quinta-feira, 5 de setembro de 2013

GLÓRIAS DE MARIA: O CORAÇÃO DE MARIA


Coração que tudo vê e tudo conhece

A primeira e indispensável condição para que confiantemente nos possamos abandonar a um coração, é que este nos conheça e que compreenda as nossas dores. Se para ele fôssemos estranhos, se devêssemos sofrer ignorados e ocultos e nunca chegassem junto dele nossas angústias secretas, nossas inquietações e nossas lágrimas, como poderíamos eficazmente esperar consolo e alívio?

Ora, em Maria encontramos perfeitamente realizada esta condição indispensável. Pertencente por natureza aos degredados filhos de Eva, Ela conhece o pranto e a dor em todas as suas múltiplas variedades. O sofrimento foi-lhe sempre companheiro da vida; a pobreza, o abandono, o exílio, a viuvez, a dor suprema para um coração de mãe, isto é, a de ver assassinar cruelmente um filho amantíssimo, arrancaram-lhe do Coração profundos suspiros e dos olhos lhe fizeram correr lágrimas ardentes.

A Ela podemos, portanto, recorrer com fé, pois não está acima nem longe de nós a ponto de não compreender as angústias que em certos momentos nos enchem o coração, esmagado sob o peso da tristeza e das desgraças. Pelo contrário, essas angústias, todas as nossas necessidades, Ela as conhece intimamente. O mesmo Deus que as manifesta a nosso Anjo da Guarda e talvez a nossos santos padroeiros, a fim de nos poderem guardar e defender, acaso os há de ocultar a Maria a cujos amorosos cuidados maternos tão solenemente nos confiou? Não, não é possível. Ela fixa o olhar na luz indefectível de Deus e, iluminada por essa luz, penetra em nossos corações, conta as nossas dores, vê as nossas necessidades, cura nossas amarguras e nossas chagas; toda a nossa alma, toda a nossa vida é um livro aberto a seus olhos.

Ó coração, que gemes sob o peso da cruz, recobra o ânimo e espera: Maria tudo vê e tudo conhece. Ó pobre alma envolta nas trevas da dúvida e da aridez; ó tu, que continuamente sentes erguer-se contra ti o vendaval das paixões e os assaltos do inimigo infernal; ó pobre coração que sofres porque te vês frequentemente olvidado e não te vem alegrar aquela afeição de que tanto carecerias; ó pobre enfermo, torturado por indizíveis sofrimentos de que a ciência não sabe achar o remédio: reanima-te e espera. Maria tudo vê e tudo conhece: recorre a Ela, invoca-A com fé; Ela será tua esperança e teu amparo. Mater sanctae spei, ora pro nobis.


Coração que se comove e que tudo pode

Não basta, porém, à nossa fé que um coração bem formado conheça os nossos males e deles intimamente sinta compaixão. Quantas vezes acontece que, por motivos inelutáveis, essa delicada compaixão tenha de ficar inútil e vã! Quantas lágrimas e quantas dores no mundo permanecem inconsoladas porque defrontam com verdadeira impotência e invencível incapacidade! Quantas mães teriam socorrido e salvo os filhos até à custa de sacrifícios e de heroísmo inauditos se lhes tivesse sido possível. Mas nunca haverá impotência que limite ou detenha o impulso de compaixão que Maria sente pelas nossas aflições e pelas nossas dores. Ela é onipotência suplicante: não se aproxima do trono de Deus para pedir, qual pobre serva, e sim imperando como gloriosa rainha: Non ancilla sed domina, non rogans sed imperans – Não serva, mas senhora; não rogando, mas imperando (São Pedro Damião).

Recebeu Ela de Deus poder imenso e ilimitado; é tesoureira e dispensadora das graças e dos tesouros divinos. Quem poderá contar todas as misérias que por Ela foram aliviadas? Quem poderá recordar todos os pecadores que Ela arrancou dos abismos onde se afundavam, todos os enfermos que dEla obtiveram a saúde, todos os aflitos que Ela consolou?

