sábado, 25 de março de 2017

GLÓRIAS DE MARIA - A ANUNCIAÇÃO


'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' (Lc 1, 28). A saudação do Anjo Gabriel é dirigida àquela que levou à perfeição nesta terra o amor de Deus. Cheia de graça Maria está desde a sua concepção, cheia de graça Maria passou cada momento de sua vida, cheia de graça Maria praticou cada ação ou pensamento nesta terra. Cheia de graça está, portanto, Maria diante a saudação do Anjo, como templo de santidade e da ciência infusa de todas as virtudes, dons e graças possíveis e imagináveis à natureza humana.

E Maria de todas as graças perturbou-se. As revelações do Anjo, provavelmente muito mais detalhadas que as palavras transcritas nos textos bíblicos, colocava Maria no centro de todas as profecias messiânicas que ela tanto conhecia e em nome das quais tantas orações e súplicas já teria feito a Deus. Num relance, percebeu a extraordinária manifestação daquela revelação angélica, que descortinava séculos de profecias, que inseria naquele lugar e naquele tempo a Natividade de Deus, que a tornava a co-redentora da humanidade, a bendita entre todas as mulheres, a Mãe de Deus: 'Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi' (Lc 1, 31 - 32).

E Maria de todas as graças perturbou-se. Diante do extraordinário mistério da graça e dos desígnios extremos da Providência, a Virgem de toda pureza e castidade e obra prima do Espírito Santo, se inquieta: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' (Lc 1, 34). A virgindade de Maria é o relicário de Deus. No imaculado corpo de Maria, o Espírito de Deus há de projetar a sua luz, cuja sombra faz nascer o Verbo encarnado. E o Anjo, mensageiro das coisas impossíveis e triviais para Deus, revela ainda a Maria a graça da gravidez tardia de Isabel, no 'sexto mês daquela que era considerada estéril' (Lc 1, 36).

E a Virgem de Nazaré, antes de ser a Mãe, oferece-se como serva e escrava do seu Senhor e do seu Deus: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' (Lc 1, 38). O Céu e a terra, as miríades dos anjos e dos homens de todos os tempos, hão de bendizer e louvar a glória daquele dia e a consumação daquele 'Fiat!' Sim, porque naquele momento, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro se fez, então, carne na carne de Maria e se fez carne a Nossa Salvação.

50 PEQUENOS SACRIFÍCIOS PARA A QUARESMA

Pequenos. Durante a quaresma, em vez de atos heroicos ou espetaculares, fixemos-nos nas pequenas mortificações de cada dia. Uma pequena via de santificação que seja feita de pequenas renúncias firmadas sobre a determinação de cumprir, nas pequenas coisas cotidianas, não a nossa vontade, mas a Santa Vontade de Deus. Escolha, nos exemplos abaixo e em tantos outros, quais serão as suas pequenas cruzes que hão de construir a sua via de santificação pessoal: 

