segunda-feira, 2 de junho de 2025

A ÚNICA CERTEZA DA MORTE


Certa ocasião, o filósofo grego Diógenes, famoso por sua maneira excêntrica, mexia numa pilha de caveiras quando o Rei Alexandre, o Grande, da Macedônia lhe perguntou o que procurava. Diógenes então respondeu: 'Procuro o crânio do seu pai, o Rei Filipe'. Tal resposta calou Alexandre pois, com isso, o filósofo estava a dizer que na morte todos somos iguais.


No enterro do Imperador Francisco José do Império Austro-Húngaro, ao se dirigir o féretro para o convento aonde o enterrariam, o cortejo encontrou ali as portas fechadas. Ao baterem à porta os que levavam os restos mortais do imperador, ouviram uma voz em resposta: 'Quem vem lá?' Ao que responderam: 'O Imperador da Áustria'." E ouviram em resposta: 'Não o conhecemos'. Seguiu-se outra batida à porta e a mesma pergunta: 'Quem vem lá?' - 'O rei da Hungria'. E novamente a resposta: 'Não o conhecemos'. Sucessivas tentativas de entrar no convento foram repelidas pelas diferentes respostas nomeando os inúmeros títulos do falecido diante a pergunta: 'Quem vem lá?', sempre com a mesma resposta: 'Não o conhecemos'. Até que finalmente, os de fora responderam: 'Um pobre mortal'. Diante desta resposta, as portas se abriram e o imperador pôde ser enterrado, para mostrar que títulos e honras humanas nada valem diante da morte e do julgamento de Deus, a não ser o bem ou o mal que cada um tenha praticado nessa vida.


OS PAPAS DA IGREJA (XI)

 


domingo, 1 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta!' (Sl 46)

Primeira Leitura (At 1,1-11) - Segunda Leitura (Ef 1,17-23) -  Evangelho (Lc 24,46-53)
 
  01/06/2025 - SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

A ASCENSÃO DO SENHOR


Antes de subir aos Céus, Jesus manifesta a seus discípulos (de ontem e de sempre) as bases do verdadeiro apostolado cristão, a ser levado a todos os povos e nações: 'e no seu nome (de Jesus) serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém' (Lc 24, 47). Ratificando as mensagens proféticas do Antigo Testamento, Nosso Senhor imprime diretamente no coração humano os sinais da fé sobrenatural e da esperança definitiva na Boa Nova do Evangelho, que nasce, se transcende e se propaga com a Igreja de Cristo na terra.

Antes de subir aos Céus, Jesus nos fez testemunhas da esperança: 'Vós sereis testemunhas de tudo isso' (Lc 24, 48). Pela ação de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, pela manifestação da 'Força do Alto', os apóstolos tornar-se-iam instrumentos da graça e da conversão de muitos povos e nações. Na mesma certeza, somos continuadores dessa aliança de Deus com os homens, na missão de semear a Boa Nova do Evangelho nos terrenos áridos da humanidade pecadora para depois colher, a cem por um, os frutos da redenção nos campos eternos da glória.

Como missionários da graça, 'Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança como santos' (Ef 1, 18). E Jesus se eleva diante dos seus discípulos e sobe para os Céus. Jesus vai primeiro porque é o Caminho e para preparar para cada um de nós 'as muitas moradas da casa do Pai', levando consigo a nossa humanidade, tornando-nos participantes do seu mistério pascal e herdeiros de sua glória.

Na solenidade da Ascensão do Senhor, a Igreja comemora a glorificação final de Jesus Cristo na terra, como o Filho de Deus Vivo e, ao mesmo tempo, imprime na nossa alma o legado cristão que nos tornou, neste dia, testemunhas da esperança eterna em Cristo e herdeiros dos Céus.

sábado, 31 de maio de 2025

O DOGMA DO PURGATÓRIO (CII)

Capítulo CII

Meios de se Evitar o Purgatório - Santa Margarida maria e as Almas Sofredoras - As Consolações de Deus para com as Almas Caridosas

Entre as revelações de Nosso Senhor a Margarida Maria sobre o Purgatório, há uma delas que mostra como são particularmente severas as punições infligidas pelas faltas contra a caridade. 'Um dia' - relata Monsenhor Languet - 'Nosso Senhor mostrou à sua serva várias almas privadas da assistência da Santíssima Virgem e dos santos e até mesmo das visitas de seus anjos da guarda; isso era em castigo por sua falta de união com seus superiores e por certos mal-entendidos. Muitas dessas almas estavam destinadas a permanecer por muito tempo em chamas terríveis. A abençoada irmã reconheceu também muitas almas que haviam vivido na religião e que, por causa de sua falta de união e caridade com seus irmãos, foram privadas de seus sufrágios e não receberam nenhum alívio'.

Se é verdade que Deus castiga tão severamente aqueles que falharam na caridade, Ele será infinitamente misericordioso para com aqueles que praticaram essa virtude tão querida ao seu Coração. Mas, antes de tudo, Ele nos diz pela boca do seu Apóstolo, São Pedro, que tenhamos uma caridade mútua constante entre nós, pois a caridade cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8).

