quinta-feira, 16 de junho de 2022

INDULGÊNCIAS DO DIA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

 

Nesta quinta-feira, dia da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o católico pode ser contemplado com as seguintes indulgências:

(i) Indulgência parcial: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Alma de Cristo':

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossa chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte chamai-me e
mandai-me ir para vós,
para que com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém. 

(ii) Indulgência plenária: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Tantum Ergo' ou 'Tão sublime Sacramento':

Tão sublime sacramento
vamos todos adorar,
pois um Novo testamento
vem o antigo suplantar!
Seja a fé nosso argumento
se o sentido nos faltar.
Ao eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador,
igual honra tributemos,
ao Espírito de amor.
Nossos hinos cantaremos,
chegue aos céus nosso louvor.
Amém.

Do céu lhes deste o pão,
Que contém todo o sabor.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa Paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso corpo e do vosso sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XV)

 

MÃE PURÍSSIMA, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

POR QUE NÃO ALCANÇAMOS O QUE PEDIMOS?


Muitas vezes não alcançamos o que pedimos, diz Santo Agostinho, porque rezamos com o coração mal disposto, porque pedimos coisas más, prejudiciais ou inúteis ou porque nossa oração não tem as devidas qualidades.

1. Rezamos com coração mal disposto quando nos achamos em pecado mortal e nos obstinamos nele. Como pecadores, somos inimigos de Deus, desobedientes, revoltosos. Merecemos que Ele nos ouça e nos atenda, se não queremos arrepender-nos e cessar de ofendê-lo? Com certeza não. Podemos então, sem nos contradizer e nos condenar, dirigir-lhe a oração que Jesus nos ensinou? No Pai Nosso, pedimos que o nome de Deus seja santificado e nós não cessamos de o desonrar; pedimos que o reino de Deus chegue e nós fazemos reinar o pecado em nosso coração. Pedimos que a vontade de Deus seja feita e nós nos opomos a ela, violando os seus mandamentos. Pedimos perdão de nossas dívidas e continuamos a acumular novas dívidas. Pedimos que nos livre do mal e não queremos fugir da ocasião do pecado. Que contradição! Rezemos, pecadores, detestemos o pecado, façamos a vontade de Deus e Deus fará nossa vontade, ouvindo a nossa oração.

2. A segunda causa da ineficácia de nossa oração é que pedimos o que não serve. Se pedimos o que é contrário à glória de Deus ou à nossa salvação, por exemplo, uma saúde de que abusaremos para ofender a Deus e perder a nossa alma; bens terrestres que nos farão esquecer os eternos; riquezas, prazeres, grandezas que não servirão senão para satisfazer nossas paixões; o nascimento ou a saúde de um filho que mais tarde encherá nossos dias de dissabores e desespero; então será bom que Deus nos ouça? Que devemos, pois, pedir? O triunfo sobre o orgulho, a sensualidade, a graça da conversão, se somos pecadores; da perseverança, se somos justos. Peçamos o pão de cada dia, isso é, as coisas necessárias ou úteis à vida, casa, comida, vestimentas, emprego, a remuneração dos nossos labores. Em uma palavra, peçamos o que Jesus nos ensina a pedir no Pai Nosso. É a oração universal e encerra o pedido de tudo quanto é necessário e útil.

3. A última causa da ineficácia da nossa oração é que rezamos mal. Devemos rezar com atenção. São nossas distrações mais ou menos voluntárias e contínuas que estragam nossa oração. A oração é uma elevação de nosso espírito a Deus. O que deve, pois, rezar é principalmente o espírito, o coração e não tanto a boca. Ora, que acontece geralmente? Os lábios proferem palavras e o espírito pensa em mil coisas, mas não em Deus. Então, merecemos a exprobração que Jesus dirigiu aos judeus: 'Este povo honra-me com seus lábios, mas o seu coração está longe de mim'. Rezemos, pois, com mais atenção, coloquemo-nos na presença de Deus, pensemos no que vamos fazer, e, se o demônio da distração vier perturbar-nos, logo que dermos fé, repilamo-lo, voltemos à presença de Deus.

Devemos rezar com confiança. E por que não teríamos confiança? Aquele a quem imploramos não é nosso Deus e nosso Pai? Não nos prometeu conceder tudo quanto pedimos? Um pai, diz Jesus Cristo, embora não seja bom, não dá uma pedra ao filho que lhe pede pão. Com mais poderosa razão vosso Pai do céu, que é bom, vos concederá o que pedirdes. Devemos rezar com humildade. 'A oração do humilde, diz a Escritura, sobe ao céu, penetra as nuvens'. 'Deus' - diz São Tiago - 'ouve a oração do humilde, mas resiste aos soberbos'. Para o vale, a chuva e a fertilidade; para a montanha que ergue a sua cabeça orgulhosa até às nuvens, os raios e a esterilidade. A humildade foi a disposição do pródigo quando, arrependido e envergonhado de sua vida de misérias e torpezas, exclamou: 'Meu pai, pequei, não sou digno de ser chamado vosso filho'. Tal foi a oração de todos os pecadores que se converteram.

