segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

BREVIÁRIO DIGITAL - ANNE DE BRETAGNE (VII)

LIVRO DE ORAÇÕES DE ANNE DE BRETAGNE* (1477 - 1514) - PARTE VII

* esposa de dois reis sucessivos da França, Charles VII e Luís XII

AUTORIA DAS ILUMINURAS: JEAN POYER 


I.27 - Santos Lifardo e Urbicio em oração: São Lifardo é mostrado com casula, mitra e báculo (cajado) abençoando um livro que é mantido aberto por outro monge, caracterizado como Santo Urbicio. Os dois santos permaneceram juntos por muito tempo em completo recolhimento, como únicos companheiros; mais tarde, em torno deles, formou-se uma comunidade monástica em Meung-sur-Loire, perto de Orleans (França).


I.28 - São Pedro Mártir assassinado: São Pedro de Verona, representado com batina branca e capa preta, foi um frade dominicano dotado de grande carisma que libertou toda a região da Toscana da heresia dos maniqueus e, por esta razão e por vingança, foi brutalmente martirizado por eles. O primeiro mártir dominicano - por isso, é chamado de São Pedro Mártir - foi assassinado por dois agressores (evento mostrado na iluminura), recebendo primeiro um violento golpe de maça na cabeça e depois, já prostrado ao chão, por uma punhalada no coração.


I.29 - Santo Antônio de Pádua e o milagre da mula: Santo Antônio é representado trajando a túnica da Ordem Franciscana, que lhe é atada à cintura por uma corda de nós (a corda é representada ainda como uma decoração expandida da iluminura, na forma de uma rede de nós envolvendo as letras da palavra Anne). O episódio retratado na iluminura é o milagre da mula faminta que, ignorando um cesto de alimentos, se ajoelha diante a Santa Eucaristia mostrada pelo santo, reconhecendo nela a Presença Viva de Cristo, para estupor dos presentes (descrentes). 


I.30 - Santa Helena e a cruz de Cristo: Santa Helena foi a mãe do primeiro imperador romano cristão (Constantino), convertida e batizada alguns anos antes dele. Em peregrinação aos lugares santos, subiu ao topo do Gólgota e, ao inteirar-se do costume judeu de enterrar, no próprio lugar da execução, os instrumentos de sua morte, mandou escavar o local e procurar a cruz onde padecera o Redentor. Tendo sido encontradas três cruzes, a iluminura representa Santa Helena mostrando a cruz em que Jesus tinha sido flagelado. A cruz verdadeira, segundo relato de antiga tradição, foi identificada de modo milagroso pela cura imposta a um moribundo (mostrado em primeiro plano). 


domingo, 18 de dezembro de 2016

'TU LHE DARÁS O NOME DE JESUS'

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo do Advento 


Neste Quarto Domingo do Advento, São Mateus nos revela em palavras o mistério divino da Encarnação do Verbo. Em Maria e José, criaturas humanas personalíssimas, Deus se manifesta através dos Seus anjos, no silêncio da contemplação de desígnios tão extraordinários. No Evangelho de hoje, José, o carpinteiro, será assombrado pelas dúvidas mais inclementes e inesperadas mas, na bondade do coração humano elevado às mais sublimes virtudes, vai corresponder com o seu próprio fiat à Santa Vontade de Deus.

Prometida a José, conforme os costumes judaicos da época, eis que Maria ficou grávida do Espírito Santo, antes das núpcias formais com o carpinteiro de Nazaré. Nossa Senhora guardou para si o maior mistério dos tempos. São José também fez do silêncio a sua obra de graça extremada: 'José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo' (Mt 1,19). E o evangelista vai traduzir com palavras aparentemente simples: 'Enquanto José pensava nisso...' (Mt 1, 20) o turbilhão de sentimentos, dor e humilhação que deveriam estar a afligir o esposo de Maria...

