domingo, 26 de julho de 2015

26 DE JULHO - SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

De acordo com a Tradição Católica e documentos apócrifos antigos, os pais de Maria foram São Joaquim e Santa Ana. Ana, em hebraico Hannah, significa 'Graça' e Joaquim equivale a 'Javé prepara ou fortalece'. Ambos os nomes indicam, portanto, a  missão divina de realização das promessas messiânicas, com o nascimento da Mãe do Salvador. Segundo a mesma Tradição, os pais de Maria teriam nascido na Galileia, transferindo-se depois para jerusalém, onde Maria nasceu e onde ambos morreram e foram enterrados.

O culto aos pais de Maria Santíssima é antiquíssimo na Igreja Oriental (como revelados nos escritos de São Gregório de Nissa e Santo Epifânio, em hinos gregos e em homilias dos Santos Padres). Os túmulos de São Joaquim e Santa Ana em Jerusalém foram honrados até o final do Século IX, numa igreja construída no local onde viveram. No Ocidente, o culto de Santa Ana é muito mais recente, com sua festa litúrgica tendo início na Idade Média, sendo formalizada no Missal Romano apenas em 1584, no tempo de Gregório XIII. A devoção a São Joaquim foi ainda mais tardia no Ocidente.

Como pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana são nossos avós espirituais e o calendário litúrgico instituiu a festa conjunta destes dois santos em 26 de julho, que ficou também conhecida como 'dia dos avós'. Eles são também os santos protetores da Ordem dos Carmelos Descalços (fundada no Século XVI por Santa Teresa de Ávila). No dia dos avós, o blog presenteia os nossos irmãos mais velhos com estas duas orações.

Oração a Santa Ana

Santa Ana, mãe da Santíssima Virgem, pela intercessão da Vossa Filha e do Meu Salvador, dai-me obter a graça que Vos peço, o perdão dos meus pecados, a força para cumprir fielmente os meus deveres de cristão e a perseverança eterna no amor de Jesus e de Maria. Amém.

Oração a São Joaquim

Senhor! Pela intercessão de São Joaquim, pai da Santíssima Virgem, velai pelos Vossos filhos idosos, especialmente... (nomes) que, tendo cumprido na Terra uma vida longa, possa(m) merecer de Vós a Vida Eterna no Céu. Senhor, dai-lhes o conforto de uma idade avançada, saúde do corpo e da alma, a sabedoria de envelhecer e um coração inquieto enquanto não repousar em Vós. Amém.  

sábado, 25 de julho de 2015

25 DE JULHO - SÃO TIAGO MAIOR


São Tiago nasceu na Galileia e era filho de Zebedeu e Salomé e irmão de João Evangelista, conforme as Sagradas Escrituras. É comumente referendado como São Tiago Maior para se distinguir de outro apóstolo homônimo, São Tiago Menor, filho de Alfeu. É claramente citado nas Escrituras como um dos apóstolos prediletos de Jesus, Junto com Pedro e João, personagem constante de grandes eventos da vida pública de Jesus, como nos casos da cura da sogra de Pedro, da ressurreição da filha de Jairo e dos episódios da transfiguração do Senhor e da sua agonia no Horto das Oliveiras.

Após a morte e ressurreição de Jesus, Tiago rumou para a Espanha, com a missão de proclamar a fé cristã aos povos da região. Com grande zelo entregou-se à missão, a qual se mostrou, entretanto, extremamente difícil e penosa. Desencorajado pelo insucesso de sua pregação, estava prestes a retornar à Palestina quando recebeu, em pessoa, a visita da própria Virgem Maria, em 2 de janeiro do ano 40, consolando-o e conclamando-o a perseverar na sua pregação. Com ânimo redobrado, o apóstolo se dedicou à missão que acabaria por levar o triunfo da Igreja nas terras ibéricas.

