sábado, 5 de novembro de 2016

PRIMEIRO SÁBADO DE NOVEMBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

QUESTÕES SOBRE AS TENTAÇÕES E O PECADO (I)


Questão 17: Por que pecamos? 

Tentação é a situação em que a vontade tem de escolher entre duas opções, sabendo que uma delas é boa e que a outra é má e tende a escolher a opção má. Sabe que essa é a opção má mas, por alguma razão, sente-se impelido a escolhê-la. O erro de cair em tentação não é um erro de inteligência, não é um problema de debilidade da razão. Pois, se não se soubesse que essa opção é má, pecaria por ignorância ou simplesmente por erro e, portanto, não pecaria de fato. Para pecar, há que se saber que se está escolhendo a opção má. Não há pecado sem má consciência. 

Isso é que faz o pecado ser tão interessante do ponto de vista intelectual: por que escolhemos o mal sabendo que é o mal? Eis um verdadeiro mistério. Uma resposta simples, que não é falsa mas que tampouco explica a questão, é admitir que pecamos por fraqueza. Isto não deixa de ser verdadeiro, mas também é certo que não somos tão fracos que não possamos resistir. Se não fôssemos capazes de resistir, não haveria pecado, pois não haveria opções; existe o pecado porque podemos escolher. E, sabemos por experiência, escolhemos o que queremos. Se queremos fazer algo, nada nem ninguém nos pode obrigar a querer outra coisa. Assim, por mais fracos que sejamos, sempre podemos resistir. Desta forma, não podemos nos eximir de responsabilidade em nome da inteligência ou da vontade. Fazemos o mal porque o queremos.

Poderíamos dizer que fazemos o mal em nome do bem que obtemos por meio dele. Mas, devemos nos lembrar que a inteligência tem a exata percepção de que este bem é como uma maçã envenenada, um bem falso, um bem que produz mais males do que o bem que possa conter. Por isso, por mais atraente que nos pareça tal bem, a consciência nos alerta a não escolher essa opção. Assim como dizer que fazemos o mal porque nos parece ser um bem, também é igualmente certo que sabemos que, na verdade, este bem não passa de mais um outro mal. Assim a justificativa de que se possa fazer o mal para se obter o bem, embora adequada em termos de compreender o pecado cometido, não explica tudo. E é mesmo provável que esse mistério da maçã envenenada que comemos, apesar de sabermos que está envenenada. não se possa explicar nunca enquanto estivermos neste mundo.

Questão 18: Quantas tentações procedem dos demônios? 

Não há ninguém que possa dizer quantas tentações podem proceder dos demônios e quantas de nosso próprio interior. Parece razoável, porém, pensar que a maioria das tentações procedem de nós mesmos. Não necessitamos de ninguém para sermos tentados, nos basta a liberdade para usá-la mal. Basta termos que tomar uma decisão entre diferentes opções para escolher conscientemente a opção errada. Conscientemente, sem paliativos, sem poder transferir nossa culpa a ninguém mais do que a nós mesmos. É certo que o demônio tentou a primeira mulher. Porém, mesmos em o demônio, poderíamos ter pecado igualmente. A tentação não depende do demônio, basta-se por si mesma. Se não fosse assim, quem teria tentado o demônio? 

Questão 19: Podemos ser tentados além de nossas possibilidades? 

O ser humano é fraco, de modo que Deus cuida de nós como crianças. Por isso, a Bíblia diz: 'Fiel é Deus que não permitirá que sejais tentados além de vossas forças, mas com a tentação os tornará capazes de vencê-las' (1 Cor 10,13). Que a tentação possa ser permitida por Deus é algo que aparece de forma claríssima no Livro de Jó. E também em outra passagem das Escrituras quando, um pouco antes de sua Paixão, Jesus disse a Pedro: 'Simão, Simão! O Adversário te reclamou para te peneirar como o trigo' (Lc 22, 31). 'Te reclamou', ou seja, a peneira da tentação deve ser permitida. 

Não afirmar essa doutrina significaria que estamos nas mãos de um destino cego e que qualquer um, por mais fraco que seja, poderia ser tentado com um poder e uma magnitude acima das forças que possui. Portanto, a mensagem é clara e tranquilizadora. Deus, como Pai que é, vela para que nenhum dos seus filhos seja pressionado além do que possa suportar. De tudo isso se confirma a sabedoria do velho ditado: 'Deus aperta, mas não enforca!' 

Questão 20: Por que o Diabo tentou a Jesus? 

