quarta-feira, 2 de setembro de 2015

QUANDO O INFERNO É AQUI...


Menino sírio morto por afogamento numa praia de Bodrun, na Turquia, após tentativa de fuga das atrocidades do Estado Islâmico

As ondas passam insensíveis pelo pequeno corpo prostrado na areia.
De repente, o mar não significa nada.
O tempo não significa nada.
A vida não significa nada.
Apenas a imagem, mais cruel que a punhalada.
Apenas a imagem, chocante, violenta, absurda.
O garoto que deveria ter sonhos nos pés
brinquedos na sala
uma pipa, uma  bola,
uma infância,
não é mais nada.
Ás vezes, dá vontade de gritar,
de esmurrar a parede,
de se desfazer do mundo.
Eu acho sinceramente que, às vezes, Deus também chora.

BREVIÁRIO DIGITAL - CATECISMO ILUSTRADO DE 1910 (XXIV)







(Catecismo Ilustrado de 1910, parte XXIV)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

VERSUS: BÍBLIA CATÓLICA X BÍBLIA PROTESTANTE


O cânon protestante conta com apenas 38 livros, faltando os seguintes livros da Bíblia Católica: Macabeus I, Macabeus II, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. Além disso, apresenta dois livros incompletos: Ester (faltam cerca de seis capítulos de 10,4 a 16, 24) e Daniel (falta a oração de Azarias, o cântico dos mancebos, o episódio de Susana e a história de Bel e do Dragão). 

'Se alguém cortar qualquer das palavras do livro desta profecia, Deus lhe cortará sua parte do livro da vida e da cidade santa, e do que está escrito neste livro' (Jo 22, 19).

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

SOFRER E AMAR

Quer queira, quer não, há que se sofrer. Há uns que sofrem como o bom ladrão, e outros como o mau; ambos sofriam igualmente. Mas um soube tornar os seus sofrimentos meritórios e o outro expirou no desespero mais horrendo.

Há dois modos de sofrer: sofrer amando e sofrer sem amar. Os santos sofriam tudo com paciência, alegria e perseverança, porque amavam. Nós, nós sofremos com cólera, despeito e enfado, porque não amamos. Se amássemos a Deus, seríamos felizes de poder sofrer por amor d'Aquele que se dignou sofrer por nós. No caminho da cruz, meus filhos, só o primeiro passo custa. É o temor das cruzes que é a nossa maior cruz...

Não se tem a coragem de carregar a própria cruz, ou se faz isso muito mal; porquanto, façamos o que fizermos, a cruz nos apanha, não lhe podemos escapar. Que temos então a perder? Porque não amarmos as nossas cruzes e não nos servirmos delas para irmos para o céu? Ao contrário, a maioria dos homens voltam as costas às cruzes e fogem diante delas. Quanto mais correm, tanto mais a cruz os persegue, tanto mais os fustiga e os esmaga de pesos.

Se o bom Deus nos manda cruzes, nós nos agastamos, nos queixamos, murmuramos, somos tão inimigos de tudo o que nos contraria, que quereríamos sempre estar numa caixa de algodão; mas é numa caixa de espinhos que deveríamos estar.

É pela cruz que se vai para o céu. As moléstias, as tentações, as penas são outras tantas cruzes que nos conduzem ao céu. Tudo isso em breve terá passado. Vede os santos que chegaram antes de nós; o bom Deus não pede de nós o martírio do corpo, pede-nos só o martírio do coração e da vontade.

Nosso Senhor é nosso modelo; tomemos a nossa cruz e sigamo-lo. Façamos ainda como os soldados de Napoleão. Era preciso atravessar uma ponte sobre a qual atiravam a metralha; ninguém ousava passar. Napoleão tomou a bandeira e marchou por primeiro.

A cruz é a escada do céu. Como é consolador sofrer sob os olhos de Deus, e poder dizer a si, a noite, no exame de consciência: 'Eis, minha alma, tiveste hoje duas ou três horas de semelhança com Jesus Cristo: foste flagelada, coroada de espinhos, crucificada com ele!' Ó que tesouro para a morte! Como é bom morrer quando se viveu na cruz !

Se alguém vos dissesse: 'Eu bem queria ficar rico, que devo fazer?'; vós lhe responderíeis: 'É preciso trabalhar'. Pois bem, para ir para o céu é preciso sofrer. Sofrer! Que importa? É só um momento. Se pudéssemos passar oito dias no céu, compreenderíamos o valor desse momento de sofrimento. Não acharíamos cruz bastante pesada, nem provação que fosse bastante amarga...

