sexta-feira, 2 de junho de 2023

DOUTORES DA IGREJA (XII)

12Santo Isidoro de Sevilha, Bispo (†636)

Doutor da Igreja da Idade Média


Concessão do título: 1722 - Papa Inocêncio XIII

Celebração: 04 de abril (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • Etymologiae - Etimologia (enciclopédia teológica)
  • De fide catholica contra Iudaeos - Da fé católica contra os judeus
  • Historia de regibus Gothorum, Vandalorum et Suevorum - história dos reis góticos, vândalos e suevos.
  • Chronica Majora - sobre a história universal (até o ano 616)
  • De differentiis verborum - tratado teológico sobre a doutrina da Trindade e a natureza de Cristo
  • Quaestiones in Vetus Testamentum - Questões sobre o Antigo Testamento
  • Liber numerorum, qui in Sanctis Scriptura occurunt - manual sobre os significados místicos dos números
  • Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ - compilação de decretos e cânones da Igreja espanhola
  • Sententiarum Libri Tres - compêndio sobre Fé e Moral
  • De viris illustribus
  • De ecclesiasticis officiis
  • De summo bono
  • Cartas Diversas

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

   

DEVOÇÃO DAS NOVE PRIMEIRAS SEXTAS - FEIRAS  

quinta-feira, 1 de junho de 2023

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LVII)

Capítulo LVII

Auxílio às Santas Almas - Liturgia da Igreja para o Dia de Finados - Santo Odilo e o Decreto de Cluny 

A Santa Igreja possui uma liturgia especial para os defuntos: é composta de vésperas, matinas, laudes e da comumente chamada 'missa de requiem'. Esta liturgia, tão comovente quanto sublime por meio do luto e das lágrimas, desvela aos olhos dos fieis a luz consoladora da eternidade. Esta liturgia é proferida nos funerais dos seus filhos e, particularmente, no dia solene da comemoração dos mortos. A Santa Missa aqui ocupa o primeiro lugar; é como o centro divino ao redor do qual todas as outras orações e cerimônias se agrupam. No dia seguinte ao Dia de Todos os Santos, na grande solenidade de Finados, todos os sacerdotes devem oferecer o Santo Sacrifício pelos mortos; dia em que os fieis têm o dever de assistir, e até oferecer a Sagrada Comunhão, orações e esmolas, para alívio do sofrimento dos seus irmãos no Purgatório. 

Esta festa em memória dos falecidos não é de origem muito antiga. Desde o início, a Igreja sempre rezou pelos seus filhos defuntos: cantou salmos, recitou orações, ofereceu a Santa Missa pelo repouso de suas almas. No entanto, não se tinha uma missa especial para recomendar a Deus as almas dos mortos em geral. Foi somente no século X que a Igreja, sempre guiada pelo Espírito Santo, instituiu o dia solene de comemoração de todos os defuntos, para encorajar os fieis a cumprir o grande dever de oração pelos defuntos, conforme prescrito pela caridade cristã. O berço desta comovente solenidade teve lugar na Abadia de Cluny. Santo Odilo, então abade da mesma no final do século X, edificou toda a França com sua caridade para com o próximo. Estendendo sua compaixão até os mortos, ele não deixava de rezar também pelas almas do Purgatório. Foi esta terna caridade que o inspirou a estabelecer no seu mosteiro, como também nos seus arredores, a festa da comemoração de todas as almas defuntas. Acreditamos, como nos diz o historiador Berault, que ele havia recebido uma revelação nesse sentido, pois Deus lhe manifestara de maneira milagrosa como agradava aos Céus a devoção do seu servo. 

Eis como isso é relatado pelos seus biógrafos. Enquanto o santo abade dirigia o seu mosteiro na França, um piedoso eremita vivia em uma pequena ilha na costa da Sicília. Certo dia, um peregrino francês foi lançado na costa desta pequena ilha por uma tempestade. O eremita, a quem foi dado conhecer, perguntou-lhe se conhecia o abade Odilo. 'Certamente' - respondeu o peregrino - 'eu o conheço e tenho orgulho de conhecê-lo; mas como você o conhece e por que me faz essa pergunta?'. 'Ouço muitas vezes' - respondeu o eremita - 'que os espíritos malignos se queixam de pessoas piedosas que, com suas orações e esmolas, livram as almas das dores que suportam na outra vida, mas se queixam principalmente de Odilo, abade de Cluny e dos seus religiosos. Quando, portanto, você retornar ao seu país natal, eu imploro a você, em nome de Deus, que exorte o santo abade e os seus monges a redobrar suas boas obras em favor das pobres almas'.