Quando mais tarde, este trabalho de evangelização foi retomado por Tiago em Jerusalém, com um grande número de conversões, o apóstolo foi preso e condenado à morte imediata pelo rei Herodes Antipas, pelo suposto crime de sublevação. São Tiago Maior foi  flagelado e depois decapitado, durante as festas pascais no ano 42, tornando-se, assim, o primeiro dos apóstolos a derramar o seu sangue pela fé em Jesus Cristo.

No século VIII, quando a Palestina foi dominada pelos muçulmanos, os restos mortais do apóstolo foram transferidos para a cidade espanhola de Iria. De acordo com a tradição, os bárbaros foram expulsos das terras ibéricas por meio da ajuda invisível do apóstolo, cujo túmulo foi encontrado nesta época por meio de uma estrela iluminando um campo. No local da aparição da estrela, o rei Afonso II mandou construir uma igreja e um mosteiro, dedicados a São Tiago Maior e a cidade de Iria passou a chamar-se Santiago de Compostela, ou seja, do campo da estrela, que se tornou, então, um dos mais celebrados santuários de peregrinação do mundo inteiro.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

A APARIÇÃO DE RIANJO

Em agosto de 1931, por motivo de doença, Irmã Lúcia estava passando uma temporada numa casa amiga em Rianjo/Espanha, uma pequena cidade marítima perto de Pontevedra, para descansar e se recuperar. Foi ali, na capela do lugar, que a Mensageira de Fátima veio a receber, uma vez mais, uma comunicação do Céu.

Nosso Senhor se queixou à Irmã Lúcia em relação aos seus ministros, que postergavam a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, conforme pedido de Nossa Senhora de Fátima feito em 13 de junho de 1929, dois anos e dois meses antes. A Irmã Lúcia relatou ao seu bispo a importante revelação:

'Senhor Bispo, meu confessor me manda que eu informe a V. Excia o que há pouco se deu entre mim e o Nosso Bom Deus; pedindo a conversão da Rússia, da Espanha e de Portugal, me revelou a Divina Majestade:

'Me consolas muito ao pedir a conversão para estas pobres nações. Pede isso também à Minha Mãe, dizendo muitas vezes: 'Doce Coração de Maria, sede a salvação da Rússia, da Espanha e de Portugal, da Europa e do mundo inteiro'. E em outras vezes: 'Por vossa Pura e Imaculada Conceição, ó Maria, concedei-nos a conversão da Rússia, da Espanha, de Portugal, da Europa e do mundo inteiro'. Manifesta aos meus ministros que, uma vez que seguem o exemplo do rei da França, postergando a execução do meu mandato, também haverão de segui-lo na aflição. Nunca é tarde demais para se recorrer a Jesus e à Maria'.

Em outro texto, ela escreveu: 'Mais tarde, por meio de uma comunicação íntima, Nosso Senhor me disse, reclamando: 'Não quiseram atender o meu pedido... Como o Rei da França, eles se arrependerão e a cumprirão, mas será tarde. A Rússia já terá espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras e perseguições à Igreja. O Santo Padre terá muito que sofrer!'

Nosso Senhor estava fazendo aqui uma referência explícita aos pedidos que o Sagrado Coração fez em 17 de junho de 1689 ao rei da França, por meio de Santa Margarida Maria de Alacoque. Como resultado da rejeição do rei Luís XIV - e da mesma rejeição de seu filho e do seu neto, Luís XV e Luís XVI  - de consagrar publicamente a França ao Sagrado Coração de Jesus, como havia sido pedido pelo Céu por meio de um reconhecido santo francês daquela época, os filhos da Anti-Igreja, protestantes e maçônicos, promoveram a grande revolta por meio da Revolução Francesa.

Em 17 de junho de 1789 (Festa do Sagrado Coração), exatamente cem anos depois do dia em que Santa Margarida Maria tinha escrito o grande desígnio do Céu para o Rei, impôs-e na França o Terceiro Estado e se proclamou uma Assembleia Nacional, despojando o rei Luís XVI do poder. Em 21 de janeiro de 1793, a França, ingrata e rebelde contra o seu Deus, atreveu-se a decapitar o seu rei cristão como se fôra um criminoso. 

