sexta-feira, 12 de abril de 2013

POEMAS PARA REZAR (X)

A GOOD CONFESSION

(Pe. Frederick Faber)

The chains that have bound me are flung to the wind,
By the mercy of God the poor slave is set free;
And the strong grace of heaven breathes fresh o'er the mind,
Like the bright winds of summer that gladden the sea. 


As cadeias que me prendiam foram soltas ao vento,
pela misericórdia de Deus, de pobre escravo fui libertado;
e a graça do céu em minha alma tem fortemente soprado
como os ventos luminosos do verão que ao mar dão alento. 


There was nought in God's world half so dark or so vile
As the sin and bondage that fettered my soul;
There was nought half so base as the malice and guile
Of my own sordid passions, or Satan's control. 


Não havia no mundo das coisas mais vis e mais profanas,
coisa maior que o pecado que tomava minha alma escrava;
nada maior que a vileza e a malícia da dura palavra
pela qual satanás dominava minhas paixões humanas. 


For years I have borne about hell in my breast;
When I thought of my God it was nothing but gloom;
Day brought me no pleasure, night gave me no rest,
There was still the grim shadow of horrible doom. 


Por vários anos acalentei no peito uma dor imensa;
Ao pensar em meu Deus, só me restava a amargura
de viver dias sem prazer, noites imersas em loucura
A me seguir a sombra cruel da última sentença. 


It seemed as if nothing less likely could be
Than that light should break in on a dungeon so deep;
To create a new world were less hard than to free
The slave from his bondage, the soul from its sleep. 


Parecia que nada em mim teria maior medida
que a luz adentrar a calabouço tão profundo;
Assim era eu como feitor de um novo mundo:
um escravo da prisão, uma alma adormecida. 


But the Word had gone forth, and said, Let there be light,
And it flashed through my soul like a sharp passing smart;
One look to my Savior, and all the dark night,
Like a dream scarce remembered, was gone from my heart. 


Mas eis que uma palavra se impôs, e se fez luz e clarão
que atravessaram sem barreiras minha alma tormentosa
Bastou olhar meu Salvador, e a longa noite tenebrosa
como sonho apagado, desfez-se em meu pobre coração. 


I cried out for mercy, and fell on my knees,
And confessed, while my heart with keen sorrow was wrung;
'Twas the labor of minutes, and years of disease
Fell as fast from my soul as the words from my tongue. 


Clamei por misericórdia, de joelhos e em oração;
confessei a dor imensa dos pobres arrependidos
e, naquele minuto de graça, tantos anos perdidos
se perderam de vez como as palavras que se vão. 


And now, blest be God and the sweet Lord who died!
No deer on the mountain, no bird in the sky,
No bright wave that leaps on the dark bounding tide,
Is a creature so free or so happy as I. 


E agora, ó meu Deus e Senhor, glórias Vos dou!
Nem o cervo da montanha, nem o pássaro na altura,
nem a onda de espuma que se quebra na maré escura,
podem ser uma criatura tão livre e feliz quanto eu sou. 


All hail, then, all hail, to the dear Precious Blood,
That hath worked these sweet wonders of mercy in me;
May each day countless numbers throng down to its flood,
And God have His glory, and sinners go free.


Aclamem, pois, o Precioso Sangue do Senhor;
que fez em mim obras de tão grandes maravilhas
Que Vos louve vossos filhos e todas as famílias
Para maior glória de Deus e libertação do pecador.


(tradução livre do autor do blog)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

11 DE ABRIL - SANTA GEMMA GALGANI



Mística, contemplativa, estigmatizada, Santa Gemma Galgani foi contemplada por Deus com um enorme acervo de privilégios, graças e carismas, como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue, êxtases frequentes, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e uma incrível familiaridade com o seu Anjo da Guarda. Nasceu em  12 de março de 1878 em Camigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália, de família católica tradicional e faleceu, com apenas 25 anos, no Sábado Santo de 11 de Abril de 1903. Foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete anos depois da sua morte.

