segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (II)


06. Como era a situação geográfica na época em que José nasceu? 

Sabemos que o seu país de origem é a Palestina, onde hoje se situa o território de Israel, localizado na parte oriental do Mar Mediterrâneo, formado por uma faixa de terra de 240 por 150 quilômetros quadrados. Uma região de terras férteis, embora comporte também desertos desoladores e de regiões montanhosas com colinas, que vão de 500 a 900 metros, espalhadas por suas regiões denominadas de Galileia, Samaria e Judeia. Destacava-se no tempo de José, como de sorte ainda hoje, o Mar da Galileia, também denominado de Lago de Genesaré, com 2 km de comprimento por 11 km de largura e com uma profundidade de até 45 metros, um dos principais palcos da vida do povo de José, sobretudo pela pesca. Era de suma importância também o Rio Jordão que, percorrendo 350 km, despeja suas águas no Mar Morto, o qual possui uma extensão de 85 km por 16 km de largura, com profundidades de até 400 metros e com suas águas densas de sal que não permitem, portanto, nenhum tipo de vida. 

07. Como era a situação política no tempo de José? 

São José nasceu sob a dominação dos Romanos, pois seu povo passou a viver sob o jugo dos Romanos desde o ano 63 antes do nascimento de Jesus. Seu povo tem uma longa história marcada de lutas, conquistas, derrotas, deportações, exílios, monarquias e infidelidade a Deus, embora sempre com uma fé forte em Javé, embora muitas vezes contaminada por idolatrias. Quando José nasceu, seu país era palco de um certo progresso e de novidades por parte dos Romanos, os quais gostavam de construções imponentes e de artes. Entretanto seu povo era de certa maneira escravo dos dominadores, e pouco se podia progredir a não ser os privilegiados. Por ser os Romanos de uma índole eclética, seus comportamentos eram incompatíveis com as aspirações do povo de José, o que deu ocasião para muitas revoltas, guerrilhas e revoluções armadas organizadas por facções do próprio povo e em tudo isso estava o desejo enorme de livrar-se da dominação estrangeira. O país de José era governado por Herodes; este era um caudilho imposto pelo poder real de Roma no ano 46 aC. Cruel, mandou matar todos aqueles que se opunham à sua política mas, apesar de tudo, foi um administrador hábil e um político astuto. 

08. Como era a situação social que José vivenciou? 

Como povo dominado e explorado pelos Romanos, as pessoas eram pobres com exceção de alguns que constituíam a classe dos privilegiados. Agravava-se ainda mais a situação de precariedade se levarmos em conta que, além da dominação dos Romanos, havia muitas e altas taxas impostas pelo império romano que toda pessoa era obrigada a pagar. Soma-se a isso o solo pobre e pouco produtivo, agravado pelas condições climáticas hostis por causa da escassez de chuva e por uma agricultura rudimentar. Além de tudo isso, havia também a exploração por parte da classe dominante. 

09. Sendo José pertencente à classe pobre, como podemos deduzir seu estilo de vida? 

Como todo pobre, José morava em uma casa muito simples, construída com paredes de pedras calcárias, com tijolos de barro cozido ao sol. Dormia como era o costume, em esteiras apropriadas para esse fim e sua alimentação era constituída de pão e peixes provenientes do Lago de Genesaré, não distante de Nazaré. Não faltavam também variedades de frutas tais como: romãs, figos e tâmaras. A carne era muito rara na mesa do pobre, mas em compensação havia sempre o azeite, o leite e até o vinho. 

10. E quanto ao ambiente religioso? 

Toda a vida religiosa do povo hebreu, e também a política e a social, girava em torno do Templo de Jerusalém, imponente edifício que tinha sido construído pelo Rei Salomão dez séculos antes de Jesus nascer. Destruído por Nabucodonosor em 516 aC, fora reconstruído por Zorobabel. Porém, por volta do ano 20 antes do nascimento de Jesus, novamente fora destruído por Herodes para que, em seu lugar, fosse edificado um outro mais suntuoso e rico pela sua imponência. Este ficou pronto no ano 64 dC. O Templo era o lugar das orações e das ofertas dos sacrifícios e imolações de animais por parte dos hebreus. Pela sua importância e constante movimentação, devido ao fluxo de gente que o frequentava, este possuía cerca de 20 mil funcionários, desde o mais alto grau sacerdotal até o mais humilde empregado. Naturalmente para sustentar todo este funcionamento, cada hebreu pagava 10% de impostos do que produzia. 