1. Abrir mão da sobremesa.
2. Acordar uma hora mais cedo.
3. Desligar a TV na hora daquele programa 'interessante'.
4. Conter a gula.
5. Ficar alguns minutos meditando em silêncio.
6. Rezar uma jaculatória várias vezes ao dia.
7. Ler um livro piedoso.
8. Não ouvir música no rádio do carro.
9. Tomar água e não refrigerante.
10. Sorrir, sorrir sempre.
11. Dar um 'bom dia' a todas as pessoas do nosso ambiente de trabalho todos os dias.
12. Não fazer comentários negativos sobre 'aquela' pessoa (e nenhuma outra).
13. Rezar o terço.
14. Abrir mão de assistir um filme.
15. Dedicar um tempo maior aos seus filhos (aos seus pais).
16. Aceitar o sofrimento.
17. Conter a imaginação solta.
18. Visitar um doente.
19. Dar esmolas.
20. Não acessar as redes sociais.
21. Desligar o celular.
22. Não comprar coisas supérfluas.
23. Abrir mão da cerveja no restaurante.
24. Não fumar (ou tentar sinceramente fumar bem menos que o normal).
25. Visitar um parente há tempos afastado.
26. Fazer uma tarefa doméstica não usual.
27. Visitar o Santíssimo Sacramento.
28. Colocar o pensamento na memória de Deus várias vezes ao dia. 
29. Reconciliar-se com alguma pessoa que se tenha inimizade.
30. Praticar o perdão sincero, de coração, incondicional.
31. Praticar a caridade.
32. Fazer jejum.
33. Fazer abstinência de algum alimento particularmente prazeiroso.
34. Dominar a impaciência, a ira ou qualquer outra fragilidade do nosso ser.
35. Fazer aquela tarefa postergada há tempos.
36. Rezar a Via Sacra.
37. Visitar um cemitério e rezar pelos fieis defuntos.
38. Fazer do trabalho uma oração.
39. Dirigir o carro com a máxima sobriedade e retidão.
40. Ouvir mais e falar menos.
41. Não participar de conversas frívolas ou obscenas.
42. Vestir-se com retidão.
43. Dominar a visão de desejo.
44. Fazer uma oração toda manhã ao acordar e toda noite antes de dormir.
45. Não causar embaraços e constrangimentos aos outros.
46. Não fomentar boatos ou injúrias.
47. Aceitar com mansidão as injustiças.
48. Reduzir o tempo ou a temperatura da água no banho.
49. Abrir mão de sempre dar a última palavra.
50. Fazer constantes atos de reparação contra os pecados cometidos contra os imaculados corações de Jesus e de Maria.

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Reconheço o meu pecado', diz Davi. Se eu o reconheço, perdoa-me, Senhor! Mesmo procurando viver bem, de modo algum tenhamos a presunção de ser sem pecado. Que possamos dar valor à vida em que se pede perdão. Os homens sem esperança, quanto menos atentam para os próprios pecados, com tanto maior curiosidade espreitam os alheios. Procuram não o que corrigir, mas o que morder. Não podendo escusar-se, estão prontos a acusar. Não foi este o exemplo de rogar e de satisfazer a Deus que Davi nos deu, dizendo: 'Porque reconheço o meu crime, o meu pecado está sempre diante de mim'. Davi não estava atento aos pecados alheios. Caía em si, não se desculpava, mas em si mesmo penetrava e descia cada vez mais profundamente. Não se poupava, e por isso podia confiadamente pedir para si o perdão.

(Santo Agostinho)

sexta-feira, 24 de março de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (III)

MEDITAÇÃO PARA A TERCEIRA SEMANA DA QUARESMA

A DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS


PRIMEIRO PONTO - NADA MAIS JUSTO DO QUE A DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS

Não seria encarado como um homem, mas como um monstro sem coração, um filho que fosse capaz de contemplar com indiferença e sem qualquer emoção de compaixão, gratidão e amor, as feridas recebidas pelo seu próprio pai para salvá-lo de grande desgraça e, ao mesmo tempo, assegurar-lhe as maiores bênçãos. 

Tal seria, e pior ainda, o cristão que ficasse indiferente às chagas do Salvador, porque Jesus Cristo recebeu estas chagas sagradas para nos salvar do inferno e abrir-nos o Céu, para nos oferecer nestas chagas outras tantas fontes de salvação, de onde podemos haurir graça, força e consolação. 'Ó alma cristã', exclama São Boaventura, 'como a lembrança destas chagas pode moderar os teus ímpetos de amor?

O nosso Jesus abriu grandes feridas nos pés e nas mãos para te acolher nelas e tu não te apressas a refugiar ali? Ele abriu o seu lado a fim de dar-te o coração, e tu não corres a unir com ele coração com coração? E quanto a mim' - continua o santo doutor - 'é aí que me deleita habitar, é aí que eu vou fazer três moradas: a primeira nos pés de Jesus; a segunda, em suas mãos; a terceira, em seu sagrado lado. É daí que eu quero tirar o meu descanso, daí velar, ler e conversar'.

