viva o Padre Pio!' Descontente com aquela presença de intrusos, comunicou imediatamente ao porteiro, o irmão Gerardo, que pessoas estranhas haviam adentrado ao monastério, mesmo após as portas já fechadas. Ordenou ao irmão que fosse até elas, e as intimassem peremptoriamente a sair do local.

Assim o fez o Irmão Gerardo e, descendo ao pátio, encontrou as portas cerradas e nenhuma pessoa no interior do monastério  - 'Não há ninguém e as portas estão fechadas'. O Padre Raffaele ficou perplexo porque tinha ouvido não uma, mas várias vozes em uníssono, em claro e bom som, saudando o padre Pio: 'Viva o Padre Pio,! Viva o Padre Pio! Viva o Padre Pio!'

Ciente também que no Monastério de Nossa Senhora das Graças ocorriam diversos fatos bem incomuns e que estes fatos estavam sempre associados à pessoa do Padre Pio. O Padre Raffaele havia vivido com o Padre Pio o tempo suficiente para saber que ele vivia em uma realidade sobrenatural. Sobre ele, um dos capuchinos dizia - 'Padre Pio vive com um pé na terra e outro no céu'. Resolveu, assim, procurar o Padre Pio na manhã seguinte para discutir o assunto.

Na manhã seguinte, Padre Raffaele questionou o Padre Pio sobre as misteriosas vozes que tinha ouvido na noite anterior. - 'Todas as portas estavam fechadas e eu tive certeza de que algumas pessoas haviam entrado no monastério e gritavam: 'Viva o Padre Pio! Viva o Padre Pio! Viva o Padre Pio!' Mas quando o irmão Gerardo desceu as escadas para colocar essas pessoas para fora, não encontrou ninguém. Você pode me explicar o que pode ter acontecido?'

Padre Pio respondeu candidamente: 'Eram as almas dos soldados falecidos que haviam subido a colina e vindo ao monastério para agradecer as minhas orações. Há mais almas de mortos que de vivos que sobem a colina do monastério para pedir as minhas orações'.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

PROFECIAS DE SANTO ÂNGELO DA SICÍLIA



Profecia de Santo Ângelo da Sicília ou de Jerusalém (1185-1220)

O santo pediu ao Senhor que tivesse piedade da Igreja e livrasse Jerusalém dos seus inimigos. O Senhor contestou:

Quando meu povo conhecer seus próprios erros e contrito fizer penitência de seus pecados, abraçar a justiça e perseverar nela, virá aquele que deve livrar a cidade santa, que estabelecerá a paz nas nações e que será o consolo dos justos.

E quem será este homem - perguntou Ângelo - que deve libertar vossa cidade?

O Senhor respondeu benignamente:

Virá um Rei da antiga gente e da estirpe da França, insigne por sua piedade para com Deus, o qual será bem acolhido e amado por todos os príncipes cristãos que professam a fé ortodoxa.

Seu poder aumentará por mar e por terra: ajudará a Igreja para que recupere, seus mais indispensáveis pertences já quase todos perdidos, e unido ao Romano Pontífice, fará que a Cristandade seja purgada de seus erros, e restituirá a Igreja àquele estado no qual os bons sempre desejaram vê-la. 

Ele reunirá exércitos e os mandará aonde for necessário: grande multidão de gente armada o seguirá: e aqueles que nestes combates derramarão seu sangue em honra de meu nome terão glória e prêmio eterno. Este monarca também, havendo reunido uma poderosa frota, passará o mar e livrará a cidade santa de Jerusalém, restabelecerá meu culto e reedificará as Igrejas destruídas.

Dito isso, o Senhor desapareceu.

'Excertos da obra 'Las profecias en relacion al estado actual y al destino futuro del mundo, sobre el fin de la revolución, imperio del gran monarca e triunfos de la iglesia catolica', cap. XXVII, p. 117 - 118).

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

16 DE OUTUBRO - SANTA MARGARIDA ALACOQUE


A esta humilde religiosa da Visitação, Jesus Cristo delegou a missão de difundir ao mundo a Devoção ao seu Amantíssimo Coração (1675). Quantas dores e sacrifícios heroicos não custaram a essa pequena serva para cumprir à risca tão profundos desígnios divinos.  No último retiro antes de sua morte, eis as palavras da santa do Coração de Jesus que expressam a beleza singular de sua alma:

'No primeiro dia do retiro, a minha ocupação consistia em pensar donde provinha o meu grande desejo de morrer, pois não é próprio de uma pecadora como eu o desejar comparecer perante o seu Juiz cuja santidade penetra até aos nossos mais íntimos recessos. Como podes, pois, ó minha alma sentir tamanha alegria ao aproximar-se a morte? Tu só pensas em pôr termo ao teu desterro e exultas de gozo ao pensar que em breve sairás da tua prisão. Toma cuidado, porém, para que de uma alegria temporal, filha talvez da ignorância, e da cegueira, não precipites na tristeza eterna e desta prisão mortal e passageira não caias naquele cárcere eterno, onde se extingue a esperança. Deixemos, pois, ó minha alma, esta alegria e este desejo de morrer às almas santas e fervorosas, para as quais estão reservadas as grandes recompensas. Pensemos qual não seria a nossa sorte, se não fora a bondade de Deus para conosco ainda maior que a sua justiça. As nossas obras nenhuma outra coisa nos deixam esperar senão castigos. Poderás tu, ó minha alma, suportar eternamente a ausência d'Aquele cuja presença te causa tantas consolações e cuja privação te faz sentir tão cruéis tormentos? Meu Deus, como são difíceis essas contas! Na impossibilidade de as fazer eu mesma, volto-me para Vós que sois o meu adorável Mestre. Confio-Lhe todos os pontos sobre que devo ser julgada: as nossas regras, as nossas constituições, a nossa direção'.

'Depois de Lhe haver confiado todos os meus interesses, experimentei uma paz admirável. Jesus conservou-me muito tempo aos seus pés, como que abismada na minha nulidade, à espera da sentença que pronunciará sobre esta sua miserável criatura.'

'Sinto-me incapaz de solver as minhas dívidas; bem o vedes Vós, ó meu Divino Mestre. Ponde-me na prisão; aí ficarei contente, contanto que seja no vosso Divino Coração; e quando nEle me tiverdes encerrado, apertai-me bem com as correntes do vosso amor e conservai-me assim enquanto eu não vos pagar tudo o que vos devo; e como nunca o poderei fazer, não me solteis jamais'.