domingo, 10 de fevereiro de 2019

'AVANÇA PARA ÁGUAS MAIS PROFUNDAS!'

Páginas do Evangelho - Quinto Domingo do Tempo Comum


'Avança para águas mais profundas' (Lc 5,4). A orientação imperativa de Jesus aos pescadores, às margens do Lago de Genesaré, é um clamor que reverbera a todos os homens de todos os tempos. Que os filhos de Deus manifestem, além dos horizontes estreitos de sua religiosidade comum, a vocação de autênticos apóstolos, movidos na plenitude do amor e da generosidade de corações verdadeiramente cristãos. Não nos basta sermos artífices da graça de Deus em nós; neste quinto domingo do Tempo Comum, Jesus nos convoca a sermos missionários das graças de Deus para a salvação de muitos.

Após uma noite de duro trabalho totalmente infrutífero, os pescadores exaustos sabiam e tinham razões mais do que suficientes para julgar que o pedido de Jesus seria inútil. Com toda a experiência acumulada de anos de pesca naquelas águas, da pescaria mais adequada sob a luz noturna, voltar às águas à luz da manhã parecia um despropósito completo. Pedro, no entanto, abre mão do seu conhecimento especializado e do seu juízo dos fatos, em obediência e em generosa confiança às palavras do Mestre: 'Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes' (Lc 5, 5). Naquele pescador de lida bruta, Jesus divisou a alma do verdadeiro apóstolo! E o milagre dos peixes antecipou o milagre da salvação dos homens. 

Quanto trabalho e esforço em vão dispensaram tantos pescadores naquela noite sem resultados... E, certamente, eles eram os mais preparados e os mais qualificados para a tarefa. Não são assim as práticas daqueles que se vêem em suas obras? Que partilham com os outros sua diligência e disponibilidade como senhores dos seus dons? E, por mais que julguemos tais obras meritórias do ponto de vista das concepções humanas, são apenas trabalho e esforço vão de pescadores qualificados e disponíveis. Porque foi o próprio Cristo quem nos alertou: 'Sem mim, nada podeis fazer' (Jo, 15,5). E nada é nada mesmo. Sem a reparação infinita por Jesus Cristo, qualquer atitude nossa, por maior que seja sua relevância e excepcionalidade, torna-se meramente figurativa e essencialmente insignificante, porque moldada na superficialidade dos valores humanos. 

Eis porque se impõe o avanço confiante às águas mais profundas, para ir ao encontro de tantos que estão perdidos no submundo das drogas, do aborto e do hedonismo, nas trevas do pecado, submersos no emaranhado de tantas consciências afastadas de Deus, na miséria do ateísmo e da indiferença religiosa. Em águas profundas, com Cristo, por Cristo e em Cristo, um nosso ato de generosidade confiante é capaz de produzir prodígios, um nosso ato de amor tem o poder de operar milagres! E, feitos apóstolos dos nossos dias, como Pedro e os homens à beira do Lago de Genesaré, poderemos ser também pescadores de homens! E, como eles, seremos aqueles outros que 'levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus' (Lc 5,11).

sábado, 9 de fevereiro de 2019

CANÇÕES DE FÁTIMA


Coro do Santuário de Fátima


(vídeo de autoria de Porfírio Lima e disponível no youtube)

01. Ave Maria
02. Hino dos Pastorinhos
03. Senhora, um dia descestes
04. Ave O Theotokos
05. Mater Ecclesiae
06. Magnificat
07. Ó Senhora da Azinheira
08. Ó Santíssima
09. Senhora, nós Vos louvamos
10. Bendizemos o Teu nome
11. Salve, nobre padroeira
12. Sobre os braços da azinheira
13. Senhora nossa, Senhora minha
14. Adeus de Fátima

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

08 DE FEVEREIRO - SANTA JOSEFINA BAKHITA


A primeira santa africana nasceu numa aldeia próxima a Dardur, no Sudão, por volta de 1869 – ela mesma não sabia a data precisa. Raptada por traficantes de escravos aos nove anos de idade, foi trancada inicialmente em um quarto escuro e miserável, depois espancada barbaramente e vendida cinco vezes nos mercados do Sudão, padecendo todo tipo de humilhação e selvageria nas mãos dos seus senhores. Este martírio atroz desde tenra idade roubou-lhe o próprio nome; o nome Bakhita - 'afortunada' em árabe -  foi-lhe dado pelos próprios traficantes.