O Diabo sabia que Jesus era Deus; sabia, portanto, que era impossível que pecasse. Por que, então, O tentou? E mais, sabendo que qualquer tentação seria resistida por Jesus, que O santificaria ainda mais como homem. E que, assim, ao tentar o Senhor, o demônio se converteria em instrumento de santificação do próprio Jesus. Por que, então, fazer algo inútil e que, além disso, serviria para um bem? A resposta é simples: o Diabo não pode resistir [ao impulso de tentar]. A tentação foi demasiado grande até para o Diabo: tentar o próprio Deus! Não podia deixar escapar aquela ocasião.

Sabia que era impossível fazê-lO pecar, mas não pôde resistir à tentação de tentá-lO. A situação era tal qual a do fumante que sabe os danos do ato de fumar mas não consegue deixar de fazê-lo. Assim, o Diabo sabia que tentar Jesus era um erro, mas sucumbiu à tentação maior de tentá-lO. A criatura tentando o próprio Deus! Era lógico que era um erro tentar Jesus, mas para resistir a tal tentação, seria preciso que o demônio possuísse a virtude da fortaleza.  E qualquer coisa pode advir do demônio, menos virtude. Da mesma maneira, os demônios fazem coisas que, a longo prazo, os prejudicam ainda mais, mas não resistem ao impulso de fazer o mal agora, ainda que, contendo-se, pudessem lograr um mal ainda maior depois. Desta forma, conclui-se que até mesmo os demônios sofrem tentações; tentações estas que procedem do seu próprio interior. 

(Excertos da obra 'Summa Daemoniaca', do Pe. Jose Antonio Fortea, tradução do autor do blog)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

NO LIMIAR DO SOBRENATURAL (VII)


Ocotlán, México, 3 de outubro de 1847, um pouco antes do início da missa dominical a ser celebrada no cemitério da Capela da Imaculada Conceição, pelo vigário paroquial, padre Julián Navarro. No céu claro, duas nuvens brancas se juntaram de repente e sobre elas surgiu, em plena luz do dia, uma imagem perfeita de Jesus Cristo Crucificado, que permaneceu visível para mais de 2000 pessoas por mais de 30 minutos. A aparição*, que ficou conhecida como a do 'Senhor da Misericórdia', foi registrada formalmente pela Igreja mediante a manifestação justificada de várias testemunhas oculares do evento. Em 29 de setembro de 1911, a Arquidiocese de Guadalajara reconheceu oficialmente a extraordinária aparição e a devoção pública em honra ao Senhor da Misericórdia, que passou a ser celebrada todo ano no período entre 20 de setembro e 3 de outubro. Em 1997, o papa João Paulo II enviou uma bênção apostólica especial aos fieis de Ocotlán, por ocasião da comemoração dos 150 anos do milagre.

* a aparição ocorreu no dia seguinte ao de um grande terremoto ocorrido no México, que havia matado muitas pessoas e deixado a cidade de Jalisco em ruínas.

FOTO DA SEMANA

O temor do Senhor é a coroa da sabedoria: dá uma plenitude de paz e de frutos de salvação (Ecle 1, 22)


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

ALMA DO PURGATÓRIO


Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que vive agora a pena do fogo purificador,
à espera de ir ao encontro de Deus:
imploro a Misericórdia do Pai para aliviar vossa agonia
e o sofrimento de vossa alma ainda sem Deus.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que anseia encontrar quem já vos encontrou,
na plenitude de todos os tempos:
imploro que o Sangue e Água do Coração de Jesus
lavem as vossas imperfeições e vossos pecados.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tateia nas trevas ansiando a Luz
que esteve perdida em tantas manhãs de sol:
imploro ao Espírito Santo Consolador,
que seja abreviado vosso tempo para a Plena Visão.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que lamenta as penitências não feitas
e o cálice das dores não provadas:
imploro à Santa Virgem Maria, mãe de Deus e nossa,
lançar o Santo Rosário em vosso socorro.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que geme e agoniza desvarios e pecados
na tremenda dor que inteira vos devora:
imploro a todos os Santos e Santas
que intercedam por vós diante do Altíssimo.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tem dívidas a pagar em penas
por tantas graças que não foram recebidas: 
imploro aos coros de anjos e arcanjos,
que movam sem descanso suas asas sobre vós.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
imploro a vós, quando na Infinita Glória,
cercada por muitos a quem imploro agora:
Reze pela minha alma com tanta graça e zelo 
que um dia Deus não tenha que esperar por mim
no Purgatório.
(Arcos de Pilares)




DAS INDULGÊNCIAS AOS FIÉIS DEFUNTOS

Lembrem-se das indulgências especiais que podem ser concedidas às almas do purgatório, particularmente nestes dias:

Indulgência Parcial: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos.