4. Enfim, a oração deve ser perseverante. Deus, para nos fazer apreciar seus dons, não quer ordinariamente concedê-los muito facilmente. Quer aliás experimentar a nossa fé e humildade, por isso quer que rezemos com insistência e, às vezes, por muito tempo. Quantas vezes, talvez, tenhamos cessado de rezar quando estávamos a ponto de alcançar o favor almejado. Santa Mônica tinha um filho perdido, escandaloso, Agostinho. A mãe pede a conversão dele um ano, dez anos, quinze anos. Já começava a desanimar, quando o seu diretor, Santo Ambrósio, lhe diz: 'Continua a rezar, não é possível que o filho de tantas orações e lágrimas se perca'. Perto de vinte anos se passam, o filho se converte e vem a ser um dos maiores santos da Igreja.

(Excertos da obra 'O Pequeno Missionário', do Pe. Guilherme Vaessen)

segunda-feira, 13 de junho de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XIV)


 MÃE DA DIVINA GRAÇA, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

13 DE JUNHO - SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

 

SÍNTESE BIOGRÁFICA

1195: Nasce em Lisboa, filho de Maria e Martinho de Bulhões. É batizado com o nome de Fernando. Reside na frente da Catedral.

1202: Com sete anos de idade, começa a frequentar a escola, um privilégio raro na época.

1209: Ingressa no Mosteiro de São Vicente, dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, perto de Lisboa. Torna-se agostiniano. 

1211: Transfere-se para Coimbra, importante centro cultural, onde se dedica de corpo e alma ao estudo e à oração, pelo espaço de dez anos.

1219: É ordenado sacerdote. Pouco depois conhece os primeiros franciscanos, vindos de Assis, que ele recebe na portaria do mosteiro. Fica impressionado com o modo simples e alegre de viver daqueles frades.

1220: Chegam a Coimbra os corpos de cinco mártires franciscanos. Fernando decide fazer-se franciscano como eles. É recebido na Ordem com o nome de Frei Antônio, enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos, conforme deseja.

1221: Chegando a Marrocos, adoece gravemente, sendo obrigado a voltar para sua terra natal. Mas uma tempestade desvia a embarcação arrastando-a para o sul da Itália. Desembarca na Sicília. Em maio do mesmo ano participa, em Assis, do capítulo das Esteiras, uma famosa reunião de cinco mil frades. Aí conhece o fundador da Ordem, São Francisco de Assis. Terminado o Capítulo, retira-se para o eremitério de Monte Paolo, junto aos Apeninos, onde passa 15 meses em solidão contemplativa e em trabalho braçal. 

1222: Chamado de improviso a falar numa celebração de ordenação, Frei Antônio revela uma sabedoria e eloquência extraordinárias, que deixam a todos estupefatos. Começa a sua epopeia de pregador itinerante.

1224: Em brevíssima Carta a Frei Antônio, São Francisco o encarrega da formação teológica dos irmãos. Chama-o cortesmente de 'Frei Antônio, meu bispo'.

1225: Depois de percorrer a região norte da Itália, passa a pregar no sul da França, com notáveis frutos. Mas tem duras disputas com os hereges da região.

1226: É eleito custódio na França e, um ano depois, provincial dos frades no norte da Itália.

1228: Participa, em Assis, do Capítulo Geral da Ordem, que o envia a Roma para tratar com o Papa de algumas questões pendentes. Prega diante do Papa e dos Cardeais. Admirado de seu conhecimento das Escrituras, Gregório IX o apelida de 'Arca do Testamento'.

1229: Frei Antônio começa a redigir os 'Sermões', atualmente impressos em dois grandes volumes.

1231: Prega em Pádua a famosa quaresma, considerada como o momento de refundação cristã da cidade. Multidões acorrem de todos os lados. Há conversões e prodígios. Êxito total! Mas Frei Antônio está exausto e sente que seus dias estão no fim. Na tarde de 13 de junho, mês em que os lírios florescem, Frei Antônio de Lisboa morre às portas da cidade de Pádua. Suas últimas palavras são: 'Estou vendo o meu Senhor'. As crianças são as primeiras a saírem pelas ruas anunciando: 'Morreu o Santo'.

1232: Não tinha bem passado um ano desde sua morte, quando Gregório IX o inscreveu no catálogo dos santos.

1946: Pio XIII declara Santo Antônio Doutor da Igreja, com o título de 'Doutor Evangélico'.

