quarta-feira, 15 de agosto de 2018

15 DE AGOSTO - NOSSA SENHORA DO PILAR



A devoção a Nossa Senhora do Pilar tem origem na Espanha. Segundo a Tradição, o apóstolo São Tiago Maior, enviado à Espanha para anunciar o Evangelho, estava frustrado pelos resultados limitados de sua atuação, quando teve uma visão da Virgem incentivando-o no cumprimento de sua missão. Nossa Senhora lhe apareceu encimando uma coluna (pilar), às margens do Rio Ebro, na região de Saragoza. Nossa Senhora do Pilar é invocada como sendo o Refúgio dos Pecadores e a Consoladora dos Aflitos. Na Espanha e nos países ibéricos, a festa é comemorada em 12 de outubro.  

Nossa Senhora do Pilar é Padroeira da cidade de Ouro Preto/MG, maior acervo arquitetônico barroco do Brasil e patrimônio cultural da humanidade. A festa de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto é comemorada em 15 de agosto, data de sua entronização. Eu visitei e conheço bem a Igreja do Pilar, a mais imponente e mais rica de Minas Gerais. Recentemente (2012), a Paróquia do Pilar em Ouro Preto comemorou 300 anos como comunidade paroquial (1712 - 2012), 300 anos com Maria, a Senhora do Pilar. À cidade histórica mais importante do Brasil, a minha homenagem nestes versos à sua Padroeira.

Nossa Senhora do Pilar

Estão abertas as portas da Igreja do Pilar.
Entro. E logo nos meus primeiros passos,
meu olhar encontra no mais alto do altar
a Santa Virgem com Jesus nos braços.


Hesito. Diante da bela imagem da Senhora,
de repente, imensa inquietude me possui:
pois o homem que inda sou traz lá de fora
o pobre pecador que eu sempre fui.

Mas, do Vosso olhar materno não viceja
revolta alguma, nada de condenação:
Este caminho que atravessa a igreja
É uma via crucis que só tem perdão!

Sob o Vosso olhar de Mãe na minha fronte,
avanço sem medo a tão grande tesouro:
Sois Porta da terra, aberta para o horizonte,
Sois Pilar do Céu, entronizada em ouro.


Se inda há algo em mim que me pertença,
por mais louvável, quanto mais profano,
que seja apenas o tênue fio da presença,
do amor que pulsa no meu peito humano.


E, assim, diante do Vosso altar, prostrado,
Padroeira de Ouro Preto, ouso suplicar:
que eu seja por Vosso Filho muito amado,
como eu Vos amo, ó Senhora do Pilar!

(Arcos de Pilares)

terça-feira, 14 de agosto de 2018

14 DE AGOSTO - SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE

 

São Maximiliano Maria Kolbe (08/01/1894 - 14/08/1941)

Quando tinha apenas 10 anos, Raimundo Kolbe recebeu uma dura repreensão de sua mãe: 'Se aos dez anos você é tão mau menino, briguento e malcriado, como será mais tarde?' Estas palavras doeram fundo na alma da criança e, muito perturbado por tal admoestação, prostrou-se aflito diante da imagem de Nossa Senhora: 'Que vai acontecer comigo?' A Mãe de Deus apresentou-se, então, diante dele, trazendo nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha e lhe perguntou, sorrindo, qual delas ele escolhia para a sua vida. O pequeno escolheu as duas. A coroa branca lhe assegurou a castidade; a coroa vermelha lhe outorgou a glória do martírio. Assim nascem os santos, assim se forjam os mártires.

Assumindo a sua vocação religiosa, decidiu ser capuchinho franciscano com o nome de Maximiliano e fez os solenes votos do sacerdócio em 01 de novembro de 1914, acrescentando o nome de Maria aos seu nome religioso. Quase 40 anos após a visão da Santa Virgem, ele receberia a coroa do martírio. Em fevereiro de 1941, o padre Kolbe foi levado à prisão de Pawiak, em Varsóvia para interrogatório, tornando-se em seguida o prisioneiro de número 16670 do campo de concentração de Auschwitz durante a II Grande Guerra Mundial. Mais do que nunca, exerceu ali o seu apostolado de oração e pela conversão daqueles condenados. No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14 do campo, cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas. Numa dada oportunidade, ocorreu a fuga de um deles e, como castigo, dez outros foram sorteados para morrer de fome e de sede num abrigo subterrâneo. 