Em Rianjo, Jesus nos adverte que este obscuro capítulo da história vai se repetir e, desta vez, os ministros de sua Igreja - os bispos e talvez até o próprio Papa - serão as infelizes vítimas. A propósito, parece que o sacrifício do papa - 'o bispo vestido de branco' - junto com outros bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, tratados como se fossem criminosos, constitui o foco da visão de Fátima revelada em 26 de junho de 2000.

('La Aparición en Rianjo', do site www.fatima.org, tradução do autor do blog)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

PALAVRAS DE SALVAÇÃO




'Retira o peixe da água e dali a pouco ele estará morto. Retira-te ou afasta-te da oração, e a tua alma vai morrer para Deus e para a graça. Para que o peixe viva, precisa de estar na água; para que a tua alma viva em graça, precisa de estar em oração. Se o peixe tivesse fé e razão, haveria de compreender que tinha o dever rigoroso de não sair da água para não perder a vida; o cristão tem o dever rigoroso de não deixar a oração para não perder a vida da eterna bem-aventurança'.

(São João Crisóstomo)

quarta-feira, 22 de julho de 2015

OUTRAS HISTÓRIAS MEDIEVAIS

'LEVEM OS MEUS OLHOS!'

O Rei Ricardo da Inglaterra, indo ao convento de Santo Emblay, enamorou-se de uma monja. Enviou-lhe muitos presentes e jóias, com a pretensão de vencer sua vontade. Mas como ela não se submetia, mandou avisar a abadessa que a entregasse, sob pena de destruir o convento.

Enviou então uns homens, para que a trouxessem à força. Quando os homens chegaram ao mosteiro, ela lhes perguntou por que o príncipe se havia enamorado dela mais do que das outras monjas. Eles lhe responderam que era por causa da grande beleza de seus olhos. Ela então, com decisão, arrancou os próprios olhos, dizendo aos homens:

'Soldados, levem os meus olhos, já que por eles o rei se enamorou. E deixem a mim, pois amo menos os meus olhos do que minha alma'. E em uma caixinha ela os mandou ao Rei. 

Envergonhado, este dirigiu-se ao mosteiro, para pedir perdão. Pôs a caixa com os olhos sobre o altar da Virgem, dizendo-lhe que não se iria embora até que os restituísse à santa monja. O milagre se fez, e a Virgem restituiu à monja os olhos mais formosos do que antes, fazendo-se o rei devoto de Maria e protetor do mosteiro.

A ESPADA DE SÃO MARTINHO

O Conde de Besalu era um valente que derrotou os mouros em muitas batalhas. Onde havia perigo, lá estava ele com seu exército, e não tardava em dar boa conta das turbas infiéis. Um dia, estando em seu castelo, veio um de seus guardas dizer-lhe que sabia de boa fonte que os mouros subiam de Bañolas em direção a Santa Pau. Imediatamente o Conde reuniu os seus leais, e saiu para enfrentar os mouros e impedir-lhes o avanço.

Quando os encontrou, no mesmo instante, arremeteu-se contra eles com o ímpeto que lhe era peculiar. Mas em pleno combate sua espada se quebrou. Não era o conde homem que se conformasse vendo pelejar seus soldados, mas não lhe era possível seguir lutando desarmado. Recordou-se então de que, muito perto daquele lugar, encontrava-se uma ermida dedicada a São Martinho. Abandonou o combate uns momentos, para dirigir-se a esse lugar. Uma vez ali, ajoelhou-se aos pés do santo e lhe pediu, com todo o fervor, que ele o livrasse do apuro em que se encontrava.

Estava de joelhos, absorto na oração ao santo, quando viu que a imagem deste se movia, e São Martinho, sacando sua espada, ofereceu-a ao conde. Levantou-se o cavaleiro, todo jubiloso, e para certificar-se do que seus olhos estavam vendo, esticou a mão para pegar a espada. Com firmeza a tomou, e depois de dar graças a Deus de todo o coração, saiu depressa em auxílio de seus homens, que estavam perdendo terreno.