(São Cura D'Ars)

DA VIDA ESPIRITUAL (84)




Se Maria não fosse Maria, Deus seria exatamente o que seria, mas do Infinito Amor do Pai por nós, nenhum homem verdadeiramente perceberia...

domingo, 30 de agosto de 2015

PUROS DE CORAÇÃO

Páginas do Evangelho - Vigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum


Jesus veio ao mundo para trazer a Boa Nova do Evangelho, para nos despir do homem velho e nos revestir do homem novo, partícipes da Santidade de Deus que é a Verdade Absoluta e para nos libertar de toda sombra do pecado, de toda malícia humana, de todo o obscurantismo de uma fé moldada pelas aparências e pela exterioridade supérflua de práticas inócuas e vazias... No Evangelho deste domingo, nos deparamos, mais uma vez, como esta passagem do velho homem para o novo homem é um primado de rejeição para os que se aferram sem tréguas aos valores humanos. 

Com efeito, os escribas e os fariseus, presenças constantes no Templo e submissos ao extremo das más interpretações da lei mosaica, ficaram petrificados pelo zelo dos costumes antigos, arraigados a práticas absurdas e a minúcias ridículas que transformavam as atividades cotidianas mais simples em complexos rituais de purificação: 'os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre' (Mc 7, 3 - 4). Divinizaram os preceitos humanos, impuseram como dogmas hábitos comezinhos, exteriorizaram ao extremo as abluções e os banhos para se resgatarem, da impureza das mãos ou do corpo, como homens livres do pecado...

Estes homens velhos, empedernidos e envilecidos por normas decrépitas e insanas, ansiosos por denunciar o Mestre, questionam Jesus: 'Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?' (Mc 7, 5). Estes hipócritas, que postulavam princípios externos cheios de melindres que não suportam o menor testemunho interior de fidelidade à graça, vão receber de Jesus as palavras de recriminação oriundas do profeta Isaías: 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’ (Mc 7, 6 - 7). E adiante, pela definitiva reprovação: 'Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens' (Mc 7, 8).

Jesus chama para si a multidão e decreta aos homens de boa fé que a fonte de todas as impurezas é o coração humano, entregue a toda sorte de males, quando órfão da graça: 'Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem' (Mc 7, 21 - 23). Domar o coração e manter a serenidade da alma sob o domínio da graça, eis aí a fonte da água viva que faz nascer, no interior do homem, as sementeiras da vida eterna.

sábado, 29 de agosto de 2015

29 DE AGOSTO - MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BATISTA


Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade, João Batista, tocha de Cristo, torna-se evangelista da Luz Eterna.

O testemunho profético que não cessou de dar com a sua mensagem, com toda a sua vida e a sua atividade, assinala-o hoje com o seu sangue e o seu martírio.


Sempre tinha precedido o Mestre: ao nascer, anunciara a sua vinda a este mundo.

Ao batizar os penitentes do Jordão, tinha prefigurado Aquele que vinha instituir o seu batismo.


E a morte de Cristo redentor, seu Salvador, que deu a vida ao mundo, também João Batista a viveu antecipadamente, derramando o seu sangue por Ele, por amor.


Bem pode um tirano cruel metê-lo na prisão e a ferros; em Cristo, as correntes não conseguem prender aquele que um coração livre abre para o Reino.

Como poderiam a escuridão e as torturas de um cárcere sombrio dominar aquele que vê a glória de Cristo, e que recebe Dele os dons do Espírito?
 

Voluntariamente oferece a cabeça ao gládio do carrasco; como pode perder a cabeça aquele que tem a Cristo por seu chefe?

Hoje sente-se feliz por completar o seu papel de Precursor com a sua partida deste mundo.


Aquele de quem dera testemunho em vida, Cristo que vem e que já aqui está, hoje proclama a sua morte.

Poderia a mansão dos mortos reter esta mensagem que lhe foge?


Alegram-se os justos, os profetas e os mártires, que com ele vão ao encontro do Salvador.

Todos eles rodeiam João com amor e louvores. E com ele suplicam a Cristo que venha finalmente ter com os seus.

Ó grande Precursor do Redentor, Ele não tarda, Aquele que te libertará para sempre da morte.

Conduzido pelo teu Senhor, entra na glória com os santos!

('Hino ao Martírio de São João Batista', de São Beda, o Venerável, Doutor da Igreja, 673 - 735)