domingo, 2 de dezembro de 2012

AS GRANDES HERESIAS: EVOCAÇÃO DOS MORTOS

'Quem vos ouve a mim me ouve, quem vos despreza a mim me despreza, e quem me despreza, despreza Aquele que me enviou' (Lc, 10, 16): assim Jesus manifestou aos apóstolos o repositório definitivo da Igreja na missão salvífica do gênero humano. A começar pelo batismo: 'Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado' (Mc 16,16), passando pelos demais sacramentos, pela Santa Missa e eucaristia e pelas demais prescrições dos Evangelhos, Deus fez conhecer aos homens a sã doutrina cristã para a santificação e a salvação dos homens. E o plano da revelação é sobejamente expresso, de forma cristalina e recorrente: depois de Moisés e dos Profetas, coube a Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, e somente a Ele, a plena revelação dos mistérios de Deus: 'Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida' (Jo, 8, 12). A Verdade absoluta de Cristo é explicitada definitiva e  sistematicamente: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida' (Jo, 14,6).

Deste plano da revelação divina, estão definitivamente excluídos outros atores, sejam os anjos, sejam os homens, falecidos ou não. Por esta razão, a Igreja não impõe ao católico acreditar em aparições e revelações de natureza particular, ainda que consubstanciadas por frutos louváveis e generosos (o antigo Código Canônico (cânones 1399 e 2318) proibia inclusive a edição e a divulgação de tais revelações), possui uma cautela extrema na ratificação das mesmas e, ainda assim, entendidas no domínio explícito de complementações dos ensinamentos basilares da moral cristã, expressos pelas mensagens bíblicas e pela tradição da Santa Igreja. 

Foge desmedidamente deste contexto as práticas de magia, adivinhações e evocações dos falecidos. E, assim, impõe-se a condenação explícita de toda e qualquer prática do Espiritismo. Estas práticas não são nada recentes e foram proibidas e rejeitadas severamente por Deus desde os tempos do Antigo Tetamento: 'Que em teu meio não se encontre alguém que queime o seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos; pois quem pratica estas coisas é abominável a Iahweh, e é por causa destas abominações que Iahweh teu Deus os desalojará em teu favor. Tu serás íntegro para com Iahweh teu Deus. Eis que as nações que vais conquistar ouvem oráculos e adivinhos. Quanto a ti, isso não te é permitido por Iahweh teu Deus.' (Deut 18, 10-14). 

Mas a rigorosa interdição da evocação dos mortos é exposta pelo próprio Jesus na parábola do pobre Lázaro e do rico epulão (Lc 16, 19-31). Lázaro, 'coberto de úlceras', jazia à porta do 'homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino', desejando saciar das migalhas 'do que caía da mesa do rico'. Ambos morreram, Lázaro para a glória eterna, o rico para a danação eterna. No inferno, o rico implora que Lázaro possa molhar a ponta do dedo para lhe refrescar a língua, em meio aos tormentos das chamas. '... entre vós e nós, existe um grande abismo, de modo que aqueles que quiserem passar daqui para junto de vós não o podem, nem tampouco atravessarem os de lá até nós', é a resposta incisiva do Céu. O rico condenado suplica, então, para que Lázaro vá prevenir os seus outros cinco irmãos de tão terrível destino eterno. 'Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam' é, outra vez, a resposta incisiva do Céu. O rico insiste no seu desvario: 'Não, pai Abraão, mas se alguém dentre os mortos for procurá-los, eles se converterão.' E  a resposta final do Céu é definitiva: 'Se não escutam nem a Moisés nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão'.  Eis aí, mais do que explícita, a rejeição ao Espiritismo e às suas práticas que são  'abomináveis' diante de Deus.

A Igreja Católica não nega a interação das almas dos falecidos conosco. Esta é a base da invocação dos mortos, um bom e salutar ato cristão, centrado no dogma da comunhão dos santos. O que é definitivamente revogado é a evocação de espíritos falecidos (ou de qualquer outro espírito), com o pretexto de se receber mensagens específicas ou algum tipo de auxílio. A revelação divina está centrada integralmente em Cristo e somente poderá ter novos cenários ou verdades quando da sua Segunda Vinda. Não há uma 'terceira via' das revelações nem nos oráculos do passado, nem nos fenômenos mediúnicos do espiritismo moderno. Uns e outros são os mesmos reflexos de práticas abomináveis diante de Deus e aqueles que os praticam serão 'desalojados' da glória eterna.