domingo, 4 de fevereiro de 2018

SOFRIMENTO, APOSTOLADO E ORAÇÃO

Páginas do Evangelho - Quinto Domingo do Tempo Comum


No Evangelho deste Quinto Domingo do Tempo Comum, Jesus manifesta aos homens três grandes pilares da fé cristã: o sofrimento, o apostolado e a oração. Todos eles estão intrinsecamente associados, todos eles são essenciais no plano salvífico do Pai: a saúde do corpo e da alma (cura) implica o apostolado (a necessidade de servir ao outro) e a força de ambos emana e se alimenta da oração, fruto da intimidade do homem com si mesmo e diante de Deus.

Jesus, assim que chegou à casa de André e Simão, sanou de imediato a febre alta que prostrava na cama a sogra de Pedro. Na febre desta mulher, estão representados todos os males físicos e e espirituais da humanidade, que constituem os sofrimentos e as tentações inevitáveis à condição humana e que somente podem ser curados em nome do Senhor. Naquele dia exaustivo, 'Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios' (Mc 1, 34).

'Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los' (Mc 1, 31). A alma, consolada em Deus sente, então, o impulso imperativo de praticar o bem, de acolher e de servir. O homem incensado por Deus tem alma de apóstolo e sua ação se transforma em missão: levar o Evangelho aos que o cercam e levar a todos ao Senhor da Vida. Jesus demonstra isso, ainda no início de sua pregação pública, indo a todos os lugares e andando por toda a Galileia, para proclamar a Boa Nova: 'Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim' (Mc 1, 38). A semente deve ser lançada pela terra inteira, e dará fruto ou não, se for ou não for aceita, se for ou não acolhida.

A saúde do corpo e da alma e a vocação para o apostolado emanam da oração nascida da sincera entrega do homem diante de sua consciência, na intimidade com Deus. Os Evangelhos descrevem muitas situações em que Jesus está em oração em um lugar retirado, como esta de hoje: 'De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto' (Mc 1, 35). Nestes momentos de profunda meditação, Jesus vai buscar consolo e alento no diálogo amoroso com o Pai e nos revela, com soberana clareza, que a superação de todos os nossos sofrimentos e mazelas, de corpo e de alma, tem como única fonte e remédio a oração profunda com Deus nos mistérios da graça. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

FÁTIMA EM FATOS E FOTOS (XVIII)

86. A quem foi dirigida e em que consiste a devoção reparadora dos Primeiros Sábados pedida por Nossa Senhora?

A devoção reparadora dos Primeiros Sábados (associada diretamente à recitação do Rosário) foi um pedido de Nossa Senhora dirigido a todos os católicos do mundo, como tributo de oração e devoção para a salvação das almas e para a obtenção da paz do mundo. 

Nesse pedido, Nossa Senhora ratificava a prática piedosa de considerar o sábado como dia consagrado especialmente à Santíssima Virgem desde provavelmente os primeiros séculos da Igreja (fato concreto é que tal devoção já era praticada pelas Confrarias do Rosário, na forma de uma consagração especial a Nossa Senhora durante quinze sábados consecutivos, e que tal devoção já constava expressamente no missal romano de São Pio V, de 1570). Em 10 de julho de 1905, o papa São Pio X indulgenciou pela primeira vez esta devoção nos seguintes termos:

'Todos os fiéis que, no primeiro sábado ou primeiro domingo de doze meses consecutivos, consagrarem algum tempo com a oração vocal ou mental em honra da Virgem Imaculada em sua Conceição ganham, cada um desses dias, uma indulgência plenária. – condições: confissão, comunhão e oração nas intenções do soberano pontífice'.

Exatamente 5 anos (exatos!) antes da aparição e do pedido de Nossa Senhora, em 13 de junho de 1912, o papa São Pio X concedia novas indulgências à devoção dos primeiros sábados do mês, enfatizando a intenção reparadora inerente a esta devoção:

'A fim de promover a devoção dos fiéis para a gloriosa e imaculada Mãe de Deus, e para favorecer o piedoso desejo de reparação dos fiéis diante das blasfêmias execráveis proferidas contra o seu augusto nome e as celestes prerrogativas desta mesma bem-aventurada Virgem, Pio X, papa pela divina Providência, dignou-se conceder uma indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação como indicado acima e rezarem nas intenções do soberano pontífice' (Acta Apostolicae Sedis 4, 1912).

São Pio X (1835 - 1914)

Assim, o pedido de Nossa Senhora consolida, reforça e fomenta a ampliação de uma das mais belas práticas de devoção mariana já enraizada na mais pura tradição católica e no acervo litúrgico da Santa Igreja.

