sábado, 27 de outubro de 2018

SOBRE A HERESIA DO ESPIRITISMO

O Espiritismo nega todo o Cristianismo: nega o mistério da Santíssima Trindade, nega que Jesus seja Deus, nega a Redenção, nega que Nossa Senhora seja Mãe de Deus, nega a existência de um Deus pessoal e distinto do mundo, nega a espiritualidade da alma, nega a existência do inferno e dos demônios, nega o mistério da graça, nega o céu.

Um espírita não pode ser cristão, e um cristão não pode ser espírita.

A doutrina da reencarnação não condiz com o dogma da ressurreição final, do céu e do inferno. Por isto, o Espiritismo nega simplesmente estes dogmas, apesar de estarem claros na Bíblia. Nega o que é de fé, que Deus ensinou, para erigir fantasias em dogma de fé.

Os espíritas negam não uma ou duas das verdades de fé, mas todas. São hereges! Diz o Direito Canônico: 'Todos os apóstatas da fé, e todos e cada um dos heréticos e cismáticos... incorrem ipso facto em excomunhão... Abraçar o Espiritismo é abraçar a excomunhão.

Caridade é uma virtude teológica que tem Deus por motivo: é amor de Deus, por amor de Deus e amor do próximo por amor de Deus. Quando se ama o próximo e se faz o bem, por amor dos homens, não é caridade, é filantropia. São Paulo diz na Epístola aos Coríntios que podemos ter uma fé de transportar montanhas... mas, se não for por caridade, isto é, por amor de Deus... não vale nada!... No Espiritismo não pode haver caridade!

Ajudar as obras espíritas, colaborar de qualquer modo com o Espiritismo, é favorecer a heresia. E quem favorece qualquer heresia fica excomungado.

Não basta estarmos com a verdade, mas é preciso amar a verdade, por isto querê-la conhecida e seguida por todos. A caridade é a essência do Cristianismo, e o distintivo do cristão. Mas, só podemos dizer que amamos a Deus e amamos o próximo, se fizermos tudo pela glória de Deus e pela salvação de nossos irmãos.


(Excertos da obra 'A Hediondez Espírita', de Dom José Eugênio Corrêa)

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

POR QUE NOSSA SENHORA NOS DEU O TERÇO?

A Igreja Católica conhece o Terço há cerca de apenas 800 anos. Os quinze mistérios do Santíssimo Rosário foram dados por Nossa Senhora a São Domingos. Desde então, a Igreja Católica tem encorajado os fiéis a rezar o Terço.

O Padre Pio disse certa vez: 'Algumas pessoas são tão tontas ao ponto de pensar que podem avançar pela vida sem a ajuda da Santíssima Mãe. Amem Nossa Senhora e rezem o Terço, porque o seu Terço é a arma contra todos os males do mundo de hoje. Todas as graças dadas por Deus passam através da Santíssima Mãe'. E, apenas duas semanas depois da sua eleição à Sé de Pedro, o Papa João Paulo II admitiu com franqueza: 'O Terço é a minha oração preferida. Uma oração maravilhosa! Maravilhosa na sua simplicidade e na sua profundidade'.

Agora pensem nisto: São Francisco de Assis não tinha o Terço. Nem São Bernardo de Claraval, nem Santo Anselmo, nem São Beda, nem São Gregório, nem São Bento, nem Santo Agostinho, nem Irineu e nem sequer os Santos Apóstolos. O Santo Rosário é relativamente recente. E, ainda assim, estou convencido que é absolutamente essencial para o nosso tempo. A 'novidade' do Terço revela que os últimos 800 anos da História da Igreja precisavam de uma nova arma.

A Santíssima Virgem Maria deu-nos uma arma com base nas Escrituras. Ela pediu a São Domingos e ao Beato Alan que se rezassem 150 Ave Marias em honra dos 150 salmos. Além disso, deu-nos 15 mistérios bíblicos da vida de Cristo para nós meditarmos. Todo o conjunto é uma homenagem de Nossa Senhora à Sagrada Escritura. As 150 Ave Marias foram divididas em 15 dezenas de dez Ave Marias. Deste modo, podemos viver os mistérios bíblicos da vida do seu Filho.

