(Catecismo Ilustrado de 1910, parte VII)
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
GLÓRIAS DE MARIA: IMACULADA CONCEIÇÃO
'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.
(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)
Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição. Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.
A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez).
O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. A confirmação do dogma, a partir de manifestações que remontam os primeiros Padres da Igreja, foi ratificada muitas vezes pela própria Mãe de Deus, em várias aparições:
'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!' foi a mensagem que Nossa Senhora pediu que fosse inscrita na Medalha Milagrosa, mediante recomendação expressa a Santa Catarina Labouré em 1830 (24 anos antes da promulgação formal do dogma pela Igreja).
'Eu sou a Imaculada Conceição!' assim Nossa Senhora se apresenta à pequena vidente Bernadette Soubirous em Lourdes, no dia 25 de março de 1858 (apenas 4 anos depois da promulgação formal do dogma pela Igreja).
'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!' mensagem de Nossa Senhora em Fátima sobre a devoção ao seu Coração Imaculado.
Excertos da Bula INEFFABILIS DEUS de Pio IX
Pio IX |
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
Escolha da Santíssima Mãe
2. Em vista disso, desde todos os tempos, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho, na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado. E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complacência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade, mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito.
Com efeito, era conveniente que tão venerável Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando, assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15). E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo. Deu-Lho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, também, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe. Ela é, enfim, a criatura de quem o Espírito Santo quis que o Filho, do qual procede, fosse concebido e nascido por obra sua. [...]
Pedidos para a Definição
33. Aqui a razão por que, desde os tempos remotos, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ordens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervorosos memoriais à Sé Apostólica, em prol da definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogma da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram-se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à atenção de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa memória, e a Nós mesmo, não só por bispos, mas também pelo clero secular, comunidades religiosas, por legisladores de nações e pelos fiéis. [...]
O Consistório
39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conveniente e reto, a exemplo de Nossos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a Nossos Irmãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a maior alegria espiritual ao ouvi-los suplicarem promulgássemos a definição do dogma da Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus.
40. Por isso, tendo plena confiança no Senhor de que já chegou o tempo oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Mãe de Deus, que as Divinas Escrituras, a veneranda Tradição, o desejo incessante da Igreja, o singular consentimento dos Bispos católicos e dos fiéis, e os atos e constituições assinalados dos Nossos antecessores ilustram e proclamam; havendo considerado diligentemente todos os acontecimentos e tendo dirigido a Deus solícitas e sinceras preces, Nós julgamos não devermos fazer tardar por mais tempo a ratificação e definição, por Nossa autoridade suprema, da Imaculada Conceição da Virgem, satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho.
A Definição Infalível
41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo. Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invocamos o Paráclito. Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.
42. Em conseqüência, se alguém ousar – o que Deus não permita – pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabelecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima.
Frutos da Imaculada Medianeira
43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmagou a cabeça envenenada do mais cruel dragão, trazendo ao mundo a salvação; Ela é a glória dos Profetas e dos Apóstolos, a honra dos Mártires, a coroa e delícia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amparo de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo. Ela é a suma glória e ornamento, a fortaleza inexpugnável da Santa Igreja. Pois Ela destruiu todas as heresias e livrou os povos e nações fiéis de todas as calamidades gravíssimas. Também a Nós livrou-Nos de tantos perigos que nos assediavam. Temos, pois, confiança e esperança absolutas e totais de que a Bem-aventurada Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, fará com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erros dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa florescer, sempre mais, entre todas as nações e povos e possa espalhar seu reino “de mar a mar, do rio até aos confins da terra” (Sl 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade. Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanho e um só pastor.
44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras. Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confiança a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[...]
Publicação da Definição
45. Para que, finalmente, esta Nossa definição da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.
Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de Dezembro do ano de 1854 da Encarnação de Nosso Senhor, 9º ano de Nosso Pontificado.
Pio IX, PAPA
domingo, 7 de dezembro de 2014
TEMPO DE CONVERSÃO
Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Advento
Neste segundo domingo do Advento, a Igreja, à espera do Senhor Que Vem, celebra, após um primeiro tempo de vigilância, o tempo de conversão, mediante a proclamação na história dos tempos de dois grandes profetas das revelações messiânicas: Isaías e João Batista.