Diga-o a nossa própria experiência. Não é verdade que em momentos difíceis e dolorosos, dEla recebemos conforto e salvação? Não foi, talvez, Maria que nos preservou em certos males e nos livrou de certos perigos? Quem afastou de nossa cabeça o raio da justiça divina quando talvez o estivéssemos provocando com os nossos pecados? Quem nos deu a graça de uma boa confissão, da emenda de nossa vida passada e da inteira conversão ao Senhor? Ah! Não nos envergonhemos de confessá-lo com os santos: se não estamos no inferno, devemo-lo à compaixão, à bondade e ao poder de Maria.



Coração que quer o nosso bem

Aliás, não poderia ser de outro modo. Imaginai a mais terna e a mais amante das mães, que ardentemente deseja o bem dos filhos. Dai a essa mãe inteligência tão perspicaz, olhar tão seguro que seja capaz de inteiramente conhecer os filhos, de adivinhar-lhes as lutas e aflições interiores, de intuir todos os perigos a que se acham expostos. Fazei ainda que essa mãe tão amorosa e tão esclarecida tenha a seu dispor a própria onipotência de Deus e dizei-me: seria possível crer que ela não queira consolar, ajudar, salvar os filhos? E caso os filhos conhecessem esses preciosos dotes da mãe, poderiam duvidar do socorro e hesitar em se entregarem totalmente ao coração dela?

Ora, é exatamente esta a nossa venturosa condição. Mãe amantíssima de nossas almas, iluminada para conhecer os males que nos afligem, dotada por graça da própria onipotência de Deus, não só Maria nos quer socorrer, como também este é seu mais ardente desejo e a mais suave alegria para seu Coração.

Ela o quer porque nos ama, porque conhece quão pungentes são as nossas chagas, quão amargas as nossas lágrimas. Ela o quer também porque sabe que deste modo coopera com a bondade e com a misericórdia infinitas de seu Filho Jesus. Pois não foi para isso que Ele nos deu Maria por mãe e A fez tão poderosa? E o coração que lhe bate no peito, pois não é o mais semelhante àquele Coração adorável cheio de misericórdia e compaixão?

Ah! Nós Vos diremos com a Igreja: Salve Regina, Mater Misericordiae, porque nada Vos apraz mais do que derramar sobre as nossas misérias todas as riquezas de vosso Coração de Mãe. Oh! Vede como é terrível o combate contra as paixões que continuamente nos assaltam, a concupiscência que nos atira ao lodo e ao pecado, a aflição do espírito, a dor e a contradição que sempre encontramos em nosso caminho, as enfermidades que nos fazem gemer e suspirar. Para esse cúmulo de misérias e de males não haverá, pois, conforto e remédio em vosso amantíssimo Coração, ó Maria, nossa Mãe? Sim, há, temos certeza e por isso confiamos em Vós.

Sejam quais forem as nossas condições e as nossas necessidades, nunca se extinguirá a confiança que pomos em Vós, ó Maria. É verdade que de modo muito especial olhais para as almas; entretanto, assim como vosso Filho Jesus, Vós as preparais para a graça, consolando com milagres também os corpos e as tristezas temporais. Dos santuários aonde nos chamais, das fontes que santificastes, respondeis com benefícios a estas ternas invocações: 'Saúde dos enfermos, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, rogai por nós!'. Termine nossa vida, ó Maria, antes que essas invocações morram nos lábios ou brotem menos confiantes do coração.

(Excertos da obra 'Ó Maria, Confio em Vós' do Pe. David Ardito, Edições Paulinas, 1946).

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O GRITO SILENCIOSO


Um grito silencioso. Um filme extremamente impactante que revela a crueldade diabólica da indústria criminosa do aborto. Um vídeo produzido em 1985 pelo médico americano Bernard N. Nathanson, um dos fundadores da Liga Nacional de Ação pelo Direito ao Aborto (NARAL) nos Estados Unidos e que chegou a ser diretor por dois anos da maior clínica de abortos do mundo ocidental. Um vídeo que mostra a técnica de sucção e curetagem aplicada no aborto de um feto de 12 semanas (similar ao diagrama abaixo).