José conhecia a santidade e as graças de Maria do fundo do coração e tal certeza conflitava dramaticamente com a realidade dos fatos cada vez mais evidentes. E, muito provavelmente, José teve medo, de estar diante de algo que sublimava toda a sua dimensão humana, consubstanciado pela manifestação da Encarnação do Verbo proclamada por tantas profecias e revelações. E certamente se consumiu em pensamentos e reflexões contínuas e antagônicas naqueles dias de aflição, até que, testado e pesado no cadinho das sublimes virtudes, teve de Deus a revelação em sonho: 'José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados.Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco' (Mt 1, 20-23).

A provação de José é desfeita de imediato pela confirmação angélica da linhagem nobre de Jesus: 'José, Filho de Davi'... (Mt 1, 20), conforme as santas profecias. Desfaz-se a realidade humana e irrompe o mistério sobrenatural do nascimento do próprio Filho de Deus, 'pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados' (Mt 1, 21). Do rigor da provação humana ao êxtase da revelação dos Santos Mistérios, José obedeceu em tudo aos desígnios divinos e, assim, tornou-se o primeiro entre os homens a ser servo fiel da Virgem e do Menino. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

PELO SIM DE MARIA...

Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem – tu ouviste – mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia. Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua, seremos recriados e novamente chamados à vida.

Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça.

Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna. Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra.

Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento.

'Eis aqui', diz a Virgem, 'a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra' (Lc 1, 38).

(Das Homilias de São Bernardo)


A ESTRELA DE BELÉM FOI UM EVENTO ASTRONÔMICO?

Em geral, tem-se a ideia de que a Estrela de Belém tenha sido uma manifestação fulgurante no céu e de óbvia observação em larga escala regional. Nada mais incorreto e equivocado; tanto assim que, quando os Magos chegaram a Jerusalém, ditante apenas 8km de Belém, tiveram que explicar ao rei Herodes e à sua corte o que tinham visto, o que era completamente desconhecido para toda a gente de Jerusalém. Na lida diária estavam e assim continuaram, e assim deixaram de ser testemunhas oculares do maior acontecimento da história da humanidade, que ocorreu às suas portas!

O que foi a Estrela de Belém então e por que apenas os Magos foram capazes de percebê-la como um evento excepcional? Poderia ter sido um evento astronômico particular? Certamente que sim e isso é muito provável, pois Deus utiliza a sua própria criação para se comunicar com os seus filhos. Assim, é bastante razoável pensar que os Magos foram capazes, no cenário comum de astros e estrelas espalhadas pelo firmamento, atentarem para a singularidade de algum fato astronômico original e absolutamente incomum, pois tinham o conhecimento e tiveram a sabedoria. Mas qual teria sido este evento? Algumas hipóteses gerais foram abordadas em outra postagem deste blog.

A tecnologia e o conhecimento astronômico sofisticado que temos hoje em dia nos permite avançar anos-luz nesta direção, pois temos condições não apenas de conhecer o mapa celeste nos dias atuais como em qualquer outro momento da história. Assim, existem teorias que demonstram a ocorrência de uma tríplice (repetitivas) e incomum conjunção entre Júpiter (planeta-rei) e a estrela Regulus (a principal estrela da Constelação de Leão), ocorrida entre os anos 3 e 2 a. C., que teria sido então o sinal profético do nascimento de Jesus, rei dos judeus.

Após a conjunção tripla com a estrela Regulus, Júpiter continuou a avançar pelo céu para o oeste, até alinhar-se em conjunção com Vênus (conformando, assim, a estrela de Belém), em uma aproximação tão grande, que se tornava, então, cada vez mais, o astro mais brilhante do firmamento e passível de observação cuidadosa mesmo durante o dia. O auge desta aproximação teria ocorrido no dia do nascimento de Jesus e tão visível em Belém que teria tornado possível identificar, sob a sua projeção, o local do nascimento do Menino Jesus.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

SOBRE O FUTURO: ADIVINHAÇÃO X DEDUÇÃO LÓGICA


A Igreja Católica condena veemente a astrologia e quaisquer outras formas de adivinhação (CIC 2116): 

2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente 'reveladoras' do futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos 'médiuns', tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele.