87. Quais foram os termos, as condições e as promessas inerentes à devoção reparadora dos Primeiros Sábados feita por Nossa Senhora?

Os termos e as condições inerentes à devoção reparadora dos Primeiros Sábados pedida por Nossa Senhora foram detalhados por Nossa Senhora, em aparição ocorrida na noite de 10 de dezembro de 1925, quando Lúcia, então postulante na casa doroteana em Pontevedra/Espanha, encontrava-se sozinha na sua cela após o jantar. Na aparição, Nossa Senhora trazia numa das mãos um coração cravado de espinhos e tinha, ao seu lado, o Menino Jesus suspenso sobre uma nuvem luminosa, que falou inicialmente:

'Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar'.

Em seguida, Nossa Senhora disse a Lúcia:

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no Primeiro Sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos quinze Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação destas almas'.


Constata-se, portanto, ser Lúcia a depositária expressa da divulgação mundial desta devoção. Com efeito, em 15 de fevereiro de 1926, ocorreu uma nova aparição do Menino Jesus. Ele perguntou então à Lúcia se ela já tinha difundido a devoção à sua Santíssima Mãe. A Irmã Lúcia apresentou a dificuldade que algumas almas tinham de se confessar ao sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Eis a resposta de Jesus: 'Sim, pode ser de muitas [maneiras] mais ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça, e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria'.

Quando a Irmã Lúcia perguntou mais tarde a Nosso Senhor (na noite do dia 29 para 30 de maio de 1930) a razão da devoção abranger Cinco Primeiros Sábados, Ele respondeu:

'Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
  • contra a Imaculada Conceição;
  • contra a Sua Virgindade;
  • contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
  • contra os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
  • contra os que A ultrajam diretamente nas Suas sagradas imagens.
A intenção primária da devoção é estas ações de reparação dos pecados que ultrajam e blasfemam contra a Mãe de Deus, atestado pelas palavras de Jesus a Lúcia após elencar as cinco espécies de ofensas a serem reparadas: 

'Eis, minha filha, porque motivo o Imaculado Coração de Maria me inspirou para pedir esta pequena reparação e em consideração a ela, comover minha misericórdia para perdoar as almas que tiveram a infelicidade de ofendê-lo. Quanto a ti, procure sem cessar, por tuas orações e teus sacrifícios, comover minha misericórdia em relação às pobres almas'.

Em revelação adicional, em carta da irmã Lúcia dirigida ao bispo titular de Gurza, de 27 de maio de 1943, a vidente enfatiza as promessas do poder e da eficácia sobrenatural da devoção aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria:

Os Santíssimos Corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas. Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: 'Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia'.


88. O pedido de Nossa Senhora quanto à devoção reparadora dos Primeiros Sábados foi atendido pelos homens?

Parcialmente, sim, mas certamente muito aquém do tesouro inesgotável de graças propostas pelos Céus para 'salvar as almas, muitas almas, todas as almas'. Com efeito, a devoção já consistia de prática comum pela Igreja há muito tempo, porém sem os frutos abundantes de salvação prescritos. O diálogo (locução interior) entre a Irmã Lúcia e o Menino Jesus, em 5 de fevereiro de 1926, nos dá a dimensão deste descompasso:

–  Meu confessor dizia em sua carta que esta devoção não fazia falta ao mundo porque já havia muitas almas que vos recebia todo primeiro sábado, em honra de Nossa Senhora e dos quinze mistérios do rosário.

– É verdade, minha filha, que muitas almas começam, mas poucas vão até o fim; e aquelas que perseveram, não fazem para receber as graças que estão prometidas. As almas que fazem os cinco primeiros sábados com fervor e com o fim de reparar o Coração de tua Mãe do Céu me agradam mais do que aquelas que fazem quinze, sem ardor e indiferentes.

Eis, portanto, as premissas necessárias da devoção: um profundo fervor, humildade e firme propósito de reparação contra os pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Estas premissas e os termos da devoção são praticados por almas reparadoras no mundo inteiro. Mas seriam tantas para apagarem as inúmeras blasfêmias, os sacrilégios e as nefandas injúrias contra a dignidade, as honras e os privilégios da Santíssima Virgem? Não são estes pecados tão disseminados, tão incentivados e tão explorados nos nossos tristes tempos em nome do ecumenismo, do respeito humano e do ódio a Igreja de Cristo? E, tragicamente, muitos deles não são cometidos pelos próprios católicos e até mesmo por certos setores da Igreja Católica?


