sábado, 8 de julho de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE NADAL (III)

Parte I - Nascimento, Infância e Início da Vida Pública de Jesus

Mittunt Iudaei ad Ioannem
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11. Evangelho (Jo 1):Testemunho de João aos fariseus

Tentat Christum daemon
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12. Evangelho (Mt 4. Mc 1. Lc 4): Jesus é Tentado pelo Demônio

Secunda & tertia tentatio
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13. Evangelho (Mt 4. Mc 1. Lc 4): Segunda e Terceira Tentações

Angeli ministrant Christo
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14. Evangelho (Mt 4. Mc 1. Lc 4): Jesus sendo servido pelos Anjos

Nuptiae ad Cana Galilaeae
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15. Evangelho (Jo 2): As Bodas de Caná

Eijcit primo vendentes de templo
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16. Evangelho (Jo 2): Jesus expulsa os Vendilhões do Templo

De copiosa captura piscium

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17. Evangelho (Lc 5): Jesus e a Pesca Milagrosa

Sanatur Socrus Petri
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18. Evangelho (Mt 8. Mc 1. Lc 4): Jesus cura a Sogra de Pedro

Compescitur iracundia
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19. Evangelho (Mt 5): 'Dominar a ira'

De dilectione inimici
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20. Evangelho (Mt 5. Lc 6): 'Amai os Vossos Inimigos'

sexta-feira, 7 de julho de 2017

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

ESCULTURAS DE DEUS (II)





PALAVRAS DE SALVAÇÃO

A pureza, a ausência das paixões desregradas e o afastamento de todo mal é a divindade. Se, portanto, estas coisas se encontrarem em ti, Deus estará totalmente em ti. Quando teu espírito estiver puro de todo vício, liberto de todo mau desejo e longe de toda nódoa, serás feliz pela agudeza e luminosidade do teu olhar, porque aquilo que os impuros não podem ver, tu, limpo, o perceberás. Retirada dos olhos da alma a escuridão da matéria, pela serenidade pura, contemplarás claramente a beatificante visão. E esta, o que é? Santidade, pureza, simplicidade, todo esplendor da luminosa natureza divina, pelos quais Deus se nos deixa ver.
(São Gregório de Nissa)

quarta-feira, 5 de julho de 2017

AMOR E SUBMISSÃO

Através de todos os séculos, dos passados e dos futuros, sempre se encontraram e sempre se encontrarão homens dispostos a exclamar, perante os Pilatos deste Mundo: 'Não queremos que este Homem reine sobre nós!' Por detrás desta rebelião contra Deus, há duas falsas idéias: a primeira é a de que a inteligência inventa ou cria a verdade, quando, afinal, simplesmente a descobre ou encontra e a segunda ideia falsa é a seguinte: a de que da submissão a alguém decorre a servidão para com esse alguém. Esta ideia implica a negação de todas as hierarquias, tanto em a Natureza como na Criação, tendendo a colocar todos os homens num mesmo plano de igualdade, considerando-se cada um a si próprio como um Deus.

Essa filosofia do orgulho tem para si que, ser independente, implica total insubmissão seja ao que for. A verdade, porém, é que a independência é condicionada pela dependência. Obedecer não significa executar as ordens de um sargento instrutor. A obediência ressalta, principalmente, do amor de uma ordem recebida e do amor daquele que a deu. O mérito da obediência está menos no ato em si mesmo do que, acima de tudo, no amor que o motiva; a submissão, a dedicação, e o serviço que a obediência implica, não vêm da servidão, mas, pelo contrário, dos efeitos que derivam do amor e com ele fazem íntima unidade. Obediência só é servilismo para aqueles que não compreenderam a espontaneidade do amor.

Para compreendermos a obediência, devemos considerá-la entre dois grandes fatos. O primeiro deu-se no momento em que uma mulher fez ato de submissão à vontade de Deus: 'Faça-se em mim a Tua palavra'. O outro fato, quando uma mulher pedia ao homem que obedecesse a Deus: 'Façam tudo o que Ele vos disser'. Entre estas duas expressões, vemos: '... O Menino crescia e se fortificava cheio de sabedoria; e a graça de Deus era com Ele... E desceu com eles, e foi a Nazaré, e era-lhes submisso' (Lc 2, 51). Para reparar o orgulho dos homens, humilhou-se Nosso Senhor, obedecendo aos seus pais: 'E a eles era submetido'.

