domingo, 6 de janeiro de 2019

EPIFANIA DO SENHOR

Páginas do Evangelho - Festa da Epifania do Senhor


Epifania é uma palavra grega que significa 'manifestação'. A festa da Epifania - também denominada pelos gregos de Teofania, significa 'a manifestação de Deus'. É uma das mais antigas comemorações cristãs, tal como a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo - era celebrada no Oriente já antes do século IV e, somente a partir do século V, começou a ser celebrada também no Ocidente. 

Na Anunciação do Anjo, já se manifestara a Encarnação do Verbo, revelada porém, a pouquíssimas pessoas: provavelmente apenas Maria, José, Isabel e Zacarias tiveram pleno conhecimento do nascimento de Deus humanado. O restante da humanidade não se deu conta de tão grande mistério. Assim, enquanto no Natal, Deus Se manifesta como Homem; na Festa da Epifania, esse Homem se revela como Deus. Na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus  é revelado a todas as nações da terra, a todos os povos futuros; a síntese da Epifania é a revelação universal da Boa Nova à humanidade de todos os tempos.

A Festa da Epifania, ou seja, a manifestação do Verbo Encarnado, está, portanto, visceralmente ligada à Adoração dos Reis Magos do Oriente: 'Ajoelharam-se diante dele e o adoraram' (Mt, 2, 11). Deus cumpre integralmente a promessa feita à Abraão: 'em ti serão abençoados todos os povos da terra ' (Gn, 12,3) e as promessas de Cristo são repartidas e compartilhadas entre os judeus e os gentios, como herança comum de toda a humanidade. A tradição oriental incluía ainda na Festa da Epifania, além da Adoração dos Reis, o milagre das Bodas de Caná e o Batismo do Senhor no Jordão, eventos, entretanto, que não são mais celebrados nesta data pelo rito atual.

A viagem e a adoração dos Reis Magos diante o Menino Deus em Belém simbolizam a humanidade em peregrinação à Casa do Pai. Viagem penosa, cansativa, cheia de armadilhas e dificuldades (quantos não serão os nossos encontros com os herodes de nossos tempos?), mas feita de fé, esperança e confiança nas graças de Deus (a luz da fé transfigurada na estrela de Belém). Ao fim da jornada, exaustos e prostrados, os reis magos foram as primeiras testemunhas do nascimento do Salvador da humanidade, acolhido nos braços de Maria: 'Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe' (Mt, 2, 11): o mistério de Deus revelado de que não se vai a Jesus sem Maria. Com Jesus e Maria, guiados também pela divina luz emanada do Espírito Santo, também nós haveremos de chegar definitivamente, um dia, à Casa do Pai, sem ter que voltar atrás 'seguindo outro caminho' (Mt, 2, 12). 

A ADORAÇÃO DOS TRÊS REIS MAGOS


No Evangelho de Mateus (Mt 2, 1ss), encontra-se a narrativa geral da adoração ao Menino-Deus pelos três reis magos do Oriente. Melquior, o mais velho, ofereceu ouro como presente a Jesus, símbolo de realeza; Gaspar, o mais moço, ofereceu incenso, símbolo da divindade de Cristo, enquanto Baltasar, o mouro, ofertou mirra, em adoração à humanidade de Jesus. A mirra, como símbolo de sofrimento, torna-se uma pré-anunciação e uma profecia das dores da Paixão do Senhor.




Mas, além da narrativa tão sobejamente conhecida, é importante ressaltar que o ato de adoração dos reis magos diante o Menino-Deus foi um ato de prostração de joelhos. Três reis, de origens incertas e longínquas, símbolos e representantes dos reis de toda a terra e da soberania sobre todas as nações (Sl 71, 11), dotados de poderes humanos e munidos de graças sobrenaturais, prostraram-se diante de Jesus Menino e O adoraram. De joelhos, de joelhos no chão.

Um antigo Pai da Igreja dizia que o diabo não tem joelhos e, em sendo assim, não pode ajoelhar-se, não pode prostrar-se, não pode adorar. A essência do mal é a não adoração, é a não prostração de joelhos. Que a Festa da Epifania do Senhor nos lembre deste grande exemplo dos reis magos: prostrar-nos de joelhos diante o Menino-Deus; dar-nos conta que temos joelhos e somos Filhos da Luz e, assim, inclinados e reclinados diante de Deus, possamos ser testemunhas e ofertas puras de sua santa redenção.