Palavras do Anjo da Guarda à Santa Gemma:

'Lembra, filha, que aquele que ama verdadeiramente Jesus fala pouco e suporta muito. Eu te ordeno, em nome de Jesus, de nunca dar a tua opinião a menos que ela seja pedida; de nunca insistir na tua opinião, mas a ficar em silêncio imediatamente. Quando tiveres cometido qualquer erro, acusa-te a ti mesma dele imediatamente sem esperar que os outros o façam... Lembra-te de guardar os teus olhos e considera que os olhos mortificados possuirão as belezas do Céu.'

Santa Gemma Galgani, rogai por nós!

VISÕES DO INFERNO (II)


DE SANTA FRANCISCA ROMANA:

O inferno é dividido em três partes: o superior, o do meio e o inferior. Lúcifer encontra-se no fundo do inferno inferior. A Lúcifer, chefe universal, subordinam-se três outros demônios, os quais exercem império sobre os demais: (i) Asmodeu, que preside os pecados da carne, e era antes da queda um Querubim; (ii)  Mamon, que preside os pecados da avareza, era um Trono. O dinheiro fornece, ele sozinho, uma das três grandes categorias; (iii) Belzebu preside aos pecados de idolatria. Tudo que tem algo a ver com magia, espiritismo, é inspirado por Belzebu. Ele é, de um modo especial, o príncipe das trevas, e mediante as trevas ele é atormentado e atormenta suas vítimas.

Uma parte dos demônios permanece no inferno, a outra no ar, e uma terceira atua entre os homens, procurando desviá-los do certo caminho. Os que ficam no inferno dão ordens e enviam seus embaixadores; os que residem no ar agem fisicamente sobre as mudanças atmosféricas e telúricas, lançando por toda parte suas más influências, empestando o ar, física e moralmente. Seu objetivo é debilitar a alma. Quando os demônios encarregados da Terra vêem uma alma enfraquecida pelos demônios do ar, eles a atacam no seu ponto fraco, para vencê-la mais facilmente. É o momento em que a alma não confia na Providência. Essa falta de confiança, inspirada pelos demônios do ar, prepara a alma para a queda solicitada pelos demônios da Terra. Assim, enfraquecidos pela desconfiança, os demônios inspiram na alma o orgulho, em que ela cai tanto mais facilmente quanto mais fraca está. Quando o orgulho aumentou sua fraqueza, vêm os demônios da carne que atacam seu espírito. Quando os demônios da carne aumentam mais ainda a fraqueza da alma, vêm os demônios que insuflam os crimes do dinheiro. E quando estes diminuíram ainda mais os recursos de sua resistência, chegam os demônios da idolatria, os quais completam e concluem o que os outros começaram.

Todos se articulam para o mal, sendo esta a lei da queda: todo pecado cometido, e do qual a alma não se arrependeu, prepara-a para outro pecado. Assim, a idolatria, a magia, o espiritismo esperam no fundo do abismo aqueles que foram escorregando de precipício em precipício. Todas as coisas da hierarquia celeste são parodiadas (imitadas) na hierarquia infernal. Nenhum demônio pode tentar uma alma sem a permissão de Lúcifer.

Os demônios que estão no inferno sofrem a pena do fogo. Os que estão no ar ou na terra não sofrem atualmente tais penas, mas padecem outros suplícios terríveis, e particularmente a visão do bem que praticam os santos. O homem que faz o bem inflige aos demônios um tormento indescritível. Quando Santa Francisca era tentada, sabia, pela natureza e violência da tentação, de que altura tinha caído o anjo tentador e a que hierarquia pertencera.Quando uma alma cai no inferno, seu demônio tentador é felicitado pelos demais. Mas quando a alma se salva, o demônio tentador recebe insulto dos outros, que o levam para Lúcifer e este lhe inflige um castigo a mais, além das torturas que já padece. Este demônio entra às vezes no corpo de animais ou homens. Ele finge ser a alma de um morto.