Indulgência Plenária: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, no período de 1 a 8 de novembro de cada ano.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

SOBRE A NATUREZA DA MORTE


Penso que é útil inquirir sobre a natureza da morte, se deve ser classificada como coisa boa ou má. Se for considerada isoladamente, sem dúvida, deve ser contada como coisa má, porque tudo que for oposto a vida não pode ser coisa boa. Mais ainda, como diz o sábio: 'Deus criou o ser humano incorruptível e o fez à imagem de sua própria natureza: foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na os que são do seu partido' (Sb 2,24). Com estas palavras, São Pedro concorda quando diz: 'Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, através do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram' (Rm 5,12). Se Deus não fez a morte, certamente ela não pode ser boa, porque tudo que Deus fez é bom, de acordo com as palavras do Gênesis: 'E Deus viu tudo quanto havia feito e achou que era muito bom' (Gn 1,31a).

Embora a morte não possa ser considerada como um bem em si mesma, a sabedoria de Deus a temperou como se assim fosse, pois através da morte recebemos muitas graças. Davi exclama: 'É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus fiéis' (Sl 116, 14) e a Igreja assim proclama na liturgia acerca de Jesus: 'Quem por sua morte destruiu nossa morte, e pela sua ressurreição reconquistou a vida'. Agora, a morte que destruiu a morte e reconquistou a vida não pode ser outra coisa que muito boa. Portanto, senão toda morte pode ser dita boa, pelo menos algumas o são. Por isso Santo Ambrósio não hesitou em escrever um livro intitulado 'Sobre as vantagens da morte', no qual ele claramente prova que a morte, embora produzida pelo pecado, possui vantagens peculiares.

Há ainda outra razão que prova que a morte, mesmo sendo um mal em si mesma, pode, pela graça do Senhor, produzir muitas bençãos. Em primeiro lugar, há esta grande benção, a morte põe um fim às misérias da vida. Jó eloquentemente reclama dos males do seu estado atual: 'O homem nascido da mulher vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias; é como uma flor que germina e logo fenece, uma sombra que foge sem parar' (Jó 14,1-2). E o Livro de Eclesiastes diz: 'E julguei os mortos, que estão mortos, mais felizes que os vivos que ainda estão em vida, e mais feliz que uns e outros o aborto que não chegou à existência, aquele que não viu o mal que se comete debaixo do sol' (Ecle 4, 2-3). E ainda se encontra: 'Penosa ocupação foi dada a todos os mortais e pesado jugo oprime os filhos de Adão, desde o dia em que saem do ventre de sua mãe até o dia da volta para a mãe comum: objeto de suas reflexões e temor do seu coração é a descoberta do que os espera, o dia do seu fim' (Eclo 40,1-2). O Apóstolo também fala sobre as misérias da vida: 'Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte?' (Rm 7,24)

Destes testemunhos encontrados nas Sagradas Escrituras fica claro que a morte tem uma grande vantagem: nos livrar dos problemas desta vida. Mas ela ainda possui uma mais alta vantagem, porque é o portão de saída de uma prisão e entrada no Paraíso. Isto foi revelado por Nosso Senhor a São João, quando por sua fé encontrava-se exilado na ilha de Patmos: 'Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem' (Ap 14,13).

Realmente abençoada é a morte dos santos que, por ordem do Rei Eterno, liberta as suas almas da prisão da carne e as conduz aos reinos celestiais, onde as almas dos justos repousam de todos os seus trabalhos, e como recompensa de todos os seus bons trabalhos, recebem a coroa da glória. Para as almas no purgatório, a morte também não é pouco benefício, pois as livra do medo da morte e dá certeza de um dia virem a possuir a felicidade eterna. Até para os pecadores, a morte representa uma vantagem: faz com que deixem de pecar, prevenindo-os de aumentar ainda mais suas punições. Por conta destas excelentes vantagens, a morte para os homens bons não parece terrível, ao contrário, é fruto do amor de Deus. São Paulo assegura: 'Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro' (Fl 1,21) e na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, afirma: 'Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que não têm esperança' (1Ts 4,13).

Vivia há algum tempo atrás uma senhora muita santa, chamada Catarina Adorna, de Gênova. Era tão inflamada pelo amor de Cristo, que entre tantos ardentes desejos, o que mais solicitava era ser 'dissolvida' e, então, partir para o seu Amado. Apaixonada pela morte, como era, sempre afirmava ser a mais bela e adorável coisa, reclamando apenas que a morte fugia dela que a desejava, mas encontrava a outros que dela fugiam. Por estas considerações podemos concluir que a morte, quando produzida pelo pecado, é coisa ruim; mas, pela graça de Cristo que sofreu a morte por nossa causa, tornou-se de muitas maneiras saudável, amável e desejável.

(Excertos da obra 'A Arte de Morrer Bem', de São Roberto Belarmino)