Dentre as inúmeras passagens bíblicas que condenam estas práticas de adivinhação e magia, no capítulo 47 do Livro de Isaías, o profeta, após prever a destruição da Babilônia, ironiza a valia dessas abominações praticadas em larga escala diante a ruína da cidade e da ira de Deus contra ela:

Ora, uma calamidade virá sobre ti e não saberás conjurá-la; a catástrofe vai desabar sobre ti sem que possas impedi-la. Repentinamente alcançar-te-á uma ruína que não terás sabido evitar. Agarra-te, portanto, a teus feitiços e à multidão de teus sortilégios, nos quais te esmeraste desde tua juventude! Talvez acharás uma receita eficaz para criar o terror. Esbanjaste teus esforços entre tantos conselheiros. Que eles então se levantem e te salvem, aqueles que preparam o mapa do céu e observam os astros, que comunicam a cada mês como irão as coisas (Is 47, 11 - 13). 

O próprio Catecismo da Igreja nos alerta da necessidade de cautela e discernimento sobre a prática de previsões a qualquer preço:

1115. Deus pode revelar o futuro aos seus profetas ou a outros santos. Mas a atitude certa do cristão consiste em pôr-se com confiança nas mãos da Providência, em tudo quanto se refere ao futuro, e em pôr de parte toda a curiosidade malsã a tal propósito. A imprevidência, no entanto, pode constituir uma falta de responsabilidade. 


Entretanto, isso não implica o descuido da atenção aos sinais que o próprio Deus nos dá para que, sob tais fundamentos, possamos deduzir logicamente (e não prever) os acontecimentos futuros, visando sempre o bem e a maior glória de Deus entre os homens, o que implica o domínio do estudo (ciência) e principalmente, de discernimento e humildade (sabedoria): 

Não imiteis o procedimento dos pagãos; nem temais os sinais celestes, como os temem os pagãos (Jr 10,2)

Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas (Lc 21, 25).

Se alguém deseja uma vasta ciência, ela sabe o passado e conjectura o futuro; conhece as sutilezas oratórias e revolve os enigmas; prevê [deduz] os sinais e os prodígios, e o que tem que acontecer no decurso das idades e dos tempos (Sb 8,8).

Foi utilizando estas premissas de ciência e sabedoria que os Reis Magos, por exemplo, deduziram e, assim, puderam experimentar os resultados concretos de um sinal de Deus para com os homens, com base nos sinais associados a um evento astronômico - a Estrela de Belém. 

PERMANECEI FIRMES NA BARCA!

Em tudo aquilo que faz, o Senhor nos ensina como viver aqui na terra. Não há ninguém neste mundo que não seja viajante, ainda que nem todos desejem voltar à pátria. Sofremos com as ondas e as tempestades que decorrem da viagem. Mas, pelo menos, permanecemos na barca. Pois, se há perigo até dentro da barca, fora da barca a morte é inevitável! Aquele que nada em alto mar pode ter braços muito possantes; contudo, cedo ou tarde, vencido pela imensidão das águas, é por elas tragado, e desaparece. Assim, é necessário permanecer na barca, isto é, ser transportado pelo lenho, para poder atravessar o mar. 

Esse lenho que transporta a nossa fraqueza é a cruz do Senhor, da qual trazemos o sinal, e que nos impede de ser tragado pelo mundo. Nós sofremos com a agitação das ondas, mas é o Senhor que nos transporta. A barca que transporta os discípulos, isto é, a Igreja atravessa as águas, e as tempestades das provações assaltam-na. O vento contrário, ou seja, o demônio que faz oposição à Igreja, não se acalma. Ele se esforça por impedi-la de chegar ao repouso. Mas grande é aquele que intercede por nós. Com efeito, na tumultuosa navegação em que pelejamos, ele transmite confiança, vem ao nosso encontro e nos reconforta, do medo que, abalados pela barca, nós nos deixemos abater e nos atiremos ao mar. 