Mas por quê? Por que é que o Céu veio com este plano com contas e mistérios? De certo modo, os anos 1200's foram o ponto alto da civilização cristã. Foi a era de São Tomás de Aquino e do Rei São Luís de França. Desde então, tem sido uma viagem atribulada. O Terço tem sido a corrente ou o cinto de segurança que precisamos nestes tempos de turbulência.

Precisamos de Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. O Terço é um sinal tangível de que estamos ligados a Ele. Quando toco no meu Terço, sei que Maria me está a ligar ao seu Filho. Jesus tornou-se homem através de Maria e essa ligação humana é encontrada ali, com ela.

Encorajo-vos verdadeiramente a rezar o Terço todos os dias para o resto das vossas vidas. Tornem isso parte da vossa rotina diária. Devia ser mais importante que lavar os dentes ou ver o e-mail. Rezar o Terço tira apenas 2% do vosso dia: 2%! Rezem o Terço diariamente. Dará paz à vossa alma. Aprenderão mais sobre vocês mesmos e sobre Deus. Perder-se-ão no ritmo da oração e descobrir-se-ão a vós mesmos com Jesus. 

(Taylor Marshall)

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

25 DE OUTUBRO - SANTO ANTÔNIO GALVÃO


Um homem marcado pela caridade e por um profundo espírito missionário: este foi o compromisso de fé que levou à santidade Antônio Galvão de França - o Frei Galvão, nascido em 1739 em Guaratinguetá, cidade do interior do estado de São Paulo, e falecido na cidade de São Paulo, em 23 de dezembro de 1822.

A devoção cristã permeou a sua vida desde a infância, levando-o a estudar com os jesuítas na Bahia e, mais tarde, a proceder os votos solenes como franciscano da Ordem Terceira (adotando, então, o nome de Antônio Sant'Ana Galvão) e à ordenação sacerdotal, em 11 de julho de 1762, no Rio de Janeiro. Após a ordenação, tornou-se pregador da ordem franciscana e confessor do Recolhimento de Santa Teresa, onde viviam algumas monjas e que, naquela época, constituía o único estabelecimento de religiosas então existente em São Paulo. Nesta instituição, sob a inspiração da Irmã Helena Maria do Sacramento, Frei Galvão fundou e construiu um novo recolhimento na cidade, no local chamado campo da Luz, hoje Mosteiro de Nossa Senhora da Luz, e ali foi enterrado. 

Era dotado de dons prodigiosos, como levitação e a bilocação. Particularmente interessantes são as chamadas 'pílulas de Frei Galvão'. Diante de um homem padecendo muitas dores devido a cálculos renais, o santo teve a súbita inspiração de escrever em um papelote a seguinte frase do ofício da Santíssima Virgem Maria: Post partum Virgo inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis - 'Depois do parto, ó Virgem, permanecestes intacta; Mãe de Deus, intercedei por nós' e o deu ao homem como remédio, que expeliu em seguida um grande cálculo renal. Utilizando-se deste meio outras tantas vezes, as pílulas logo tornaram-se de uso generalizado até os nossos dias, para curar problemas renais ou de parto ou quaisquer outras dores ou enfermidades. Por sua intercessão, os Céus realizaram muitos milagres e curas sobrenaturais.

Frei Galvão se fez servo de todos e para todos tinha uma enorme generosidade de acolhimento, de perdão, de serenidade e de direção espiritual e, como 'filho e escravo perpétuo de Maria', dedicou toda a sua vida ao apostolado e à salvação das almas e, em meio a tantas glórias e virtudes, só recentemente foi elevado aos altares. Frei Galvão foi beatificado pelo papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998 e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, em São Paulo, tornando-se, então, o primeiro santo da Igreja nascido no Brasil. A sua festa litúrgica acontece em 25 de outubro, data de sua beatificação.

(Recolhimento de Nossa Senhora da Luz, século XVIII, atual Mosteiro da Luz)

terça-feira, 23 de outubro de 2018

CATECISMO MAIOR DE PIO X (XIII)

TERCEIRA PARTE

UMA BREVE HISTÓRIA DA IGREJA 

As perseguições e os mártires 

121. Mas a fé cristã teria que passar por duríssimas provas para que se manifestasse claramente que vinha de Deus e que somente Deus a sustentava. Nos três primeiros séculos de sua existência, a saber, no transcurso de trezentos anos, muitas perseguições terríveis levantaram-se contra os discípulos de Jesus Cristo, por ordem dos imperadores romanos. A guerra suscitada contra os cristãos não era contínua, mas recrudescia após intervalos curtos, e então era necessário que dessem razão à sua fé; constrangia-os a oferecer incenso aos ídolos, e se recusavam a isso, sujeitavam-nos a todo tipo de ultrajes, penas e tormentos que a malícia humana era capaz de inventar, e até mesmo a própria morte. 

