quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

LITURGIA DAS HORAS

A Liturgia das Horas ou Ofício Divino é o conjunto das orações realizadas ao longo de todo o dia. Os textos correspondentes a estas orações constam de um livro chamado Breviário e compreendem sete horas canônicas: Ofício das Leituras, Laudes, Terça, Sexta, Nona, Vésperas e Completas. O Breviário em português é composto por 4 volumes, na seguinte ordem: Advento e Natal; Quaresma e Páscoa; Primeira Parte do Tempo Comum e Segunda Parte do Tempo Comum.

Ofício das Leituras é a oração que pode ser rezada em horário livre, de dia ou de noite e comporta leituras espirituais diversas (bíblicas, Padres da Igreja, vida dos santos). Laudes e Vésperas são as orações da manhã e da tarde, respectivamente, constituindo as orações mais importantes do Ofício, a primeira consagrando o dia ao Senhor e a segunda, agradecendo o trabalho do dia. As chamadas Horas Médias (Terça, Sexta e Nona) são as orações intermediárias que compõem a continuidade e a sequência de toda a liturgia orante. Finalmente, as Completas fecham o ciclo diário das orações, constituindo a oração mais curta, de agradecimento pelo dia, e de súplica, por uma noite tranquila e uma morte santa.

A Liturgia das Horas apresenta algumas variações de acordo com a natureza da mesma, mas a estrutura geral é similar a todas. Esta estrutura é explicada, a título de exemplo, para a hora das Completas, correspondente ao dia de ontem - 03/12 (textos em itálico):

(i) Invocação: constituída por um pequeno versículo (durante o qual se faz o Sinal da Cruz), seguido do Glória ao Pai (durante o qual se faz uma reverência profunda) e Aleluia (que deve ser omitido durante o tempo da Quaresma).

V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio. 
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia!

(Recomenda-se fazer, neste momento, um pequeno exame de consciência e recitar um Ato Penitencial).

(ii) Hino: pequena composição poética e não bíblica, associada diretamente ao ofício que se celebra; a última estrofe é uma doxologia, em que se dá glória à Santíssima Trindade (durante a qual também se faz uma reverência profunda).

Agora que o clarão da luz se apaga, 
a vós nós imploramos, Criador: 
com vossa paternal misericórdia, 
guardai-nos sob a luz do vosso amor. 

Os nossos corações sonhem convosco: 
no sono, possam eles vos sentir. 
Cantemos novamente a vossa glória 
ao brilho da manhã que vai surgir. 

Saúde concedei-nos nesta vida, 
as nossas energias renovai; 
da noite a pavorosa escuridão 
com vossa claridade iluminai. 

Ó Pai, prestai ouvido às nossas preces, 
ouvi-nos por Jesus, nosso Senhor, 
que reina para sempre em vossa glória, 
convosco e o Espírito de Amor.

(iii) Salmodia: parte principal da liturgia constituída pelas orações proferidas por Jesus ao Pai; é composta por uma antífona, salmos, Glória ao Pai (nem sempre presente) e novamente a antífona. Nas completas, tem-se apenas um salmo ou dois salmos curtos. Em Laudes, são dois salmos, intercalados por um cântico do antigo testamento e, em Vésperas, são dois salmos, seguidos por um cântico do novo testamento. No ofício das leituras e nas horas médias, são três salmos.

Ant.1  Ó Senhor, sede a minha proteção, 
um abrigo bem seguro que me salva!

Salmo 30(31), 2-6

Súplica confiante do aflito 

Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito! (Lc 23,46).

2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança; * 
que eu não fique envergonhado eternamente! 
= Porque sois justo, defendei-me e libertai-me, † 
3 inclinai o vosso ouvido para mim; *
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me! 

– Sede uma rocha protetora para mim, * 
um abrigo bem seguro que me salve! 
4 Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza; * 
por vossa honra orientai-me e conduzi-me! 
5 Retirai-me desta rede traiçoeira, *
porque sois o meu refúgio protetor!