O peregrino retornou à França e dirigiu-se até o mosteiro, cumprindo o que lhe havia sido recomendado. Em função disso, Santo Odilo ordenou que, em todos os mosteiros do seu Instituto, no dia seguinte ao dia de Todos os Santos, fosse feita uma comemoração especial pelas almas de todos os fieis defuntos, por meio da recitação das vésperas pelos mortos nas horas da véspera e das matinas da manhã seguinte, repique de sinos e celebração de missa especial pelo repouso das almas falecidas. Este decreto, redigido em Cluny, válido para o mosteiro e para todos os demais do instituto, ainda hoje se conserva e essa prática tão piedosa passou rapidamente a ser aplicada para outras igrejas e, com o tempo, tornou-se de observância universal para todo o mundo católico.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

quarta-feira, 31 de maio de 2023

ORAÇÃO: SPIRITUS SANCTUS

Hildegarde Von Bingen, uma das grandes místicas da Igreja, compôs também diversas orações e hinos religiosos, incluindo 77 sinfonias em estilo similar ao gregoriano. O hino Spiritus Sanctus de sua autoria constitui uma curta oração de louvor ao Espírito Santo, tomada do texto do Salmo 110 (111).


Spiritus Sanctus vivificans vita,
movens omnia,
et radix est in omni creatura,
ac omnia de immunditia abluit,
tergens crimina,
ac ungit vulnera,
et sic est fulgens ac laudabilis vita,
suscitans et resuscitans omnia.

Espírito Santo vivificante,
que tudo move
fonte de todas as criaturas,
que lava as impurezas,
redime as culpas
e cura todas as feridas;
eis a luminosa e gloriosa vida
que sublima e ressuscita a todos.

terça-feira, 30 de maio de 2023

'SÃO AS OBRAS QUE FALAM...'


Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as veem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: 'Há uma lei para o pregador: que faça o que prega'. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras.

Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo os inspirava (cf At 2,4). Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas ideias! Pois há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como suas, atribuindo-as a si mesmos. Destes e de outros semelhantes, diz o Senhor por meio do profeta Jeremias: 'Terão de se haver comigo os profetas que roubam um do outro as minhas palavras. Terão de se haver comigo os profetas, diz o Senhor, que usam suas línguas para proferir oráculos. Eis que terão de haver-se comigo os profetas que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, que os contam, e seduzem o meu povo com suas mentiras e seus enganos. Mas eu não os enviei, não lhes dei ordens, e não são de nenhuma utilidade para este povo – oráculo do Senhor' (Jr 23,30-32).

Falemos, portanto, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe humilde e devotamente que derrame sobre nós a sua graça, a fim de podermos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e na observância do decálogo. Que sejamos repletos de um profundo espírito de contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores divinos. Desse modo, ardentes e iluminados pelos esplendores da santidade, mereceremos ver o Deus Uno e Trino.

(Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua)

segunda-feira, 29 de maio de 2023

7 DIMENSÕES DA CARIDADE CRISTÃ


1. 'Amarás o próximo como a ti mesmo'. 

(Mt 22, 39)

2. 'De muito boa vontade darei o que é meu e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos eu mais, seja por vós menos amado'.

(II Cor 12, 15)

3. 'Que no meu pensamento, nas minhas palavras, nas minhas obras para com o próximo – seja ele quem for –  nunca deixe de praticar a caridade, nunca dê entrada na minha alma à indiferença'. 

(São Josemaria Escrivá)

4. 'A verdadeira caridade é paciente na adversidade e comedida na prosperidade; é forte no sofrimento doloroso, alegre nas boas obras, perfeitamente segura na tentação; é suave com os verdadeiros irmãos e paciente com os falsos; é inocente nas armadilhas; chora na maldade; respira na verdade... É humilde na obediência de Pedro e livre na argumentação de Paulo. É humana no testemunho dos cristãos, divina no perdão de Cristo. Porque a verdadeira caridade, queridos irmãos, é a alma de todas as Escrituras, a força da profecia, a moldura do conhecimento, o fruto da fé, a riqueza dos pobres, a vida dos moribundos. Conservai-a pois com fidelidade; amai-a com todo o vosso coração e com toda a força do vosso entendimento'.

(São Cesário de Arles)

5. 'Não ignoreis nenhuma destas verdades, se tiverdes por Jesus Cristo uma fé e uma caridade perfeitas. Estas duas virtudes são o princípio e o fim da vida: a fé é o seu princípio, a caridade, a sua perfeição; a união das duas, o próprio Deus; todas as outras virtudes as seguem em procissão para conduzir o homem à perfeição'.

(Santo Inácio de Antioquia)

6. 'Se queremos uma solidariedade universal, é necessária a união dos espíritos na verdade, a união das vontades na moral, a união dos corações no amor de Deus e de seu filho Jesus Cristo. Ora, esta união só poderá ser realizada pela caridade católica, que é a única, por consequência, que pode conduzir os povos no caminho do progresso, para o ideal da civilização'.

(São Pio X)  

7. 'Ensinai-me, Senhor, a amar o próximo sem ser amado por ele, a amá-lo sem olhar à minha utilidade, mas só porque Vós me amais, só para pagar o Vosso amor gratuito. Assim cumprirei o mandamento da lei: amar-Vos sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesma'.

(Santa Catarina de Sena)