122. Eles não davam nenhum motivo de ódio para seus inimigos; reuniam-se para suas devoções e para assistir ao divino Sacrifício comumente em lugares subterrâneos, escuros e solitários que ainda subsistem em Roma e em outros lugares, chamados cemitérios ou catacumbas. Mas nem por isso evitavam o perigo de morte. Inumeráveis multidões deles deram testemunho, com o derramamento de seu sangue, da fé em Jesus Cristo, por cuja confirmação os Apóstolos e seus imitadores haviam morrido. Por isso são chamados de mártires, que significa testemunhas. A Igreja reconhecia estas preciosas vítimas da fé, recolhia seus cadáveres, dava-lhes sepultura honrosa nos lugares santos da Dormição e os admitia às honras dos altares. 

123. A Igreja não teve paz sólida até que o Imperador Constantino que, vencedor de seus inimigos, favorecido e alentado por uma visão do céu, publicou editos dando a todos liberdade de abraçar a religião cristã; os cristãos voltavam a tomar posse dos bens que lhes foram confiscados; ninguém poderia perturbá-los por causa de sua fé; não deviam ser mais excluídos dos cargos e posições do Estado; podiam erguer igrejas; e, por vezes, o próprio imperador custeava-lhes os gastos. Os confessores da fé que estavam na prisão foram libertados, os cristãos começaram a celebrar suas reuniões com esplendor e os mesmos gentios sentiam-se atraídos a glorificar o verdadeiro Deus. 

124. Constantino derrotou seu último concorrente, tornou-se senhor do mundo romano, e viu-se a cruz de Jesus Cristo tremular resplandecente nas bandeiras do império. Em seguida, dividiu o império em oriental e ocidental, fazendo de Bizâncio no Bósforo, uma nova capital, que embelezou e chamou Constantinopla (d.C. 330). Esta metrópole rapidamente transformou-se numa nova Roma, em função da nova autoridade imperial que nela residia. Então o espírito de orgulho e novidade se apoderou de alguns eclesiásticos constituídos ali em alta dignidade, que ambicionavam o primado do Papa e de toda a Igreja de Jesus Cristo. A partir dali surgiram gravíssimos conflitos durante muitos séculos e, finalmente, o desastroso Cisma, com que Oriente se separou do Ocidente (século IX) subtraindo em grande parte a divina autoridade do Pontífice Romano, que é o sucessor de Pedro, Vigário de Jesus Cristo.

As heresias e os concílios 

125. Quando saía vitoriosa da guerra exterior do paganismo e vencia a prova de ferozes perseguições, a Igreja de Jesus Cristo, assaltada por inimigos interiores, entrou em guerra intestina, muito mais terrível. Guerra longa e dolorosa que, iniciada e alimentada por maus cristãos, seus filhos degenerados, ainda não chegou ao fim, mas da qual emergirá a Igreja triunfante, conforme a palavra infalível de seu divino Fundador a seu primeiro Vigário na terra, o Apóstolo São Pedro: 'Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mt 16, 18). 

126. Já nos tempos apostólicos, havia homens perversos que, por interesse e ambição, perturbavam e corrompiam no povo a pureza da fé com erros abomináveis. Foram combatidos com a pregação dos Apóstolos, com os escritos e com as infalíveis sentenças do primeiro Concílio que celebraram em Jerusalém. 

127. Desde então não parou o espírito das trevas em seus ataques venenosos contra a Igreja e as divinas verdades de que é depositária indefectível; e suscitando constantemente novas heresias, tem estado a atacar, um após outro, todos os dogmas da religião cristã. 