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Esta humildade, abstração feita da Sua Divindade, era exatamente o contrário do que seria lícito esperar de um homem destinado a vir a ser um reformador da humanidade. E, no entanto, que faz este carpinteiro, durante esses trinta anos de obscuridade? Fabrica o caixão do mundo pagão. Fabrica um jugo para o mundo futuro e faz uma Cruz sobre a qual será adorado. Dá a suprema lição dessa virtude, que é fundamento de todo o Cristianismo: a humildade, a submissão e a vida discreta em que nos preparamos para o cumprimento dos nossos deveres.

Nosso Senhor passou três horas na Cruz para nos resgatar; passou três anos a ensinar-nos e trinta anos a obedecer, a fim de que o Mundo, rebelde, orgulhoso e satanicamente independente, aprenda o valor da obediência. A vida da família foi instituída por Deus, para, na sua vida do lar, formar o caráter do homem, porque é da infância que nascerá a maturidade do homem – para o bem ou para o mal. Os únicos atos da infância de Cristo que nos são conhecidos são atos de submissão a Deus, Seu Pai Celeste e, também, a Maria e a José. E desta maneira nos é demonstrado o dever peculiar à infância e à juventude: o da obediência aos pais que representam Deus.

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Jesus se manteve no seu lugar, na sua oficina de carpinteiro, obedecendo aos seus pais, aceitando as restrições da sua posição, considerando os cuidados do dia, com uma visão toda espiritual, alimentando-se e impregnando-se das luzes da sua fé no Padre Eterno, mantendo a sua alma com toda a paciência, apesar do desejo ardente que O impelia para a salvação dos homens. Nele não houve sombra de impaciência ou de precipitação que pudessem prejudicar o desenvolvimento normal de uma força e poder normalmente constituídos.

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O que torna particularmente impressionante a obediência desta Criança é ser ela o Filho de Deus. Ela, o General da Humanidade, faz-se soldado de linha. O Rei desce do seu trono e desempenha o papel do último dos seus súbditos. Se Ele, o Filho de Deus, se submete à sua mãe e ao seu pai adotivo, para reparação dos pecados de orgulho, como é que os filhos hão de escapar a essa doce necessidade de submissão para aqueles que são, para eles, de pleno direito, os seus superiores?

Durante todo esse tempo de obediência voluntária, Ele nos mostrou que o Quarto Mandamento constitui a base da vida familiar. Porque, afinal, se olharmos as coisas do alto, como é que o pecado original da desobediência contra Deus poderia ser aniquilado, a não ser pela obediência do próprio Deus (como homem) que fora desafiado?

A primeira revolta do Universo de paz criado por Deus foi o trovão de Lúcifer: 'Não obedecerei!' O Paraíso Terrestre deu ressonância a esse trovão, que se perpetuou através das idades, infiltrando-se em todas as famílias onde pai, mãe e filho se encontram reunidos. Submetendo-se a Maria e José, a Divina Criança proclama que a autoridade na família e na vida pública é um poder que provém do próprio Deus.

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Ele garante, pela sua obediência quando criança, esta verdade importantíssima: a de que os pais só exercem a sua autoridade em nome de Deus. Os pais têm, pois, um sagrado direito sobre seus filhos, porque a Deus devem esse privilégio: 'Toda a alma esteja sujeita aos poderes superiores, porque não há poder que não venha de Deus; e os (poderes) que existem foram instituídos por Deus' (Rom 13, 1). Se os pais abandonarem a sua autoridade legítima e a responsabilidade natural que têm de seus filhos, o Estado aproveitará da fraqueza deles. Quando a obediência consciente deixa de existir na família, será suplantada pela obediência forçada ao Estado. É pela obediência no lar que aprendemos a obedecer publicamente, porque, em ambos os casos, a consciência submete-se a um representante da autoridade de Deus. Se é certo que o Mundo perdeu o respeito da autoridade, isso se deve ao fato de o ter perdido, primeiro, na família. 

