domingo, 13 de abril de 2014

'HOSANA AO FILHO DE DAVI!'

Páginas do Evangelho - Domingo de Ramos


No Domingo de Ramos, tem início a Semana Santa da paixão, morte e ressurreição de Nosso senhor Jesus Cristo. Jesus entra na cidade de Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os seus discípulos e é recebido como um rei, como o libertador do povo judeu da escravidão e da opressão do império romano. Mantos e ramos de oliveira dispostos no chão conformavam o tapete de honra por meio do qual o povo aclamava o Messias Prometido: 'Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas'.

Jesus, montado em um jumento, passa e abençoa a multidão em polvorosa excitação. Ele conhece o coração humano e pode captar o frenesi e a euforia fácil destas pessoas como assomos de uma mobilização emotiva e superficial; por mais sinceras que sejam as manifestações espontâneas e favoráveis, falta-lhes a densidade dos propósitos e a plena compreensão do ministério salvífico de Cristo. Sim, eles querem e preconizam nEle o rei, o Ungido de Deus, movidos pelas fáceis tentações humanas de revanche, libertação, glória e poder.

Mas Jesus, rei dos reis, veio para servir e não para reinar sobre impérios forjados pelos homens. '... meu reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Jesus vai passar no meio da multidão sob ovações e hosanas de aclamação festiva; Jesus vai ser levado sob o silêncio e o desprezo de tantos deles, uns poucos dias depois, para o cimo de uma cruz no Gólgota.

Neste Domingo de Ramos, o Evangelho evoca todas as cenas e acontecimentos que culminam no calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo: os julgamentos de Pilatos e Herodes, a condenação de Jesus, a subida do calvário, a crucificação entre dois ladrões e a morte na cruz...'Eli, Eli, lamá sabactâni?' (Mt 27, 46). Na paixão e morte de cruz, Jesus revela seu amor desmedido pela criação do Pai e desnuda a perfídia, a ingratidão, a falsidade e a traição dos que se propõem a amar com um amor eivado pelos privilégios e concessões aos seus próprios interesses e vantagens. 

A fé é forjada no cadinho da perseverança e do despojamento; sem isso, toda crença é superficial e inócua e, ao sabor dos ventos, tende a se tornar em desvario. Dos hosanas de agora ao 'Seja crucificado!' (Mt 27, 22 e 23) de mais além, o desvario humano fez Deus morrer na cruz.  O mesmo desvario, o mesmo ultraje, a mesma loucura que se repete à exaustão, agora e mais além no mundo de hoje, quando, em hosanas ao pecado, uma imensa multidão, em frenesi descontrolado, crucifica Jesus de novo em seus corações! 

GALERIA DE FOTOS - SANTA GEMMA GALGANI

(Santa Gemma com 7 anos, ao lado da sua irmã menor, Evangelina)





(Santa Gemma, já muito doente, pouco antes de sua morte)

(morte de Santa Gemma)


Túmulo de Santa Gemma, em Lucca / Itália)

(os pais de Santa Gemma: Aurelia Landi e Enrico Galgani)

(autobiografia de Santa Gemma com as marcas da tentativa do demônio de queimá-la)

(canonização de Santa Gemma - 1940)

Santa Gemma Galgani, rogai por nós!

sexta-feira, 11 de abril de 2014

11 DE ABRIL - SANTA GEMMA GALGANI



Mística, contemplativa, estigmatizada, Santa Gemma Galgani foi contemplada por Deus com um enorme acervo de privilégios, graças e carismas, como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue, êxtases frequentes, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e uma incrível familiaridade com o seu Anjo da Guarda. Nasceu em  12 de março de 1878 em Camigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália, de família católica tradicional e faleceu, com apenas 25 anos, no Sábado Santo de 11 de Abril de 1903. Foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete anos depois da sua morte.

