domingo, 27 de novembro de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Que alegria quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!(Sl 121)

Primeira Leitura (Is 2,1-5) - Segunda Leitura (Rm 13,11-14a)  -  Evangelho (Mt 24,37-44)

 27/11/2022 - Primeiro Domingo do Advento

1. 'FICAI ATENTOS AO SENHOR QUE VEM!'


Hoje começa um novo ano litúrgico da Santa Igreja com o Tempo do Advento, período em que os cristãos são conclamados a viver em plenitude as graças da expectativa, da conversão e da esperança, à espera do Senhor Que Vem. O Ano Litúrgico 2022-2023 é o Ano A, no qual os exemplos e ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras do Evangelho de São Mateus.

E o novo ano litúrgico começa com Jesus exortando a vigilância aos filhos de Deus: 'Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor' (Mt 24, 42). Do alto do Monte das Oliveiras e à vista de Jerusalém, Jesus vai alertar os seus discípulos sobre a necessidade de se permanecer vigilantes, na oração e na confiança de uma vida de plenitude cristã, diante das coisas do mundo, que passam e repassam no cotidiano de nossas vidas. Vigilância que se impõe naqueles tempos, na vida futura da Igreja, nos remotos tempos da história: 'Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem' (Mt 24, 38-39).

São palavras de salvação, porque a única coisa realmente importante para o homem é a salvação eterna de sua alma. Tudo o mais é efêmero e sem sentido. No fim dos tempos ou no fim de nossa vida, o Juízo Final ou o Juízo Particular vai nos pedir contas essencialmente da nossa vigilância filial à Santa Vontade de Deus, no cumprimento de nossas ações cristãs, no acervo das graças recebidas, na inquietude do coração humano ao encontro do Pai.

Vigiar significa essencialmente não pecar, não ofender a Santidade de Deus com as misérias e as fragilidades humanas, não conspurcar a Infinita Pureza da alma que nos foi legada um dia com a lama dos prazeres, frivolidades e maldades de uma vida profanada pelos valores do mundo. Porque haverá o dia do juízo, no qual os homens serão levados ou deixados para trás: ''Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá' (Mt 24, 44). Vigiar é estar preparado para que sejam santos todos os dias de nossa vida para que Deus escolha, dentre eles, o mais belo, para receber de volta as almas vigilantes que Ele próprio desenhou para a eternidade.

sábado, 26 de novembro de 2022

ANO LITÚRGICO 2022 - 2023

Ano Litúrgico 2022-2023, de acordo com o rito católico romano, vai desde o primeiro domingo do Advento (27/11/2022) até a última semana do Tempo Comum, iniciada no domingo da Festa de Cristo Rei (26/11/2023), durante o qual a Igreja celebra todo o mistério de Cristo, desde o nascimento até a sua segunda vinda. O Ano Litúrgico 2022-2023 é o Ano A, no qual os exemplos e os ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras principais retiradas do Evangelho de São Mateus, com exceção de ocasiões especiais (as chamadas Festas e Solenidades do rito litúrgico) quando são utilizadas leituras específicas do Evangelho de São João.

O ano litúrgico compreende dois tempos distintos: os chamados tempos fortes que incluem Advento, Natal, Quaresma e Páscoa, durante os quais certos mistérios particulares da obra redentora e salvífica de Cristo são celebrados e o chamado Tempo Comum, no qual celebramos o Mistério de Cristo em sua totalidade, ou seja, encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor. 

O Tempo Comum é subdividido em duas partes. A primeira parte começa no dia seguinte à festa do Batismo de Jesus e vai até a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma. A segunda parte do Tempo Comum recomeça na segunda-feira depois de Pentecostes e se estende até o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, quando tem início um novo Ano Litúrgico, compreendendo sempre um período de 33 ou 34 semanas.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

ORAÇÃO: 25 DE NOVEMBRO DA DIVINA INFÂNCIA

 

A JESUS SUPLICANTE

Ó quão belas, perfeitas e agradáveis a Deus eram as orações do Menino Jesus. Ele orava ao seu Pai em todos os instantes, e as suas orações eram todas em nosso favor, e até para cada um de nós em particular. Todas as graças que cada um de nós recebeu do Senhor são efeito das orações de Jesus.

Ó quanto vos devo, meu doce Redentor! Se não houvéreis pedido por mim, em que desesperada posição me achara ! As vossas orações obtiveram o perdão dos meus pecados e me alcançarão também, assim o espero, a perseverança até à morte. Por terdes orado por mim vos dou graças de todo o meu coração; mas não cesseis de orar para o mesmo intento, com todas as forças vos peço, porque bem sei que, no céu, desempenhais ainda em nosso favor o ofício de advogado (I Jo 2, 1) e de intercessor (Rm 8, 34).