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Em Nazaré, o Infinito curvou-se sobre a Terra e – para obedecer – se fez Menino.

(Excertos da obra 'O primeiro amor do mundo' do Arcebispo Fulton Sheen)

terça-feira, 4 de julho de 2017

OS 3 PECADOS CAPITAIS CONTRA OS ANJOS DA GUARDA (III)


III - Os pecados do escândalo

Muito se fala de escândalo, mas poucos sabem o que se entende por essa palavra. Dar escândalo é, na definição da ascese católica, nada mais que oferecer a outros ocasião de pecado. 'Isto', diz São Tomás, 'de dois modos se pode fazer: ou diretamente, ou indiretamente' (2. 2. q. XLIII). O escândalo é direto quando o escandaloso tem em vista a ruína espiritual do próximo. É indireto quando não se tem em mente tão perversa intenção, mas apenas se prevê que ações ou palavras são ao próximo, ocasião de ruína espiritual, e não obstante se faz tal ação ou se dizem tais palavras, sem que para isto haja uma justa razão.

Em ambos os casos, entretanto, o resultado ou fim, intencionado ou não, do ato escandaloso, é a ruína do próximo. E assim é o escândalo o maior dos males que a ele podemos fazer. E pior é matar-lhe a alma e tirar-lhe a vida sobrenatural, que lhe custou o Sangue de Cristo, do que privá-lo da vida natural, que lhe custou simplesmente um ato de sua onipotente vontade. O escandaloso é um assassino de almas e um esbanjador do Sangue de Cristo. O escandaloso deita a perder tudo o que Cristo sofreu de agonias e dores, de tormentos e injúrias, de injustiças e escárnios.

Se se pudessem ver as almas mortas, a muitas delas veríamos cobertas das feridas deixadas pelo punhal assassino do escandaloso. Ora, o que não veem os nossos olhos, por não perceberem o que é espiritual, veem-no os Anjos de Deus, que são da mesma natureza de nossas almas. O seu horror, então, pelos que escandalizam os inocentes, é bem semelhante ao de Jesus Cristo, que pronunciou severíssimas palavras a esse respeito. Perguntaram-lhe certa feita os seus discípulos quem era o maior no reino dos céus. Chamou então, Jesus, a uma criancinha, colocou-a em meio deles e lhes disse que o maior no reino dos céus seria o que fizesse como aquela criança. E ajuntou depois: 'aquele que escandalizar a uma dessas criancinhas, seria bem que fosse lançado no fundo do mar com uma pedra de moinho atada ao pescoço'.

A enérgica expressão de Nosso Senhor Jesus Cristo traduz bem todo o horror que as almas santas sentem pelo escandaloso. Ora, os Anjos, são as criaturas mais santas que Deus já criou, excetuada Maria Santíssima. Quanto, pois, o pecado de escândalo os ofenda, bem se pode compreender. Mas, além disso, ainda outros motivos mais particulares há pelos quais o escândalo seja ofensivo aos Anjos. E estes motivos são os meios de que usa o escandaloso, o chefe a cujos serviços se põe e o fim que tem em vista. 

Um, o Anjo, quer a salvação do homem; outro (o escandaloso), a sua ruína e condenação. Um, para esse efeito, sugere castos pensamentos, excita santos afetos, estimula a fugir do pecado e a praticar o bem, e o outro procura infundir nas almas perversas ideias, desperta as paixões mais vergonhosas nos corações, tudo faz para desencaminhar os bons. Por fim, um é mensageiro de Deus, seu ministro e embaixador, outro sequaz do príncipe das trevas, seu agente e representante.

Portanto, foge, aborrece, abomina com todas as tuas forças ao pecado de escândalo, sumamente injurioso a Cristo, e ofensivo ao santo Anjo da Guarda. E guarda-te sobretudo de escandalizar os inocentes, pois, diz Cristo Nosso Redentor: 'os seus Anjos, no céu, sempre veem a face de meu Pai, que está nos céus' - Angeli eorum, in coelis, semper vident faciem Patris mei, qui in coelis est.