MILAGRE DOS PEIXES


Certa vez, quando o Frei Antônio pregava o Evangelho na cidade de Rímini, Itália, os moradores locais não queria escutá-lo e começaram a ofendê-lo a ponto de ameaçá-lo de agressão física. Santo Antônio saiu da praça e caminhou em direção à praia e, dando as costas aos seus detratores, falou em voz alta. 'Escutai a Palavra de Deus, vós que sois peixes e vives no mar, já que os infiéis não a querem ouvir.' Diversos peixes agruparam-se à beira da praia e, postando suas cabeças para fora d’água, ficaram em posição como de escuta das palavras do santo: 'Bendizei ao Senhor, vós que sois também criaturas de Deus!' E aqueles que presenciaram este milagre espantoso creram e se converteram ao cristianismo!

EXCERTOS DE UM SERMÃO: 'A CEGUEIRA DAS ALMAS '
(SERMÃO DO DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA) 

Um cego estava sentado... etc. Omitidos todos os outros cegos curados, só queremos mencionar três: o primeiro é o cego de nascença do Evangelho, curado com lodo e saliva; o segundo é Tobias que cegou com excremento de andorinhas, e se curou com fel de peixe; o terceiro é o bispo de Laodicéia, ao qual diz o Senhor no Apocalipse: 'Não sabes que és um infeliz e miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que me compres ouro provado no fogo, para te fazeres rico, e te vestires com roupas brancas, e não se descubra a tua nudez, e unge os teus olhos com um colírio, para que vejas'. Vejamos o que significa cada uma destas coisas.

O cego de nascença significa, no sentido alegórico, o gênero humano, tornado cego nos protoparentes. Jesus restituiu-lhe a vista, quando cuspiu em terra e lhe esfregou os olhos com lodo. A saliva, descendo da cabeça, significa a divindade, a terra, a humanidade; a união da saliva e da terra é a união da natureza humana e divina, com que foi curado o gênero humano. E estas duas coisas significam as palavras do cego sentado à borda do caminho e a clamar: 'Tem piedade de mim (o que diz respeito à divindade), Filho de Davi' (o que se refere à humanidade).

No sentido moral, o cego significa o soberbo. A este respeito lemos no profeta Abdias: 'Ainda que te eleves como a águia e ponhas o teu ninho entre os astros, eu te arrancarei de lá, diz o Senhor'. A águia, voando mais alto que todas as aves, significa o soberbo, que deseja a todos parecer mais alto com as duas asas da arrogância e da vanglória. É a ele que se diz: 'Se entre os astros, isto é, entre os santos que, neste lugar tenebroso, brilham como astros no firmamento, puseres o teu ninho, isto é, a tua vida, dali te arrancarei, diz o Senhor'. 

O soberbo, pois, esforça-se por colocar o ninho da sua vida na companhia dos santos. Donde a palavra de Job: 'A pena do avestruz, isto é, do hipócrita, é semelhante às penas da cegonha e do falcão, isto é, do homem justo'. E nota que o ninho em si tem três caracteres: no interior é forrado de matérias brandas; externamente é construído de matérias duras e ásperas; é colocado em lugar incerto, exposto ao vento. Assim a vida do soberbo tem interiormente a brandura do deleite carnal, mas é rodeada no exterior por espinhos e lenhas secas, isto é, por obras mortas; também está colocada em lugar incerto, exposta ao vento da vaidade, porque não sabe se de tarde ou se de manhã desaparecerá. E isto é o que se conclui: 'De lá eu te arrancarei, ou seja, arrancar-te-ei para te lançar no fundo do inferno, diz o Senhor'. Por isso, escreve-se no Apocalipse: 'Quanto ela se glorificou e viveu em delícias, tanto lhe dai de tormentos'.

E nota que este cego soberbo é curado com saliva e lodo. Saliva é o sêmen do pai derramado na lodosa matriz da mãe, onde se gera o homem miserável. A soberba não o cegaria se atendesse ao modo tão triste da sua concepção. Daí a fala de Isaías: 'Considerai a rocha donde fostes tirados. A rocha é o nosso pai carnal; a caverna do lago é a matriz da nossa mãe. Daquele fomos cortados no fétido derrame do sêmen; desta fomos tirados no doloroso parto. Por que te ensoberbeces, portanto, ó mísero homem, gerado de tão vil saliva, criado em tão horrível lago e ali mesmo nutrido durante nove meses pelo sangue menstrual?' Se os cereais forem tocados por esse sangue não germinarão, o vinho novo azedará, as ervas morrerão, as árvores perderão os frutos, a ferrugem corroerá o ferro, enegrecerão os bronzes e se dele comerem os cães, tornar-se-ão raivosos e, com as suas mordeduras, farão enlouquecer as pessoas. 

domingo, 12 de junho de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!' (Sl 8)

 12/06/2022 - Solenidade da Santíssima Trindade

29. GLÓRIA À TRINDADE SANTA!


O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.

Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana: 'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho (Mt 11, 27).

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana: 'Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16 - 17). Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.

'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).