Ouçamos novamente Monsenhor Languet na Vida de Margarida Maria. É o caso da Madre Grefiber, diz ele, que, nas memórias que escreveu após a morte da abençoada irmã, atesta o seguinte fato. 'Não posso omitir a causa de certas circunstâncias particulares que manifestam a verdade de uma revelação feita nesta ocasião à serva de Deus. O pai de uma das noviças foi a causa disso. Este senhor havia falecido algum tempo antes e fora recomendado às orações da comunidade. A caridade da Irmã Margarida, então Mestra das Noviças, a levou a rezar mais especialmente por ele. Alguns dias depois, a noviça foi recomendá-lo às suas orações. 'Minha filha', disse sua santa mestra - 'fique perfeitamente tranquila; seu pai já está em condições de rezar por nós. Pergunte a sua mãe qual foi a ação mais generosa que seu pai realizou antes de morrer; essa ação lhe rendeu um julgamento favorável de Deus'.

'A ação a que ela se referia era desconhecida para a noviça; ninguém em Paray sabia das circunstâncias de uma morte que havia ocorrido tão longe daquela cidade. A noviça só viu sua mãe muito tempo depois, no dia de sua profissão. Ela então perguntou qual foi a ação cristã generosa que seu pai realizou antes de morrer. 'Quando o Santo Viático lhe foi levado' - respondeu sua mãe - 'o açougueiro juntou-se àqueles que acompanhavam o Santíssimo Sacramento e colocou-se em um canto da sala. O doente, ao percebê-lo, chamou-o pelo nome, disse-lhe para se aproximar e, apertando-lhe a mão com uma humildade incomum em pessoas de sua posição, pediu perdão por algumas palavras duras que lhe dirigira de vez em quando e desejou que todos os presentes fossem testemunhas da reparação que ele lhe fazia'. A irmã Margarida soube apenas por Deus o que havia acontecido, e a noviça soube, por isso, da verdade consoladora do que ela lhe havia dito a respeito do estado feliz de seu pai na outra vida. Acrescentemos que Deus, por meio dessa revelação, nos mostrou mais uma vez como a caridade cobre uma multidão de pecados e nos fará encontrar misericórdia no dia da justiça.

A bem-aventurada [santa] Margarida Maria recebeu de nosso Divino Senhor outra comunicação relativa à caridade. Ele lhe mostrou a alma de uma pessoa falecida que teve de sofrer apenas um leve castigo e lhe disse que, entre todas as boas obras que essa pessoa havia realizado no mundo, Ele havia levado em consideração especial certas humilhações a que ela se submetera no mundo, porque as havia sofrido com espírito de caridade, não apenas sem murmurar, mas mesmo sem sequer falar delas. Nosso Senhor acrescentou que, em recompensa, Ele lhe havia dado um julgamento brando e muito favorável.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (VI)

Theophanis Strelitzas ou Theophanes Bathas ou ainda Teófanes, o Cretense (1490? - 1559) foi um artista grego bizantino e um dos maiores pintores de ícones da chamada Escola Cretense de Pintura.

Os quinze ícones abaixo, pintados no Monastério de Stavronikita (localizado no Monte Athos, na Grécia e dedicado a São Nicolau), é um dos trabalhos finais de Teófanes e representa um ápice na história da iconografia eclesiástica. Os personagens são retratados como figuras altas e magras, com vestimentas simples e semblantes severos, distribuídos de forma harmônica e equilibrada nos ícones, que representam a sequência cronológica de eventos da vida pública de Jesus Cristo.





quinta-feira, 29 de maio de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (I)


Nicolau Steno (1638-1686), forma latinizada do nome Niels Steensen, foi um cientista e sacerdote dinamarquês, pioneiro em contribuições científicas fundamentais para o estudo da anatomia, paleontologia, geologia (particularmente a estratigrafia) e cristalografia.

Em 1669, publicou o Prodomus ou De solido intra solidum naturaliter contento dissertationis prodromus - Discurso preliminar a uma dissertação sobre um corpo sólido naturalmente contido dentro de um sólido - no qual estabeleceu de forma pioneira e singular os princípios que regem a estruturação das sequências sedimentares, conhecidos atualmente como Princípios de Steno, definidos como:

* Princípio da Superposição: os sedimentos se depositam em camadas, sendo as camadas mais novas depositadas acima das camadas mais antigas;
* Princípio da Horizontalidade Original: os sedimentos tendem a se depositar em camadas horizontais;
* Princípio da Continuidade Lateral: as camadas de sedimentos tendem a ser contínuas, com espessuras reduzindo-se lateralmente nas margens da bacia de acumulação.


Steno praticamente abriu mão de uma carreira acadêmica brilhante após a sua conversão ao catolicismo romano em 1667, sendo ordenado sacerdote em 1675. Em 1677, tornou-se bispo titular e passou o resto de sua vida ministrando a fé católica às populações católicas romanas minoritárias no norte da Alemanha, Dinamarca e Noruega e vivendo uma vida pautada por completa modéstia, jejum e oração. Foi beatificado pelo papa São João Paulo II em 1988.

OS PAPAS DA IGREJA (X)