Isaías é o profeta messiânico por excelência, o precursor dos evangelistas. É Isaías quem declara que Jesus será da estirpe de Davi, é Isaías quem profetiza o nascimento de Cristo através de uma virgem, são de Isaías as profecias sobre a Paixão e Morte do Senhor, sobre a Santa Igreja de Deus e sobre a pregação de João Batista. É Isaías que anuncia a libertação dos judeus do exílio na Babilônia: 'Consolai o meu povo, consolai-o, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida' (Is 40, 1-2). Esta manifestação profética, entretanto, extrapola os limites da Antiga Aliança e assume um caráter messiânico: pela conversão, o homem do pecado há de se tornar digno de contemplar a própria glória de Deus.
E eis que surge então outro profeta, o maior de todos, maior que Isaías, Moisés ou Abraão, aquele que foi aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11), que vai fazer o anúncio definitivo da chegada do Messias ao mundo: 'Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias' (Mc 1, 7). Como precursor imediato e direto do Messias e arauto desta revelação divina ao povo judeu, João vai se autoproclamar como 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo.
E o deserto de hoje não é ainda mais árido, muitíssimo mais árido, do que nos tempos do Profeta João Batista? O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. A Igreja de Cristo não se pode sustentar sobre as areias frouxas do deserto das almas tíbias, do ateísmo e da indiferença religiosa. Eis, portanto, a imperiosa necessidade de tempos de conversão. E, nesse sentido, João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida, agora como arauto do Senhor da Segunda Vinda: 'Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo' (Mc 1, 8).
sábado, 6 de dezembro de 2014
HORA SANTA DE DEZEMBRO
Aí O tendes; admirai-O com fé viva: esse é Jesus... Nessa Hóstia Divina o viu sua serva Margarida Maria. Ela ouviu sua voz arrebatadora, seus lamentos, os soluços de seu Coração, despedaçado pelos tormentos do amor e da ingratidão humana. Aí O tendes; admirai-O. Esse é Jesus, o Deus terno, doce e misericordioso de Paray-le-Monial. Transportemo-nos em espírito a este lugar humilde e misterioso, e, em companhia da predestinada Margarida Maria, com a face por terra e com a alma cheia de fervores do céu, adoremos a Jesus Cristo, que nos quer falar, nesta Hora Santa, dos anseios, das tristezas, das vitórias e das divinas promessas de seu Sagrado Coração. Aí O tendes, admirai-O com fé viva: esse é Jesus!
(Pausa)
(Nesta Primeira Sexta-feira, a última do ano, pedi-Lhe que perdoe muitas faltas, muitas infidelidades, muita indiferença; mas agradecei-Lhe, ao mesmo tempo, em união com Margarida Maria, as inúmeras graças com que vos acumulou seu amável Coração).
Voz de Jesus
Primeira Petição: a Comunhão Reparadora
Levantai os Olhos, filhinhos Meus, e ainda que, confundidos porque sois culpados, olhai-Me sem receio; não temais, pois sou Jesus, que vos ama perdoando. Vinde, quero sentir o calor de vosso abraço; comungai, em nome de tantos que jamais comungam. Se soubésseis que desolação imensa sente Minha alma quando percorro os caminhos frequentados pelos homens, e, com a mão estendida como um mendigo, vou reclamando um coração que se nega! E volto então só com minha angústia a Meu Sacrário. E Me oculto nele, sentindo mil rejeições! Ah! Mas Meu Coração de Bom Pastor, jamais se desencanta dos homens. Saio novamente, rogo e suplico que Me ofereçam uma hospedagem. Às vezes, ao cair do dia, destroçados já Meus pés, encontro um menino, um pobre, que aceita um assento no banquete eucarístico. Almas queridas, é este desamor o que Me fere mortalmente. Quantos são os que vivem uma longa vida sem ter jamais saboreado as delícias de uma comunhão! A Hóstia é, no entanto, a herança, o céu antecipado e exclusivo dos homens.