89. A quem foi dirigida e como deveria ser realizada a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria?

Ao contrário da devoção anterior, o pedido do ato de consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria foi dirigido explicitamente às autoridades hierárquicas da Igreja (papa e bispos). Os termos e as condições inerentes ao pedido da consagração da Rússia foram expostos por Nossa Senhora em uma nova aparição a Lúcia no Convento de Tuy, ocorrida em 13 de junho de 1929:

'É chegado o momento em que Deus pede ao Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação; sacrifica-te por esta intenção e ora'.

Ou seja, o ato de consagração se inclui na mesma medida de reparação da devoção dos Primeiros Sábados e deveria compreender três princípios indissociáveis:
  • a consagração deve ser feita expressamente em nome da Rússia (e não genericamente em nome do mundo inteiro);
  • a consagração deve ser conduzida pelo Santo Padre;
  • a consagração deve ser feita em conjunto com todos os bispos do mundo.
Em carta dirigida ao seu diretor espiritual, datada de 18 de maio de 1936, Lúcia revelou que havia perguntado recentemente a Nosso Senhor (por locução interior) porque Ele mesmo não fazia esta consagração independentemente da vontade da Igreja, ao que Jesus lhe havia respondido:

'Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Imaculado Coração de Maria, para depois estender o seu culto e para por, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração'.

Insistindo, Lúcia havia argumentado que o Santo Padre não daria crédito aos seus apelos se não fosse movido por uma inspiração especial dos Céus, ao que Jesus respondeu:

'O Santo Padre! Ora muito pelo Santo Padre! Ele há de fazê-la, mas será tarde*! No entanto, o Imaculado Coração de Maria há de salvar a Rússia, pois esta lhe está confiada.

* em outra carta da vidente, datada de 19 de agosto de 1931, Lúcia esclarece que o termo revelado foi 'tarde' e não 'muito tarde' porque 'nunca será tarde demais para recorrer a Jesus e a Maria'.

90. O pedido de Nossa Senhora quanto à consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração foi atendido pela Igreja Católica?

Considerando as condições exigidas em conjunto, a resposta é infelizmente NÃO. Todas as tentativas levadas a cabo nesse sentido nos últimos 88 anos (1929 - 2018) por diferentes pontífices foram parciais ou incompletas e não cumpriram todas as exigências impostas. É um paradoxo estranho e singular que Aquela que abriu com seu Fiat sem vacilações o caminho da salvação humana não tenha recebido um Fiat generoso da Igreja à última e extraordinária graça de salvação oferecida por Ela a toda a humanidade. Muito ao contrário.

A síntese abaixo apresenta o histórico dos eventos relativos ao não cumprimento dessa manifestação da Senhora de Fátima para os diferentes mandatos pontifícios no período 1929 - 2018:

⁜ Pio XI (1922 - 1939):  não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;


⁜ Pio XII (1920 - 1958): em 31 de outubro de 1942, em mensagem via rádio, o Papa Pio XII realizou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, renovando-a em 8 de dezembro de 1942, sem fazer uma menção explícita à Rússia. 

A natureza incompleta desta consagração foi exposta pela própria Lúcia, em carta dirigida ao bispo de Gurza, em 28 de fevereiro de 1943: 'O Bom Deus tinha-me mostrado já o seu contentamento pelo ato, ainda que incompleto, segundo o seu desejo, do Santo Padre e de vários bispos. Em troca, promete acabar breve a guerra. A conversão da Rússia não será já'.

(Leitura do ato de consagração do Papa Pio XII realizado em 31 de outubro de 1942) 

Em maio de 1952, Nossa Senhora ratificava a condição parcial desta consagração à Irmã Lúcia: 'Faz saber ao Santo Padre que Eu ainda estou à espera da Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração. Sem a Consagração da Rússia, a Rússia não poderá converter-se e o mundo não terá paz'.

Pio XII escreveu então a carta apostólica Sacro Vergente Anno, em que ele consagra e, de forma especial, confia todos os povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Nomeou-se a Rússia no texto, mas não se realizou nenhuma cerimônia pública e solene, nem houve a conclamação dos bispos do mundo inteiro para que se unissem ao ato.

⁜ João XXIII (1958 - 1963): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ Paulo VI (1963 - 1978): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ João Paulo I (1978 - 1978): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ João Paulo II (1978 -  2005): em 7 de junho de 1981, o papa João Paulo II realiza em Roma um ato de consagração de 'toda a família humana' à 'Mãe dos Homens e dos Povos'; este ato seria ratificado em Fátima posteriormente, em 13 de maio de 1982 e, evidentemente, não cumpriram os pressupostos do pedido feito por Nossa Senhora. 