'Ó chagas amabilíssimas! Os olhos do meu coração estarão sempre fixos em vós: durante o dia, desde o nascer do sol até o seu ocaso, e à noite, tantas vezes quantas o sono não dominar as minhas pálpebras. Vou me manter sobretudo na chaga do sagrado lado, para falar daí com o coração do meu Mestre e obter tudo o que desejo'. 'Ó Jesus' - diz no mesmo contexto São Bernardo - 'vosso lado foi aberto para dar entrada ao vosso coração; para nos revelar, por meio dessa ferida visível, a chaga invisível do vosso amor. Vou deitar nela os meus lábios e beber o mel do amor e da unção das dádivas divinas'. Seremos os herdeiros dos santos se, depois de tais exemplos, não tivermos uma terna devoção para com estas cinco chagas?

SEGUNDO PONTO - GRAÇAS PRÓPRIAS DA DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS

A alma encontra nestas chagas tudo o que é necessário e útil para a salvação. 'Em nenhum outro lugar' diz Santo Agostinho, 'encontrei remédio tão eficaz para todos os males da alma'. 'Quaisquer que sejam nossos males espirituais', acrescenta São Bernardo, 'uma meditação assídua sobre as chagas do Salvador irá curá-los'. 'Olhem para a minhas chagas e se converterão', diz o próprio Jesus Cristo pelo seu profeta [Zacarias]. 'O coração de Jesus é um oceano e suas chagas são os canais por onde fluem as águas da graça e da misericórdia', diz ainda São Bernardo.

Com efeito, são nestas chagas que se forma uma fé viva; é daí que se agiganta a confiança em Deus; é daí, sobretudo, que a caridade se sacia de sua mais verdadeira fonte. Ao se dar conta do zelo de tanto amor que abriu essas feridas para nós, criaturas vis e miseráveis ​​pecadores, o coração todo se inflama e não pode mais viver a não ser por amor. 

Por isso Santo Agostinho chama estas chagas 'seu refúgio nos problemas, seu abrigo nas tribulações, seu remédio para as enfermidades da alma!'; foi daí que São Tomás de Aquino adquiriu toda a sua ciência; daí, que São Francisco de Assis, a fortaleza da meditação, chegando a ser, por meio dos ardores seráficos de sua caridade, um milagre de semelhança com Jesus Crucificado; daí São Boaventura hauriu em plenitude o espírito de piedade que conforma todos os seus escritos; este digno discípulo de São Francisco degastou os pés do seu crucifixo de tanto beijá-los e não cansou de exortar a todos os seus fieis a desfrutar das delícias inefáveis ​​da unção de graças e de piedade associada à devoção das sagradas chagas.

'Se não podeis', diz a Imitação de Cristo, 'elevar-vos às mais sublimes contemplações, permanecei humildemente nas chagas do Salvador e aí encontrareis força e consolação'. Serão estas realmente as nossas disposições?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).

quinta-feira, 23 de março de 2017

CAMPANHAS DA FRATERNIDADE NO BRASIL (II)

SEGUNDA FASE: 1973 - 1984

A partir de 1973, os temas centrais da Campanha da Fraternidade passam a ser concentrados em questões e problemas sociais em detrimento dos temas de renovação do cristão e da Igreja, muito em função da opção pelos pobres e condenação expressa do chamado pecado social, premissas fortemente consagradas pelas Conferências Episcopais de Medellin (1968) e de Puebla (1979) e pela implantação da Teologia da Libertação na América Latina (1971). 

Em 1978, a Campanha da Fraternidade consolida a sua formatação atual com base na implantação do método 'ver-julgar -agir' e na proposição de um texto-base para a campanha. O método consiste basicamente em ver e identificar previamente os problemas sociais que afligem mais diretamente o povo brasileiro; o segundo passo consiste em julgar e correlacionar estes fatos à luz dos textos das Sagradas Escrituras, permitindo, desta forma que, numa última fase do processo, as pessoas possam agir e atuar de uma maneira diferente, como povo cristão renovado, diante destas realidades difíceis do mundo. Nesta perspectiva, é elaborado um texto-base que passa a subsidiar todas as ações e iniciativas no âmbito da respectiva Campanha da Fraternidade.


10. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1973


Tema: Fraternidade e Libertação

Lema: O egoísmo escraviza, o amor liberta

Objetivo Geral: À luz do Mistério Pascal e no espírito penitencial da Quaresma, a CF quer ser um movimento de evangelização extraordinária e maciça, um privilegiado momento de unidade pastoral em todos os recantos do País.



11. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1974


Tema: Reconstruir a Vida

Lema: Onde está teu irmão?

Objetivo Geral: A vida é o dom que mais fortemente ambicionamos e mais desesperadamente defendemos, a partir do próprio instinto de sobrevivência. A vida é o dom que mais devemos respeitar e promover em nossos irmãos.



12. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1975


Tema: Fraternidade é repartir

Lema: Repartir o Pão

Objetivo Geral: Trata-se de uma fraternidade afetiva e efetiva, que terá inúmeras formas de expressão, mas que deverá levar a atitudes concretas e sinceras. Fraternidade é repartir.



13. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1976


Tema: Fraternidade e Comunidade

Lema: Caminhar juntos

Objetivo Geral: Insistir na ideia de comunidade, dizendo sempre de novo e de muitas maneiras que só seremos irmãos se nos convertermos em comunidades vivas. O ser humano precisa da comunidade, tende para a comunidade, personaliza-se na comunidade.



14. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1977



Tema: Fraternidade na Família

Lema: Comece em sua casa

Objetivo Geral: A Campanha visou, por todos os meios, promover os valores da família e curar suas feridas. De maneira especial, foi posta em relevo a influência que tem a família sobre a verdadeira fraternidade entre os homens.




15. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1978


Tema: Fraternidade no mundo do trabalho

Lema: Trabalho e Justiça para Todos

Objetivo Geral: o tema discutiu uma atitude de justiça com os outros, uma corajosa contribuição para a promoção do trabalhador e um esforço para reanimar a pastoral do mundo do trabalho.

16. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1979


Tema: Por um mundo mais humano

Lema: Preserve o que é de todos

Objetivo Geral: Basicamente a ecologia conclama todos a uma nova mentalidade; trata-se de superar o egoísmo, a ganância de possuir mais a qualquer preço; trata-se de ser escrupulosamente preocupado em preservar e conservar o ar, a água, a flora e a fauna, que são elementos necessários ao próximo.


17. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1980


Tema: Fraternidade no mundo das migrações, exigência da Eucaristia

Lema: Para onde vais?

Objetivo Geral: a intensificação da mobilidade humana em geral e mais particularmente das migrações internas, a existência de imigrantes e mesmo a emigração de brasileiros propõem à Igreja, como primeira atitude, uma mudança de mentalidade.


18. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1981


Tema: Saúde e Fraternidade


Lema: Saúde para todos


Objetivo Geral: Todo empenho na melhoria das condições de saúde do povo, que se pode traduzir em múltiplas e generosas ações pessoais e comunitárias de pequeno ou grande alcance.




19. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1982



Tema: Educação e fraternidade


Lema: A verdade vos libertará


Objetivo Geral: Criar condições para a prática de uma educação libertadora, a serviço da construção de uma sociedade fraterna.






20. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1983



Tema: Fraternidade e violência


Lema: Fraternidade Sim;Violência Não


Objetivo Geral: Mostrar como a fraternidade está necessariamente ligada à vitória sobre a violência. A CF 83 pretende levar a comunidade cristã a refletir sobre a seguinte questão: 'o que se pode e se deve fazer diante da atual escalada da violência nas suas diversas formas?'



21. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1984


Tema: Fraternidade e vida

Lema: Para que todos tenham vida

Objetivo Geral: quer ser um sinal de esperança para as comunidades cristãs e para todo o povo brasileiro, a fim de que, dentro de um panorama de sombras e de atentados à vida, sintam a luz de Cristo, que vence o egoísmo, o pecado e a própria morte.

quarta-feira, 22 de março de 2017

AS TRÊS VIAS DA SANTIFICAÇÃO

Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente.

O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.

Quem jejua, pense no sentido do jejum; seja sensível à fome dos outros quem deseja que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso quem espera alcançar misericórdia; quem pede compaixão, também se compadeça; quem quer ser ajudado, ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros aquilo que pede para si.

Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia; deste modo alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a rapidez que quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e presteza. Peçamos, portanto, destas três virtudes – oração,jejum, misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam para nós uma única defesa, uma única oração sob três formas distintas.

Reconquistemos pelo jejum o que perdemos por não saber apreciá-lo; imolemos nossas almas pelo jejum, pois nada melhor podemos oferecer a Deus como ensina o Profeta: 'sacrifício agradável a Deus é um espírito penitente; Deus não despreza um coração arrependido e humilhado' (Sl 50,19). Homem, oferece a Deus a tua alma, oferece a oblação do jejum, para que seja uma oferenda pura, um sacrifício santo, uma vítima viva que ao mesmo tempo permanece em ti e é oferecida a Deus. Quem não dá isto a Deus não tem desculpa, porque todos podem se oferecer a si mesmos.

Mas, para que esta oferta seja aceita por Deus, a misericórdia deve acompanhá-la; o jejum só dá frutos se for regado pela misericórdia, pois a aridez da misericórdia faz secar o jejum. O que a chuva é para a terra, é a misericórdia para o jejum. Por mais que cultive o coração, purifique o corpo, extirpe os maus costumes e semeie as virtudes, o que jejua não colherá frutos se não abrir as torrentes da misericórdia.

Tu que jejuas, não esqueças que fica em jejum o teu campo se jejua a tua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia encherá de bens os teus celeiros. Portanto, ó homem, para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos outros, também tu não o possuirás.

(Dos Sermões de São Pedro Crisólogo)

terça-feira, 21 de março de 2017

21 DE MARÇO - SÃO NICOLAU DE FLÜE



Nicolau de Flüe, conhecido também com Bruder Klaus (Irmão Klaus), nasceu em Sachseln, na Suíça, em 1417. Desde muito cedo, manifestou claramente uma vida de oração e mortificação. Em obediência aos pais, casou-se com Dorotéia Wyss e tiveram dez filhos, sendo cinco homens e cinco mulheres. No âmbito da vida matrimonial, continuou a desenvolver, com redobrado fervor, a sua prática religiosa e de oração cotidiana intensa, agora junto a uma numerosa família.

Em torno dos 50 anos, tomou a decisão que iria percorrer até a morte na via da santificação pessoal pelo ascetismo. Com o consentimento da esposa (mas não de todos os seus familiares) abandonou todo e qualquer afeto humano para viver em absoluto isolamento do mundo, dedicando-se exclusivamente a uma vida de oração e contemplação. Vivendo inicialmente numa pequena cabana e, mais tarde, numa ermida de pedra construída especialmente para ele, com acesso diário ao Santo Sacrifício, o santo foi personagem de um milagre impressionante: passou os últimos 20 anos de sua vida sem se prover de água ou de alimentos, mas vivendo somente da Sagrada Eucaristia!

Neste período, praticou intensamente a catequese espiritual a seus concidadãos, manifestando, em várias ocasiões, o dom da profecia. Em certa ocasião, atuou, de forma decisiva, para evitar conflitos associados a uma potencial divisão do território suíço, pelo que é celebrado também como padroeiro da Suíça. Após a sua morte, o culto pessoal estendeu-se não apenas na Suíça, mas também na Alemanha, França e Países Baixos. São Nicolau de Flüe faleceu no dia 21 de março de 1487, data do seu nascimento, aos setenta anos de idade. Foi canonizado por Pio XII em maio de 1947.

São Nicolau de Flüe, rogai por nós!