Tenho sede de amor. Tenho sede abrasadora de ser amado neste Sacramento de amor. Tenho sede infinita de entregar-Me dia a dia a milhares de almas em Minha sacrossanta Eucaristia. Vinde, Meus preferidos, e compensai a ausência de tantos que menosprezam este dom supremo; comungai vocês com comunhão reparadora; deem vós o amor que Me negam; estreitai-Me em nome dos que fogem de Meus braços; aprisionai-Me, fazei-Me todo vosso, em desagravo da culpada ausência de inumeráveis filhos que, atordoados pelo mundo, esquecem que neste Tabernáculo está seu Deus, sob as aparências do Maná sacramentado. Mais do que vosso alento, mais do que vosso sangue, bem mais do que
vossa alma, Eu, Jesus-Eucaristia, quero ser eternamente vosso. Oh! Vinde sem mais demora, Vinde depressa ante Meu altar e prometei-Me sempre o grande consolo da comunhão reparadora, muito frequente. Sereis insensíveis a meu amor e a meus lamentos? Filhos Meus, respondam-Me...
(Pausa)
(Um Deus está bebendo de nossos lábios; respondamos-Lhe com paixão da alma)
As almas
Como a corça sedenta procura a fonte das águas, assim, apaixonados pelo Vosso Coração, lançamo-nos a Vós, ó Fonte! Ó Vida! Ó Paraíso, Jesus-Eucaristia! Não é uma mera palavra, Senhor, não: é uma solene promessa a que fazemos nesta Hora Santa, a de viver de Eucaristia em desagravo da ausência dolorosa de tantos filhos Vossos que jamais comungam. Aceitai, pois, nossa prece e, nesse altar, sorri, consolado, ó amável Prisioneiro do Sacrário! Vem... Nós Vos Adoramos, Jesus, neste querido Sacramento.
(Todos, em voz alta)
Inflamai nossas almas de sede de Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de amor.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de doçura.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento santificador.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de fortaleza.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de consolo.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de divina esperança.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de vida eterna.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de suavidade infinita.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de paz inefável.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de luz.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de celestiais delícias.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento, oferenda de glória inacessível.
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia.
(Pausa)
(Não esqueçais: o que acabamos de dizer não é uma palavra que se desvanece com o entusiasmo de um momento: é uma resolução; é uma grande promessa de comungar com suma frequência em espírito de desagravo).
Jesus
Segunda Petição: a Celebração de Todas as Primeiras Sextas-feiras
Vosso amor ardoroso Me alenta. Sinto-Me reconfortado com vossa promessa, e já que ela é tão fervorosa e sincera, atendei ainda, filhos de Meu Coração, um segundo pedido de vosso Deus e Mestre. Quero que Me dediqueis um dia de especial consolo. Quero sentir-vos nele mais perto de Meu Coração Divino; em beneficio vosso, quero acumular-vos nesse dia privilegiado daquelas graças que reservo aos muito fiéis, aos muito que são Meus. Que esse dia de amor e de zelo, de reparação e de consolo, seja a primeira sexta-feira.
Dedicai-Me este dia com especial carinho, celebrai-o em Meu louvor com particular fervor. Sim, vós todos, que Me compreendeis melhor do que o mundo. Vinde cada primeira sexta-feira à comunhão, vinde visitar-Me, com o amor dos serafins, em Minha Santa Eucaristia, e tomai aí o assento de João, Meu predileto, e falai-Me aí as palavras de Margarida Maria, Minha venturosa confidente. E depois, em silêncio, recolhidos ante o altar, procurando o calor do Meu peito, postos a alma e os lábios na ferida de Meu lado, falai-Me de tudo o que vos aflige e interessa, nomeai-Me aos que amais e que não Me amam, contai-Me vossas ambições de santidade e vossas misérias, confiai-Me vossas amarguras, dizei-Me tudo, tudo.
