quinta-feira, 19 de junho de 2014

CORPUS CHRISTI 2014


O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção. 

Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.

Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
 é o alimento da nossa salvação.

(Arcos de Pilares)

CORPUS CHRISTI


Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. Abaixo, duas orações características desta data litúrgica:

Anima Christi

Anima Christi, sanctifica me.
Corpus Christi, salva me.
Sanguis Christi, inebria me.
Aqua lateris Christi, lava me.
Passio Christi, conforta me.
O bone Iesu, exaudi me.
Intra tua vulnera absconde me.
Ne permittas me separari a te.
Ab hoste maligno defende me.
In hora mortis meæ voca me.
Et iube me venire ad te,
ut cum Sanctis tuis laudem te
in sæcula sæculorum. 
Amen.


Tantum Ergo   

Tantum ergo Sacramentum 
Veneremur cernui:
Et antiquum documentum 
Novo cedat ritui: 
Praestet fides supplementum 
Sensuum defectui. Genitori, 
Genitoque Laus et iubilatio, 
Salus, honor, virtus quoque 
Sit et benedictio: 
Procedenti ab utroque 
Compar sit laudatio. 
Amen.


quarta-feira, 18 de junho de 2014

INDULGÊNCIAS DO DIA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI


Amanhã, dia da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o católico pode ser contemplado com as seguintes indulgências:

(i) Indulgência parcial: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Alma de Cristo':

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossa chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte chamai-me e
mandai-me ir para vós,
para que com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém. 

(ii) Indulgência plenária: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Tantum Ergo' ou 'Tão sublime Sacramento':

Tão sublime sacramento
vamos todos adorar,
pois um Novo testamento
vem o antigo suplantar!
Seja a fé nosso argumento
se o sentido nos faltar.
Ao eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador,
igual honra tributemos,
ao Espírito de amor.
Nossos hinos cantaremos,
chegue aos céus nosso louvor.
Amém.

Do céu lhes deste o pão,
Que contém todo o sabor.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa Paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso corpo e do vosso sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém.

O PENSAMENTO DA ETERNIDADE

Cogitavi dies antiquos et annos aeternos in mente habui — Pensei nos dias antigos e tive na mente os anos eternos (Sl 76, 6).

Sumário. Feliz de quem vive tendo sempre em mira a eternidade e pensa que em breve o paraíso ou o inferno será a morada de sua alma! Este pensamento infundiu a milhões de mártires a coragem para darem a sua vida por Jesus Cristo; fez tantos jovens, mesmo príncipes e reis, encerrarem-se nos claustros. Quanto mais eficaz não será, pois, para nos desprender dos miseráveis bens da terra e fazer-nos carregar com paciência as cruzes que Deus nos envia? Quem pensa na eternidade e não se converte a Deus, perdeu ou o juízo ou a fé.

I. O pensamento da eternidade é chamado por Santo Agostinho o grande pensamento: Magna cogitatio. Este pensamento fez com que todos os tesouros e grandezas da terra se afigurassem aos santos como que palhas, lodo, fumo e monturo. Este pensamento inspirou tantos anacoretas a retirarem-se para desertos e grutas, tantos jovens nobres e mesmo reis e príncipes reinantes a encerrarem-se nos claustros. Este pensamento deu a tantos mártires coragem para sofrer os cavaletes, as unhas de ferro, as grelhas em brasa e a morte pelo fogo.

Não, não é para esta terra que fomos criados; o fim para o qual Deus nos pôs neste mundo, é que pelas nossas boas obras mereçamos possuir a vida eterna: Finem vero, vitam aeternam  — E por fim a vida eterna. Pelo que Santo Euquério disse que o único negócio em que devemos cuidar na vida presente é a eternidade. Se assegurarmos este negócio, seremos felizes para sempre; se o errarmos, seremos para sempre infelizes.

Feliz de quem vive tendo sempre em mira a eternidade, pela fé viva que dentro em breve tem de morrer e entrar na eternidade! Iustus ex fide vivit  — O justo vive pela fé. A fé faz o justo viver na graça de Deus, dá vida à alma, desprendendo-a dos afetos terrenos, e lembrando-lhe os bens eternos que Deus promete aos que O amam. Dizia Santa Teresa que todos os pecados provêm da falta de fé. Pelo que, a fim de vencermos as paixões e as tentações, é mister que frequentemente avivemos a nossa fé, dizendo: Credo vitam aeternam — Creio na vida eterna. Creio que, depois desta vida, que em breve acabará para mim, há a vida eterna, ou cheia de gozos ou cheia de sofrimentos, uma das quais me tocará segundo os meus méritos ou deméritos. Costumava por isso Santo Agostinho dizer que o que crê na eternidade e não se converte a Deus, perdeu o juízo ou a fé.

