domingo, 29 de novembro de 2015

ANO LITÚRGICO 2015 - 2016

O Ano Litúrgico 2015-2016, de acordo com o rito católico romano, vai desde o primeiro domingo do Advento (29/11/2015) até a última semana do Tempo Comum (03/12/2016), durante o qual a Igreja celebra todo o mistério de Cristo, desde o nascimento até a sua segunda vinda. 

O ano litúrgico compreende dois tempos distintos: os chamados tempos fortes que incluem Advento, Natal, Quaresma e Páscoa, durante os quais certos mistérios particulares da obra redentora e salvífica de Cristo são celebrados e o chamado Tempo Comum no qual celebramos o Mistério de Cristo em sua totalidade, ou seja, encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor. 

O Tempo Comum é subdividido em duas partes. A primeira parte começa no dia seguinte à festa do Batismo de Jesus e vai até a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma. A segunda parte do Tempo Comum recomeça na segunda-feira depois de Pentecostes e se estende até o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, quando tem início um novo Ano Litúrgico, compreendendo sempre um período de 33 ou 34 semanas.



Ver Animação em Calendário 2015-2016

sábado, 28 de novembro de 2015

28 DE NOVEMBRO - SANTA CATARINA LABOURÉ

Hoje, 28 de novembro, a Igreja celebra a santidade de Catarina Labouré, a vidente das aparições de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris, 1830). Sínteses da vida dessa santa, dos carismas recebidos e das aparições de Nossa Senhora a ela são apresentadas nos slides abaixo.





sexta-feira, 27 de novembro de 2015

DAS CONFISSÕES MAL FEITAS


Discípulo: Diga-me, Padre; qual será o primeiro “por quê” de tantas confissões mal feitas? 
Mestre: Os “por quês” podem ser diversos, mas o principal é sem dúvida 'o medo', ou seja a maldita vergonha pela qual o demônio fecha a boca de muitos, fazendo-os calar ou confessar mal certos pecados ou o número deles. Você sabe como é que o demônio age quando quer induzir alguém ao pecado? Cerca o infeliz de mil maneiras, vai-lhe sugerindo: 'Ora, cometa à vontade esse pecado... Afinal não é assim tão grave. Deus é bom... Ele não o quer castigar... Depois, com uma confissão Ele o perdoa e esta tudo acabado..' E assim, batendo hoje, batendo amanhã, e sempre na mesma tecla, o demônio acaba triunfando, ou seja fazendo-o cometer e talvez até repetir os pecados. Depois, então, quando o coitado, roído pelo remorso, resolve confessar-se, o demônio muda de tática. Novamente trata de impedir que Deus tome conta dessa alma, dizendo: 'Como ousas confessar esse pecado? O confessor ficará surpreendido, há de ralhar contigo, levá-lo-á a mal e é provável que te negue a absolvição. Ora, vamos, não temas, confessar-te-ás depois... Há tempo de sobra... Há sempre tempo para isso'. E assim o mais das vezes fecha a boca de quem estaria quase resolvido a falar e induz os pobres infelizes a se calarem e a cometerem sacrilégios.: 'Como ousas confessar esse pecado?'

Discípulo: É esta mesmo a tática do demônio? 
Mestre: Certamente! Ele mesmo o confessou a Santo Antonino, arcebispo de Florença. Um dia, tendo o santo visto o demônio junto do confessionário, perguntou-lhe: 'O que fazes aí?' — 'Estou esperando para fazer a restituição' — 'Qual restituição? Fala, ou ai de ti' — 'Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei quando os fiz cometer os pecados'. 