A primeira sexta-feira será dia de graça até a consumação dos tempos; dia de grande misericórdia.Recolhei-a superabundante para o lar querido, para os pecadores; ah! E neste dia pedi-Me especialmente pelos Meus sacerdotes e apóstolos, rogai por eles, que sejam santos e que santifiquem as almas que lhes confiei. E agora, escutai: Vou dar-vos Minha palavra em garantia de uma infinita recompensa: 'No excesso de Minha misericórdia, prometo-vos, a todos os que comungueis nove primeiras sextas-feiras consecutivas, a graça da penitência final; se isto fazeis, não morrereis em Minha desgraça, nem sem receber os Sacramentos, e, em vossa última hora, encontrareis asilo seguro em Meu Divino Coração' Que respondeis amados Meus a esta palavra que esgota a Minha onipotência, entregando-vos, para o tempo e a eternidade, meu Coração?
(Pausa)
(Ainda que nem no céu poderemos pagar tanta generosidade, comecemos ante o altar nossa eterna ação de graças. Falemos a Jesus com palavras de fogo)
As almas
Ó, Jesus, por cumprir com o dever de Vos amar, Vós nos podeis oferecer o céu, pois sois Deus. Mas nós, pobrezinhos, que podemos dar-Vos em troca de haver-nos amado gratuitamente e até o excesso da Cruz e da Eucaristia? Quem dera, Jesus, termos neste instante os incêndios de São João, de Madalena e de São Pedro; os heroísmos de holocausto de Margarida Maria, e a caridade incomparável de Vossa Mãe, para saciar- nos de amar, para enlouquecer de amar, para morrer de amor entre as chamas de Vosso
doce e adorável Coração.
Pedi-nos, Senhor, a celebração de um dia. Quereis que consagremos em especial as primeiras sextas-feiras. Sim, Jesus, ó, sim! Todas elas serão Vossas: da alvorada até o anoitecer, em cada batida de nossos corações haverá para Vós uma palavra, um afeto, um suspiro de gratidão e de consolo. Não Vos pedimos, Mestre muito amado, senão uma graça, que sigais sendo benigno e paciente em suportar-nos, não obstante as muitas e constantes misérias de nossa vontade, tão frágil. Tende piedade, Senhor! Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
(Todos, em voz alta)
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, nos desmaios do coração, ao sentir que nos esfriamos em Vosso amor...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, nas inevitáveis tentações em que desfalece e vacila nossa fé..
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, nas fadigas que sustentam uma vida de luta e de incessante sacrifício...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, na exasperação que produzem as grandes e cruéis dores da vida...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, nos desalentos que provocam certos desenganos dolorosos e inteiramente inesperados...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, nas horas de perplexidade, na angústia de uma penosa incerteza...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, à nossa casa para suavizar pesares íntimos e desgraças que ninguém pode remediar...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando Vos chamamos, Jesus, como o Bom Samaritano, ao leito de um enfermo da alma, que precisa de Vossa grande misericórdia...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
Quando, enfim, Vos chamamos, Jesus, em nossa última hora para dar-Vos, na Hóstia Divina, nosso último abraço na terra, vinde sem demora, trazendo-nos a vida eterna...
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração!
(Breve pausa)
E como nos pedistes, Senhor, queremos rogar por Vossos sacerdotes, pelos ministros de Vosso altar e Vossos apóstolos. Dai-lhes, amado Salvador, a luz de uma fé muito viva. Dai a eles o dom de uma caridade sem limites. Dai a eles o tesouro de uma humildade a toda prova. Dai a eles, Jesus, resolução de santidade e paixão, zelo ardente por Vossa glória. E já que a messe é grande, aumentai, Jesus, os seguidores realmente santos do campo de Vossa Igreja, e enviai à Vossa messe operários segundo o Vosso Coração.
(Pedi pelo Soberano Pontífice e oferecei as boas obras da Primeira Sexta-feira de manhã, em especial pela verdadeira santificação dos sacerdotes. E que siga Jesus revelando-nos os Seus desejos; Sua voz, que extasia os anjos do Santuário, assinala-nos um caminho para o Seu Coração. Ouçamo-lO!