Quando um demônio consegue perder certa alma, após a condenação desta, transforma-se em tentador de outro homem, mas torna-se mais hábil do que foi a primeira vez. Aproveita-se da experiência que a vitória lhe deu, tornando-se mais forte para perder o homem. Santa Francisca observava um demônio em cima de alguém que estivesse em estado de pecado mortal. Confessado o pecado, via ela o mesmo demônio ao lado da pessoa. Após uma excelente confissão, o anjo mau ficava enfraquecido e a tentação não tinha mais o mesmo grau de energia. Ao ser pronunciado santamente o nome de Jesus, Santa Francisca via os demônios do ar, da terra e do inferno inclinarem-se com sofrimentos espantosos, tanto maiores quanto mais santamente o nome de Jesus fora pronunciado.

Se o nome de Deus é pronunciado em meio a blasfêmias, os demônios ainda assim são obrigados a se inclinar, mas um certo prazer é misturado à dor causada pela homenagem que são obrigados a render. Se o nome de Deus é blasfemado por um homem, os anjos do céu inclinam-se também, testemunhando um respeito imenso. Assim, os lábios humanos, que se movem tão facilmente e pronunciam tão levianamente o nome terrível, produzem em todos os mundos efeitos extraordinários e ecos, dos quais o homem não é capaz de compreender nem a intensidade nem a grandeza.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

ENQUANTO AINDA É TEMPO DE COMPAIXÃO

Jesus Cristo disse a Santa Faustina: 'Desejo que essa misericórdia se derrame sobre o mundo todo pelo teu coração. Quem quer que se aproxime de ti, que não se afaste sem essa confiança na Minha misericórdia, que desejo tanto para as almas. Reza quanto puderes pelos agonizantes; pede para eles a confiança na Minha misericórdia, porque eles são os que mais necessitam de confiança e os que menos a têm' (Diário, 1777). 

'Frequentemente convivo com almas agonizantes, pedindo para elas a misericórdia de Deus. Oh! como é grande a bondade de Deus, maior do que podemos compreender. Existem momentos e mistérios da misericórdia de Deus com que até os Céus se assombram. Que se calem os nossos juízos sobre as almas, porque é maravilhosa com elas a misericórdia de Deus' (Diário, 1684). 

'Muitas vezes, faço companhia a almas agonizantes, e peço para elas confiança na misericórdia divina e suplico a Deus aquela grande abundância da graça de Deus que sempre vence. A misericórdia de Deus atinge às vezes o pecador no último instante, de maneira surpreendente e misteriosa. Exteriormente vemos como se tudo estivesse perdido, mas não é assim. A alma, iluminada pelo raio da forte graça de Deus extrema, dirige-se a Deus no último instante com tanta força de amor que imediatamente recebe de Deus [o perdão] das culpas e dos castigos, e exteriormente não nos dá nenhum sinal nem de arrependimento nem de contrição, visto que já não reage a coisas exteriores. 

Oh! quão inconcebível é a misericórdia de Deus. Mas oh! horror — existem também almas que voluntária e conscientemente afastam essa graça e a desprezam. Embora já em meio à própria agonia, Deus misericordioso dá à alma esse momento de luz interior com que, se a alma quiser, tem a possibilidade de voltar a Deus. Mas, muitas vezes, as almas têm tamanha dureza de coração que conscientemente escolhem o Inferno, anulam todas as orações que as outras almas fazem por elas a Deus, e até os próprios esforços de Deus...' (Diário, 1698). 

'União com os agonizantes. Pedem-me orações, e posso rezar, pois admiravelmente o Senhor está me dando um espírito de oração. Estou continuamente unida com Ele, sinto plenamente que vivo pelas almas, para conduzi-las à Vossa misericórdia, Senhor. Quanto a isso, nenhum sacrifício é pequeno demais' (Diário, 971). 

"Quando mergulhei em oração e me uni com todas as Santas Missas que, neste momento, estavam sendo celebradas no mundo inteiro, supliquei a Deus, por meio de todas essas Santas Missas, misericórdia para o mundo, especialmente para os pobres pecadores, que estivessem em agonia naquele momento. E, nesse instante, recebi interiormente a resposta divina interior de que mil almas receberam a graça por intermédio da oração que eu estava elevando a Deus. Não sabemos que número de almas vamos salvar com as nossas orações e sacrifícios; por isso rezemos sempre pelos pecadores' (Diário, 1783). 