(Excertos da obra 'Os Santos Anjos da Guarda', do Pe. Augusto Ferretti)

segunda-feira, 3 de julho de 2017

OS 3 PECADOS CAPITAIS CONTRA OS ANJOS DA GUARDA (II)


II - Os pecados contrários à virtude angélica 

Tais pecados, como ficou dito, sumamente repugnam à puríssima natureza angélica. Consequentemente, não podem eles deixar de abominá-los sumamente. Suponhamos um preceptor, de ânimo singularmente sereno, de atitudes constantemente pacíficas. É fora de dúvida, que tal preceptor, se empenhará, sobretudo, em tornar o seu discípulo igualmente paciente, calmo, pacífico. E tanto mais o amará quanto mais ele se conformar com o seu exemplo e ensino. E a razão disso, é clara: amamos aqueles que têm traços de caráter semelhantes aos nossos, e sentimos aversão pelos que nos são notavelmente dissemelhantes.

Os Anjos, portanto, nada devem aborrecer mais do que os pecados contrários à virtude da pureza. E isto pela razão explicada. A sua natureza puríssima os leva a amar os que lhe são semelhantes, e a aborrecer tudo aquilo que lhe é oposto. Há, portanto, uma grave ofensa ao celeste Anjo que nos acompanha, em todo ato dessa natureza. E quem deseja viver de sua fé, isto é, admitir, praticamente, a constante presença desse bem-aventurado espírito, deve por isso mesmo evitar tudo aquilo que lhe pode afetar a pureza dos costumes.

São Basílio usa de uma comparação que nos torna assaz sensível o que asseveramos. 'Assim como a fumaça, diz ele, afugenta as abelhas, e assim como um mau odor põe em debandada as cândidas pombinhas, assim esse lastimável e nauseante pecado repele o Santo Anjo de Deus, guarda da nossa vida'. É certo que não nos abandona o Santo Anjo da Guarda, depois que o ofendemos, como também não deixa de nos estar presente o próprio Deus, no próprio ato pecaminoso. 

Deus continua presente, como ser Onipotente, mas não daquela forma peculiar, vivificando-nos da sua mesma vida divina. O Anjo da Guarda também continua presente. Mas é claro que os laços de caridade que o prendem a nós se tornam mais fracos. Por outra parte, sendo piores as nossas disposições, menos ele nos poderá ajudar espiritualmente. No entanto, ao amor sucede a compaixão. E o bom Anjo de Deus, então, se empenhará em nos reconduzir ao bom caminho, por meio de suas inspirações e moções interiores.

Jovem que me lês, faze por conservar-te digno do amor do teu Anjo da Guarda, fazendo-te semelhante a ele pela pureza dos teus costumes. Se, no entretanto, suceder que venhas a tornar-te indigno até dos seus olhares, presta ouvido às suas inspirações, e volta, pressuroso, aos braços do amável e celeste companheiro do teu peregrinar. E se neste momento em que me lês, reconheces que não és digno do amor do santo Anjo, dá-lhe, porventura pela primeira vez, o prazer de ver-te de novo puro como ele, e digno como ele, do amor de Deus!

Oh, que feliz a vida do moço puro, amável aos Anjos, admirado e respeitado dos homens! 'O homem puro', diz São Bernardo, 'faz-se de homem, Anjo. O Anjo, e o homem que leva a vida ilibada', diz ele, 'são, decerto, diferentes; mas não pela virtude, e sim pela felicidade ou excelência da natureza - differunt sed felicitate naturae, non virtute (Epist. XXIV). Podemos, pois, por virtude, ser o que os Anjos são por natureza. Sejamo-lo, já que de nós depende. Sejamo-lo, como verdadeiros seguidores de Jesus, Cordeiro sem mancha, como perfeitos filhos de Maria, Mãe puríssima, Rainha das Virgens e concebida sem pecado.

(Excertos da obra 'Os Santos Anjos da Guarda', do Pe. Augusto Ferretti)