domingo, 30 de outubro de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Bendirei eternamente o vosso nome; para sempre, ó Senhor, o louvarei!(Sl 144)

 30/10/2022 - Trigésimo Primeiro Domingo do Tempo Comum

49. SOB O DOMÍNIO DA GRAÇA 


A caminho de Jerusalém, para viver a história definitiva de sua Paixão e Morte na Cruz, Jesus estava passando pela região de Jericó, quando se defronta com Zaqueu, o publicano, homem muito rico e de grandes posses. Na condição de judeu cooptado pelos romanos para desempenhar a função de lhes cobrar impostos, Zaqueu era visto como um traidor do seu povo e odiado e desprezado pelos seus conterrâneos.

Mas, ao contrário de muitos outros judeus que o odiavam, 'Zaqueu procurava ver quem era Jesus' (Lc 19,3). 'Procurar ver Jesus' possui aqui dois sentidos bastante distintos, mas essencialmente complementares. No primeiro sentido, Zaqueu foi movido pela graça dos bons propósitos e da conversão sincera. No segundo sentido, 'ver Jesus' estabelecia problemas práticos bastante óbvios, uma vez que, além da sua baixa estatura, Zaqueu encontrava dificuldades extremas em acessar a figura do Mestre, tolhido pela presença da grande multidão que O cercava, extasiada ainda pelo extraordinário milagre da cura do cego encontrado à beira do caminho (Lc 17, 36).

E o que faz este homem rico e de muitas posses? '... ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali' (Lc 19, 4). Acima da murmuração e da agitação extremada do mundo, Zaqueu elevou-se da sua pequenez e colheu frutos abundantes da graça de Deus. Ali, do alto de uma figueira, paciente, confiante, perseverante, esperou. E Jesus veio ao seu encontro, como vai de encontro a toda ovelha perdida e fora do redil: 'Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa' (Lc 19, 5). E Zaqueu recebeu Jesus 'com alegria'.

E aqui são expostos mais uma vez as variantes e os atalhos da alma humana, essencialmente distintos, ainda que movidos pela mesma manifestação da admiração. A multidão mais admirada pelo milagre do que pelo Senhor do milagre, quedou-se à murmuração. Zaqueu, sob o domínio da graça, fez brotar da sua admiração ao Senhor sementes de arrependimento e salvação: 'Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais' (Lc 19, 8) e, como Marta, escolheu definitivamente a melhor parte: 'Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido' (Lc 19, 9-10).