Palavras do Anjo da Guarda à Santa Gemma:

'Lembra, filha, que aquele que ama verdadeiramente Jesus fala pouco e suporta muito. Eu te ordeno, em nome de Jesus, de nunca dar a tua opinião a menos que ela seja pedida; de nunca insistir na tua opinião, mas a ficar em silêncio imediatamente. Quando tiveres cometido qualquer erro, acusa-te a ti mesma dele imediatamente sem esperar que os outros o façam... Lembra-te de guardar os teus olhos e considera que os olhos mortificados possuirão as belezas do Céu.'

Santa Gemma Galgani, rogai por nós!

VERSUS: DOIS OLHARES DE GEMMA


Eis a primeira Gemma de Deus entre os homens, no esplendor da juventude. A beleza divina em traços humanos. No olhar de Gemma, a vida humana é refletida na perfeição do belo. Mas já existe neste rosto e neste olhar uma perfeição maior: a santidade da graça. Gemma do mundo busca, muito além das mundanas coisas, o olhar da eternidade em Deus.



Eis a segunda Gemma de Deus, pouco tempo antes de sua morte prematura. Permanece impávida a beleza humana. Mas agora, esta beleza parece silenciosa e esmaecida diante a transfiguração de sua alma. Este rosto e este olhar refletem uma alma sublimada em Deus. Definitivamente, esta Gemma não é mais do mundo: na eternidade de Deus ainda se contempla. 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

OS TRÊS TIPOS DOS SERVOS DE DEUS

Palavras de Cristo à sua esposa sobre a maneira e respeito com que se deve conduzir a oração, e sobre as três classes de pessoas que servem a Deus no mundo


Sou teu Deus, o que foi pregado na cruz, verdadeiro Deus e homem em uma pessoa, e que está presente todos os dias nas mãos do sacerdote. Quando me ofereces uma oração, termine-a sempre com o desejo de que se faça minha vontade e não a tua. Quando rezas por alguém que já está condenado não te escuto. Algumas vezes não te ouço se desejas algo que possa ir contra tua salvação. 

Por isso, é necessário que submetas tua vontade à minha, porque como Eu sei todas as coisas, não te permito nada mais do que te seja benéfico. Há muitos que não rezam com a intenção correta e é por isso que não merecem ser atendidos. Há três tipos de pessoas que me servem neste mundo. 

Os primeiros são os que creem que sou Deus e o provedor de todas as coisas, que tem poder sobre tudo. Estes me servem com a intenção de conseguir bens e honras temporais, mas as coisas do Céu não lhes importam e estão até dispostos a perdê-las para obter bens presentes. O êxito mundano se ajusta completamente à sua medida, segundo seus desejos. Já que perderam os bens eternos, Eu lhes compenso com consolos temporais por qualquer bom serviço que me façam, pagando-lhes até o ultimo centavo e até o ultimo ponto. 

Os segundos são os que creem que sou Deus onipotente e Juiz severo, mas que me servem por medo do castigo e não por amor à gloria celestial. Se não me temessem não me serviriam. 

Os terceiros são os que creem que sou o Criador de todas as coisas e Deus verdadeiro e que creem que sou justo e misericordioso. Estes não me servem por medo do castigo, mas por amor divino e caridade. Prefeririam suportar qualquer castigo, por duro que fosse, a não me ofender. Estes merecem verdadeiramente ser escutados quando rezam, pois sua vontade coincide com minha vontade. 

O primeiro tipo de servos nunca sairá do castigo nem chegará a ver meu rosto. O segundo não será tão castigado, mas também não chegará a ver meu rosto, a não ser que corrija seu temor mediante a penitência.

(Revelações de Jesus a Santa Brígida, Livro I, Capítulo XIV)

quarta-feira, 9 de abril de 2014

SÃO FRANCISCO DE SALES E AS ALMAS DO PURGATÓRIO


1 – As almas vivem ali uma contínua união com Deus.

2 – Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.

3 -Purificam-se de forma voluntária, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4 – Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5 – São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 – Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7 – São consoladas pelos anjos.

8 – Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9 – As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10 – Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11 – O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.

(Ensinamentos de São Francisco de Sales sobre o Purgatório, excertos da obra 'O Breviário da Confiança', de Mons. Ascânio Brandão)

terça-feira, 8 de abril de 2014

A FÉ EXPLICADA (XIII)

Podem existir várias religiões que sejam igualmente boas?