Outro fator importante que constituía o contexto religioso da época era a divisão dos grupos ou classes, constituídos pelos saduceus, que eram as pessoas mais ricas e influentes. Estes geralmente eram os sacerdotes e os administradores do Templo; era o grupo dos privilegiados. Seguiam depois os fariseus, inimigos dos Romanos e distinguidos pela ostentação religiosa, com suas práticas de orações, purificações, normas de comportamento e pela observância estrita da lei. Havia ainda um grupo de revolucionários e guerrilheiros denominados de zelotas e também uma outra classe conhecida como essênios. Estes viviam em comunidades monacais às margens do Mar Morto, numa localidade hoje conhecida como Qumran, onde levavam uma vida ascética e rígida. Por fim, devido a uma divisão dos hebreus no século X aC, a região da Samaria era considerada pelos judeus como uma terra maldita e seus habitantes eram tidos como pagãos, heréticos e impuros, e por isso odiados, ainda mais porque adoravam a Deus no monte Garizim, onde haviam construído um templo.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)

domingo, 20 de janeiro de 2019

FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Tempo Comum


Neste segundo domingo do tempo comum, estamos com Jesus e Maria nas bodas de Caná. Não sabemos detalhes do evento, os nomes dos noivos ou do mestre de cerimônia, o tempo da celebração. Mas a presença de Jesus e de Maria naquela ocasião em Caná da Galileia são o testemunho vivo da santidade e das graças associadas àquela união matrimonial. Muitos teólogos manifestam inclusive que foi, neste enlace de santa vocação e harmonia, que Jesus elevou o casamento à condição de sacramento, imagem de suas núpcias eternas com a Santa Igreja.

E o vinho veio a faltar. Nossa Senhora tem a clara percepção da situação constrangedora e aflitiva dos noivos e de suas famílias, porque faltou o vinho. É a Mãe que roga, que intercede, que suplica ao Filho Amado: 'Eles não têm mais vinho' (Jo 2, 3). Medianeira e intercessora de nossas aflições e angústias, de Caná até os confins da terra, Nossa Senhora leva a Jesus as súplicas de todos os seus filhos e filhas de todos os tempos. É ela que nos abre as portas da manifestação da glória de Jesus para a definitiva aliança dos céus com a humanidade pecadora, mediante a sua súplica de Mãe face à angústia humana: 'Fazei tudo o que Ele vos disser' (Jo 2,5).

E eis que havia ali seis talhas de pedra, que foram 'enchidas até a boca' (Jo 2,7). E a água se fez vinho, nas mãos do Salvador. Da angústia, faz-se a alegria; da aflição, tem-se o júbilo; da ansiedade, nasce o alívio e a serenidade. Alegria, júbilo, alívio e serenidade que são os doces frutos da plena santificação. Este vinho nos traz a libertação do pecado e nos coloca nas sendas do céu, pois nos deleita com as graças da virtude, do santo juízo, da sabedoria de Deus. Mas nos cabe encher nossas talhas de água até a boca, prover os nossos corações do mais pleno amor humano, para que a santificação de nossas almas seja completa no coração de Deus.

'Este foi o o início dos sinais de Jesus' (Jo 2,11). Em Caná da Galileia e por Maria, mais que o primeiro milagre, a glória de Jesus foi manifesta à humanidade pecadora. O firme propósito pessoal em busca da virtude e da superação das nossas vicissitudes humanas é a água que será transformada no vinho pela graça e pela misericórdia de Deus em nossos corações aflitos e inquietos, enquanto não repousados na glória eterna. Enchei, portanto, as vossas talhas de água e fazei tudo o que Ele vos disser, com a intercessão de Maria. Eis aí a pequena e a grande via em direção ao Coração de Deus, que nos foi legada um dia em Caná da Galileia.

20 DE JANEIRO - SÃO SEBASTIÃO

São Sebastião foi um oficial romano, do alto escalão da Guarda Pretoriana do imperador Diocleciano (imperador de Roma entre 284 e 305 de nossa era e responsável pela décima e última grande perseguição do Império Romano contra o Cristianismo), que pagou com a vida sua devoção à fé cristã. Denunciado ao imperador por ser cristão e acusado de traição, foi condenado a morrer de forma especial: seu corpo foi amarrado a um tronco servindo de alvo a flechas disparadas por diferentes arqueiros africanos.