                                                                                                                     http://www.priestsforlife.org

A ultrassonografia foi a peça decisiva que tornou o Dr. Bernard de maior abortista dos Estados Unidos (teria sido o responsável por cerca de 5000 abortos) em um atuante ativista pró-vida. 'O grito silencioso' é, sem sombras de dúvida, um pesadelo. Mas um pesadelo que visto e experimentado pode ser um instrumento decisivo para fazer parar um genocídio.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

3 DE SETEMBRO - SÃO GREGÓRIO MAGNO


Gregório (540 - 604), monge beneditino e doutor da Igreja, foi papa entre 3 de Setembro de 590 e 12 de março de 604. De família nobre romana, assumiu inicialmente carreira política (foi pretor de Roma). Mais tarde, ao conhecer os escritos de São Bento, abandonou tudo, doando os seus bens aos pobres e, ingressando na vida monacal, fundou vários mosteiros regulados pelas regras de São Bento

Eleito papa em 590 como Gregório I, defendeu a supremacia do papado e trabalhou arduamente pela reforma do clero e da vida monástica. Publicou a chamada 'Regra Pastoral', um verdadeiro manual de santidade para os servos de Deus.  Promoveu o fervor missionário e um amplo e completo trabalho de reorganização da estrutura administrativa e litúrgica da Igreja, consolidando preceitos litúrgicos, sistematizando procedimentos da vida religiosa, padronizando as funções e os rituais católicos, promovendo a unificação territorial da Igreja, fomentando a música religiosa (chamada hoje de 'canto gregoriano'), instituindo o rito latino da Santa Missa e a proposição de dogmas (a existência do Purgatório) e redefinindo historicamente o papel e a dimensão social e espiritual da Santa Igreja de Cristo. 

Esta extraordinária conjunção de realizações valeu-lhe o aporte do adjetivo 'magno', honra devida a apenas um outro papa além dele - São Leão Magno. É o quarto e último dos originais Doutores da Igreja latina. Mas este papa personalíssimo, marco fundamental da História da Igreja e do primado da civilização cristã se autodefinia apenas como servus servorum Dei - servo dos servos de Deus.


Dos Escritos de São Gregório Magno (sobre a existência do Purgatório):

'Tal como alguém sai deste mundo, assim se apresenta no Juízo. Porém, deve-se crer que exista um fogo purificador para expiar as culpas leves antes do Juízo. A razão para isso é que a Verdade afirma que se alguém disser uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isto não lhe será perdoado nem neste século nem no vindouro. Com esta sentença se dá a entender que algumas culpas podem ser perdoadas neste mundo e algumas no outro, pois o que se nega em relação a alguns deve-se compreender que se afirma em relação a outros (...) No entanto, tal como já disse, deve-se crer que isto se refere a pecados leves e de menor importância' (Diálogos 4,39: PL 77, 396).

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

PALAVRAS DE SALVAÇÃO



Oração do Anjo de Portugal, em aparição às três crianças em Fátima (Portugal, 1917) antecipando as aparições da Santíssima Virgem, prostrado em terra e trazendo consigo uma Hóstia Consagrada:

'Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam'

O CÉU É AQUI...

domingo, 1 de setembro de 2013

'QUEM SE HUMILHA SERÁ ELEVADO'

Páginas do Evangelho - Vigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum 


Humildade e mansidão são os frutos da fé para deleite de abundantes graças de Deus para aquele que vive a generosidade despojada dos que seguem a Jesus: 'Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração' (Mt 11, 29). Na parábola do Evangelho deste domingo, estas virtudes essenciais da graça são manifestas na transposição dos primeiros e dos últimos lugares de um grande banquete. 