'Oh! como devemos rezar pelos agonizantes! Aproveitemos a misericórdia, enquanto é tempo de compaixão' (Diário, 1035). 

domingo, 7 de abril de 2013

DOMINGO DA MISERICÓRDIA



'Lembro-te, minha filha, que todas as vezes que ouvires o bater do relógio, às três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha Misericórdia, adorando-a e glorificando-a. Implora a onipotência dela em favor do mundo inteiro e especialmente dos pobres pecadores, porque neste momento foi largamente aberta para toda a alma. Nessa hora, conseguirás tudo para ti e para os outros. Nessa hora, realizou-se a graça para todo o mundo: a misericórdia venceu a justiça. Minha filha, procura rezar, nessa hora, a Via-sacra, na medida em que te permitirem os teus deveres, e se não puderes fazer a Via-sacra, entra ao menos por um momento na capela e adora o Meu Coração, que está cheio de misericórdia no Santíssimo Sacramento. Se não puderes sequer ir à capela, recolhe-te em oração onde estiveres, ainda que seja por um breve momento. Exijo honra à Minha Misericórdia de toda criatura, mas de ti em primeiro lugar, porque te dei a conhecer mais profundamente este mistério.'

(Diário- Caderno V - 1572 - Santa Faustina Kowalska)



'MEU SENHOR E MEU DEUS!'



O segundo domingo do tempo pascal é consagrado como sendo o 'Domingo da Divina Misericórdia', com base no decreto promulgado pelo Papa João Paulo II na Páscoa do ano 2000. No Domingo da Divina Misericórdia daquele ano, o Santo Padre canonizou Santa Maria Faustina Kowalska , instrumento pelo qual Nosso Senhor Jesus Cristo fez conhecer aos homens Seu amor misericordioso: 'Causam-me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia'.

No Evangelho deste domingo, Jesus já havia se revelado às santas mulheres, a Pedro e aos discípulos de Emaús. Agora, apresenta-Se diante os Apóstolos reunidos em local fechado e, uma vez 'estando fechadas as portas' (Jo 20, 19), manifesta, assim, a glória de Sua ressurreição aos discípulos amados. 'A paz esteja convosco' (Jo 20, 19) foi a saudação inicial do Mestre aos apóstolos mergulhados em tristeza e desamparo profundos. 'A paz esteja convosco' (Lc 20, 21) vai dizer ainda uma segunda vez e, em seguida, infunde sobre eles o dom do Espírito Santo para o perdão dos pecados: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos' (Jo 20, 22-23), manifestação preceptora da infusão dos demais dons do Espírito Santo por ocasião de Pentecostes. A paz de Cristo e o Sacramento da Reconciliação são reflexos incomensuráveis do amor e da misericórdia de Deus. 

E eis que se manifesta, então, o apóstolo da incredulidade, Tomé, tomado pela obstinação à graça: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei' (Jo 20, 25) . E o Deus de Infinita Misericórdia se submete à presunção do apóstolo incrédulo ao lhe oferecer as chagas e o lado, numa segunda aparição oito dias depois, quando estão todos novamente reunidos, agora com a presença de Tomé, chamado Dídimo. 'Meu Senhor e meu Deus!' (Jo, 20, 28) é a confissão extremada de fé do apóstolo arrependido, expressando, nesta curta expressão, todo o tesouro teológico das duas naturezas - humana e divina - imanentes na pessoa do Cristo.

'Bem-aventurados os que creram sem terem visto!' (Jo 20, 29) é a exclamação final de Jesus Ressuscitado pronunciada neste Evangelho. Benditos somos nós, que cremos sem termos vistos, que colocamos toda a nossa vida nas mãos do Pai, que nos consolamos no tesouro de graças da Santa Igreja. E bem-aventurados somos nós que podemos chegar ao Cristo Ressuscitado com Maria, espelho da eternidade de Deus na consumação infinita da Misericórdia do Pai. 

sábado, 6 de abril de 2013

INDULGÊNCIA PLENÁRIA PARA O DOMINGO DA MISERICÓRDIA

INDULGÊNCIA PLENÁRIA NA FESTA DA MISERICÓRDIA

DECRETO DO VATICANO

Anexadas indulgências aos atos de culto, realizados em honra da Misericórdia Divina.