Não; porque não pode haver senão uma única religião verdadeira. Assim como não existe mais que um único Deus, não há mais que uma única forma verdadeira de honrá-lo; e esta religião obriga todos os homens a conhecê-la.

1. Uma religião, para ser boa, deve agradar a Deus. Mas como Deus é a verdade, uma falsa religião não poderia agradá-lo, Ele não poderia aprovar uma religião fundamentada na mentira e no erro.

2. Não pode existir mais que uma única verdadeira religião,  pois a religião é o conjunto de nossos deveres para com Deus; e estes deveres são os mesmos para todos os homens. E, de fato, esses deveres surgem a partir das relações entre a natureza de Deus e a natureza do homem. Mas como a natureza de Deus é uma só, e a natureza humana é a mesma em todos os homens, é evidente que os deveres têm de ser os mesmos para todos. Portanto, a verdadeira religião tem de ser única e não pode ser múltipla. As formas sensíveis de culto podem variar; a essência do culto, não.

3. Toda religião compreende três coisas: dogmas de fé, uma moral a ser praticada e um culto de adoração a Deus. Se duas religiões são igualmente verdadeiras, elas terão de ter os mesmos dogmas, a mesma moral, o mesmo culto e, então, não serão distintas.

Se são distintas, somente podem ser por ensinar doutrinas diferentes em relação a uma dessas matérias; neste caso, já não são igualmente verdadeiras. Por exemplo, pergunta-se 'Jesus Cristo é Deus?' 'Sim', diz um católico. 'Pode ser', diz um protestante racionalista. 'Não', contesta um judeu. 'É um profeta como Maomé', acrescenta um turco... Estes quatro homens não podem estar todos certos; obviamente, um único manifestou a verdade. Então, as religiões que admitem ainda que uma única verdade dogmática diferente, não podem ser igualmente verdadeiras.

O que dissemos do dogma, afirma-se também à moral: não existe mais que uma única moral, uma vez que esta deve estar firmada na mesma natureza de Deus e do homem, que não mudam. O mesmo deve ser dito do culto, ao menos em suas práticas fundamentais.

Quando os protestantes dizem: 'nós servimos o mesmo Deus que os católicos e logo, a nossa religião é tão boa quanto a deles', contestamos: 'certamente você adoram o mesmo Deus, uma vez que Ele é único, porém não O adoram da mesma forma que nós, não O adoram como Ele quer ser adorado. Eis aí a diferença ... Deus é o Senhor , e o homem deve submeter-se à Sua Vontade.

Aqueles que dizem que todas as religiões são boas, não vêem na religião mais que um tributo em homenagem a Deus, e pensam equivocadamente que qualquer tributo a Ele é valoroso. Esquecem que a religião encerra verdades para serem acreditadas, deveres a serem cumpridos e um culto a ser praticado. E, obviamente, não podem existir várias religiões com crenças contraditórias e práticas antagônicas, porque a verdade é uma só, e Deus não pode aprovar o erro.

Primeira Objeção: Todas as religiões são boas.

Acaso todas as moedas são iguais? Não se tem que distinguir entre as verdadeiras e as falsas? O mesmo se sucede com a religião. Como as moedas falsificadas pressupõem a moeda verdadeira, da qual não são mais do que imitações criminosas, da mesma forma, as falsas religiões pressupõem uma religião verdadeira.

Se todas as religiões são boas, então se pode ser católico em Roma, anglicano em Londres, protestante em Genebra e muçulmano em Constantinopla muçulmano, idólatra em Pequim e budista na Índia. Não é isso ridículo? Não se trata de afirmar que o sim ou o não são igualmente verdadeiras no mesmo caso? Dizer que todas as religiões são boas é um absurdo palpável, uma blasfêmia contra Deus, um erro fatal para o homem. 

1. Um absurdo. É verdade que, nas diferentes religiões, existem algumas verdades que são aceitas por todos, tais como: a existência de Deus, a espiritualidade da alma, vida após a morte, com as recompensas e as punições eternas. Mas elas se contradizem em outros pontos fundamentais. O católico, por exemplo, argumenta que a missão da Igreja é explicar a palavra de Deus contida na Bíblia, ao passo que o protestante afirma que todo cristão deve interpretar por si mesmo a palavra divina e forjar uma religião à sua própria maneira ...