(Pausa)
Jesus
Terceira Petição: a Hora Santa
Todos os que estais aqui, todos vós Me sois particularmente queridos. Vossas almas apaixonadas e compassivas Me ofereceram mel e néctar na hora mais horrenda e angustiante de minha Paixão: em minha agonia do Getsêmani! Eu vos vi então, entre as sombras do Horto. Vós Me amais, ó sim! Amais-Me, certamente, bem mais do que tantos outros irmãos vossos. E por isto tendes um direito maior à minha confiança: sois tão meus ao compartilhar os tédios, abandonos e as torturas de Meu Coração agonizante na Hora Santa! Que consolo imenso Eu sinto ao ver que não se perdeu no esvaziamento a súplica que fiz à minha Esposa Margarida Maria, quando lhe pedi esta hora de intimidade amorosa, em petição de meu reinado e pela conversão dos pobres pecadores!
Fazei-Me sempre esta guarda de honra e de desagravo. Amai-Me, orai, velai comigo, lavrai meu triunfo na Hora Santa. Fazei-a sempre, fazei-a com fervor de caridade, fazei-a com amor de sacrifício. Quereis abandonar-Me na hora das traições, no momento de saborear o mais amargo de Meu cálice? Não tenho de chamar a legião dos anjos, não: quero chorar o sangue de Minhas veias, rodeado por Meus redimidos, sustentado entre os braços de Meus amigos fidelíssimos. Meu Coração ferido, Meu Coração que chora, o Coração agonizante de vosso Irmão Primogênito, é herança vossa, que não vos será jamais arrebatada, Jamais! Fazei-Me, pois, Cativo vosso na Hora Santa; encadeai-Me a vossas almas, e levai-Me prisioneiro a vossas casas. Para isso vos chamei, amados Meus; com esse objetivo chegastes ante este altar. Avançai! Eu sou Jesus de Nazaré. Aqui tendes as Minhas mãos, Meus pés... Encadeai-Me com gestos de amor. Aqui tendes, tomai Meu Coração: encerrai-o para sempre nos Vossos. E agora, consoladores Meus, que mais quereis, que mais pedis?
(Todos respondem em voz alta)
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Esqueceis então vossos interesses terrenos? Que quereis que vos dê, como suprema recompensa?
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Não quereis bens temporários de fortuna ou de saúde? Falai-me, que pedis em troca desta Hora Santa?
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Filhinhos Meus, tão amados, vossa generosidade me comove profundamente. Não temais; dizei, que posso dar-vos, que tesouro pedis em galardão por vosso generoso esquecimento de si?
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Essa é, almas queridas, a linguagem dos santos. Com ela me vencestes. Falai, pois; dizei o que solicitais sem mais demora...
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Ao responder-Me assim vos abandonais sem reserva em Meus braços. Aqui tendes o Meu Coração; disponde Dele. Expressai-Lhe qual é vosso íntimo desejo...
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Mas em tantas penas e dissabores da terra, no desengano do amor das criaturas, não tendes alívio e consolo que pedir-Me? Que alívio, que bálsamo quereis que vos dê?
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
E por esse grande desejo de amar-Me, por essa ânsia de dar-Me imensa glória, que pagamento antecipado de justiça Me reclamais aqui na terra?
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
Procurei consoladores e os encontrei em espírito e em verdade. Mas na hora de vossa agonia, quando estejais já por despedir-vos da terra, que Me pedis por ter consolado na Hora Santa a vosso Deus em sua agonia?
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração!
(Oferecei ao Sagrado Coração fazer durante toda a vossa vida o belíssimo exercício da Hora Santa, e prometei propagar esta prática salvadora)
(Pausa)
Jesus
Quarta Petição: o Culto ao Seu Coração Divino
Os inimigos vos cercam, a tempestade vos açoita com furor, filhinhos Meus, a tempestade daquele abismo em que se amaldiçoa a Mim e em que se condenam, com infortúnio eterno, os que quiseram lutar sem os auxílios de Minha graça. Ruge violento e cresce esse furacão, imerso em cólera satânica, que procura a morte das almas. Mas não temais, pois Eu venci ao mundo e o inferno. Ficai em paz. Trago-vos agora um sinal seguro de bonança. Uma certeza de vitória: Meu Coração Divino! Caí de joelhos e tremendo de amor imenso, aceitai-O primeiro. E depois adorai-O, sim, adorai-O pois é o Coração de vosso Deus e Salvador, que vos amou até a loucura do Calvário e da Hóstia.