Discípulo: Se não me engano, parece-me que li que Dom Bosco também viu o demônio em circunstâncias análogas. 
Mestre: Justamente! E ouça como foi: Certa noite, estava o santo confessando no coro da Igreja de São Francisco de Sales em Turim; era grande o número de jovens ali reunidos, esperando que chegasse a sua vez. Pelo confessionário passam dez, passam vinte, e chega finalmente um que, tendo já feito uma parte da confissão, pára de repente. 'Continue', diz-lhe Dom Bosco, que por inspiração divina lia na consciência dos seus filhos. 'Continue! E o resto?' — 'Não há mais nada, Padre, mais nada!' — 'Não temas, meu filho' continua o Santo, 'o Confessor não ralha, não castiga, perdoa sempre, perdoa sempre, perdoa tudo em nome de Deus; tem coragem...confessa-te bem'. — 'Não há mais nada! Nada mais!' — 'Mas por que, meu filho, queres, com uma confissão sacrílega, dar prazer ao demônio... causar tristeza a Jesus, fazê-lo chorar?' — 'Garanto-lhe Padre, que não tenho mais nada a dizer!' Dom Bosco que vê o perigo que o infeliz jovem corre, inspirado por Deus, abandona a luta inútil e diz: 'Pois bem, olha quem está atrás de ti!' O rapaz vira-se de repente, solta um grito agudo e, agarrando-se ao pescoço de Dom Bosco exclama: 'Sim Padre, eu tenho mais este pecado'. E conta o pecado que não ousava confessar. Os companheiros que estavam na igreja ouviram o grito; assim que saíram, cercaram o rapaz, e, curiosos, queriam saber o que tinha acontecido. E ele lhes respondeu, apesar de estar ainda um tanto assustado: 'Se vocês soubessem... Eu tinha cometido uma falta que não ousava confessar. Dom Bosco leu meu coração e eu vi o demônio que, sob a figura de um gorila de olhos de fogo e garras afiadas, estava pronto para me agarrar!' 

Discípulo: Dom Bosco era um santo! Que sorte confessar com um santo; não é, Padre? 
Mestre: Todos os confessores representam Jesus Cristo e Jesus Cristo é sempre santo; Ele tudo sabe, Ele vê tudo, tem pena de todos, perdoa tudo! 

Discípulo: Mas mesmo assim o demônio procura enganar e trair nas confissões? 
Mestre: Justamente; em todas as ocasiões. Assim como o lobo agarra as ovelhas pela garganta para que não gritem, e as carrega e as devora, assim também faz o demônio com certas almas; agarra-as pela garganta afim de que não confessem os pecados e as arrasta miseravelmente para o inferno. 

Discípulo: Que espertalhão malvado! Mas haverá quem, depois de enganado uma vez, se deixe levar por esse impostor? 
Mestre: Há muitos, muitíssimos, infelizmente! Ai daquele que começa a seguir por esse caminho! São geralmente os que cometem pecados contra a pureza que enveredam por tal caminho! Geralmente não há dificuldade em confessar os pecados contra a fé, os pecados de blasfêmias, os de profanação dos dias festivos, os de desobediência, de vingança e mesmo os de furto; mas quando se trata de acusar pecados de impureza, ou ter que acrescentar certas circunstâncias que os acompanharam, ou ainda quando se trata de dizer o número bastante considerável dessas faltas, então uma maldita vergonha surge e fecha sacrilegamente a boca do penitente. De mais a mais, a confissão sacrílega geralmente não fica sozinha. Depois de uma vem outras e assim essas almas infelizes continuam durante anos e anos, e além disso acrescentam a essas confissões mal feitas outras tantas comunhões sacrílegas. E não raro, acontece que aqueles que, tendo começado a esconder pecados graves desde as primeiras confissões, chegam a uma idade avançada sem nunca fazerem uma boa confissão e sem nunca repararem a desordem de suas almas. É inacreditável, nota o Padre da Bérgamo, é inacreditável como o medo e a vergonha são comuns principalmente entre os moços. Daí vem o hábito de continuar a calar os pecados para não sofrer a humilhação, o sacrifício de confessá-los. São Leonardo afirma ter tido a seus pés pessoas que, mesmo em perigo de morte não puderam vencer a vergonha que lhes fechava a boca. Santo Afonso recomenda aos padres que falem frequentemente nos seus sermões com calor, com insistência, sobre esse perigo da vergonha que faz calar e insiste para que façam ver ao povo como as confissões mal feitas arruínam as almas, porque essa praga das confissões sacrílegas reina por toda a parte, principalmente nos lugarejos. E, como é comum que fatos e exemplos impressionem o povo, sugere aos padres que contem muitos exemplos de almas que se perderam por causa de pecados não confessados. 

Discípulo: Conte alguns, Padre! 
Mestre: Com muito prazer! Conta-se que uma menina de sete anos tinha tido a infelicidade de cometer certos atos impuros. Envergonhada, não ousou confessá-los na ocasião e nem mais tarde. Tendo adoecido gravemente, chamou o confessor, recebeu o Santo Viático, a Extrema-Unção e morreu! Todos, mãe, irmãs, e amigas lamentaram a sua perda, mas era para elas um conforto julgá-la salva e santa. Porém, três dias depois do enterro, quando o sacerdote se aproximava do altar para celebrar em sufrágio de sua alma, sentiu que o seguravam pelo braço, e uma voz triste e comovente lhe dizia baixinho: 'Padre, não reze por mim porque eu estou condenada! Condenada por certos pecados que ocultei na confissão desde os sete anos'. 