Começou a distribuir golpes com sua espada à direita e à esquerda. Seus homens recobraram o valor que haviam perdido momentaneamente, e redobraram seus esforços. Em poucas horas jaziam mortos todos os mouros que haviam iniciado o combate contra a Santa Fé. 

Os cristãos subiram então até Besalu. Quando chegaram a Colsatrapa, sentaram-se para descansar, enquanto contemplavam o panorama de Mirana y Mor. Os soldados elogiavam o conde pelo seu valor. Ele, porém, contestou, dizendo que São Martinho lhe emprestara a espada. Seus homens duvidaram, e ele, para provar a força da espada, deu um forte golpe numa pedra que havia ali, partindo-a em duas. Essa pedra ainda existe e é conhecida como 'Pedra Cortada'.

(Excertos da obra 'Antologia de Leyendas de la Literatura Universal', V. Garcia de Diego, 1953)

22 DE JULHO - SANTA MARIA MADALENA







'Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cleofas, e Maria Madalena' (Jo 19,25).

terça-feira, 21 de julho de 2015

O TRIUNFO DA CRUZ


I. É a Cruz, sobre a terra, mistério profundíssimo, que não se conhece sem muitas luzes. Para compreendê-lo, é necessário um espírito elevado. Entretanto, é preciso entendê-la para que nos possamos salvar.

II. A natureza a abomina, a razão a combate; o sábio a ignora e o demônio a aniquila. Muitas vezes o próprio devoto não a tem no coração e, embora diga que a ama, no fundo é um mentiroso.

III. A cruz é necessária. É preciso sofrer sempre: ou subir o Calvário ou perecer eternamente. E Santo Agostinho exclama que somos réprobos se Deus não nos castiga e nos prova.

IV. Vai-se para a Pátria pelo caminho das cruzes, que é o caminho da vida e o caminho dos reis; toda pedra é talhada proporcionalmente para ser colocada na Santa Sião.

V. De que servirá a vitória ao maior conquistador, se não tiver a glória de vencer-se sofrendo, se não tiver por modelo Jesus morto na Cruz, se, como um infiel, o lenho repelir?

VI. Jesus Cristo por ela acorrentou o inferno, aniquilou o rebelde e conquistou o universo; e Ele a dá como arma aos seus bons servidores; ela encanta ou desarma as mãos e os corações.

VII. 'Por este sinal vencerás', disse Ele a Constantino. Toda vitória insigne se encontra nela. Lede, na história,seus efeitos maravilhosos, suas vitórias estupendas na terra e nos céus.

VIII. Embora contra os sentidos e a natureza, a política e a razão, a verdade nos assegura que a cruz é um grande dom. É nesta princesa que encontramos, em verdade, graça, sabedoria e divindade.

IX. Deus não pôde defender-se contra sua rara beleza. A Cruz o fez baixar à nossa humanidade. Ao vir ao mundo, Ele disse: 'Sim, quero-a, Senhor. Boa Cruz, coloco-vos bem dentro do coração'.

X. Pareceu-lhe tão bela que nela pôs a sua honra, tornando-a a sua eterna companheira e a esposa de seu Coração. Desde a mais terna infância, seu Coração suspirava unicamente pela presença da cruz que amava.

XI. Desde a juventude, ansioso a procurou. De ternura e de amor, em seus braços morreu. 'Desejo um batismo', exclamou Ele um dia: 'a Cruz querida que amo, o objeto de meu amor!'

XII. Chamou a São Pedro Satanás escandaloso, quando ele tentou desviar seus olhos da Cruz aqui na terra. Sua Cruz é fruto de adoração, sua mãe não o é. Ó grandeza inefável, que a terra desconhece!

XIII. Esta cruz, dispersa por tantos lugares da terra, será ressuscitada e transportada para os Céus. A cruz, sobre uma nuvem cheia de brilho rutilante, julgará, por sua visão, os vivos e os mortos.