Primeiro Martírio: São Sebastião flechado

Abandonado pelos algozes que o julgavam morto, foi socorrido e curado e, de forma incisiva, reafirmou a sua convicção cristã numa reaparição ao próprio imperador. Sob o assombro de vê-lo ainda vivo, São Sebastião foi condenado uma vez mais sendo, nesta sua segunda flagelação, brutalmente açoitado e espancado até a morte. O seu corpo foi atirado num canal de esgotos, de onde foi depois retirado e levado até as catacumbas romanas. Suas relíquias estão preservadas na Basílica de São Sebastião, na Via Apia, em Roma. É venerado por toda a cristandade como modelo de vida cristã, mártir da Igreja e defensor da fé e como padroeiro de diversas cidades brasileiras, incluindo-se o Rio de Janeiro. Sua festa é comemorada a 20 de janeiro, data de sua morte no ano 304.

Segundo Martírio: São Sebastião espancado até a morte

sábado, 19 de janeiro de 2019

SOBRE A CONFISSÃO DOS PECADOS


'O pecado não é vergonhoso senão quando o fazemos, mas sendo convertido em confissão e penitência é honroso e saudável. A contrição e a confissão são tão formosas e de tal fragrância, que apagam a fealdade e desvanecem o mau cheiro do pecado'.
(São Francisco de Sales)

'Um pecado que pode conduzir à condenação eterna é o sacrilégio. Desgraçado daquele que caminha por este caminho! Comete sacrilégio quem voluntariamente esconde qualquer pecado mortal na confissão, quem se confessa sem a vontade de deixar o pecado ou de fugir das ocasiões próximas. Quase sempre que uma pessoa se confessa de modo sacrílego, vem a realizar também o sacrilégio do sacramento da Eucaristia, porque depois recebe a comunhão em pecado mortal'.
(Cardeal Giuseppe Siri)

'Os pecados, depois da reconciliação, são destruídos, deixam de existir. Acontece por vezes que o diabo, durante os exorcismos, diz a lista das faltas das pessoas presentes, mas não pode dizer os erros já confessados, porque deles já não há nenhum vestígio; Deus, na sua misericórdia, os cancelou'.

(Padre Gabriele Amorth, famoso exorcista do Vaticano)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

NOSSA SENHORA DE TODOS OS NOMES (7)

NOSSA SENHORA DOS TRINTA E TRÊS


A origem do nome e da devoção 'Nossa Senhora dos Trinta e Três' está vinculada à luta pela libertação e independência do Uruguai. A imagem da 'Virgem dos Trinta e Três' é uma pequena escultura de madeira, com apenas 36 cm de altura, representando Nossa Senhora da Assunção em estilo barroco, tendo sido esculpida em uma das muitas oficinas guaranis implantadas pelos jesuítas no Paraguai, ao longo do século XVIII. No final do século XVIII, a imagem foi transferida para a um pequeno templo na atual cidade da Florida, no Uruguai.

Em 1821, após uma investida inicial frustrada em 1811, o Uruguai foi oficialmente incorporado ao território brasileiro com o nome de Província Cisplatina. Tem início, então vários movimentos pela libertação do país (entre 1821 e 1825). Em 19 de abril de 1825, trinta e três patriotas do Uruguai, sob a liderança de Juan Antonio Lavallejo, desembarcaram nas praias da Agraciada para iniciar as guerras de independência. Uma vez chegados à região da Florida, foram até o pequeno templo e, aos pés da Virgem, pediram a intercessão de Nossa Senhora pela libertação da Pátria.

O grupo tornou-se rapidamente um exército que impôs seguidas derrotas às tropas luso-brasileiras, até a tomada definitiva de Montevidéu em 14 de junho daquele ano, seguida da instalação imediata de um governo provisório. Nossa Senhora havia atendido rápida e integralmente os pedidos daqueles 33 homens: o Uruguai havia se tornado uma nação livre.

Em 25 de agosto de 1825, em Florida, reuniu-se a Assembleia Nacional Constituinte da República do Uruguai e foi declarada oficialmente a Independência do Uruguai. Depois do ato, os constituintes e todo o povo dirigiram-se ao templo e, diante da imagem de Nossa Senhora, dedicaram a nação emergente à proteção materna da Virgem Maria, entoando em seguida o Te Deum. Desde então, a imagem passou a ser conhecida como 'Nossa Senhora dos Trinta e Três'. A independência do Uruguai foi oficialmente reconhecida três anos mais tarde, por meio do chamado Tratado de Montevidéu.