6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito* 
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.1 Ó Senhor, sede a minha proteção, 
um abrigo bem seguro que me salva!


Ant.2  Das profundezas eu clamo a vós, Senhor!†

Salmo 129 (130) 

Das profundezas eu clamo

Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1,21).

1 Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, * 
2  escutai a minha voz! 
– Vossos ouvidos estejam bem atentos * 
ao clamor da minha prece! 

3 Se levardes em conta nossas faltas, *
quem haverá de subsistir? 
4 Mas em vós se encontra o perdão, *
eu vos temo e em vós espero. 

5 No Senhor ponho a minha esperança, *
espero em sua palavra. 
6 A minh’alma espera no Senhor * 
mais que o vigia pela aurora. 

7 Espere Israel pelo Senhor * 
mais que o vigia pela aurora! 
– Pois no Senhor se encontra toda graça * 
e copiosa redenção. 

8 Ele vem libertar a Israel *
de toda a sua culpa.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. * 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.2  Das profundezas eu clamo a vós, Senhor!

(iv) Leitura Breve: pequena leitura do texto bíblico sem qualquer introdução ou conclusão.

Leitura Breve (Ef 4,26-27)

Não pequeis. Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento. Não vos exponhais ao diabo.

(v) Responsório Breve: conforme modelo padrão do Breviário (um pequeno versículo nos casos do ofício das leituras e das horas médias). 

Responsório breve

V. Senhor, em vossas mãos 
* Eu entrego o meu espírito. R.Senhor. 
V. Vós sois o Deus fiel, que salvastes vosso povo. 
* Eu entrego. Glória ao Pai. R.Senhor. 


(vi) Cântico Evangélico: modelo conforme as horas (o Cântico de Simeão - Nunc Dimitis - para as Completas,  o Magnificat para as Vésperas  e o Benedictus, cântico de Zacarias, para as Laudes). O cântico apresenta também antífona e Glória ao Pai e, às primeiras palavras, deve ser feito o Sinal da Cruz (no caso do Ofício das Leituras, os cânticos são substituídos por leituras e responsórios longos). Em outras horas, seguem orações específicas por intenções da Santa Igreja.

Cântico Evangélico

Ant. Salvai-nos, Senhor, quando velamos, 
guardai-nos também quando dormimos! 
Nossa mente vigie com o Cristo, 
nosso corpo repouse em sua paz! 

Cântico de Simeão (Lc 2,29-32) 

Cristo, luz das nações e glória de seu povo 
29 Deixai, agora, vosso servo ir em paz, * 
conforme prometestes, ó Senhor. 

30 Pois meus olhos viram vossa salvação * 
31 que preparastes ante a face das nações: 

32 uma Luz que brilhará para os gentios * 
e para a glória de Israel, o vosso povo.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Salvai-nos, Senhor, quando velamos,
guardai-nos também quando dormimos!
Nossa mente vigie com o Cristo,
nosso corpo repouse em sua paz!

(vii) Oração: oração e bênção final da hora, conforme modelos do Breviário.No caso das Completas, segue-se à oração uma antífona a Nossa Senhora.

Oração

Senhor Jesus Cristo, manso e humilde de coração, que tornais leve o fardo e suave o jugo dos que vos seguem, acolhei os propósitos e trabalhos deste dia e concedei-nos um repouso tranquilo, para amanhã vos servirmos com maior generosidade. Vós, que viveis e reinais para sempre. Amém.

O Senhor todo-poderoso nos conceda uma noite tranquila
e, no fim da vida, uma morte santa.
R. Amém.

Antífona Final de Nossa Senhora

Ó Mãe do Redentor, do céu ó porta,
ao povo que caiu, socorre e exorta,
pois busca levantar-se, Virgem pura,
nascendo o Criador da criatura:
tem piedade de nós e ouve, suave,
o anjo te saudando com seu Ave!

A liturgia das horas pode ser acompanhada diariamente (para o horário do dia correspondente ao acesso) no site Liturgia das Horas.