domingo, 30 de julho de 2017

O REINO DE DEUS (II)

Páginas do Evangelho - Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum


No Evangelho deste Domingo, contemplamos ainda os ensinamentos de Jesus sobre o verdadeiro sentido do Reino de Deus, por meio de parábolas manifestadas à multidão reunida à sua volta, às margens do mar da Galileia. Nesta temática comum a todo o Capítulo 13 do Evangelho de São Mateus, Jesus já lhes havia dado a conhecer a natureza do Reino por meio das parábolas do campo semeado de trigo e de joio, da semente de mostarda e da porção de fermento. Na continuação de sua pregação, Jesus lhes fala do Reino dos Céus por meio de outras três parábolas. 

'O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo' (Mt, 13, 44). Eis a verdadeira riqueza deste mundo: buscar, no anonimato e no escondimento aos rumores e apelos mundanos, a vida da graça em plenitude, nas obras de uma vida simples, na alegria do autêntico exercício da fé cristã, nos pequenos atos de amor, no cotidiano de uma vida entregue e consagrada à Deus.

'O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola' (Mt 13, 45 - 46). Eis o mesmo tesouro, que tem valor de eternidade, expresso agora como a pérola mais preciosa. Pérola única, especialíssima, pois a Verdade de Deus é única, definitiva, indivisível. Implica, pois, ao homem, buscá-la, empreendendo todos os esforços e persistência em encontrá-la. E, quando a encontra, passa a possuir a própria Verdade de Deus, a maior riqueza deste mundo. 

'O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam' (Mt 13, 47 - 48). A busca da pérola preciosa é possível a todos os homens, e lhes é dado igualmente o 'mapa do tesouro': o caminho de santificação pautado numa vida consagrada à Deus. Mas, como o trigo e o joio, peixes bons e imprestáveis serão ponderados pelos 'pescadores' no dia do Juízo, na definitiva separação dos justos e dos pecadores obstinados. Uns, para o Reino de Deus, que já subsiste nos corações do justos; os outros para a condenação eterna, na fornalha de fogo eterno, onde só 'haverá choro e ranger de dentes' (Mt 13, 50).

sábado, 29 de julho de 2017

FÁTIMA EM FATOS E FOTOS (VIII)

36. Por que Nossa Senhora permitiu a Visão do Inferno às três crianças?

Porque o Primeiro Segredo tinha como foco a salvação pessoal do homem e Nossa Senhora queria comunicar à humanidade pecadora o valor incomensurável da oração, dos sacrifícios e penitências dos Filhos de Deus como instrumentos da graça divina para a reparação dos pecados e escudo contra a perda eterna de milhões de almas: 'Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria'.

A salvação de muitíssimas almas que não se salvariam por si próprias depende das orações e dos sacrifícios dos bons e das penitências dos santos! É preciso rezar, portanto, por aqueles que não rezam; é preciso fazer sacrifícios por aqueles que se perdem nos prazeres do mundo; é preciso fazer penitência como desagravo a tantos pecados cometidos contra os mistérios da graça divina. Nossa Senhora está dizendo: preciso de almas fieis, preciso de santos! Com eles e por meio deles, as graças divinas continuam fluindo pelos abismos do mundo e resgatando muitas almas que poderiam parecer, a princípio, irremediavelmente perdidas. A misericórdia divina é infinita, mas demanda como contrapartida o amor humano: as talhas precisam estar cheias de água para que sejam transformadas em vinho! O preço de uma alma perdida é infinito e a sua perda gera um dano infinito e, por isso, é que o inferno é o Inferno...



37. Como ocorreu a Visão do Inferno para as crianças?

No processo de santificação pessoal, o ser humano é levado a experimentar graças divinas tão excepcionais que abandona completamente os valores do mundo para passar a viver uma vida espiritual plena. Esse estado pode ser o que Santa Teresa de Ávila chamou de 'quarta morada', pode ser a pequena via de Santa Teresa de Lisieux, pode ser a passagem pela 'noite escura dos sentidos' de São João da Cruz. No caso dos três pastorinhos de Fátima, esta 'passagem pela noite escura' foi a Visão do Inferno. Por meio de uma visão ao mesmo tempo tão extraordinária e tão impressionante, as crianças alcançaram a santificação quase que imediata, tornando-se extremamente fervorosas na prática da oração e da penitência, pela salvação dos pecadores.