Continuai pois a orar, ó meu Jesus, orai, porém, mais particularmente por mim, que das vossas orações tenho maior necessidade. Confio que, em atenção aos vossos merecimentos, Deus já me perdoou; mas, como por triste experiência sei que posso cair de novo; o inferno não se cansará de me tentar para roubar-me de novo a vossa amizade. Ó meu Jesus, esperança minha, de vós espero força para resistir; nesta confiança vos peço animado. Mas não me contento com a graça de não cair mais; peço-vos também a graça de vos amar muito pelo restante da minha vida, para muito vos amar na eternidade. Ó Maria, minha terna Mãe, rogai, também vós, a Jesus por mim: vossas orações são onipotentes para com este divino Filho que vos ama tanto! Pois que tão ardentemente desejais vê-lo amado, pedi-lhe que me dê um grande amor, amor constante e eterno. 


(A Divina Infância de Jesus, celebrada a cada dia 25 do mês, por Santo Afonso Maria de Ligório)

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

TESOURO DE EXEMPLOS (185/187)


185. O SINAL DA CRUZ

Henrique IV, depois de humilhar-se em Canossa, mostrou-se de novo inimigo do papa e foi com o seu exército sitiar Roma. No segundo assalto, apesar da heroica resistência dos sitiados, incendiou todas as muralhas. Um espantoso anel de fogo rodeava a cidade, da qual não se erguiam senão gemidos dos agonizantes e pranto das mulheres aterrorizadas. 

Então no alto de uma torre, majestoso e pálido, entre o clarão e o fumo do incêndio, apareceu o Papa Gregório VII, e com gesto solene e calmo fez o sinal da cruz contra as chamas, e imediatamente o fogo se apagou como se tivesse recebido uma chuva torrencial.

Todas as vezes que nos encontrarmos em perigos e angústias, confessemos a Santíssima Trindade fazendo o sinal da cruz e grande alívio sentirá a nossa alma.

186. CREDO - EU CREIO

São Pedro de Verona, apóstolo de Jesus Cristo, era perseguido de morte pelos inimigos de sua fé. Um dia teve de atravessar uma floresta. Ia rezando o santo varão. Naquele momento arrojaram-se sobre ele os inimigos, cravaram-lhe no peito o punhal assassino e fugiram. Caindo ferido de morte, o santo mártir compreendeu que chegara a sua última hora. Queria ainda confessar a sua santa fé, mas não podia falar. Molhando o dedo no sangue que jorrava do  seu peito, escreveu sobre o pó: Credo, Domine - Senhor, eu creio.

Também eu não sei quando nem como me sobrevirá a morte, Enquanto caminho, vou rezando o credo de minha fé e dizendo: 'Creio em Deus; creio em Jesus Cristo; creio na Igreja Católica, apostólica e romana. Protesto que nesta fé quero viver e morrer. E quando morrer, quero que gravem no meu túmulo estas mesmas palavras do santo mártir: Credo, Domine - Senhor, em ti creio, em ti espero e te amo. Senhor, dá-me o céu que prometeste aos que creem, esperam e amam.

187. MIGUEL ÂNGELO

Foi, talvez, o maior dos escultores que os séculos jamais viram. A história o admira. Num dos famosos templos de Roma há um sepulcro visitado por todos os turistas do mundo. É obra de Miguel Ângelo. Ali aparece Moisés sentado no trono da autoridade, que exercia como chefe do povo de Israel. Que fronte, que olhos... que rosto... que atitude... que majestade! Só um gênio podia dar uma vida assim ao mármore e à pedra morta.

O maravilhoso artista, terminada a obra, contemplou-a e ficou extasiado diante dela. Dizem que, com o martelo que tinha na mão, deu-lhe fortes marteladas sobre o joelho, dizendo: 'Fala, Moisés, que só isso te falta: falar!' Mas a estátua continuou muda.

Repicam os sinos de nossas igrejas. Católicos, não ouvis? Das altas torres vem essa voz do céu. É a voz de Deus, do Artista Divino que vos chama à santa missa. Sois cristãos, sois a obra-prima do Altíssimo. Para serdes cristãos de verdade, levantai-vos e caminhai para a igreja, onde cumprireis o preceito da oração e da missa. Mas tantos cristãos de hoje são como estátuas petrificadas pela ignorância religiosa; são blocos de bronze e mármore, modelados pela indiferença e impiedade. Não se movem. E quando se movem, é para ir aos jogos, às praias, aos cinemas... Para a igreja: não vivem... morrem! 

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

OS DOIS TIPOS DE MARTÍRIO CRISTÃO


Há dois tipos de martírio: o primeiro consiste numa disposição do espírito; o segundo alia a essa disposição os atos da existência. Por isso, podemos ser mártires mesmo sem morrermos executados pelo gládio do carrasco. Morrer às mãos dos perseguidores é o martírio em ato, na sua forma visível; suportar as injúrias amando quem nos odeia é o martírio em espírito, na sua forma oculta.

Que haja dois tipos de martírio, um oculto, o outro público, a própria Verdade o comprova quando pergunta aos filhos de Zebedeu: 'Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?' E à sua asserção: 'Podemos', o Senhor complementou: 'Bebereis do meu cálice'. Ora, o que pode significar para nós este cálice senão os sofrimentos da sua Paixão, da qual diz em outro lugar: 'Pai, se é possível, afasta de mim este cálice' (Mt 26,39)? Os filhos de Zebedeu, Tiago e João, não morreram ambos mártires, mas foi a ambos que o Senhor disse que haviam de beber esse cálice.