Em Roma, em 25 de março de 1984, diante de 250.000 pessoas e tendo solicitado expressamente aos bispos do mundo inteiro que compartilhassem o ato, João Paulo II oferece e consagra o mundo à 'Mãe dos Homens e dos Povos', mas também não faz nenhuma menção específica à Rússia.

⁜ Bento XVI (2005 -  2013): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia;

⁜ Francisco (2013 - ): não foi feita nenhuma tentativa de consagração da Rússia até o momento.

Conclui-se, portanto, que o ato de consagração ainda não foi feito como pedido por Nossa Senhora em Fátima e, apesar de algumas assertivas deste fato alegadamente expressas pela própria Irmã Lúcia, é muito fácil demonstrar o contrário. Com efeito, como consequências imediatas do ato de consagração, Nossa Senhora havia prometido a conversão da Rússia, um tempo de paz para o mundo e a salvação de muitas almas. Nenhuma destas promessas é efetivamente corroborada pelos fatos e pelos tristes tempos em que vivemos. Mas, há uma certeza absoluta e definitiva de que o Imaculado Coração de Maria há de prevalecer no final e que 'nunca será tarde demais para recorrer a Jesus e a Maria'. 

domingo, 28 de janeiro de 2018

'CALA-TE!'

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo do Tempo Comum


Num certo dia de sábado, ainda no início do tempo de sua pregação pública, Jesus se dirige a uma sinagoga de Cafarnaum. E se põe a ensinar aos presentes, não conforme as prescrições vigentes e nem como um escriba qualquer, mas com a autoridade suprema de ser Ele próprio a Verdade falada e afirmada por todos os profetas. Aqueles homens privilegiados da história escutaram naquele sábado as primeiras palavras de uma nova doutrina, nascida do próprio coração de Deus.

Deus falava aos homens naquele sábado em Cafarnaum. E as palavras de Jesus ressoavam pela sinagoga e reverberavam, com ruídos estridentes, nos portais do inferno, transtornando os espíritos imundos. O mal, então, reage na sua cantilena miserável, pelos gritos de um possesso qualquer: 'Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus' (Mc 1, 24). 

Jesus vai fazer o demônio se calar peremptoriamente: 'Cala-te e sai dele!' (Mc 1, 25). 'Cala-te!' Sim, pois não se deve dar ouvidos ao demônio em condição alguma, pois não se obtém proveito algum da sordidez do maligno; o mal apenas faz conluio com o mal e, mesmo a verdade - 'tu és o Santo de Deus' - torna-se repugnante e maliciosa nas entranhas do pai da mentira. Não existe confabulação ou argumentação possível com o mal, mas apenas a sua condenação explícita e imediata: 'Cala-te!' Jesus é imperativo ao expulsar o demônio do possesso e, assim, não lhe dar a menor chance de réplica. 

Não há melhor didática que tal ensinamento diante dos inevitáveis confrontos e tentações humanas diante da avassaladora força do mal: não admitir concessão alguma à sua manifestação. Diante do mal, diante das tentações, diante das ciladas dos espíritos maus às condições humanas, este 'cala-te!' deve soar de pronto e definitivo: 'Cala-te!' Diante das lamentações frouxas, da tibieza, da preguiça, do orgulho: 'Cala-te!' Contra todas as ocasiões de pecado e de perda dos fundamentos da nossa fé: 'Cala-te!' Contra o mundo, se o mundo estiver contra a Verdade: 'Cala-te!' Seguindo os preceitos de Jesus, não nos basta apenas praticar o bem, mas também fazer calar e desaparecer de vez o mal que grita e se estertora entre as misérias do mundo.  

sábado, 27 de janeiro de 2018

NÃO É ESTRANHO?

Não é estranho como uma nota de 50 reais parece muito dinheiro quando é para se pagar o dízimo para a igreja, mas parece muito pouco quando você faz compras?

Não é estranho que duas horas de uma missa pareçam excessivamente longas e passam despercebidas quando você está assistindo um bom filme?

Não é estranho que você tenha dificuldades para encontrar as palavras certas para fazer uma oração a Deus e elas sejam sempre tão fáceis numa mesa de conversa com os amigos?

Não é estranho que seja tão difícil e aborrecido dedicar-se à leitura de um só capítulo da Bíblia, mas tende a ser tão prazeiroso ler as notícias populares pela internet e pelas mídias sociais mesmo que um dia inteiro?

Não é estranho como todos queiram ingressos nos primeiros lugares para assistir um jogo de futebol ou uma peça de teatro, mas preferem se sentar nas últimas fileiras na igreja?

Não é estranho que temos a mania de exigir uma agenda com muita antecedência para participarmos de eventos religiosos, mas somos capazes de nos ajustarmos no último minuto para assistirmos eventos profanos?