'A tua misericórdia, ó Deus, não conhece limites e é infinito o tesouro da tua bondade...' (Oração depois do Hino 'Te Deum') e 'Ó Deus, que revelas a tua onipotência sobretudo com a misericórdia e com o perdão...' (Oração do Domingo XXVI do Tempo Comum), canta humilde e fielmente a Santa Mãe Igreja. De fato, a imensa condescendência de Deus, tanto em relação ao gênero humano no seu conjunto como ao de cada homem individualmente, resplandece de maneira especial quando, pelo próprio Deus onipotente, são perdoados os pecados e os defeitos morais e os culpados são paternalmente readmitidos na sua amizade, que merecidamente perderam.

Os fiéis com profundo afeto da alma são, por isso, atraídos para comemorar os mistérios do perdão divino e para os celebrar plenamente; para compreenderem de maneira clara a máxima conveniência, aliás o dever do Povo de Deus, que se louve, com fórmulas particulares de oração, a Misericórdia Divina e, ao mesmo tempo, cumpra com sentimentos de gratidão as obras pedidas e, tendo cumprido as devidas condições, possa obter  vantagens espirituais derivadas do Tesouro da Igreja. 'O mistério pascal é o ponto culminante desta revelação e atuação da misericórdia, que é capaz de justificar o homem, e de restabelecer a justiça como realização daquele desígnio salvífico que Deus, desde o princípio, tinha querido realizar no homem e, por meio do homem, no mundo' (Carta encíclica Dives in misericordia, 7).

Na realidade, a Misericórdia Divina sabe perdoar até os pecados mais graves, mas, ao fazê-lo, estimula os fiéis a conceber uma dor sobrenatural, não meramente psicológica, dos próprios pecados, de forma que, sempre com a ajuda da graça divina, formulem um firme propósito de não voltar a pecar. Tais disposições da alma obtêm efetivamente o perdão dos pecados mortais quando o fiel recebe frutuosamente o sacramento da Penitência ou se arrepende dos mesmos mediante um ato de caridade e de sofrimento perfeitos, com o propósito de retomarem o mais depressa possível a prática do próprio sacramento da Penitência: de fato, Nosso Senhor Jesus Cristo, na parábola do filho pródigo, ensina-nos que o pecador deve confessar a sua miséria a Deus dizendo: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho' (Lc 15, 18-19), admoestando que isto é obra de Deus: 'estava morto e reviveu; estava perdido e encontrou-se' (Lc 15, 32).

Por isso, com providencial sensibilidade pastoral, o Sumo Pontífice João Paulo II, a fim de infundir profundamente na alma dos fiéis estes preceitos e ensinamentos da fé cristã, movido pela suave consideração do Pai das Misericórdias, quis que o Segundo Domingo de Páscoa fosse dedicado a recordar com especial devoção estes dons da graça, atribuindo a esse Domingo a denominação de 'Domingo da Misericórdia Divina' (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Decreto Misericors et miserator, de 5 de maio de 2000).

O Evangelho do segundo Domingo da Páscoa descreve as maravilhas realizadas por Cristo Senhor no próprio dia da Ressurreição, em Sua primeira aparição pública: Na tarde desse dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se achavam juntos, com medo dos judeus, veio Jesus pôr-Se no meio deles e disse-lhes: 'A paz seja convosco'. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se os discípulos, vendo o Senhor. E Ele disse-lhes de novo: 'A paz seja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós'. Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos' (Jo 20, 19-23).