Diante do Filho de Deus vivo, os escribas e fariseus se preocuparam primeiro em ocupar lugares de honra à mesa. Eles observavam Jesus, eles tinham curiosidade, interesse e empenho em questionar Jesus por qualquer uma de suas palavras ou ações, mas não percebiam a própria insensatez e vaidade de suas ações primeiras: a busca desenfreada por ocupar os primeiros lugares, a vanglória de usufruir com pompas uma posição destacada na mesa de jantar, a jactância de se apropriar sem rodeios das melhores posições para exercerem, com maior júbilo e sem reservas, o desmedido orgulho de suas escolhas humanas.

Eis que Jesus os conclama a viver a humildade da vida em Deus, sem buscar os privilégios e os prestígios efêmeros do mundo: 'Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar... Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar' (Lc 14, 8, 10). Como convivas do banquete, seremos provedores de honra ou da vergonha, dependendo da medida de nossa humildade ou da desdita de nosso orgulho: 'Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado' (Lc 14, 11).

E a humildade não pode prescindir do despojamento, da generosidade desinteressada, da mansidão. A mão que estende a dádiva não se curva à retribuição; a ação de oferta não se compraz da gratidão; a semente que gerou fruto não impõe recompensa alguma. Oferece o 'banquete' de seus dons e talentos aos pobres, e aleijados, e coxos, e cegos...'porque eles não te podem retribuir' (Lc 14, 14). Assim, sem a gratidão e os louvores humanos, o homem sábio ajunta tesouros e a recompensa eterna na ressurreição dos justos.

sábado, 31 de agosto de 2013

POEMAS PARA REZAR (XII)




Jacopone da Todi (1230? - 1306) foi um monge franciscano italiano autor de vários poemas, escritos em dialeto úmbrio (italiano antigo), bem como de alguns tratados de vida espiritual. É considerado o provável autor do hino litúrgico 'Stabat Mater Dolorosa'. O poema abaixo constitui a Lauda VI da sua obra reunida Laudi.


Guarda che non caggi, amico

Guarda che non caggi, amico, guarda!
Or te guarda dal Nemico,
che se mostra esser amico;
no gli credere a l'inico: guarda!
Guarda'l viso dal veduto,
ca'l coraio n'è feruto,
c'a gran briga n'è guaruto: guarda!
Non udir le vanetate,
che te traga a su' amistate:
più che vesco appicciaràte: guarda!
Pon a lo tuo gusto un frino,
ca'l soperchio gli è venino,
a lussuria è sentino: guarda!
Guàrdate da l'odorato,
lo qual ène sciordenato,
ca' l Segnor lo t'ha vedato: guarda!
Guàrdate dal toccamento,
lo qual a Deo è spiacemento,
al tuo corpo è strugimento: guarda!
Guàrdate da li parente
che non te piglien la mente,
ca te farò star dolente: guarda!
Guàrdate da molti amice,
che frequentan co formice;
'n Deo te seccan le radice: guarda!
Guàrdate dal mal pensire,
che la mente fo firire,
la tua alma emmalsanire: guarda!

Cuida de não caíres, amigo

Cuida de não caíres, amigo, cuida!
Cuida daquele Inimigo
que assemelha ser amigo;
não te fies no iníquo: cuida!
Co'a vista e o que vê, cuidado,
o coração machucado
a muito custo é curado: cuida!
Não dês ouvido à vaidade,
ao visgo dessa amizade
terás presa a tua vontade: cuida!
Freia o excesso de tua boca,
é veneno, que na toca
da luxúria desemboca: cuida!
Cuida de tudo que incite
teu olfato a seu limite;
o Senhor não te permite: cuida!
Cuida do tato e o que estreita,
pois para Deus é desfeita,
e ao corpo a dor sempre espreita: cuida!
Cuida para que um parente,
não se aposse de tua mente,
e o forces a ser dolente: cuida!
Cuida de quem se avizinha
tal qual formiga daninha;
a raiz em Deus definha: cuida!
Cuida do mau pensamento,
fará da mente um tormento,
d'alma doença e lamento: cuida!