OREMUS! (6)

06 DE JANEIRO

Invenerunt puerum [acharam o menino...] (Mt 2, 11)

Sim, eles acharam o Menino, mas à custa de muito trabalho e sacrifício. Após uma viagem longa e penosa, chegaram enfim ao palácio do Rei dos judeus: um casebre, onde, na maior pobreza, estava uma simples criança. Para mim foi tão fácil achar Nosso Senhor! E nem sempre eu soube aproveitar dessa facilidade...

Eles acharam o Menino cum Maria, Matre eius [com Maria, sua Mãe]. Sempre com sua Mãe — foi assim que o Redentor realizou a sua obra de Redenção. Se não podemos separar o Redentor de sua Mãe Santíssima também não podemos separar Nossa Senhora da vida sacerdotal. O Alter Christus [outro Cristo] não saberá trabalhar sem Ela.

Os Magos ofereceram ouro, incenso e mirra. Não nos é tão difícil oferecer a Nosso Senhor o ouro e o incenso de um exuberante apostolado exterior. Anos e anos de trabalho, no afervoramento de uma paróquia, na organização de uma obra de assistência social, é com satisfação que entregamos tudo a Nosso Senhor. Mas... oferecer a mirra de certas renúncias interiores e mesmo exteriores... oferta dolorosa, muitas vezes, no entanto, necessária. Nosso Senhor não se contenta com uma parte do sacrifício que nos pede. Ele quer um sacrifício completo. Ele quer tudo. Ecce nos reliquimus omnia [Eis que deixamos tudo, palavras de São Pedro a Jesus, em Mt 19, 27].

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)

sábado, 5 de janeiro de 2019

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XXII)

XI 

DOS PRECEITOS RELATIVOS À CARIDADE 

Existe na lei de Deus algum preceito relativo à Caridade? 
Sim, Senhor (XLIV, 1)*

Qual é? 
É o seguinte: Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser e com todas as tuas forças (XLIV, 4).

Que se nos manda com estas palavras? 
Que as nossas intenções terminem sempre em Deus; que a Ele estejam submetidos e por Ele regulados todos os nossos pensamentos e afetos sensíveis, e que a norma de nossas ações exteriores seja o cumprimento de sua santíssima vontade (XLIV, 4, 5). 

Tem grande importância este preceito? 
Tem e é tão grande que constitui o resumo e centro de todos os demais (XLIII, 1-3). 

É um ou múltiplo? 
É um e múltiplo, ambas as  coisas, ainda que se considere unicamente como preceito da Caridade; quer dizer que, bem entendido, bastaria um só, porque é impossível amar a Deus sem amar também ao próximo; mas para que melhor o compreendamos, se lhe ajuntou outro: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo (XLIV, 2. 3, 7). 

Encontram-se estes preceitos no Decálogo? 
Não, Senhor; são anteriores, porque os preceitos do Decálogo estão destinados a assegurar o cumprimento dos da Caridade (XLIV, 1. ad 3). 

Suposta a ordem sobrenatural, são estes preceitos evidentes e conaturais, sem necessidade de especial promulgação? 
Sim, Senhor: porque assim como é lei natural, gravada nos corações, amar a Deus sobre todas as coisas, a mesma lei, pelas mesmas razões, rege a ordem sobrenatural. 

Logo, é contrário ao Direito Natural e ao bom emprego das potências afetivas, não amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos? 
Sim, Senhor. 

XII 

DO DOM DA SABEDORIA CORRESPONDENTE À CARIDADE - VÍCIO OPOSTO 

Existe algum dom do Espírito Santo correspondente à Caridade? 
Sim, Senhor, e o mais excelente: o dom de Sabedoria (XLV). 

Que entendeis por dom de Sabedoria? 
Um dom do Espírito Santo, mercê do qual o homem forma juízo e opinião acerca das coisas, tomando por norma e regra a sua causa suprema, a ciência infinita de Deus, na medida em que ele consegue conhecê-la pela revelação (XLV, 1). 

Poderíeis dizer-me em que se distingue o dom de sabedoria da virtude intelectual do mesmo nome, e dos dons de inteligência, ciência e conselho, distintos por sua vez das virtudes intelectuais chamadas entendimento, ciência e prudência ? 
Sim, Senhor: possui o entendimento, relativamente às verdades da fé, multiplicidade de atos essencialmente distintos, aos quais correspondem virtudes e dons diferentes. O ato de fé consiste em dar assentimento às proposições reveladas. O ato de assentir leva consigo outros complementares; tais são a percepção da verdade sobrenatural e o juízo e ditame a respeito dela. O juízo e ditame dependem do critério que se empregue; quando se tomam por norma os ensinos da fé, corresponde-lhes o dom de sabedoria e a virtude intelectual do mesmo nome; se se baseia em critério e razões humanas, o dom e a virtude intelectual, chamada ciência; quando deixando a ordem especulativa, se trata de reduzir o ditame à prática, a virtude intelectual da prudência e o dom de conselho. 