II. 'Ai dos pecadores', exclama São Cesário, 'ai daqueles que entram na eternidade sem a terem conhecido, por não terem querido pensar nela! Ó infelizes! Para eles, a porta do inferno se abrirá para os deixar entrar, não para os deixar sair'. Santa Teresa repetia às suas religiosas: 'Minhas filhas, uma alma, uma eternidade!' Queria dizer: 'Minhas filhas, temos uma só alma; perdida esta, tudo está perdido; e perdida esta uma vez, está perdida para sempre. Numa palavra, de nosso último suspiro na hora da morte dependerá, se seremos felizes para sempre, ou para sempre em desespero'.

Roguemos, pois, ao Senhor, que nos aumente a fé: Domine, adauge fidem — Senhor, aumentai a minha fé, porquanto, se não estivermos firmes na fé, tornar-nos-emos piores do que um Lutero ou um Calvino. Ao contrário, um vivo pensamento da eternidade que nos espera, pode fazer-nos santos. Quando tivermos que sofrer alguma enfermidade ou perseguição, lembremo-nos do inferno, que temos merecido pelos nossos pecados. Desta maneira toda a cruz se nos afigurará leve, e daremos graças ao Senhor dizendo: Misericordiae Domini, quia non sumus consumpti  — Misericórdias são do Senhor o não termos sido consumidos. Digamos também com Davi: 'Se o Senhor não se tivesse compadecido de mim, estaria eu no inferno desde o dia em que O ofendi pelo pecado mortal'. Eu já estava pedido, mas Vós, ó Deus de misericórdia, estendestes para mim a vossa mão e me tirastes do inferno: Tu autem eruisti animam meam, ut non periret  — Tu livraste a minha alma para ela não perecer.

Meu Deus, Vós sabeis quantas vezes tenho merecido o inferno; mas apesar disso, quereis que tenha confiança, e quero esperar em Vós. Os meus pecados me atemorizam, mas a vossa morte e a promessa de perdoardes a quem se arrepende inspiram-me confiança. Nos tempos passados Vos desprezei, mas agora amo-Vos sobre todas as coisas e detesto mais que todos os outros males, o ter-Vos ofendido. Meu Jesus, tende piedade de mim; Maria, Mãe de Deus, intercedei por mim. 'Ó Deus que, com a luz da vossa verdade, iluminais aos que erram, para que possam tornar ao caminho da justiça, concedei a todos os cristãos, que rejeitem quanto se opõe à santidade deste nome, e sigam quanto com ele se conforma'.

(Excertos da obra 'Meditações para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II, de Santo Afonso Maria de Ligório)

terça-feira, 17 de junho de 2014

OUTROS TRÊS TESOUROS DE EXEMPLOS

A MORTE NIVELA TUDO

Em 1916, morreu Francisco José, o imperador da Áustria, que por muitos anos soubera conservar sob o poderio paternal de seu cetro a muitos povos que antes viviam em contínuas guerras. O féretro foi levado à cripta da igreja dos Padres Capuchinhos de Viena, onde jaziam outros reis e imperadores. 

O mestre de cerimônias bateu à porta. 'Quem é?' perguntou do outro lado de dentro, segundo o cerimonial, um padre capuchinho. Os cortesãos responderam: 'Francisco José, imperador e rei'. De lá de dentro, a mesma voz austera do frade respondeu: 'Não o conheço'.

Um momento de silêncio dentro da cripta... Do lado de fora, à porta, deliberavam os senhores e políticos... Batem outra vez. E outra vez insiste de dentro o guardião daquelas tumbas: 'Quem é?' 'Francisco José de Habsburgo' respondem de fora os que sustentam em seus ombros o régio féretro. E, de novo, ouve-se a voz do frade: 'Não o conheço'.

Mais um momento de silêncio. . . mais um instante de deliberação... Urge, porém, entregar à terra aqueles restos mortais que foram ontem de homem tão grande e que hoje ninguém os quer em parte alguma... Por isso, após um instante de imponente silêncio, outra vez a voz do Capuchinho interroga: 'Quem é?' E o que responde em nome da política e da grandeza do império austríaco, responde agora: 'Um pobre morto...' A voz serena e imutável do guardião daqueles túmulos responde imediatamente: 'Entre!'