Mas o pior dos tormentos ainda estava por vir. Comprada por um general turco, foi submetida a sofrimentos inimagináveis a serviço da mãe e da esposa deste homem, que incluíram dezenas de tatuagens no seu corpo abertas por navalha e que lhe legaram 144 cicatrizes e um leve defeito ao caminhar. A descrição destes tormentos foi assim exposta nas palavras da santa:

'Uma mulher habilidosa nesta arte cruel [tatuagem] veio à casa principal... nossa patroa colocou-se atrás de nós, com o chicote nas mãos. A mulher trazia uma vasilha com farinha branca, uma vasilha com sal e uma navalha. Quando terminou de desenhar com a farinha, a mulher pegou da navalha e começou a fazer cortes seguindo o padrão desenhado. O sal foi aplicado em cada ferida... Meu rosto foi poupado, mas 6 desenhos foram feitos em meus seios, e mais 60 em minha barriga e braços. Pensei que fosse morrer, principalmente quando o sal era aplicado nas feridas... foi por milagre de Deus que não morri. Ele havia me destinado para coisas melhores'.

Em 1882, com o retorno do general à Turquia, Bakhita foi comprada pelo cônsul italiano Calixto Legnani que a tratou como serviçal e não como escrava, sem humilhações e castigos. Diante de uma revolução nacionalista no Sudão, o cônsul retornou à itália levando Bakhita consigo, que foi cedida então a amigos do cônsul, o casal Michieli, em cuja casa começou a morar na região do Veneto, tendo por encargo especial os cuidados da filha do casal, a pequena Mimina. Foi nesta família católica que Bakhita conheceu a revelação de Jesus Cristo, sua flagelação e sua morte de cruz. O caminho de Bakhita estava traçado: da conversão à santidade pela via da caridade e do perdão. 

Em 9 de janeiro de 1890, foi batizada e crismada com o nome de Josefina e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza. Pouco depois, solicitou seu ingresso no Instituto das Filhas da Caridade, fundado por Santa Madalena de Canossa. Em 8 de dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos finais de religiosa da congregação. A partir de então, por mais de 50 anos, sua vida foi um ato constante de amor a Deus e à caridade para com todos. Além de operosa nos serviços simples como na sacristia e na portaria do convento, realizou várias viagens através da Itália para difundir a sua missão: a libertação dada a ela pelo encontro com Cristo deveria ser compartilhada com o maior número possível de pessoas; a redenção que experimentara não podia ser guardada como posse, mas levada como sinal de esperança para todos.


Em 8 de fevereiro de 1947, após muito sofrimento de doenças como bronquites e pneumonias, a Irmã Josefina faleceu no convento canossiano de Schio, com a idade de 78 anos. Na hora da sua morte, seu semblante pareceu iluminar-se e exclamou com alegria suas últimas palavras 'Como estou contente! Nossa Senhora, Nossa Senhora!' A Irmã Moretta - a Irmã Morena - como era carinhosamente conhecida entregava serenamente a sua alma ao Senhor, rodeada pela comunidade em pranto e em oração. Seu corpo foi enterrado originalmente na capela de uma família de Schio, para um sepultamento definitivo posterior no Templo da Sagrada Família. Quando isso foi finalmente preparado, verificou-se que o corpo de Bakhita estava incorrupto, sendo o mesmo sepultado então sob o altar da igreja do mesmo convento. Em 17 de maio de 1992 foi beatificada e, em 1º de outubro de 2000, foi elevada à honra dos altares e declarada santa pelo Papa João Paulo II.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

PECADOS QUE ATRAEM A IRA DE DEUS

As impurezas e outras injustiças atraem a ira de Deus sobre os homens:

'Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes. Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros' (Cl 3,5-10).

'Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções…' (Rm 13,12-13).

'Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre' (Ap 21,8). 

'Deus julgará os impuros e os adúlteros' (Hb 13,4).

'Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras. Fora os cães (pecadores desavergonhados como cães), os envenenadores, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos aqueles que amam e praticam a mentira (Ap 22, 12-15).

'Em qualquer ordem de coisas, a corrupção do princípio é terrível, porque dela dependem as consequências. Assim, como nos vícios contra a natureza, o homem trabalha contra o que a própria natureza estabeleceu sobre o uso do prazer venéreo, segue-se que um pecado nessa questão é muito grave. Em seguida, vem o incesto, o qual atenta contra o respeito natural que devemos às pessoas próximas a nós. A ordem natural procede de Deus. É por isso que nos pecados contra a natureza, em que a ordem natural é violada, uma injustiça é cometida contra Deus, o controlador da natureza' (São Tomás de Aquino).