Uma outra menina de 13 anos na ocasião da Páscoa tinha comungado junto com as companheiras: mas eis que, logo depois de recebida a santa partícula tem um estremecimento, contorce-se e cai por terra. Os presentes acodem assustados e a carregam para uma casa vizinha. Acabada a função, o Vigário se apressa a correr à cabeceira da menina que continua a delirar e debater-se; chama-a pelo nome e diz-lhe: 'Coragem, confia tudo a Jesus, àquele Jesus que recebeste na Comunhão!' Ouvindo essas palavras, ela arregala os olhos e, horrorizada exclama: 'A Jesus?! A Jesus?! Ah não! Eu o recebi mal, eu cometi um sacrilégio escondendo certos pecados na confissão'. E, continuando a debater-se, expira pouco depois diante dos presentes comovidos e penalizados. O que me diz desses exemplos? 

Discípulo: Digo que são terríveis e bastante para demonstrar como é grande o mal das confissões mal feitas. 
Mestre: Não estranhe, portanto a nossa insistência sobre a sinceridade requerida para as confissões. Eu, que, desde os primeiros anos de sacerdócio, por graça de Deus, tive a sorte de começar a catequizar e a pregar para jovens e adultos e continuo ainda hoje a exercitar-me nesta obra consoladora e frutuosíssima, nunca perdi o hábito de falar frequentemente sobre a necessidade da confissão sincera e posso dizer que nunca me arrependi. Ah! quantos jovens e adultos eu consolei, reconduzi ao bom caminho; quantos eu salvei nos Exercícios Espirituais, nas Missões e mesmo nas simples conferências e palestras! 

Discípulo: Tem razão, Padre; de fato, nenhum sermão é ouvido de tão boa vontade como os que versam sobre a confissão... Padre, se é assim tão fácil encontrar quem se deixe enganar pelo demônio e se cala, renovando o sacrilégio na confissão, por que os sacerdotes e os confessores não indagam, não interrogam os penitentes para impedir as confissões mal feitas? 
Mestre: Coitados dos sacerdotes e dos confessores! Infelizmente eles sabem e vêm que algumas almas deixam muito a desejar mas, em geral, receiam ser indiscretos interrogando e esclarecendo certas coisas. Até pelo contrário, com certas pessoas, não ousamos parece-nos imprudência interrogar. Um pai ou uma mãe gostam de fazer sempre bom juízo dos seus filhos, e ficam penalizados quando têm que duvidar da sua conduta, da sua sinceridade, da sua inocência. Do mesmo modo sente o pobre sacerdote, no que diz respeito aos próprios filhos espirituais e penitentes. 

Discípulo: E então? 
Mestre: E então, continua-se em tal vida até que Deus intervenha com a sua mão providencial. Eis porque por ocasião dos Exercícios Espirituais, das Missões, da Páscoa e de outras tantas festividades do mesmo gênero, encontram-se muitas almas, as quais, tendo tido a desgraça enorme de calar uma vez certos pecados na confissão e continuaram depois com sacrilégios durante anos e anos até o dia em que, tocados por graça especial, podem finalmente abrir os olhos e tranquilizar a consciência por tanto tempo torturada pelo remorso. 