E abriram-se as portas, e deu-se entrada ao cadáver e ali, como pobre morto, foi enterrado o célebre imperador: Francisco José, rei e imperador da Áustria. Pois é certo que a morte nivela tudo. De toda a grandeza, como de toda a miséria, após a morte resta um cadáver que, dentro em pouco, não é nada mais que pó e cinza.

AGORA VAI E ENTERRA-O!

Dois mendigos, usando falsos remendos fingiam necessidade. Sabendo que por ali iria passar o bispo São Epifânio, para conseguir dele uma gorda esmola, usaram do seguinte ardil. Um se fingiu de morto e o outro começou a lamentar-se pedindo dinheiro ao santo para a mortalha e o enterro. O santo parou, fez uma oração e, tendo-lhe dado o que pedia, prosseguiu o seu caminho.

'Pregamos-lhe uma boa! Levanta-te'. Mas, que levantar-se nada! O homem morrera deveras. Aflito, correu o outro atrás do santo e confessou-lhe o seu pecado, pedindo misericórdia. Mas o santo bispo, muito sério e grave, disse-lhe: 'Com Deus não se brinca. Essa é a recompensa dos mentirosos. Agora vai e enterra-o !'

A LENDA DO FREI PACÔMIO

Em princípios do século décimo, vivia num convento de beneditinos um santo religioso, chamado Frei Pacômio, que não podia compreender como os bem-aventurados não se cansavam de contemplar por toda a eternidade as mesmas belezas e gozar dos mesmos gozos.

Um dia mandou-o o prior a um bosque vizinho para recolher alguma lenha. Foi com gosto mas, mesmo no trabalho, não o largavam as dúvidas. De repente, ouviu a voz de uma avezinha que cantava maravilhosamente entre os ramos. Ergueu-se e viu um animalzinho tão encantador como jamais vira em sua vida. Saltava de um ramo para outro, cantando, brincando e internando-se na selva. Seguiu-o Frei Pacômio, todo encantado, sem dar-se conta nem do tempo nem do lugar.

A certa altura, a avezinha atirou aos ares o último e mais doce gorjeio e desapareceu. Lembrando-se então de seu trabalho, o frei procurou o machado para voltar ao convento, mas - coisa esquisita! - achou-o enferrujado. Quis pegar o feixe de lenha que ajuntara, mas não o encontrou. 'Alguém mo terá roubado?' disse consigo. Pôs-se a andar, mas não encontrava o caminho. Chegou, afinal, à beira do bosque, mas não encontrou o mato de outrora; ali estava agora um campo de trigo, em que trabalhavam homens desconhecidos.

Perguntou a um deles o caminho do mosteiro, pois decerto se havia extraviado. Todos olhavam para ele com surpresa; mas indicaram-lhe o caminho para o mosteiro. Chegando ali - grande Deus! - como estava mudado! Em lugar da casa modesta de sempre, viu um edifício magnífico ao lado de uma grandiosa capela. Intrigado, bateu à porta; um irmão desconhecido a abriu. - 'Sois recém-chegado?' disse-lhe Pacômio, 'eu venho do bosque onde me mandou esta manhã o prior D. Anselmo para buscar lenha'.

Admirou-se o outro e deixando-o ali, foi avisar o prior que, na portaria, estava um monge com hábito velho, barba e cabelos brancos como a neve, perguntando pelo Prior Anselmo. O caso era curioso. O prior, abrindo os registos do convento, descobriu na lista o nome do Prior Anselmo, que ali vivera há quatrocentos anos. Continuou a ler e achou nos anais daquele tempo o seguinte: 'Está manhã, Frei Pacômio foi mandado buscar lenha no bosque e desapareceu'. Chamaram o elho monge e fizeram-no entrar e contar a sua história. Frei Pacômio narrou o caso de suas dúvidas sôbre a felicidade e o paraíso e o prior começou a compreender aquele mistério.

('Tesouro de Exemplos', Pe Francisco Alves, Editora Vozes, 1958, texto corrigido e adaptado)

domingo, 15 de junho de 2014

GALERIA DE ARTE SACRA (XII)

ICONOGRAFIA DA SANTÍSSIMA TRINDADE



















GLÓRIA AO PAI, AO FILHO E AO ESPÍRITO SANTO

Páginas do Evangelho - Festa Litúrgica da Santíssima Trindade


O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.

Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana:  'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho (Mt 11, 27). 

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana: 'Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16 - 17). Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.

'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o  maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).