Não é estranho como compartilhamos mensagens e vídeos grosseiros nas redes sociais a todo o momento, mas resistimos e pensamos duas vezes quanto às mensagens e vídeos religiosos da nossa fé católica?

Não é estranho a grande dificuldade que temos em proclamar e compartilhar a palavra de Deus, mas temos um oceano de facilidades para divulgar fofocas e amenidades com os outros?

Não é estranho como acreditamos tão facilmente em quem desmerece ou tenta questionar a nossa fé católica, mas empreendemos tantos obstáculos à sã doutrina imposta pela nossa Igreja?

Não é estranho como todos querem um lugarzinho no céu e acham que um amém lhes basta para isso, mas dedicam o tempo inteiro de suas vidas em ajuntar tesouros e acumular o máximo de lugares neste mundo?

Não é estranho apenas parecermos católicos e não praticarmos a autêntica fé católica?

Isso tudo não é estranho, muito estranho, meus irmãos católicos?

(tradução livre e adaptação do autor do blog de texto original de autor desconhecido)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

OS CATÓLICOS PODEM PRATICAR A IOGA?

Muitos católicos estão realmente convencidos de que a ioga é apenas um sistema de posturas físicas especiais e nada mais do que isso, constituindo uma prática saudável, tal como a de se fazer exercícios de ginástica em uma academia. Na verdade, a ioga é algo muitíssimo mais perigoso do que isso para os católicos: as aparentes benéficas posturas e exercícios de respiração são na verdade passos camuflados para uma união panteísta-niilista com Brahma, conceito hindu de Deus.

A palavra ioga vem da raiz sânscrita yuj, que significa 'união', porque a ioga visa exatamente promover a união entre o eu temporal (jiba) com o eu infinito (Brahma). Qualquer tipo de ioga (Raja yoga, Karma yoga, Jnana yoga, Hatha yoga, Laya yoga ou Kundalini yoga, Bhakti yoga e Mantra yoga) busca estabelecer este estado de conexão com seu 'eu divino' e cada uma de suas posições é projetada explicitamente para adorar uma de suas divindades. Isto é feito por meio das posturas das mãos (mudras), do corpo (asanas), do som (mantras) e também da respiração (pranayama).

As oito práticas de ioga que projetam levar o praticante da fase da ignorância à iluminação incluem o autocontrole (yama); a prática religiosa (niyama); posturas (asanas); exercícios de respiração (pranayamas); o controle dos sentidos (pratyaharas); a concentração (dharana); a contemplação profunda (dhyana) e, finalmente, a iluminação (samadhi). As posturas e os exercícios de respiração, aparentemente tomados como atividades inócuas e prazeirosas, são na realidade os passos 3 e 4 deste caminho em direção à união panteísta-niilista com Brahma.

Muitos católicos certamente dirão que praticam a ioga apenas por razões físicas e não com interesses espirituais, com a única finalidade de bem estar físico e controle mental. Certamente dirão também que os seus instrutores de ioga nunca (ou raramente) fizeram referências no sentido de que tais práticas poderiam extrapolar princípios de uma teosofia antagônica ao cristianismo. Com certeza, isso lhes seria omitido, deliberadamente ou não, porque é possível que muitos dos próprios instrutores desconheçam na medida exata o real significado das práticas realizadas. Mas que os católicos não subestimem essa realidade: a prática da ioga é uma abertura muitíssimo perigosa para ações malignas, na medida que postula que a libertação do espírito pode ser alcançada com técnicas de meditação que alteram o estado de consciência e mediante a experimentação de posturas que evocam explicitamente a absorção de energias negativas e estranhas.

Quanto aqueles que acreditam que tudo isso parece excessivo e que a prática da ioga pode ser objeto de atuação de católicos interessados exclusivamente em uma boa prática de relaxação e disciplina corporal, seria interessante que eles avaliassem os ambientes onde fazem tal prática, comumente decorados com estatuetas de Buda, imagens do yogi dos sete chakras ou deidades do hinduísmo. Seria muita insensatez pensar que essas imagens foram colocadas ali aleatoriamente ou que constituem apenas peças de decoração padronizada. Ou talvez considerassem tudo isso com mais cuidado diante da típica saudação de despedida de ioga, feita pela palavra sânscrita namastê, cujo significado mais profundo é de natureza absolutamente espiritual: 'a divindade que está em mim honra a divindade que está em você'. Será preciso dizer alguma coisa mais?

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

FOTO DA SEMANA

'O fim de todas as coisas está próximo. Sede, portanto, prudentes e vigiai na oração' (I Pd 4, 7)