Pois, mesmo se a barca é sacudida, é ainda assim, uma barca: só ela transporta os discípulos e recebe Cristo. Ela está em grande perigo sobre o mar, mas fora dela, logo pereceremos. Mantém-te firme na barca, e ora ao Senhor. Todos os conselhos podem faltar; o leme torna-se insuficiente; as velas estendidas, mais perigosas que úteis. Quando todos os socorros e as forças humanas falharem, só resta aos marinheiros o propósito de orar e erguer os corações para Deus. Por acaso, aquele que conduz os navegantes até o porto, irá abandonar a Igreja e não a conduzirá ao repouso?

(Dos Sermões de Santo Agostinho)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O EPITÁFIO DE ABÉRCIO

De relevância teológica singular, o chamado epitáfio de Abércio, bispo de Hierápolis (Frígia), constitui a mais antiga referência à prática da eucaristia na Igreja primitiva. A inscrição, datada do século II e restaurada a partir de fragmentos diversos obtidos pelas expedições arqueológicas de W. Ramsay em 1883, nas proximidades de Hierápolis (atual Turquia), possui um simbolismo riquíssimo, por suas referências a Cristo, o Bom Pastor, e à celebração da eucaristia, ministrada sob as duas espécies, pelas primeiras comunidades cristãs. As diferentes partes da inscrição original são conservadas nos museus do Vaticano.

(reprodução da inscrição original no Museo della Civitá, em Roma)

Eu, cidadão de pátria ilustre,
fiz este túmulo durante a vida,
para ter aqui um jazigo nobre para o meu corpo repousar.

Meu nome é Abércio.
Sou um discípulo de um Santo Pastor,
que apascenta o seu rebanho de ovelhas
entre montes e planícies
e que tem grandes olhos e que tudo vê.

'Um Santo Pastor que apascenta o seu rebanho de ovelhas' e que 'tem grandes olhos e tudo vê' é uma alusão direta a Jesus Cristo, como o Bom Pastor que cuida zelosamente de suas ovelhas, conforme citado nas Sagradas Escrituras.

Ele me ensinou [as verdades] das escrituras, dignas de fé,
e me enviou a Roma para contemplar o palácio
e ver a rainha de vestes esplendentes e sandálias de ouro:
lá conheci um povo marcado com um selo resplandecente.

O 'palácio' é a Santa Igreja, 'rainha de vestes esplendentes e sandálias de ouro'; 'o povo marcado com um selo resplandecente' são os os filhos batizados da Igreja. O termo 'selo' (σφραγί), como expressão para batismo, já era bem conhecido no século II.

E fui à planície e às cidades da Síria
e à Nisibis, depois de atravessar o [rio] Eufrates.
Encontrei companheiros por onde passei
e tive Paulo comigo.

Por toda parte a fé me guiou
e me serviu como alimento;
o peixe da fonte, grande e puro,
que a Virgem recolheu
é dado a comer todos os dias aos seus amigos,
junto com um vinho refinado
misturado em água, e com pão.

Abércio relata o que viu nas comunidades cristãs de Roma, Síria e outras regiões da Ásia Menor: a mesma fé e a eucaristia como centro da vida cristã. O 'peixe grande e puro' é Jesus Cristo (da palavra grega Ichthys), concebido da Virgem Maria e dado aos homens pelo batismo (fonte do 'peixe grande e puro') e que é servido como 'alimento' (eucaristia) no banquete do pão e do vinho. Paulo é uma referência ao apóstolo dos gentios.

Eu, Abércio, ditei estas sentenças
para que assim fossem escritas,
na idade de setenta e dois anos.
Todo aquele que ler e compartilhar estas coisas
rogue por mim.

E ninguém erga outro túmulo
sobre este meu sepulcro;
caso contrário, deverá pagar 
2000 peças de ouro para o erário romano
e outros 1000 à Hierápolis,
minha pátria ilustre!

Abércio faz aqui uma referência à prática da oração pelos mortos ('rogue por mim') e estabelece a natureza inviolável do seu túmulo, às custas da tributação de pesadas multas.