Trata-se de uma via tão excepcional de santificação que exigiu uma abordagem excepcional. Não seria possível às três crianças (e a qualquer ser humano) ter uma visão direta do Inferno, sem a intercessão divina. As crianças viram o Inferno sob a infusão especialíssima da graça divina e amparados pela presença de Nossa Senhora; com efeito, as três crianças viram o Inferno sob a proteção segura dos reflexos da luz divina que espargiam das mãos abertas de Nossa Senhora. 

Por outro lado, Nossa Senhora já havia assegurado anteriormente às crianças que as levariam para o Céu (na Segunda Aparição), após pedido neste sentido de Lúcia: 'Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu'. – 'Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo'. Sem esta revelação explícita de Nossa Senhora e sem a infusão da luz divina, as crianças teriam simplesmente morrido de pavor diante de uma visão tão espantosa.

38. Quais foram os impactos da Visão do Inferno sobre as crianças?

Os impactos foram tão tremendos que levaram as crianças a partilharem, a partir de então, uma contínua e sistemática prática de penitências e atos de mortificação e a repetirem, até a exaustão, a oração ensinada por Nossa Senhora. Isto é extremamente espantoso ao se levar em conta que estamos falando de três crianças, com idades de 7, 9 e 10 anos! Os testemunhos de Lúcia sobre a ação dos seus primos a este respeito dão uma ideia clara dessa imersão espiritual tremenda das crianças nos mistérios da graça [excertos da obra 'A Verdadeira História de Fátima', do Pe. João de Marchi]:

Numa dada ocasião, cuidando das ovelhas, as crianças sentiram muita sede num dia particularmente quente. Em vez de se queixar, a Jacinta, que tinha apenas 7 anos, parecia feliz. 'Que bom!' – dizia ela – 'Tenho tanta sede! Mas ofereço tudo pela conversão dos pecadores'. Lúcia foi pedir água a uma casa ali perto e voltou com uma jarra. Ofereceu a água em primeiro lugar ao Francisco. que respondeu: 'Não quero beber. Quero oferecer o sacrifício pela conversão dos pecadores'. 'Bebe tu, Jacinta!' ao que a menina respondeu: 'Também quero oferecer este sacrifício pelos pecadores'. Lúcia derramou, então, a água na concavidade de uma pedra para que as ovelhas a bebessem e foi devolver a vasilha à sua dona.

Jacinta sentiu-se então muito fraca e parecia quase a desfalecer. O barulho rítmico das cigarras, dos grilos e das rãs soavam em seus ouvidos como um barulho ensurdecedor. Com a cabecinha dolorida entre as mãos, não se aguentava mais: 'Dói-me tanto a cabeça! Diz aos grilos e às rãs que se calem!' Francisco a interpelou então: 'Não queres sofrer isto pelos pecadores?' A menina foi taxativa na resposta: 'Sim, quero. Deixa-os cantar!' 


A ideia do Inferno e das almas que sofriam no meio do fogo encheu de tal modo a mente da Jacinta que ela se esforçava inutilmente por compreender a causa de tão terrível castigo. E questionava então a prima mais velha: 'Ó Lúcia, que pecados são estes que essa gente faz para ir para o Inferno?' – ''Não sei! Talvez o pecado de não ir à missa aos domingos, de roubar, de dizer palavras feias, rogar pragas, jurar…” – 'E assim, por uma palavra, vão para o Inferno?' – 'Se essa palavra for um grande pecado…' Jacinta ficava então mortificada: 'Que lhes custavam estarem calados e irem à missa? Que pena que eu tenho dos pecadores! Se eu pudesse mostrar-lhes o Inferno!'

39. Qual é a mensagem de Fátima relativa ao Primeiro Segredo para nós cristãos?

Essencialmente, atuarmos no mundo, independentemente de idade, condição ou lugar, como testemunhas fieis do nosso batismo e apostolado cristãos. Milhares de almas estão se perdendo para sempre no Inferno todos os dias, porque não há quem reze ou se sacrifique pela salvação delas. As três crianças, que mal tinham entrado na idade da razão, aprenderam de Nossa Senhora o que podiam fazer neste sentido: ficaram sedentas, fizeram jejum e se empenharam duramente em fazer orações, penitências e sacrifícios pelos pecadores.