Pregavam-se os Exercícios em uma paróquia do Piemonte. Havia já alguns dias que tinham começado as confissões e, desde o princípio, eu notara uma pessoa de aspecto triste e indizivelmente constrangida que rondava o confessionário. Não fazia, porém, muito caso disso, quando eis que uma noite ela caiu aos meus pés e disse: 'Padre, ajudai-me; eu sou uma infeliz. Há quinze anos que eu me confesso mal; só fui capaz de cometer sacrilégios... e desatou em pranto' — 'Pois bem, cria coragem' eu respondi, Deus será misericordioso; para a senhora também Jesus será infinitamente bom. Diga-me: quantos anos tem? Como é que enveredou por esse caminho?' — 'Tenho vinte e sete anos; quando tinha doze apenas, por causa de uma curiosidade ilícita eu cometi um pecado que não ousei confessar. Com tal sacrilégio, aproximei-me da mesa da Comunhão e, desde aquele dia até hoje os pecados e sacrilégios sucederam-se uns aos outros. Rezei muito, chorei muito, fiz romarias mas tudo em vão! Confessava-me todos os meses e até com mais frequência por ocasião dos Exercícios Espirituais; repetia as confissões gerais mas esses pecados eu sempre os escondi, por pura vergonha' — 'E a senhora estava satisfeita com as suas confissões: comungava tranquilamente?' — 'Oh, Padre! se soubésseis como os remorsos amargos atormentavam o meu coração, cravando-se nele como espinhos agudos!' — 'Mas então por que continuava sempre do mesmo modo?' — 'Porque fui uma tola, eis tudo... Um medo indizível das reprimendas do confessor fechava-me a boca e um exagerado respeito humano das minhas companheiras arrastava-me para o comunhão nesse estado' — 'Há quanto tempo confessou-se pela ultima vez?' — 'Ah! Padre! confessei-me já três vezes durante esta Missão, com três confessores diferentes, sempre com o firme propósito de acabar com isto de uma vez por todas e dizer tudo. Mas, chegando ao ponto terrível, sentia um nó cruel que me apertava a garganta e assim calava-me' — 'E agora, como conseguiu manifestar-se?' — 'Padre, o vosso sermão de hoje sobre a necessidade absoluta da confissão bem feita, aquelas palavras tantas vezes repetidas 'experimentem e verão o quanto Jesus é bom', comoveram-me e foi então que decidi falar, custasse o que custasse. Ajudada pelo confessor, ela fez uma confissão geral das mais consoladoras, tendo recebido a absolvição, não parava de repetir: — 'Agora chega, Padre, chega de pecados e sacrilégios. Direi a todos que experimentei e que vi como Jesus é bom!'

Discípulo: São fatos que consolam, não é Padre? E ainda bem que reconhecem suas faltas! 
Mestre: Mas quantos não as reconhecem mesmo em ponto de morte! É uma coisa muito triste, mas infelizmente verdadeira; não raro há moribundos que, às portas da morte, teimam em esconder os pecados não confessados ou mal confessados desde a juventude, nesse estado deplorável passam para a eternidade. 

Discípulo: Coitados! 
Mestre: Pode chamá-los desgraçados! ai de quem começa...
 
Discípulo: Mas a misericórdia infinita de Deus não vem em auxílio? 
Mestre: Você pode supor que Deus queira sempre, na hora da morte, usar de misericórdia com quem durante toda a vida, abusando dessa misericórdia, injuriou-o com sacrilégios? E além disso, na maioria dos casos, nem invocam essa misericórdia; pelo contrário, muitas vezes a desprezam. Aqui também quero persuadi-lo com fatos. 

O Padre Del Rio conta que uma jovem empregada se confessava frequentemente, pois que a patroa exigia, mas por vergonha e teimosia calava os pecados desonestos. Uma ocasião ela caiu gravemente enferma; sempre por causa da solicitude da patroa, confessou-se, e mais de uma vez, sacrilegamente. Depois que a curaram com muitos cuidados, chegava até a caçoar com as amigas pondo em ridículo o zelo da patroa e do confessor para induzi-la a fazer uma boa confissão. Tendo adoecido pela segunda vez e mais gravemente do que da primeira, a patroa tornou a chamar o sacerdote, o qual acudiu com presteza. Com toda a piedade e paciência que Deus concede em casos análogos, o padre procurou induzir a infeliz a uma sincera e dolorosa confissão. Mas tudo em vão! Sempre teimosa, perseverou durante a longa agonia no propósito de se esquivar e de se calar, recusando-se até a repetir a jaculatória e as invocações sugeridas pelo confessor; mostrava-se aborrecida com tudo aquilo e com a presença do Padre. E, quando por fim vendo que chegava o momento da morte, o sacerdote lhe pediu que beijasse o crucifixo, ela com um esforço supremo o afastou com maus modos e olhando-o com desprezo disse: 'Tirem da minha frente este Cristo, não preciso dele!' E voltou-se para o outro lado e, assim, com um suspiro horrível, expirou aquela alma impenitente e sacrílega. Ai daquele que começa...