De fato, se bem que não viesse a morrer mártir, João acabou todavia por sê-lo, já que os sofrimentos que não sentiu no corpo os sentiu na alma. Devemos então concluir do seu exemplo que nós próprios podemos ser mártires sem passar pela espada, se conservarmos a paciência da alma.

(São Gregório Magno em 'Homilias sobre os Evangelhos')

terça-feira, 22 de novembro de 2022

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Não somente de todo o coração, mas também de toda a alma devemos amar a Jesus Cristo, Nosso Deus e Senhor. Que significa: de toda a alma? Vai dizê-lo Santo Agostinho: 'Amar a Deus de toda a alma é amá-lo com toda a vontade, sem restrições'. Amarás, certamente, de toda a alma, se sem contradição e de boa vontade fizeres não o que tu queres, nem o que aconselha o mundo, nem o que te inspira a carne, mas aquilo que reconheceres como sendo a vontade de Deus. Amarás, de fato, a Deus de toda a tua alma quando por amor de Jesus Cristo entregares de boa vontade tua vida à morte, sendo necessário. Se nisto, porém, faltares, já não amas de toda a alma. Ama, pois, ao Senhor teu Deus de toda a tua alma, isto é, faze a tua vontade sempre em conformidade com a vontade divina'.

(São Boaventura)

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

SOBRE OS DOIS PILARES DA VIDA CRISTÃ

Um dos maiores favores que Santa Teresa recebeu de Deus, e em que excedeu a todos ou quase todos os santos, foram dois segredos que o mesmo Senhor lhe revelou, ocultos a todos os homens: o primeiro, quando havia de morrer; o segundo, que se havia de salvar. Alguns santos tiveram revelação de sua morte; Santa Teresa teve-a de sua morte e de sua predestinação. Por isso digo que Santa Teresa vigiou sabendo mais que o dia e mais que a hora: soube o dia e a hora, porque soube quando havia de morrer, e soube mais que o dia e mais que a hora, porque soube também que, morrendo, se havia de salvar. E que sobre estas duas ciências, sobre a ciência e certeza de quando havia de morrer, e sobre a ciência e certeza de que se havia de salvar, vigiasse, contudo, Santa Teresa sem adormecer nem se descuidar um momento, antes fazendo uma vida tão rigorosa e tão maravilhosa, esta é a maior maravilha de toda a sua vida.

Todos os homens neste mundo vivemos com duas ignorâncias: a primeira da morte, a segunda da predestinação. Todos sabemos que havemos de morrer, mas ninguém sabe o quando. Todos sabemos que nos havemos de salvar ou condenar, mas ninguém sabe qual destas há de ser. E por que ordenou Deus que a morte fosse incerta e a predestinação duvidosa? Não pudera Deus fazer que soubéssemos todos quando havíamos de morrer, e se éramos ou não predestinados? Claro está que sim; mas ordenou com suma providência que estivéssemos sempre incertos e duvidosos da predestinação, para que a morte nos suspendesse sempre o temor com a incerteza, e a predestinação nos sustentasse a perseverança com a dúvida. 

Se os homens soubessem quanto haveriam de viver e quando haveriam de morrer, que seria dos homens? Se eu, sabendo que posso morrer hoje, me atrevo a ofender a Deus hoje, quem soubesse que havia de viver quarenta anos, como não ofenderia confiadamente a Deus ao menos os trinta e nove? Por esta causa ordenou Deus que a morte fosse incerta, e pela mesma que a predestinação fosse duvidosa. Se os homens soubessem que eram réprobos, como desesperados haviam-se de precipitar mais nas maldades; se soubessem que eram predestinados, como seguros haviam-se de descuidar na virtude; pois, para que os maus sejam menos maus, e os bons perseverem em ser bons, nem os maus saibam que são réprobos e nem os bons saibam que são predestinados. 

Não saibam os maus que são réprobos para que não se despenhem como desesperados, nem saibam os bons que são predestinados, para que se não descuidem como seguros. De maneira que estas duas ignorâncias, a ignorância da morte e a ignorância da predestinação, são as bases do temor da morte e do temor do inferno, e estes dois temores, as duas mais fortes colunas sobre que todo o edifício da vida cristã se sustenta, para que os homens não vivessem como néscios, mas obrassem como prudentes.

Porém a Santa Teresa tratou-a Deus com tal exceção, e fez da lealdade do seu amor tão diferente confiança, que em lugar destas duas ignorâncias lhe deu as duas ciências contrárias: a ciência de quando havia de morrer, e a ciência de que se havia de salvar, porque sabia que nem a ciência e certeza da hora da morte lhe havia de diminuir a vigilância, nem a ciência e segurança da salvação lhe havia de entibiar o cuidado. Saiba Teresa quando há de morrer, e saiba que se há de salvar, para que, obrando sobre estas duas ciências, saiba também o mundo quão fielmente ela ama.

(Excertos do 'Sermão de Santa Teresa', do Pe. Antônio Vieira)