Na Primeira Aparição, Nossa Senhora já os havia convocado a este chamado da graça: 'Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?' – 'Sim, queremos' – 'Ide, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto', foi a resposta da Senhora. Este diálogo é a síntese do primeiro Segredo que foi revelado na Terceira Aparição, dirigido às crianças e a todos nós, cristãos. A Mensagem de Fátima nos conclama a responder, tal qual os pastorinhos, a este chamado dos Céus, aqui e agora: 'Quereis oferecer-vos a Deus...?' O que temos feito efetivamente pela salvação das almas?

40. Qual era a situação em Fátima a esta altura dos acontecimentos?

As notícias sobre as aparições já haviam se espalhado pela região e chegado inclusive a nível nacional de divulgação pela grande imprensa. O primeiro jornal a noticiar, em âmbito nacional, os eventos ocorridos na Cova da Iria foi 'O Século', principal diário de Lisboa e fundado em 1881, na edição de 23 de julho de 1917, com um título bastante sarcástico: 'Uma embaixada celestial… especulação financeira?' Esta primeira reportagem consistiu no relato de um correspondente regional que, após mencionar as aparições ocorridas e as opiniões de pessoas presentes em Fátima, concluiu que por trás daquelas manifestações, podia estar 'uma premeditada especulação financeira, cuja fonte de receita existe nas entranhas da serra, em qualquer manancial de águas minerais' [?], recentemente descobertas [Documentação Crítica de Fátima, p. 34]. O jornal 'O Mensageiro' de Leiria, que possuía então apenas dois anos e meio de criação, republicou na íntegra o texto do diário 'O Século', apenas com o título alterado para 'Aparição Miraculosa?', na sua edição de 25 de Julho de 1917.


Assim, particularmente após a aparição de julho, ocorreu um aumento significativo do fluxo de peregrinos e de curiosos para Fátima, oriundos de todas as regiões de Portugal. As consequências imediatas deste estado de coisas foi a promoção de uma mudança completa dos hábitos locais; o grande afluxo de pessoas gerou a necessidade de uma adaptação da infraestrutura local e afetou a paz da região e, muito particularmente, o sossego e o recolhimento das crianças, que eram sempre o alvo da investida de todos e em todas as ocasiões.

A posição da Igreja não era muito diferente então. Com raríssimas exceções, os padres que se deslocavam à Fátima viam as aparições com absoluto ceticismo e muitas vezes até com hostilidade. O próprio Padre Manuel Marques Pereira, pároco de Fátima à época das aparições e que conduzia pessoalmente interrogatórios aos videntes sobre os fatos (por exemplo, os interrogatórios com Lúcia e Jacinta sobre a Terceira Aparição ocorreram no dia 14 de julho de 1917), era ainda bastante incrédulo em relação aos acontecimentos da época. Não muito diferente era a percepção destes fatos pelos pais dos videntes e pelos demais moradores de Aljustrel.

MEDITAÇÕES PARA A SEMANA (SÃO JOÃO BOSCO) - VII

Sábado

O Paraíso

De joelhos, dizei:

'Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por Vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim'.

I. Quanto mais espanta a consideração do Inferno, tanto mais consola a do Paraíso, que foi preparado por Deus para todos os que O amam e O servem na vida presente. Para fazeres uma ideia dele, imagina uma noite serena. Que belo é o céu, com tanta multidão e variedade de estrelas! Umas são maiores que outras; enquanto algumas delas aparecem pelo Oriente, outras desaparecem no Ocidente, sendo muito variadas no que diz respeito ao tamanho, cor, etc.

Mas todas elas se movem, na imensidão do espaço, com admirável harmonia e segundo a vontade de Deus, seu Criador. Imagina ademais que a luz do sol te deixe ver durante um belo dia a lua e as estrelas que há no firmamento; imagina também tudo o que há de precioso no mar, na terra, nos diversos países, nas cidades e nos palácios dos reis e monarcas de todo o mundo; acrescenta a isto as mais finas bebidas, os alimentos mais saborosos, a música mais doce, a harmonia mais suave. Pois tudo isso é nada, comparado com a excelência dos bens e dos gozos do Paraíso! Quanto devemos desejar a posse daquele lugar, onde se gozam todos os bens, sem mescla alguma de mal! A alma bem-aventurada só poderá exclamar: 'Eu me saciarei com a visão da vossa glória' (Sl 16,15).