O Padre Agostinho de Fusignano conta-nos um fato análogo, que se deu na sua presença. Uma mulher infeliz escondia na confissão os pecados mais graves. Apesar dos sermões ouvidos contra essa vergonha sacrílega, apesar das mais amorosas exortações, apesar do mais agudo remorso da consciência, ela não soube aproveitá-los. Cansada a misericórdia de Deus de esperar, feriu-a com uma doença violenta que a pôs em ponto de morte. O confessor foi chamado prontamente, mas a infeliz assim que o viu, exclamou: 'Padre, chegastes a tempo para ver uma mentirosa penitente ir para o inferno. Eu me confessava com frequência, mas deixava sempre os pecados mais graves' — 'Pois bem, confesse-os agora, respondeu o confessor' — 'Não posso, não posso' gritou desesperada a infeliz. O tempo da misericórdia já passou; é chegado o momento da justiça! E, delirando e contorcendo-se raivosamente, expirou, deixando em todos os presentes a mais triste e horrível impressão. Aqui também não será demais repetir: Ai daquele que começa...

Santo Afonso conta o caso de um senhor cuja conduta era aparentemente boa; fazia, porém, más confissões. Tendo adoecido gravemente, foi visitado pelo vigário, o qual suplicou-lhe que recebesse os sacramentos pois estava em perigo de vida. Mas o enfermo recusava-se a confessar. 'E por que, meu caro senhor, não quer confessar-se?' — 'Ah!' respondeu o doente, 'é porque estou condenado! E Deus, para castigar os meus sacrilégios, tira-me a vontade e a força de repará-los'. Dito isto, começou a morder a língua, a debater-se desesperadamente, gritando: 'Maldita língua, maldito silêncio, malditos sacrilégios'. Não foi possível convencê-lo, até que miseravelmente morreu. 

Discípulo: Chega Padre! São coisas que arrepiam a gente. Eu por mim não quero cometer sacrilégios.
Mestre: Mantenha essa santa resolução. Por que deixar-se dominar pelo demônio mudo, pisar o Sangue de Jesus Cristo, mudar o remédio em veneno e obrigá-lo a nos condenar, quando pelo contrário, Ele quer a nossa salvação?

(Excertos da obra 'Confessai-vos Bem', do Pe Luiz Chiavarino, 1939)

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Ó Trindade eterna! És um mar insondável em que, quanto mais me aprofundo, mais te encontro e quanto mais te encontro, mais te procuro ainda. De ti jamais se pode dizer: 'Basta!' A alma que se sacia em tuas profundezas, deseja-te sem cessar, porque sempre está faminta de ti; está sempre desejosa de ver a tua luz na tua luz. Poderás dar-me algo mais do que dar-te a ti mesmo? Tu és o fogo que sempre arde sem jamais se consumir, Tu és o fogo que consome em si todo o amor-próprio da alma; Tu és Luz acima de toda a luz. Tu és o vestuário que cobre a nudez, o alimento que alegra com a sua doçura a todos os que têm fome. Reveste-me, Trindade eterna, reveste-me de ti mesma para que eu passe esta vida na verdadeira obediência e na luz da fé com que embriagaste a minha alma'.

(Santa Catarina de Sena)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A ALMA DO SANTO ABANDONO

O santo abandono é esse estado da alma amante que se entrega incondicionalmente e sem reservas à Vontade de Deus, quer na ordem da natureza, quer na ordem da graça.

Santo abandono na ordem da natureza

A alma do santo abandono quer tudo o que Deus quer, porque o quer e como o quer. Na saúde ou doença, nesse ou naquele país; na situação em que aprouver a Deus pô-la quanto à casa, ao trabalho, ao alimento, à sociedade. Tudo é indiferente, tudo suave, porque a tudo acrescenta: Deus o quer, é Vontade de Deus.

A alma do santo abandono dorme tranquila no regaço materno da Divina Providência ou descansa em paz aos seus pés, qual a criança despida de preocupação futura. Inquietar-se-á por acaso com o porvir o filho que tem uma mãe carinhosa? Não sabe que ela lhe dará todo o carinho e cuidado? Os elementos se entrechocam. É a tempestade. O mar ameaça tudo engolfar. Mas enquanto todos tremem de medo, o filho do santo abandono dorme sem receio, confiado na Divina Providência, pois para ela não há tempestade.

Os homens, maus que são, querem arrebatar-lhe tudo: bens, liberdade, reputação. Mas a alma do santo abandono deixa-se despojar de tudo sem cólera e sem desespero. Deus lhe resta. Deus a ama, é quanto lhe basta. Sente-se rica e goza da maior liberdade para ir ao encontro do Pai celeste.