128. Entre outras, são tristemente notórias as heresias de Sabellius, que desafiou o dogma da Santíssima Trindade; de Manes, que negou a unidade de Deus e admitiu duas almas no homem; de Ário, que não quis reconhecer a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo; de Nestório, que recusou à Santíssima Virgem a excelsa dignidade de Mãe de Deus e distinguiu em Jesus Cristo duas pessoas; de Eutiques, que não admitiu em Jesus Cristo mais do que uma só natureza; de Macedônio, que combateu a divindade do Espírito Santo; de Pelágio, que atacou o dogma do pecado original e da necessidade da graça; dos Iconoclastas, que rejeitaram o culto das Sagradas Imagens e das Relíquias dos Santos; de Berengário, que se opôs à presença real de nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento; de João Huss, que negou o primado de São Pedro e do Romano Pontífice, e finalmente a grande heresia do Protestantismo (século XVI), forjada e propagada principalmente por Lutero e Calvino. Estes inovadores, ao rejeitar a Tradição divina, reduzindo toda a revelação à Sagrada Escritura, e subtraindo a mesma Sagrada Escritura ao legítimo magistério da Igreja para entregá-la insensatamente à livre interpretação do espírito privado, demoliram todos os fundamentos da fé, expuseram os Livros Sagrados às profanações da presunção, da ignorância e abriram a porta a todos os erros. 

129. O Protestantismo ou religião reformada, como orgulhosamente a chamam seus fundadores, é o compêndio de todas as heresias que houve antes dele, que houve depois e que podem ainda nascer para a ruína das almas. 

130. Com uma luta incansável que dura vinte séculos, a Igreja Católica não cessou de defender o depósito sagrado da verdade que Deus lhe deu e de amparar os fiéis contra o veneno das doutrinas heréticas. 

131. À imitação dos Apóstolos, que sempre exigiu a necessidade pública, a Igreja, congregada no Concílio ecumênico ou geral, definiu com toda clareza a verdade católica, dogma da fé que ela propõe a seus filhos e arrojado de seu seio os hereges, lançando contra eles a excomunhão e condenando seus erros. O Concílio Ecumênico ou geral é uma augusta assembleia, por meio da qual o Romano Pontífice convoca todos os Bispos do mundo e outros Prelados da Igreja, presidida pelo mesmo Papa em pessoa ou por seus legados. A esta assembleia que representa toda a Igreja docente, está prometida a assistência do Espírito Santo, e suas decisões em matéria de fé e de costumes, depois de confirmadas pelo Sumo Pontífice, são seguras e infalíveis como a palavra de Deus.

132) O Concílio que condenou o Protestantismo foi o Sacrossanto Concílio de Trento, denominado assim por causa da cidade onde se celebrou. 

133. Ferido com esta condenação, o Protestantismo viu desenvolver-se os gérmens da dissolução que levava em seu organismo viciado: as discussões o dilaceraram, multiplicaram-se as seitas que, dividindo-se e subdividindo-se, reduziu-se a pequenos fragmentos. No presente, o nome protestantismo já não significa uma crença uniforme e generalizada, mas um acúmulo, o mais monstruoso, de erros privados e individuais, que recolhe todas as heresias e representa todas as formas de rebelião contra a santa Igreja Católica. 

134. No entanto, o espírito protestante, que é o espírito de liberdade desenfreada e oposição a toda autoridade, não deixou de se espalhar, e muitos homens que, inchados com uma ciência vã e orgulhosa, dominados pela ambição e interesse, não hesitaram em forjar ou dar incentivo a transtornadoras teorias da fé, da moral e de toda autoridade divina e humana. 

135. O Sumo Pontífice Pio IX, depois de ter condenado no Syllabus muitas das proposições capitais desses irresponsáveis cristãos, para aplicar o machado à raiz, havia convocado em Roma um novo Concílio ecumênico. Começou felizmente sua obra ilustre e benéfica nas primeiras sessões, que se celebraram na Basílica de São Pedro, no Vaticano (de onde veio o nome de Concílio Vaticano I), quando em 1870, pelas vicissitudes dos tempos, teve que suspendê-las. 

136. É de esperar que, acalmada a tempestade que agita momentaneamente a Igreja, o Romano Pontífice organize e leve adiante o trabalho providencial do Santo Concílio e que, desfeitos os erros que agora combatem a Igreja e a sociedade civil, possamos ver em breve a verdade católica brilhar com nova luz e iluminar o mundo com seus eternos resplendores*.