XIV. Clamará vingança contra seus inimigos, alegria e indulgência para todos os seus amigos. Dará glória a todos os bem-aventurados e cantará vitória na terra e nos céus.

XV. Durante sua vida, os santos só procuraram a cruz, seu grande desejo e sua escolha única. E, não contentes de ter as cruzes que lhes dava o céu; a outras, inteiramente novas, cada um se condenava.

XVI. Para São Pedro, as cadeias constituíam honra maior do que ser o vigário de Cristo na terra. 'Ó boa Cruz', exclamava, cheio de fé, Santo André: 'Que eu morra em ti, para que me dês a vida!'

XVII. E vede, São Paulo esquecia seu grande êxtase para se glorificar tão somente na cruz. Sentia-se mais honrado em seus cárceres horrendos que no êxtase admirável que o arrebatou aos céus.

XVIII. Sem a cruz, a alma se torna lenta, mole, covarde e sem coração. A cruz a torna fervorosa e cheia de vigor. Permanecemos na ignorância quando nada sofremos. Temos inteligência quando sofremos bem.

XIX. Uma alma sem provações não tem grande valor. É a alma nova ainda, que nada aprendeu. Ah! que doçura suprema goza o aflito que se rejubila com sua pena e dela não é aliviado!

XX. É pela Cruz que se dá a bênção, é por ela que Deus nos perdoa e nos concede remissão. Ele quer que todas as coisas tragam este selo, sem o qual nada lhe parece belo.

XXI. Colocada a cruz em algum lugar, torna-se sagrado o profano e desaparecem as manchas, porque Deus delas se apodera. Ele quer a Cruz em nossa fronte e em nosso coração, antes de todos os atos, para que sejamos vencedores.

XXII. Ela é nossa proteção, segurança, perfeição e única esperança. É tão preciosa que uma alma que já está no céu voltaria alegremente à terra para sofrer.

XXIII. Tem este sinal tantos encantos que, no altar, o sacerdote não se vale de outras armas para atrair Deus lá do céu. Faz sobre a hóstia vários sinais da Cruz e, por esses sinais de vida, dita-lhe suas leis.

XXIV. Por este sinal adorável, prepara-se um perfume cujo odor agradável nada tem de comum; é o incenso que se dá a Ele uma vez consagrado, e é com esta coroa que Ele desejaria ser ornado.

XXV. A Eterna Sabedoria procura, ainda hoje, um coração bem fiel e digno deste presente. Quer um verdadeiro sábio, que goste apenas de sofrer e, com coragem, leve a sua cruz até morrer.

XXVI. Devo calar-me, ó Cruz, rebaixo-te ao falar. Sou um temerário e um insolente; já que te recebi de coração constrangido e não te conheci, perdoa meu pecado!

XXVII. Ó Cruz querida, já que nesta hora te conheço, faze de mim tua morada e dita-me tuas leis. Cumula-me, ó princesa minha, com teus castos amores, e faze que eu conheça os teus mais secretos encantos!

XXVIII. Ao ver-te tão bela, bem queria possuir-te, mas meu coração infiel me prende ao meu dever; se queres, Senhora minha, animar meu langor e sustentar minha fraqueza, dou-te o meu coração.

XXIX. Tomo-te para minha vida, meu prazer e minha honra, minha única ventura. Imprime-te, eu te rogo, em meu coração e no meu braço, na minha fronte e na minha face. Não me envergonharei de ti!

XXX. Tomo, para minha riqueza, tua rica pobreza, e, por ternura, tuas doces austeridades. Que tua prudente loucura e tua santa desonra sejam toda a glória e grandeza de minha vida!

XXXI. Minha vitória estará em ser derrotado por tua virtude e para tua maior glória. Não sou, porém, digno de morrer sob teus golpes, nem de ser contrariado por todos.

(Excertos da obra 'Carta aos Amigos da Cruz', de São Luís Grignion de Montfort)