A 'Libertadora do Uruguai' foi entronizada em 1857 com uma enorme coroa de ouro e pedras preciosas, doação do General Manuel Oribe, como ação de graças por ter sido salvo, juntamente com a sua família, de um naufrágio. O tamanho desproporcional da coroa em relação à imagem tornou-se o símbolo particular desta devoção mariana. A imagem foi canonicamente coroada em 1961 e, com este nome, no ano seguinte, a Virgem Maria foi proclamada oficialmente 'Padroeira do Uruguai', pelo papa João XXIII. A solenidade da 'Virgem dos Trinta e Três' é celebrada sempre no segundo domingo de novembro de cada ano, com enormes romarias ao atual santuário da Virgem na cidade da Florida (construído entre os anos de 1887 e 1894, em substituição à capela original).

(cartaz oficial da romaria nacional de 2018)

Oração à Virgem dos Trinta e Três

'Santísima Virgen María, ante cuya imagen inclinaron su bandera y doblaron reverentes su rodilla los fundadores de nuestra Patria. Protege siempre a este pueblo nacido a tu sombra bienhechora. Haz ¡Oh Madre! que en nuestros hogares florezcan la religión y todas las virtudes cristianas. Haz que veamos el reinado de Cristo, que es el de la verdad y la justicia. Alcánzanos estas gracias y la de la eterna salvación, de tu hijo Jesucristo que con el Padre y el Espíritu Santo vive y reina por los siglos de los siglos. Amén'.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XXIII)

XIV 

DO DOM DE CONSELHO CORRESPONDENTE À PRUDÊNCIA 

Existe algum dom do Espírito Santo correspondente à virtude da prudência?
Sim, Senhor; o dom de conselho (LII)*.

Que entendeis por dom de conselho? 
Ainda que suponhamos o homem provido de todas as virtudes infusas e adquiridas para melhor discernir o lícito do ilícito, é impossível que possa apreciar todos os casos particulares e contingentes, e a variedade quase infinita de circunstâncias capazes de modificar a sua moralidade. Tendo isto em conta, o dom de conselho é uma disposição ou qualidade transcendente da razão prática, em virtude da qual o homem abraça com prontidão e docilidade as ilustrações e moções com que o Espírito Santo vem em seu auxílio, quando se põe a meditar e discernir, no conglomerado de atos e práticas humanas, as que podem servir-lhe para alcançar a vida eterna (LII, 1, 2). 

Permanece este dom no céu? 
Sim, Senhor; ainda que em forma muito particular e distinta da de cá (LII, 3). 

Em que consiste? 
No conhecimento perfeitíssimo que têm os bem-aventurados de tudo o que contribuiu para a felicidade que já possuem e com ela se relaciona, como propriedade e consequência da posse atual ou como meio para iluminar, auxiliar e socorrer os que neste mundo lutam por se lhes juntar no céu (Ibid). 

XV 

DOS VÍCIOS OPOSTOS À PRUDÊNCIA: IMPRUDÊNCIA, PRECIPITAÇÃO OU TEMERIDADE, INCONSIDERAÇÃO E INCONSTÂNCIA — VÍCIOS QUE A SIMULAM: PRUDÊNCIA DA CARNE, ASTÚCIA, DOLO, FRAUDE E FALSA SOLICITUDE 

Existem vícios opostos à prudência? 
Há-os de duas classes; uns que se opõem por defeito, e outros por excesso. 

Com que nome se conhecem os opostos por defeito? 
Com o nome geral de imprudência (LIII). 

Que entendeis por imprudência, em geral? 
Todo ato que não se ajuste às normas da reta razão e da prudência (LIII). 

O ato imprudente pode ser pecado mortal? 
Sim, Senhor; quando se menosprezam ou infringem regras e normas divinas (Ibid). 

Quando será pecado venial? 
Sempre que se executa algum ato, ainda que seja bom, com precipitação, inconsideração ou negligência (LIII, 2). 

Que entendeis por precipitação? 
Um ato contra a prudência, que consiste em tomar resoluções antes de informar-se convenientemente (LIII, 3). 

Que entendeis por inconsideração? 
O pecado daquele que não toma em conta todos os elementos de que dispõe para formar juízo acertado nas coisas práticas (LIII, 4). 

Por que a inconstância se opõe à prudência?
Porque se opõe ao seu ato principal, que, como vimos, é o de mandar; o inconstante carece de firmeza e resolução para levar à prática os seus projetos e desígnios (LIII, 5). 