* Em 25 de dezembro de 1961, através da bula papal Humanae Salutis, o Papa João XXIII convocou o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica, ou Concílio Vaticano II, que foi realizado em 4 sessões e terminou no dia 8 de dezembro de 1965, sob o pontificado de Paulo VI. Em quatro sessões, mais de 2 mil prelados convocados de todo o mundo discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas em 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio. Embora a intenção fosse a de atualizar a Igreja, adaptando-a ao mundo de hoje, os frutos deste Concílio, que foi pastoral e não dogmático, para muitos estudiosos, ainda não foram totalmente compreendidos, resultando por isso vários problemas complexos de serem solucionados, uma vez que algumas das propostas, posteriores interpretações e aplicações, pareceram levar a Igreja a um estado de contradição com seu passado de 2 mil anos de existência.

(Do Catecismo Maior de Pio X)

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

SOBRE OS JUÍZOS EXTREMADOS DE DEUS

É no Sacramento do Seu Amor que o Senhor revela a severidade dos Seus juízos e o rigor da Sua Justiça, para com aqueles que o profanam. Estes juízos cairão sobre duas espécies de pessoas: sobre aqueles que não Me recebem e sobre os que Me recebem indignamente.

Os primeiros vivem num estado de morte. Parecem-se com uma árvore que já não tem seiva, que seca e morre; parecem-se com um peixe lançado fora da água, que não está já no seu elemento indispensável e morre; são como um homem que desejaria não somente manter a sua força e vigor, mas ainda mesmo viver sem beber nem comer.

Eu sou a seiva da alma; Eu sou o alimento em que ela sabe e pode mover-se e agitar-se; Eu sou o seu Alimento, a sua bebida, e todo aquele que não come nunca a Minha Carne Eucarística e não bebe nunca o Meu Sangue, de modo algum terá a vida. Morre, dia-a-dia, cada vez mais; e o dia da sua morte será aquele em que Eu Mesmo lhe mostrarei, tanto o Meu rigor como a Minha justiça, no fundo dos abismos.

E vós, sacrílegos, que ingratidão a vossa! Não há termos que possam exprimir a perfídia do vosso crime. De que castigos vos tornais dignos, quer sejais instruídos, quer ignorantes! Vós, que sois instruídos e conheceis melhor a grandeza deste Sacramento, sois mais culpados, ministros de Satanás, do que os doutores e príncipes dos sacerdotes, na medida em que devíeis conhecer, melhor do que eles, a Minha Divindade. Eles entregaram-Me às mãos dos Meus maiores inimigos: os demônios. E vós, que sois ignorantes, procurai instruir-vos. Acaso sereis ignorantes ao ponto de não saber que receber este Sacramento em pecado mortal é cometer um sacrilégio? 

Aquele que comunga indignamente torna-se culpado do Sangue de um Deus, torna-se semelhante aos Judeus, que com ele se comprometeram; e, com eles, carregam ainda hoje a maldição que sobre si mesmos lançaram. Eles são, e serão sempre, os túmulos e os alvos dos castigos de Deus, e sobre a sua cabeça pesará sempre a justiça. Dispersos por aqui e por além, cumprem a palavra que Eu Próprio lhes havia dito: 'Serão dispersos e a sua cidade será destruída de uma ponta à outra, de modo que não ficará nela pedra sobre pedra' (Mc 13,2; Lc 21,6; Mt 24,2; Lc 19,44).

A comunhão indigna é um pecado tão grande, que toda a gente lhe tem horror; e entretanto, é o que há de mais frequente. Aquele que dela se torna culpado sente-lhe a confusão e torna-se como os Judeus, porque toda a gente tem pelos Judeus um secreto desprezo, um certo terror. Os filhos suportam a pena do crime de seus pais; este povo vive numa insensibilidade que faz pena. Também o que comunga indignamente cai numa indiferença, que o torna insensível a tudo; ou então é devorado pelos remorsos de consciência e, assim, este Sacramento traz com ele mesmo o castigo.

Uma primeira comunhão indigna perturba suficientemente uma alma; uma segunda endurece-a já um pouco; uma terceira e seguintes fazem-na cair na insensibilidade, e mesmo no desprezo pelas coisas santas, com uma segurança e letargia verdadeiramente mortais. Ó como é raro que aquele que profanou os sacramentos durante a vida, os receba com boas disposições na hora da morte! E quantos morrem no desespero ou nessa tal indiferença, que os torna insensíveis a tudo! 