O sargento Franciszek Gajowniczek do exército polonês foi um dos dez escolhidos e suplicou pela sua vida, por ser pai de uma família ainda de pequenos. Padre Kolbe se ofereceu para substitui-lo no 'bunker da morte' e assim foi feito. Desnudos, os dez homens padeceram o suplício da fome e da sede no subterrâneo confinado. Pe. Kolbe lhes deu toda a assistência espiritual possível neste período de martírio. Ao final de três semanas, 4 ainda estavam vivos e receberam, então, injeções letais de ácido muriático. Era o dia 14 de agosto de 1941, véspera da Festa da Assunção de Nossa Senhora. Pe. Kolbe foi o último a morrer. Sua festa religiosa é celebrada em 14 de agosto. Foi canonizado pelo papa João Paulo II em 10 de outubro de 1982.



'Não tenham medo de amar demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o próprio Jesus: e imitar Jesus é nossa santificação. Quanto mais pertençamos à Imaculada, tanto melhor compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus, Deus Pai, a Santíssima Trindade'.


(o 'bunker da morte')

Mas o que aconteceu com Gajowniczek - o homem que Padre Kolbe salvou? Depois da guerra, retornou à sua cidade natal, reencontrando a sua esposa. Seus dois filhos tinham sido mortos durante a guerra. Todos os anos, no dia 14 de agosto, ele retornou à Auschwitz e divulgou durante toda a vida o ato heroico do Pe. Kolbe. Morreu aos 95 anos, em 13 de março de 1995, em Brzeg, na Polônia, quase 54 anos depois de ter sido salvo da morte por São Maximiliano Kolbe. 


(Franciszek Gajowniczek)

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A BÍBLIA EXPLICADA (XX) - A LUTA DO BEM CONTRA O MAL

 'Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições ao teu calcanhar' (Gn 3, 15)

'É principalmente a essas últimas e cruéis perseguições do demônio, que se multiplicarão todos os dias até ao reino do anticristo, que se refere àquela primeira e célebre predição e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre. Vem a propósito explicá-la aqui, para glória da Santíssima Virgem, salvação de seus filhos e confusão do demônio: Inimicitias ponam inter te et mulierem, et semen tuum et semen illius; ipsa conteret caput tuum, et tu insidiaberis calcaneo ejus (Gn 3, 15) - 'Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições ao teu calcanhar'.

Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há de durar, mas aumentar até o fim: a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio. Ele lhe deu até, desde o paraíso, tanto ódio a esse amaldiçoado inimigo de Deus, tanta clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente, tanta força para vencer, esmagar e aniquilar esse ímpio orgulhoso, que o temor que Maria inspira ao demônio é maior que o que lhe inspiram todos os anjos e homens e, em certo sentido, o próprio Deus.

Deus não pôs somente inimizade, mas inimizades, e não somente entre Maria e o demônio, mas também entre a posteridade da Santíssima Virgem e a posteridade de demônio. Quer dizer, Deus estabeleceu inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e escravos do demônio. Não há entre eles a menor sombra de amor, nem correspondência íntima existe entre uns e outros. Os filhos de Belial, os escravos de Satã, os amigos do mundo (pois é a mesma coisa) sempre perseguiram até hoje e perseguirão no futuro aqueles que pertencem à Santíssima Virgem, como outrora Caim perseguiu seu irmão Abel, e Esaú, seu irmão Jacó, figurando os réprobos e os predestinados. Mas a humilde Maria será sempre vitoriosa na luta contra esse orgulhoso, e tão grande será a vitória final que ela chegará ao ponto de esmagar-lhe a cabeça, sede de todo orgulho. Ela descobrirá sempre sua malícia de serpente, desvendará suas tramas infernais, desfará seus conselhos diabólicos e, até ao fim dos tempos, garantirá seus fiéis servidores contra as garras de tão cruel inimigo.