Há algum outro defeito oposto ao ato principal da prudência? 
Sim, Senhor; a negligência (LIV). 

Que entendeis por negligência? 
A falta de solicitude e presteza em ordenar a execução das resoluções tomadas depois de maduro exame, no concernente à prática da virtude (Ibid). 

É grande o pecado de negligência? 
De muito grande podemos qualificá-lo, pelo pernicioso influxo que exerce em toda a economia espiritual, pois ou a paralisa inteiramente, estorvando os seus atos ou fazendo que sejam frouxos, indolentes e como que forçados, perdendo deste modo o seu valor e mérito (LIV, 3). 

Como se chama a negligência quando se estende aos atos exteriores? 
Chama-se preguiça, e enervamento ou tardança (LIV, 2 ad 1). 

É distinta da negligência propriamente dita? 
Sim, Senhor; porque a negligência consiste na falta de presteza e energia para ordenar a execução e este defeito provém da indolência da vontade (LIV, 2). 

Devemos ter cuidado especialíssimo em combater a negligência? 
Sim, Senhor; pois como estende o seu influxo a todos os domínios da atividade, é veneno posto na fonte, capaz de contaminar todo o caudal de obras e virtudes. 

Pode ser em alguma ocasião pecado mortal? 
Quando impede que o homem se resolva a fazer algo de necessário para salvar-se, sim; porém, ainda no caso de que não o seja, produz um estado de apatia e indolência que conduz fatalmente à caducidade e à morte, se não se põe grande empenho em desarraigá-la (LIV, 3). 

Que nome têm os vícios que pecam por excesso contra a prudência? 
Prudência ou solicitude fingidas ou simuladas (LV). 

Que entendeis por prudência simulada? 
Um conjunto de vícios que desnaturalizam o caráter da verdadeira prudência, abusando dos seus meios próprios, para procurar-se um fim ilícito (LV, 1-5). 

Qual é o vício que, simulando prudência, busca um fim ilícito? 
A prudência da carne (LV, 1). 

Em que consiste a prudência da carne? 
Em dispor e ordenar a vida, procurando como fim a maior soma possível de prazeres sensuais (Ibid). 

A prudência da carne é pecado mortal? 
Quando o homem busca o prazer como fim último de seus atos, sim Senhor; se o busca e procura com excessiva afeição, porém considerando habitualmente a Deus como fim último, será pecado venial (LV, 2). 

Quais são os vícios opostos à prudência, por abuso dos seus meios? 
O de astúcia, e seus anexos, o dolo e a fraude (LV, 4). 

Que entendeis por astúcia? 
Uma simulação da prudência que consiste em excogitar meios tortuosos e artes de dissimulação e de engano para conseguir um fim, quer seja bom, quer seja mau (LV, 3). 

Em que consiste o dolo? 
Na execução exterior dos planos forjados pela astúcia (LV, 4). 

Em que se diferenciam os vícios de dolo e fraude? 
Em que o dolo consiste na execução exterior dos planos forjados pela astúcia, empregando indistintamente palavras ou obras e a fraude tem o mesmo objeto, empregando somente obras (LV, 5). 

A astúcia, o dolo e a fraude confundem-se com a mentira? 
Não, Senhor; porque a mentira tem por fim enganar, e nestes vícios o engano não é fim, senão meio para conseguir alguma coisa. 

Que se segue desta distinção?
Que a mentira é um pecado especial, exclusivamente oposto à virtude da veracidade, ao passo que a astúcia, o dolo e a fraude, como opostos à da prudência que se incorpora a todas as outras virtudes, podem andar misturados com todo gênero de pecados e vícios. 

Que entendeis por falsa solicitude? 
A daquele que se preocupa exclusivamente com os bens temporais; a do que põe, em procurá-los, mais trabalho e solicitude que nos da alma; e a do que teme que possam faltar-lhe, se cumpre com seu dever (LV, 6). 

Temos obrigação de ser solícitos em procurar os bens temporais? 
Com diligência moderada, ordenando-os à consecução da glória e confiando sempre na Divina Providência, sim, Senhor (Ibid). 

Que opinião tendes da preocupação do porvir? 
Que é má, quando peca por excessiva, ou se antecipa, usurpando o lugar de outros cuidados mais peremptórios (LV, 7). 