II. Considera, ademais, a alegria que tua alma sentirá ao entrar no Paraíso. Sairão a recebê-la teus parentes e amigos, e ali verás a nobreza e beleza dos Querubins e Serafins, de todos nos Anjos e de todos os Santos, que em multidão louvam a seu Criador. Verás também os Apóstolos, o imenso número de Mártires, Confessores e Virgens, e ademais uma grande multidão de jovens que se conservaram puros e por isso cantam a Deus um hino de glória inefável. Oh! quanto gozam naquele Reino os bem-aventurados! Estão sempre alegres, pois não padecem o menor sofrimento, nem penas que venham turbar sua paz e contentamento.

III. Observa ademais, filho, que tudo isso não é nada em comparação com o grande consolo que sentirá a alma ao ver a Deus. Ele consola os Bem-aventurados com seu olhar amoroso e derrama em seu coração torrentes de delícias. Assim como o sol ilumina e embeleza todos os objetos aonde chega sua luz, assim Deus ilumina com sua presença todo o Paraíso e cumula seus felizes habitantes com prazeres inexprimíveis.

NEle, como num espelho, verás todas as coisas, gozarás de todos os prazeres da mente e do coração. Quanto, no Monte Tabor, São Pedro viu uma única vez o rosto de Jesus radiante de luz, foi cumulado de tanta doçura, que fora de si exclamou: 'É bom para nós estar aqui!' (Lc 9,33). Que alegria será então o contemplar, não por um instante, mas para sempre, a vista daquela face divina que apaixona os Anjos e os santos, e que embeleza todo o Paraíso!

E a formosura e a amabilidade de Maria, de quanto gozo inundará o coração dos bem-aventurados! 'Como são amáveis as tuas moradas, Senhor Deus dos Exércitos!' (Sl 83,2). Por isso, todos os coros de Anjos e todos os Bem-aventurados cantarão a sua glória, dizendo: 'Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos! A Ele toda a honra e toda a glória, por todos os séculos dos séculos'. Coragem, pois, meu filho! Algo terás que sofrer neste mundo, mas não importa! O prêmio que te espera no Paraíso compensará infinitamente todos os males que tenhas padecido na vida presente.

Que consolo será o teu quando te encontrares no Céu em companhia de parentes e amigos, dos Santos e dos Bem-aventurados, e puderes exclamar: 'Estou salvo e estarei para sempre com o Senhor!' Então bendirás o momento em que deixaste o pecado, em que fizeste uma boa confissão e começaste e frequentar os sacramentos. Bendirás o dia em que, deixando as más companhias, te entregaste à virtude. E, cheio de gratidão, te voltarás a teu Deus e Lhe cantarás louvores e glórias por todos os séculos dos séculos. Assim seja.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

DOCUMENTOS DE FÁTIMA (IV)

Depoimento da Irmã Lúcia ao Padre Fuentes* em 1957:


'Padre, a Santíssima Virgem me disse que nos encontrávamos nos últimos tempos do mundo, e ela deu-me a entender isso por três razões: 

➤ A primeira razão é porque ela me disse que o demônio está operando a batalha decisiva contra a Virgem Maria. E uma batalha decisiva é a batalha final, da qual sairemos vitoriosos ou vencidos. Por isso, daqui em diante, deveremos escolher de que lado ficamos, ou estamos com Deus, ou estamos com o demônio; não há meio termo.

➤ A segunda razão é que ela disse a mim e aos meus primos que Deus está oferecendo os últimos dois remédios para o mundo. Estes são o Santo Rosário e a devoção ao Coração Imaculado de Maria. Estes são os últimos dois remédios, o que significa que não haverá outros.

➤ A terceira razão é porque sempre nos planos da Divina Providência, quando Deus castiga o mundo, Ele esgota antes todos os demais recursos; e quando vê que o mundo não faz caso de nenhum deles, então ― como dizemos no nosso modo imperfeito de falar ― Ele nos oferece com certa trepidação o último meio de salvação, a sua Santíssima Mãe. 