Que nome genérico poderíamos dar a esta doutrina? 
O de plano e economia no desenvolvimento do organismo psicológico sobrenatural. 

A quem devemos tão prodigiosa síntese doutrinal? 
Ao gênio de Santo Tomás de Aquino. o qual nos adverte que, só depois de largos estudos e profundas meditações, chegou a surpreender tão maravilhosa harmonia (VIII, 6). 

Qual é a mais importante das virtudes e dons que aperfeiçoam o entendimento? 
A virtude da fé, centro de todas as outras, visto que o seu objeto é auxiliar e facilitar os seus atos. 

Qual é o dom que segue em categoria à fé? 
O dom de sabedoria. 

Que benefícios nos traz o dom de sabedoria, especialmente em relação com a ciência? 
O dom da ciência nos dá a faculdade de formar juízo acerca das verdadeiras relações das coisas com suas causas e fins imediatos, e o de sabedoria com a causa suprema e fim último, aos quais todos os outros estão subordinados. 

Logo, em virtude do dom de Sabedoria, elevamo-nos ao mais alto grau de ciência que se pode alcançar neste mundo? 
Sim, Senhor. 

Existe algum vício oposto a tão excelso dom? 
Sim, Senhor; o que consiste em querer formar juízo cabal de uma coisa sem ter em conta o destino que Deus lhe assinalou (XLVI, 1). 

Como deverá chamar-se? 
Insensatez e necedade supremas. 

É muito comum este pecado? 
Sim, Senhor; e cometem-no todos os que forjam planos ou ajustam projetos, sem lembrar-se de Deus, ou prescindindo dEle. 

Podem cair nele homens mesmo acostumados e peritos no manejo dos negócios? 
Sim, Senhor. 

Há oposição irredutível entre a sabedoria do mundo e a de Deus? 
Sim, Senhor; visto que uma, no conceito da outra, é loucura. 

Em que consiste esta oposição irredutível? 
Em que as gentes têm por sábio àquele que, considerando os bens deste mundo como fim supremo, organiza a vida de forma que nada falta aqui na terra, ainda em coisas que redundam em detrimento e desprezo de Deus, Bem supremo, prometido no céu; ao passo que a Sabedoria dos Filhos de Deus consiste em subordinar todos os bens da vida presente à futura posse da Glória. 

Logo, estes dois gêneros de sabedoria são totalmente diversos? 
Sim, Senhor; porque conduzem fatalmente a termos distintos e o fim ou o termo é o que especifica a ação. 

Logo, a prática das virtudes teologais e dos dons correspondentes, constituem os únicos meios de que dispõe o homem para orientar-se e encaminhar-se para o seu verdadeiro fim último? 
Sim, Senhor. 

XIII 

DAS VIRTUDES MORAIS - A PRUDÊNCIA: SUA NATUREZA, PARTES DA PRUDÊNCIA. VIRTUDES ANEXAS: ESPÉCIES, PRUDÊNCIA INDIVIDUAL, FAMILIAR, REAL E MILITAR 

Que deve fazer o homem para gozar um dia no céu, o que a fé, a esperança e a caridade lhe propõem?
Além de possuir as ditas virtudes, deve exercitar-se na prática das morais e de seus correspondentes dons. 

Qual é a primeira virtude moral? 
A virtude da Prudência (XLVII). 

Que entendeis por Prudência? 
Uma regra moral do senso prático que põe no homem tato e discrição suficientes para ordenar a sua vida e mandar em cada caso, aos seus subordinados, o mais apropriado à observância das virtudes (XLXIII, 1-9). 

Tem muita importância? 
Grandíssima, porque sem ela é impossível praticar ato algum virtuoso (XLVII, 13). 

É suficiente o influxo da prudência, em todo o seu vigor, para garantir e manter em seus limites o exercício de todas as virtudes? 
Sim, Senhor (XLVII, 14). 

Donde lhe provém tal privilégio? 
Da propriedade que tem de congregar todas as virtudes, de forma que nenhuma pode existir sem ela, nem ela pode existir sem o concurso de todas as outras. 

É necessário o concurso de muitas condições para que o ato da prudência seja perfeito? 
Sim, Senhor. 

Como podereis classificá-las? 
Em três grupos: umas são elementos constituintes ou partes integrantes essenciais; outras, virtudes adjuntas e ordenadas a atos secundários em conexão com o principal; por último, o ato principal encerra tantas classificações, como o dirigido e governado (XLVIII-LI). 