Para fazer com que os fiéis vivam com piedade intensa esta celebração, o mesmo Sumo Pontífice estabeleceu que o citado Domingo seja enriquecido com a Indulgência Plenária, como será indicado a seguir, para que os fiéis possam receber mais amplamente o dom do conforto do Espírito Santo e, desta forma, alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo e, obtendo eles mesmos o perdão de Deus, sejam, por sua vez, induzidos a perdoar imediatamente aos irmãos.


Desta forma, os fiéis observam mais perfeitamente o espírito do Evangelho, acolhendo em si a renovação ilustrada e introduzida pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Lembrados das palavras do Senhor: 'Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros' (Jo 13, 35), os cristãos não podem formular desejo mais vivo do que servir os homens do seu tempo com uma generosidade cada vez maior e mais eficaz... A vontade do Pai é que reconheçamos e amemos efetivamente Cristo nosso Irmão, em todos os homens, com a palavra e as obras (Constituição pastoral Gaudium et Spes, 93). 


Por conseguinte, o Sumo Pontífice, animado pelo fervoroso desejo de favorecer o mais possível no povo cristão estes sentimentos de piedade para com a Misericórdia Divina, devido aos riquíssimos frutos espirituais que disto se podem esperar, na Audiência concedida a 13 de Junho de 2002, aos abaixo assinados Responsáveis da Penitenciaria Apostólica, dignou-se conceder-nos indulgências nos seguintes termos:


Concede-se a Indulgência Plenária nas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da 'Misericórdia Divina', em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por exemplo: 'Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti').


Concede-se a Indulgência Parcial ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, eleve ao Senhor Jesus Misericordioso uma das invocações piedosas legitimamente aprovadas. 


Também aos homens do mar, que realizam o seu dever na grande extensão do mar; aos numerosos irmãos, que os desastres da guerra, as vicissitudes políticas, a inclemência dos lugares e outras causas do gênero, afastaram da pátria; aos enfermos e a quantos os assistem e a todos os que, por uma justa causa, não podem abandonar a casa ou desempenham uma atividade que não pode ser adiada em benefício da comunidade, poderão obter a Indulgência Plenária no Domingo da Divina Misericórdia se, com total aversão a qualquer pecado, como foi dito acima, e com a intenção de observar, logo que seja possível, as três habituais condições, recitem, diante de uma piedosa imagem de Nosso Senhor Jesus Misericordioso, o Pai-Nosso e o Credo, acrescentando uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por exemplo: 'Ó Jesus Misericordioso, Confio em Ti'). 


Se nem sequer isto pode ser feito, naquele mesmo dia, poderão obter a Indulgência Plenária todos os que se unirem com a intenção de espírito aos que praticam de maneira ordinária a obra prescrita para a Indulgência e oferecem a Deus Misericordioso uma oração e, juntamente com os sofrimentos das suas enfermidades e os incômodos da própria vida, tendo também eles o propósito de cumprir logo que seja possível as três condições prescritas para a aquisição da Indulgência plenária. 


Os sacerdotes que desempenham o ministério pastoral, sobretudo os párocos, informem da maneira mais conveniente os seus fiéis desta saudável disposição da Igreja, disponham-se com espírito imediato e generoso a ouvir as suas confissões e, no Domingo da Misericórdia Divina, depois da celebração da Santa Missa ou das Vésperas, ou durante uma prática piedosa em honra da Misericórdia Divina, guiem, com a dignidade própria do rito, a recitação das orações acima indicadas; por fim, sendo 'Bem-aventurados e misericordiosos, porque encontrarão misericórdia' (Mt 5, 7), ao ensinar a catequese estimulem docemente os fiéis a praticar, todas as vezes que lhes for possível, obras de caridade ou de misericórdia, seguindo o exemplo e o mandato de Jesus Cristo, como é indicado na segunda concessão geral do 'Enchiridion Indulgentiarum'. 


Este Decreto tem vigor perpétuo, não obstante qualquer disposição contrária. 


Roma, Sede da Penitenciaria Apostólica, 29 de Junho de 2002, solenidade dos santos Apóstolos Pedro e Paulo.

D. Luigi de MAGISTRIS, Pró-Penitenciário-Mor
 
Gianfranco GIROTTI, O.F.M. Conv. Regente