'Os delitos contra a natureza são reprováveis e puníveis, sempre e em todos os lugares, assim como o foram os sodomitas. Mesmo que todos os homens tenham cometido esse mal, continuaria a pesar a mesma pena imposta pela lei divina, que não fez os homens para que agissem assim, pois viola-se a familiaridade com Deus, que se mancha, com a perversidade do prazer, a natureza da qual Ele é autor' (Santo Agostinho).

'Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação' (Lv 18,22).

'A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade,  de modo que não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos… Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno' (São Paulo).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (IV)


16. Quem particularmente indicou o Carpinteiro de Nazaré como modelo para os trabalhadores? 

Esta indicação nós a devemos particularmente ao Papa Pio XII, quando instituiu esta festa litúrgica no dia 1º de maio de 1955. O mesmo papa assim se expressou: 'Não houve nenhum homem assim tão próximo ao Redentor pelos vínculos familiares, pela comunhão diária, pela harmonia espiritual e pela vida divina de graça como São José, da estirpe de Davi, mas também um humilde trabalhador'. O Papa João Paulo II evidenciou a missão de José, ou seja, a sua função de Minister Salutis ao afirmar: 'Graças ao banco do trabalho junto ao qual exercia a sua profissão em companhia de Jesus, José aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção'. 

17. A condição operária de José foi importante para Jesus na sua qualificação humana? 

A condição operária de José foi aquela que 'personifica o tipo humano, que o próprio Cristo escolheu para qualificar a sua própria posição social de Filius Fabri. Portanto, com José, Jesus assumiu uma qualificação humana e social. Tornando-se civilmente Filho de José (Lc 3,23), Jesus herdou o título real de 'filho de Davi', mas contemporaneamente assumiu também aquela condição profissional que o qualifica como o 'Filho do Carpinteiro' (Mt 13,55). 

18. Como podemos imaginar a vida de José durante a sua adolescência e juventude? 

Uma vida normal conforme viviam os jovens e adolescentes daquela época, ou seja, vivia o dia-a-dia na dedicação ao trabalho, na frequência à sinagoga, na observância das leis e costumes de seu povo e, como qualquer jovem do seu tempo, tinha os seus sonhos, e as suas aspirações de casar-se e de constituir uma família. 

19. Como José e Maria descobriram a vocação matrimonial? 

Afirmamos que tanto José como Maria foram vocacionados por Deus para a preciosa missão de realizar o mistério da Encarnação de Jesus. Jesus, o Filho de Deus, devia, no desígnio de Deus, nascer de uma mulher casada e virgem, ou seja, dentro de uma família. Daqui vemos a necessidade do matrimônio entre José e Maria, justamente para a vinda do Filho de Deus dentro de um contexto matrimonial. Deus, na sua onisciência, concedeu todas as oportunidades para que entre ambos surgisse o amor que leva à concretização da comunhão de vida entre um homem e uma mulher através do matrimônio. Portanto a presença de um na vida do outro na descoberta desta vocação não foi um simples jogo de circunstâncias, mas o resultado de uma preciosa intervenção de Deus e, assim, eles se casaram.

20. Por que frequentemente na arte São José é representado como um velho?

Durante muitos séculos, São José foi visto mais como um servo de Maria do que como seu esposo e a razão desta visão distorcida foi devido à influência dos livros apócrifos, os quais procuraram erroneamente defender a virgindade de Maria, e portanto a concepção virginal de Jesus, vendo em seu esposo um velho de cabeça branca e careca, com uns noventa anos. Um erro imperdoável, pois acreditou-se mais na incapacidade física de José sendo velho, sem a libido, do que nas suas virtudes e na graça de Deus.

Hoje pode-se afirmar com toda segurança que José casou-se com Maria com a idade própria de todos os jovens hebreus quando se casavam, ou seja, entre os dezoito e vinte e quatro anos, conforme os textos rabínicos atestam. Além do mais, Deus quis que seu Filho se inserisse na história humana da maneira mais natural possível, dentro de uma família e com pais que lhe dessem toda assistência, sustento e educação. Ora, se José fosse velho como foi apresentado, como poderia ter a força e a disposição para fugir com Jesus e Maria para o Egito, atravessando o deserto, numa longa caminhada e enfrentando os perigos, a falta de água e o cansaço? Como poderia José ter sustentado Jesus e sua esposa se não tivesse a força juvenil?

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

FOTO DA SEMANA

'A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído' (Dn 7, 14)