Poderíamos citar indefinidamente as diferenças conflitantes entre as várias religiões. Mas é claro que duas coisas contraditórias não podem ser verdadeiras, porque a verdade é única, como Deus, e não pode se contradizer. Se a Igreja recebeu de Cristo a missão de explicar a Bíblia, não cabe à vontade de cada cristão interpretá-la à sua maneira ... É um absurdo dizer que o sim e o não podem ser igualmente certos sobre o mesmo ponto. Mas, como o que não é verdadeiro, não é bom, porque a mentira e o erro de nada valem, devemos concluir que não podendo ser verdadeiras todas as religiões, todas as religiões não podem ser igualmente boas. Se alguém chega a conhecer a religião católica, importa ser absolutamente necessário, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.

2. Uma blasfêmia contra Deus. Dizer que todas as religiões são boas, não se trata somente de contradizer o senso comum, mas blasfemar contra Deus. É tomar a Deus por um ser indiferente à verdade e ao erro. Supõe-se que Deus possa amar, com amor igual, ao cristão que adora o seu Filho Jesus Cristo e ao maometano, que O insulta; que deve amar igualmente o Papa, que condena a heresia , e a Lutero, Calvino e Henrique VIII, que se rebelaram contra a Igreja; que abençoe o católico que adora Jesus Cristo presente na Eucaristia, e sorria para o calvinista que zomba desse mistério ... Atribuir a Deus semelhante conduta é negar seus atributos divinos, isto é, é tratar a mentira como verdade, o mal como o bem, e aceitar, com a mesma complacência, o culto e o insulto ... Não é isto uma blasfêmia estúpida?

3. Um erro fatal para o homem. Para alcançar a felicidade eterna, o homem deve seguir o caminho até ela e somente a verdadeira religião é o caminho que conduz ao Céu. Não é uma grande desgraça errar o caminho? ... E se, ao menos, ao término da jornada, se pudesse refazer os passos! ... Mas se se erra pela própria culpa, ter-se-á perdido por toda a eternidade. A indiferença, de se proclamar que podem ser seguidas igualmente todas as religiões, pretende alijar o homem da religião verdadeira, do único meio de  alcançar sua meta. É, portanto, um erro fatal.

Segunda Objeção: Um homem honesto não deve mudar de religião e deve seguir a religião de seus pais. 

Cada um pode e deve seguir a religião de seus pais, se esta religião for verdadeira; mas se for falsa, tem a obrigação de renunciar a ela para abraçar a verdadeira. Assim, quando se tem a boa dita de nascer sob a verdadeira religião, não se precisa realmente de mudar suas crenças; e deve-se estar pronto para derramar até a última gota de sangue antes de se apostatar dela. Porém, quando não se teve a boa fortuna de nascer sob a verdadeira religião, e se vem a conhecê-la, é absolutamente imperativo, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.

O dever mais sagrado do homem é seguir a verdade desde o instante que a conhece: antes de tudo, temos de obedecer a Deus. Abandonar a falsa religião para seguir a verdadeira é acatar a Vontade de Deus e, portanto, cumprir o mais sagrado dos deveres. Certamente nada merece tanto respeito quanto as crenças de nossos pais; mas este respeito tem os seus limites, os limites da verdade. Ninguém está obrigado a copiar os defeitos dos pais. Se os pais são ignorantes, é necessário por acaso que, por respeito, os filhos permaneçam ignorantes como eles? A salvação é uma questão pessoal, individual, da qual cada um é responsável diante de Deus .

As razões pelas quais se negligencia abraçar a verdadeira religião são: o respeito humano, os interesses temporais e o desejo de seguir as próprias paixões; mas, obviamente, essas causas são ruins em si e devem, portanto, ser sacrificadas para fazer cumprir a Vontade de Deus e salvar a alma.

(Excertos da obra 'La Religión Demostrada', de P. A. Hillaire)