Mas o poder de Maria sobre todos os demônios há de patentear-se com mais intensidade nos últimos tempos, quando Satanás começar a armas insídias ao seu calcanhar, isto é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais ela suscitará para combater o príncipe das trevas. Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos como o calcanhar, calcados e perseguidos como o calcanhar em comparação com os outros membros do corpo. Mas, em troca, eles serão ricos em graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura por seu zelo ativo, e tão fortemente amparados pelo poder divino, que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo.

Mas quem serão esses servidores, esses escravos e filhos de Maria? Serão ministros do Senhor, ardendo em chamas abrasadoras, que lançarão por toda parte o fogo do divino amor. Serão sicut sagittae in manu potentis (Sl 126, 4) - flechas agudas nas mãos de Maria toda poderosa, prontas a transpassar seus inimigos. Serão nuvens trovejantes esvoaçando pelo ar ao menor sopro do Espírito Santo, que, sem apegar-se a coisa alguma nem admirar-se de nada, nem preocupar-se, derramarão a chuva da palavra de Deus e da vida eterna. Trovejarão contra o pecado, e lançarão brados contra o mundo, fustigarão o demônio e seus asseclas, e, para a vida ou para a morte, transpassarão lado a lado, com a espada de dois gumes da palavra de Deus (Ef 6, 17), todos aqueles a quem forem enviados da parte do Altíssimo'.
(São Luís Maria Grignion de Montfort)

'EU SOU O PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU'

Páginas do Evangelho - Décimo Nono Domingo do Tempo Comum


'Eu sou o pão vivo descido do céu' (Jo 6, 51). De todas as manifestações e revelações de Jesus aos seus contemporâneos, nenhuma outra causou tanta incredulidade, espanto e incompreensão do que estas palavras de salvação eterna. A divindade exposta em plenitude à humanidade pecadora, a dimensão espiritual assumindo o fluxo de todas as percepções humanas, provocou naquela gente uma reação desmedida de incredulidade: 'Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como pode então dizer que desceu do céu?' (Jo 6, 42).

'Eu sou o pão vivo descido do céu' (Jo 6, 51). Jesus pronunciou estas palavras na sinagoga de Cafarnaum, pouco depois do extraordinário milagre da multiplicação dos pães e dos peixes e em seguida à prévia revelação da santa eucaristia à multidão que fôra ao seu encontro para se fartar de pão material (evangelho do domingo passado): 'Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede' (Jo 6, 35). E todo o bem vem e volta para Deus, por meio do Pai e o preço do jugo suave do amor é a vida eterna, a ressurreição do último dia: 'Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia' (Jo 6, 44).

'Eu sou o pão vivo descido do céu' (Jo 6, 51). Pão de vida eterna para a alma e para o corpo, não como o maná dado aos filhos de Israel, mas como alimento espiritual descido do Céu para a salvação do mundo. Não se trata mais de um mero alimento para saciar a fome; é o banquete eucarístico da graça, o próprio Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus, como nossa comida e nossa bebida de vida eterna; 'Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo' (Jo 6, 51).

'Eu sou o pão vivo descido do céu' (Jo 6, 51). Pelo mistério da graça, recebemos a Vida de Cristo na Santa Eucaristia e nos revestimos da semente de eternidade que será revelada em plenitude na ressurreição do último dia. Pela união do humano e do divino, já não somos mais reféns do alimento que hoje sacia e depois se consome; somos agora herdeiros da imortalidade junto de Deus, saciados do pão vivo descido dos Céus e que 'permanece até a vida eterna' (Jo 6, 27).

sábado, 11 de agosto de 2018

VERSUS: QUANDO É PRECISO TER ÓDIO


Das Sagradas Escrituras:

'Não habite perto de ti o maligno, nem os justos permanecerão diante dos teus olhos. Aborreces todos os que praticam a iniquidade; o Senhor abomina o homem sanguinário e fraudulento' (Sl 5, 6-7).

'O Senhor odeia toda abominação e ela não será amada pelos que O temem' (Eclo 15, 13).

'Tens ódio aos adoradores de coisas vãs e de mentiras' (Sl 30,5).

'Amas a justiça e odeies a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo da alegria de preferência a todos os teus companheiros' (Sl 44, 8).