É com certa trepidação porque se desprezamos e rejeitamos este último meio, já não obteremos perdão algum do céu porque teremos cometido um pecado, que o Evangelho chama de pecado contra o Espírito Santo, que consiste em rejeitar abertamente, com todo conhecimento e vontade, a salvação que Ele nos oferece. Recordemos que Jesus Cristo é muito bom Filho e não permite que ofendamos e desprezemos a sua Santíssima Mãe, tendo como testemunho patente vários séculos da história da Igreja que, pelos castigos terríveis sobre aqueles que atacaram a honra da sua Santíssima Mãe, nos indica como o Nosso Senhor tem saído sempre em defesa da honra da sua Santíssima Mãe'.

*Padre Agustín Fuentes, sacerdote mexicano, foi o postulador das causas da beatificação de Francisco e Jacinta Marto e, no propósito desta função, entrevistou a Irmã Lúcia no seu convento em Coimbra, Portugal, em 26 de dezembro de 1957.

(Tradução do texto original, publicado em 'Toute la Vérité sur Fatima', por Fr. Michel de Sainte Trinité, Vol. III)

MEDITAÇÕES PARA A SEMANA (SÃO JOÃO BOSCO) - VI

Sexta-Feira

A Eternidade das Penas

De joelhos, dizei:

'Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por Vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim'.

I. Considera, meu filho, que se caíres no Inferno, dele jamais sairás. Nele se padecem todas as penas, e todas elas para sempre. Passarão cem anos, mil anos, e o Inferno estará apenas começando; passarão cem mil anos, cem milhões de anos, milhões de milhões de anos e de séculos e o Inferno estará ainda apenas começando.

Se um Anjo anunciasse a um condenado que Deus haveria de livrá-lo do Inferno depois de passar tantos milhões de séculos como gotas de água que há no mar, ou folhas de árvores e grãos de areia no mundo, essa notícia lhe causaria logo um consolo indizível. 'É certo', exclamaria, 'que é imenso o número de séculos que sofrerei mas, afinal, haverá um dia em que eles acabarão'.

Mas, ai! passarão esses milhões de séculos e uma infinidade de outros, e o Inferno estará sempre apenas começando. Cada condenado quereria poder dizer a Deus: 'Senhor, aumentai quanto quiserdes minhas penas, e fazei-me permanecer aqui o tempo que quiserdes, contanto que me deis a esperança de ver este suplício acabar um dia!' Mas não! Esse término e essa esperança jamais chegarão.

II. Se ao menos o condenado pudesse iludir-se a si mesmo, pensando consigo: 'Quem sabe se Deus algum dia terá piedade de mim e me tirará deste abismo!' Mas, não! Jamais abrigará esta esperança! O condenado terá sempre presente a sentença de sua condenação eterna: 'Este tormentos, este fogo, estes horríveis gritos, eu os terei para sempre'.

Sempre! verá escrito nas chamas que o devoram. Sempre! na ponta das espadas que o transpassam; Sempre! nas horríveis fisionomias dos demônios que o atormentam. Sempre! naquelas portas fechadas que jamais se abrirão para ele! Ó eternidade, ó abismo sem fundo! Ó mar sem limites! Ó caverna sem saída! Quem não tremerá pensando em ti? Ó maldito pecado, que tremendos suplícios preparas para quem te comete! Ah!Basta de pecados, basta de pecados em toda a minha vida!

III. O que deve encher-te de espanto é pensar que essa horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés e que basta um único pecado mortal para cair nela. Compreendes, meu filho, isto que lês? Um pecado que cometes com tanta facilidade merece uma pena eterna. Uma blasfêmia, uma profanação dos dias festivos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno, bastam para condenar-te às penas do Inferno.

Ah! meu filho, ouve atentamente o meu conselho; se a consciência te censura de algum pecado, vai imediatamente confessar-te para principiar logo uma boa vida; põe em prática todos os conselhos do teu confessor e se for necessário faz uma confissão geral; promete fugir das ocasiões perigosas, das más companhias, e se Deus te chamar a deixar o mundo, obedece-Lhe com prontidão.

Tudo o que se faz para evitar uma eternidade de tormentos é pouco, é nada: 'nenhuma segurança é excessiva quando está em jogo a eternidade', escreveu São Bernardo. Ó quantos jovens na flor da idade abandonaram o mundo, a pátria, a família e foram sepultar-se nas grutas e desertos, não vivendo senão de pão e água, às vezes só de algumas raízes! E tudo isso para evitarem o Inferno!