Quando será boa esta preocupação? 
Quando se limita a prevenir para o futuro o que depende e há de ser consequência do presente e deixa para mais tarde cuidados que terão de trazer tempos vindouros (Ibid).

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

AS 15 MEDITAÇÕES DA VIDA DE CRISTO (III)

A regra fundamental de nossa Sociedade é a vida de nosso Senhor Jesus Cristo, para imitá-lo com humildade e confiança, com toda a possível perfeição, em todas as obras da vida oculta e do público ministério, para a maior glória de Deus nosso Pai celeste e para a maior santificação de nossa alma e de nossos próximos (São Vicente Pallotti)

ORAÇÃO INICIAL

Por mim nada posso, mas com Deus tudo posso. Tudo quero fazer por amor a Deus. Meu Deus, quer esteja acordado, quer dormindo, pensando em vós ou não, vós sempre pensais em mim e me amais com amor infinito. Fazei que durante este dia, eu possa ter os mesmos pensamentos, a mesma humildade, a mansidão, a paciência e a caridade de nosso Senhor Jesus Cristo, para assim realizar a vossa santíssima vontade. Amém.


11. INSTITUIÇÃO DOS SACRAMENTOS

Com a simplicidade, o amor, a misericórdia e o espírito de serviço de nosso Senhor Jesus Cristo, queremos receber e administrar os santíssimos sacramentos com a plenitude da graça dos dons e frutos da vida eterna que Jesus Cristo colocou neles.

'Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo' (Mt 28, 19).

'Tudo o que vocês ligarem na terra, será ligado no céu' (Mt 18, 18).

'O homem deixará seu Pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher, e os dois serão uma só carne' (Mt 19, 5)

'Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, o partiu e o distribuiu a eles, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim' (Lc 22,19b).

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

12. A ORAÇÃO NO JARDIM DE GETSÊMANI

Oração no jardim de Getsêmani: agonia e suor de sangue de Jesus Cristo, a captura, o tratamento cruel sofrido na noite da prisão, abusos, afrontas, escárnios, golpes, barbaridades de toda espécie sofridas ao ser conduzido à casa de Anás e Caifás, ao tribunal de Pilatos e à casa de Herodes, as falsas acusações, a flagelação, a coroação de espinhos, a apresentação ao povo, o ser posposto a Barrabás, o ser declarado inocente e, mesmo assim, condenado à vergonhosa morte de cruz, o infinito merecimento de carregar a cruz até o Calvário, a bárbara crucificação e o estar pendente na cruz no meio de dois ladrões. Dai-me senhor a graça de suportar todas as humilhações em imitação ao sofrimento redentor de Jesus Cristo.

'Tomado de angústia, Jesus rezava com mais insistência. O seu suor se tornou como gotas de sangue, que caíam no chão' (Lc 22, 44).

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

13. A DOLOROSÍSSIMA AGONIA DE JESUS CRISTO

Nosso Senhor Jesus Cristo, agonizante na cruz, dizia a Maria santíssima: 'mulher, eis teu filho'. Deixou-nos sua mãe santíssima para nossa mãe e dizia a João: 'Eis tua mãe' e nos constituiu filhos de sua mãe santíssima. Dai-nos, Senhor, a graça de propagar sempre as glórias de Maria Santíssima por todos os meios possíveis.

'E dessa hora em diante o discípulo a recebeu em sua casa' (Jo 19, 27)

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

14. A MORTE DE JESUS CRISTO

Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua agonia na cruz, próximo de morrer disse: 'Tenho sede' (Jo 19,28); 'Tudo está consumado'( Jo 19,30 ); 'Pai, em tuas mãos entrego meu espírito' ( Lc 23, 46; Sl 30,6). Dai-nos, Senhor, a graça de desejar sempre a vossa maior glória e a salvação das almas.

'Todos os seus amigos, bem como as mulheres que o haviam acompanhado desde a Galileia, permaneciam à distância, observando essas coisas' (Lc 23 49).

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

15. A GLÓRIA DA RESSURREIÇÃO, ASCENSÃO E EXALTAÇÃO DE CRISTO

Depois de tornados semelhantes a Ele na vida humilde pobre, laboriosa, desprezada e crucificada nesta terra, nossa vida deve ser uma preparação para a morte. Dai-nos, Senhor, esta graça para podermos ser semelhantes a Vós na glória por toda a eternidade. Amém.

'... Jesus veio e, pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco!’ Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o Senhor' (Jo 20, 19-20).

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

(São Vicente Pallotti)