'Ó vós que amais o Senhor, odiai o mal!' (Sl 96, 10).

'Ó Senhor, não odiarei os que Te odeiam? E não me consumirei contra os teus inimigos? Com ódio perfeito eu os odiei e tornaram-se meus inimigos' (Sl 138, 21 -22).

'Odeio a assembléia dos malvados e não me sentarei com os ímpios' (Sl 25, 5).


'Amemos as almas por amor de Jesus e não Jesus por amor das almas. Há ocasiões nas quais temos de passar deste instinto de amor divino para um outro, do amor às almas ao ódio à heresia. Este último sentimento ofende o mundo de modo particular, pois é tão contrário ao espírito do mundo que, mesmo no coração do bom fiel, o pouco de mundano que ele ainda conserva se levanta contra o ódio da heresia. 

É um fermento que irrita mesmo os caracteres mais doces. Muitos convertidos, com os quais Deus queria fazer grandes coisas, caminham para o túmulo como um 'aborto espiritual', visto que não quiseram odiar a heresia. O coração que hesita em odiar a heresia ainda não se converteu. Nele Deus ainda não reina com uma soberania indivisa, e os caminhos que levam à mais elevada santidade estão fechados àquele coração. Conforme o parecer do mundo e dos cristãos mundanos, o ódio à heresia é exagero, aspereza, indiscrição, está fora de moda, absurdo, retrógrado, estreito, estúpido, imoral. Que podemos dizer em sua defesa? Nada que esses possam compreender! O melhor que podemos fazer, portanto, é calar-nos. 

Se entendemos a Deus e Ele nos compreende, não é assim tão difícil percorrer a estrada, suspeitos, incompreendidos e até odiados. A opinião adocicada de certa gente boa, sem discernimento espiritual, adota a opinião do mundo e condena-nos, porque a bondade tímida tem uma segurança e uma aparência de doçura que estão longe de Deus e os seus instintos de caridade inclinam-se de preferência para aqueles que são menos corajosos por Deus, enquanto que a sua timidez é bastante ousada para censurar sem piedade. 

Não se pode, se se está na plena posse das próprias faculdades, por-se a demonstrar ao mundo, a este inimigo de Deus, que um ódio completo e católico da heresia é próprio de um espírito reto. Poderíamos, porventura, obrigar um cego a escolher entre diversas cores? O amor divino põe-nos num outro nível de vida, de motivos e de princípios que não apenas deste mundo, mas inimigos jurados dele'. 

(Excertos da obra 'Aos pés da Cruz', do Pe. Frederick Faber )

O PECADO MORTAL

(O Desbravador - novembro/dezembro de 1990)

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Imita a terra, ó homem! À semelhança dela produze fruto, não te reveles inferior a uma coisa inanimada. Ela nutre frutos não para seu consumo, mas para o teu serviço. Tu, no entanto, todo fruto de beneficência que produzisses, colherias para ti mesmo, porque o prêmio das boas obras reverteria a ti. Como o trigo que cai na terra redunda em lucro para o semeador, assim o pão dado ao faminto, grande proveito te trará no futuro. Seja, portanto, o final de tua lavoura o início da sementeira celeste: semeai para vós mesmos na justiça (Os 10,12). Mesmo contra a vontade, terás de deixar aqui teu dinheiro. Pelo contrário, enviarás ao Senhor a glória conseguida pelas boas obras. Ali, na presença do Juiz de todos, o povo em peso te proclamará o provedor, o generoso doador e te cobrirá com todos os nomes significantes de bondade e de benignidade. Glória eterna, coroa de justiça, reino dos céus, tudo isto premia as coisas corruptíveis que bem usaste. Nada te cause cuidado daqueles bens, objeto da esperança, pelo pouco caso dado às coisas temporais. Ânimo, então, e reparte de diversos modos as riquezas, sendo liberal e magnânimo nos gastos com os indigentes. De ti dirão: 'Distribuiu, deu aos pobres; sua justiça permanecerá para sempre' (Sl 112, 9). Não te alegras, não te regozijas por não teres que ir bater à porta dos outros, mas que eles venham bater à tua?

(São Basílio Magno)