Deus às vezes ameaça e parece abandonar a alma querida. Entrega-a ao furor do demônio e aos horrores das tentações. Ela sofre então o martírio da consciência. Mas é Vontade de Deus. 'Fere, se puderes, dirá ao demônio, tu que fizeste flagelar o meu Mestre, que o tentaste, que o carregaste nos braços. Eu, discípulo de tal Mestre, não tenho medo de ti, que só farás o que Deus quiser ou permitir. Jesus está comigo'.

Santo abandono na ordem da graça

A alma do santo abandono, qual um filho inocente nas mãos de Deus, entrega o seu espírito para que Deus lhe seja luz, e luz que quiser - clara ou velada, de fé ou de manifestação. Só quer saber o que Deus quer que ela saiba; é a ceguinha de Deus que lhe abre ou fecha os olhos como melhor convém e que, se lhe fosse dado escolher, havia de preferir a pobreza e humildade de espírito.

A alma do santo abandono dá o coração a Deus, em toda a simplicidade, para indiferente amá-lo a Ele tão somente, em todas as coisas e em todos os estados. Se a quiser abrasar no fogo do seu Amor, alegrar-se-á; se lhe quiser conceder uma graça de consolação, recebê-la-á reconhecida. Mas se Deus lhe fizer beber algumas gotas do seu cálice de fel, ou partilhar de alguns dos seus abandonos ou desamparos, de suas desolações ou tristezas, a alma do santo abandono beberá com amor esse cálice, participará da Agonia de Jesus, e lhe ficará fiel na provação.

A alma do santo abandono remete inteiramente a Deus toda vontade própria para que Ele a governe, a vire e revire à mercê dos seus desejos. Doravante só considerará como bem, alegria, felicidade, virtude, zelo, perfeição, aquilo que trouxer o selo da Vontade de Deus. Que quer Deus? Que deseja Ele? Que lhe agrada mais? Nisto está toda a lei, toda a perfeição, toda a vida da alma do santo abandono.

A alma do santo abandono entrega-se ao serviço que Deus lhe determina, mudando-o a toda hora como melhor lhe aprouver, sem outra consideração, sem outro amor do que essa Vontade Divina. Serve a Deus segundo os meios de que dispõe no momento. Não se afeiçoa nem ao estado, nem aos meios, nem às graças; descansa tão somente na santa Vontade de Deus.

(Excertos da obra 'A Divina Eucaristia' - Escritos e Sermões de São Pedro Julião Eymard)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

GALERIA DE ARTE SACRA (XX)

OS SETE PECADOS CAPITAIS
(Hieronymus Bosch)


Quadro com dimensões de 150 cm x 120 cm, de autoria do pintor holandês Hieronymus Bosch (1450 - 1516), atualmente integrando o acervo do Museu do Prado, na Espanha. O homem, sob o olhar flamejante da justiça divina, deve superar o jugo das tentações e dos pecados, na certeza de que terá que prestar contas um dia a Deus de todas as suas faltas e fragilidades e, após este julgamento, será elevado à glória ou condenado à danação eterna. Usando uma iconografia bastante pessoal e fortemente pictórica, o artista delineia, num quadro único, os sete pecados capitais e os novíssimos do homem, forjando, a partir de cenas do cotidiano, valores e ações que têm repercussão direta nos tempos da eternidade. 

INSCRIÇÕES

Centro: Cave cave d[omin]us videt: [Cuidado, cuidado; Deus vê (você)]

Topo: Gens absque consilio est et sine prudentia / Utinam saperent et intelligerent ac novissima providerent [Porque é uma nação insensata, desprovida de inteligência / Se fossem sábios, compreenderiam, e discerniriam aquilo que os espera] - Dt 32, 28 - 29.


Base: Anscondam faciem meam ab eis et considerabo novissima eorum [vou ocultar-lhes o meu rosto e ver o que lhes sucederá] - Dt 32, 20.


Assinatura (em letras negras, no centro da base, abaixo da faixa branca inferior): Jheronimus Bosch

Disco central (a partir da base, em sentido anti-horário): Ira / Superbia / Luxuria / Accidia / Gula/ Avaricia / Invidia [Ira / Soberba / Luxúria / Preguiça / Gula / Avareza / Inveja],  tendo a figura de Jesus Cristo ao centro.

Discos laterais (do alto à esquerda, em sentido horário): Morte / Juízo Final / Céu / Inferno.

ICONOGRAFIA SETORIZADA DA PINTURA

I - IRA

II - SOBERBA


III - LUXÚRIA

 IV - PREGUIÇA


V - GULA

VI - AVAREZA


VII - INVEJA


MORTE


JUÍZO FINAL



CÉU


INFERNO