E tu, o que fazes, depois de merecer tantas vezes o Inferno pelo pecado? Lança-te aos pés de teu Deus e diz a Ele: 'Senhor, vede-me pronto a fazer tudo o que quiserdes; já Vos ofendi demais até agora; de hoje em diante não Vos quero mais ofender; enviai-me, se preciso, todos os males nesta vida, desde que possa salvar minha alma'.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

MEDITAÇÕES PARA A SEMANA (SÃO JOÃO BOSCO) - V

Quinta-Feira

O Inferno


De joelhos, dizei:

'Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por Vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim'.

I. O Inferno é um local destinado pela Justiça Divina para castigar com suplícios eternos os que morrem em pecado mortal. A primeira pena que os condenados padecem no Inferno é a dos sentidos, por ser todo o seu corpo atormentado por um fogo que arde horrivelmente sem jamais diminuir. Esse fogo penetrará pelos olhos, pela boca e por todo o corpo, e cada um dos sentidos padecerá uma pena especial.

Os olhos ficarão obscurecidos pelo fumo e pelas trevas, e aterrorizados ao ver os demônios e os demais condenados. Os ouvidos não ouvirão incessantemente senão gritos, uivos, prantos e blasfêmias. O olfato será atormentado com o mau cheiro do enxofre e betume ardentes, que o sufocará. A boca sofrerá sede ardentíssima e padecerá uma fome canina: 'Sofrerão fome como cães' (Sl 58,7; 15). Deus permitiu que o rico Epulão, em meio aqueles tormentos, dirigisse um olhar a Lázaro, pedindo por misericórdia uma gota de água para aliviar o ardor que o consumia; mas até esta lhe foi negada.

Aqueles infelizes, em meio às chamas, devorados pela fome e sede, atormentados por um fogo que não cessa, bradam, uivam e se desesperam. Ah! Inferno, Inferno, como são desgraçados os que caem nos teus abismos! E tu, meu filho, o que dizes? Se tivesses que morrer neste momento, para onde irias? Se não podes suportar agora, se gritar de dor, a ligeira chama de uma vela na mão, como poderás sofrer aquelas chamas por toda a eternidade?

II. Considera, por outro lado, meu filho, o remorso que sentirá a consciência dos condenados. Sua memória, entendimento e vontade padecerão terríveis tormentos. Recordarão continuamente o motivo porque se perderam, isto é, por terem querido satisfazer uma paixão qualquer, e esse pensamento será para eles um verme roedor que jamais morrerá.

Pensarão no tempo que Deus lhe tinha concedido para salvar-se da perdição; nos bons exemplos de seus companheiros; nos propósitos formados e não postos em prática. Pensarão nas pregações ouvidas, nos conselhos de seus confessores, nas boas inspirações pra deixar o pecado. E, vendo que já não há remédio, lançarão uivos desesperados. A vontade jamais terá nada do que deseja, sofrendo pelo contrário todos os males.

O entendimento conhecerá o bem imenso que perdeu. A alma, separada do corpo e apresentada diante do divino tribunal, entreviu a beleza de Deus, conheceu sua bondade, contemplou por um instante o esplendor do Paraíso, terá ouvido talvez os dulcíssimos e harmoniosos cantos dos Anjos e Bem-Aventurados. Que dor, vendo que tudo isso lhe é arrebatado para sempre! Que horrorosos tormentos! Quem poderá suportá-los?

III. Meu Filho, que agora não te preocupas em perder a Deus e o Paraíso! Esperas por acaso conhecer tua cegueira, quando tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, estiverem gloriosos e triunfantes no reino dos céus, e tu estiveres maldito por Deus e arrojado fora daquela pátria bem-aventurada, do gozo de Deus, da companhia da Virgem Santíssima e dos Santos?

Decide-te, pois, a servir ao Senhor, e faz penitência. Não aguardes para quando não haja mais tempo. Entrega-te a Deus. Quem sabe se esta meditação não será o teu último chamado da graça! Se não correspondes a ele, tu te expõe a que Deus te abandone e te deixe cair nos eternos suplícios. Ah! Senhor, livrai-me das penas do Inferno!

quarta-feira, 26 de julho de 2017

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.