Aquele que faz uma comunhão indigna sente no fundo do seu coração um medo, um desespero, um ódio a Deus que é o princípio daquilo que o devorará na eternidade. Tudo o leva ao desespero, em vez de o levar à confiança. Fala-se-lhe nos últimos sacramentos? Mas a recordação daqueles que ele mesmo profanou durante a sua vida perturba-o. Apresenta-se-lhe uma Cruz? Mas este gesto, em vez de consolá-lo, reprova-lhe o seu crime. E a maior parte morre nesta insensibilidade. Morrem! E, tantas vezes, pensando em tudo menos em Mim, sendo esses Sacramentos como que a confirmação da sua recusa ou reprovação.

Deste modo, é bem verdade dizer que o Senhor manifesta, neste Sacramento, a severidade dos Seus juízos e o rigor da Sua Justiça. Nenhum outro pecado o Senhor castiga tão severamente como uma comunhão sacrílega. Enfim, tudo está resumido nestas palavras, que Eu Mesmo disse: 'Aquele que Me recebe indignamente, come e bebe a sua própria condenação' (1Cor 11,29).

(Escritos Espirituais da Serva de Deus Maria Lataste)

domingo, 21 de outubro de 2018

QUEM ESTARÁ À DIREITA OU À ESQUERDA DO SENHOR?

Páginas do Evangelho - Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum


A glória humana alimentava o pedido despropositado de Tiago e João, filhos de Zebedeu, feito a Jesus quando da sua derradeira subida a Jerusalém: 'Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!' (Mc 10, 37). Aqueles dois homens (que representam o conjunto de todos os demais apóstolos, que se 'indignaram' depois pela audácia deles), mais do que moldados pela graça, ainda estavam envoltos pela penumbra das glórias terrenas e, na dimensão dos poderes de um reino fictício no mundo dos homens, pleiteavam os postos mais elevados 'à direita e à esquerda' do Senhor.

Jesus vai prometer a ambos uma glória muito maior que qualquer poder concedido na escala dos homens. Os poderes e as glórias do mundo, por maiores que sejam, são instáveis e passageiros; Jesus tem a oferecer a eles heranças eternas. Na busca dos valores humanos, imperam a cobiça, a ambição, a disputa desenfreada por aplausos e pompas; a eternidade é moldada pelo recolhimento interior, pela oração e despojamento do ser, pela via do sofrimento e da dor: 'Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?' (Mc 10, 38).

Quando ambos afirmam que 'sim', estão sendo apenas suscetíveis à crença de superação de dificuldades passageiras. Não conseguem vislumbrar os eventos tão próximos da Paixão e Morte do Senhor, o drama do Calvário, tantas vezes mencionado e reafirmado por Jesus em outras ocasiões. Jesus vai, num primeiro momento, confirmar este 'sim': 'Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado' (Mc 10, 39). Com efeito, São João, o discípulo amado, acompanhou Jesus até o instante derradeiro da Paixão e Morte na Cruz; São Tiago foi o primeiro apóstolo a colher as palmas do martírio.

Mas, em seguida, Jesus os alerta que as moradas eternas estão destinadas àqueles forjados pela Santa Vontade do Pai: 'não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado' (Mc 10, 40). Na escala dos valores eternos, o maior é o que serve a todos, o posto mais alto será destinado ao que, por amor a Deus, tornar-se o menor entre os seus irmãos. A verdadeira glória passa pelo Calvário, por uma senda de dor e de sofrimento, e quem estará 'à direita ou à esquerda' de Jesus será aquele que viver e morrer, com maior semelhança, a própria vida e morte do Senhor: 'Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos' (Mc 10, 45). 

sábado, 20 de outubro de 2018

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Se um povo fica gradualmente depravado, se vende os seus votos, se entrega o governo a homens maus e criminosos, então esse poder de conceder honras é corretamente removido de tais pessoas e dado àqueles que são bons'. 
(Santo Agostinho)

'Não existe verdadeira fraternidade fora da caridade cristã. Através de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, nosso Salvador, a caridade cristã abrange todos os homens, para consolar todos, e para os conduzir todos à mesma fé e à mesma felicidade celestial. Separando a fraternidade da caridade cristã assim entendida, a democracia, longe de ser um progresso, constituiria um desastroso recuo para a civilização'.
(São Pio X)