Quais são os elementos constitutivos ou partes integrantes essenciais? 
São as seguintes: memória ou recordação do passado; inteligência ou conhecimento do presente, quer seja em geral quer em particular; docilidade e respeito ao disposto por antecessores sábios e prudentes; sagacidade para saber o que no momento dado se pode esperar de alguém; firmeza e segurança de juízo para aplicar as regras gerais aos casos particulares; providência ou determinação do tempo e do lugar de cada ato para obter o fim desejado; circunspecção ou conhecimento das circunstâncias; precaução contra tudo o que puder ser obstáculo ou comprometer o êxito da empresa (XLIX, 1-8). 

Quais são as virtudes adjuntas e ordenadas para atos secundários em conexão com o principal? 
A virtude do conselho e as duas virtudes do bom senso prático, uma referente à maneira de portar-se nos casos e circunstâncias ordinárias e outra nas extraordinárias e de grande empenho (LI, 1-4). 

Supostos, os atos das anteriores virtudes, qual é o ato próprio da prudência? 
O mandato executivo (XLVIII, 8). 

Logo, a prudência é propriamente a virtude que serve para dirigir e mandar? 
Sim, Senhor. 

Não será melhor a virtude de obrar sem arrebatamentos, ou inconsiderações, visto que todos chamam prudente ao homem que mede e aquilata as suas obras e ditames? 
É certo que assim o entendem; mas, apesar disso, o ato próprio da prudência consiste em mandar com energia e decisão quando chega o momento oportuno (XLVIII, 8 ad 2). 

Quantas são as espécies de prudência? 
Tantas, quantas as espécies de mandatos necessários, a respeito de atos difíceis na prática da virtude. 

A quantas podemos reduzi-las? 
A quatro: o mando e governo de nós mesmos, o da família, o da sociedade civil e o da militar (L, 1-4). 

Como se chamam as espécies da virtude da prudência correspondentes a estes atos? 
Prudência individual, familiar, real e militar (Ibid). 

Que entendeis por prudência individual? 
A que cada um necessita para governar sua vida moral e procurar o bem próprio. 

Que entendeis por prudência familiar? 
A que necessita cada membro da família para manter-se e atuar em sua própria esfera e sob a direção do chefe, para bem e proveito da sociedade familiar (L, 3). 

Que entendeis por prudência real? 
A prudência especial que necessita o chefe supremo de toda sociedade perfeita e independente para governá-la como convém (L, 3). 

É suficiente, para que esteja bem regida uma nação, que sejam prudentes seus governantes? 
Não, Senhor; é necessário que os governados possuam outra prudência proporcionada à dos primeiros (L, 2). 

Em que há de consistir a prudência dos súditos? 
Em submeterem-se às ordens e decisões do governante, de forma que os seus atos sociais jamais sejam peia ou obstáculo à consecução do bem comum (Ibid). 

Ordena-se também a prudência militar para a consecução do bem da sociedade? 
Sim, Senhor, e é da maior importância, porque tem por destino assegurar a defesa eficaz do Estado contra os inimigos exteriores, e isto só pode conseguir-se mediante a prudência mais delicada no mando e a mais completa disciplina nos subordinados (L, 4). 

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular)

PRIMEIRO SÁBADO DE JANEIRO E DO ANO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

OREMUS! (5)

05 DE JANEIRO

Fundamentum aliud... [um fundamento diferente] (1Cor 3,10)

Nós, os sacerdotes, pensamos muito em realizar, em construir. Nada mais natural, pois o nosso ministério o exige. Muito mais importante, porém, que qualquer atividade exterior, é o nosso trabalho na construção de nossa vida interior. Desta é que depende tudo o mais.

Quanto mais alto um edifício, tanto mais sólida deverá ser a sua base, mais profundas os seus alicerces. Ora, a nossa vida sacerdotal é um verdadeiro arranha-céu, porque dá na vista de todo o mundo, e atinge mesmo a altura do céu, no que ela tem de grandioso e sublime. E que será dessa construção toda, se ela não assentar sobre o concreto de uma virtude a toda prova?

Se o exame de consciência me diz que a árvore de minha vida sacerdotal não está produzindo bons frutos, o remédio não está numas gotinhas d’água, derramadas sobre suas folhas... Tenho que regar as raízes dessa árvore. Por falta de vida interior, isto é, de base sólida, quanta vocação já não desmoronou! Até cedros do Líbano foram vistos, rolando correnteza abaixo... Fundamentum enim aliud nemo potest ponere, praeter id quod positum est, quod est Christus Jesus [Quanto ao fundamento, ninguém pode por outro diverso daquele que já foi posto, que é Jesus Cristo].

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS E DO ANO


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.