Suas palpitações de misericórdia e de perdão são as palavras. São os gemidos com que vos suplica que O ameis acima de todas as coisas do céu e da terra. E por Sua cruz e pelos Seus espinhos que O coroa e, sobretudo, pela larga e sangrenta ferida que O tem lacerado, conjura-vos que lhe deis imensa glória. Que O façais conhecer e amar por tantos infelizes, que precisam desta fonte milagrosa de ressurreição.
(Lento e cortado)
Vinde, pois, os desterrados de um paraíso terreno. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis a paz da alma que almejais. Vinde os enganados pelas miragens de um deserto sempre traiçoeiro. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis as santas realidades de Meu amor, que mata toda sede. Vinde os peregrinos de um caminho, rodeado de abismos de erro e de infortúnio. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis consolos e esperanças, que vos reserva um Deus, que é todo caridade. Vinde os infortunados da vida, que sois tantos, os decepcionados do dinheiro e do apreço dos homens. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis luz, calma e delícias ignoradas, no meio de todos os desânimos.
Vinde, vinde logo, Vós que tendes amargurada a alma nos prazeres envenenados da terra, não demoreis; entrai em Meu lado em plena juventude; entrai nele, no entardecer da existência; entrai, não saiais, senão na última hora da vida. E encontrareis aí, recobrando para sempre, um paraíso de eterna paz e de amor eterno. Vinde! São Longuinho (o soldado) abriu as portas de Meu Coração. Eu rasguei mais ainda essa ferida redentora. E chamo os justos, os pecadores, os ingratos, os afligidos e lhes ofereço, nessa chaga, a todos, uma mansão da felicidade eterna. Quem se consagra ao amor de Meu Coração, terá a vida!
(Pausa)
As almas
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes a vitória aos que combatessem com o lábaro de Vosso Sagrado Coração...
(Todos, em voz alta)
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes a paz aos lares que entronizaram com amor a imagem de Vosso Sagrado Coração...
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes converter os mais empedernidos pecadores com a misteriosa força de Vosso Sagrado Coração...
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes santificar as almas dos bons que se consagraram com fé viva ao Vosso Sagrado Coração...
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes adoçar as penas das almas afligidas que reclamassem os consolos de Vosso Sagrado Coração...
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes desfazer o gelo da indiferença religiosa, inflamando o mundo nos ardores de Vosso Sagrado Coração...
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
Piedade, Jesus! Recordai, sobretudo, que oferecestes fazer dormir entre Vossos braços, em sonho de aprazível e santa morte, os amigos, os consoladores e os apóstolos do Vosso Sagrado Coração...
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração!
(Se tiverdes alguma intenção particular importante e grave, apresente-a)
Jesus
Quinta Petição: o Estabelecimento de uma Festa Soleníssima em Honra ao Seu Sagrado Coração)
Sabeis, filhos de Meu Coração, por que vos amo tanto e por que Me inclino, com maravilhoso transbordamento de ternura a vós? Ah! Ouvi-Me: por causa da vossa pequenez e miséria, porque a vossa orfandade, pobreza e infortúnio, devo ao vosso irmão... Jesus! O abismo do vosso nada e da vossa culpa atraiu o da Minha misericórdia, e para ele e por ele foi criado assim, de carne, como o vosso, Este Coração que é todo ternura e infinita piedade. Era preciso, pois, que os meninos, os pobres, os tristes, os desamparados, os rejeitados da terra e Este vosso Salvador tivéssemos um dia próprio, um dia grande e único, um dia de regozijos celestiais, em que celebraríamos nossa eterna união por nosso casamento eterno.
Esse dia incomparável será a sexta-feira seguinte à oitava de Corpus, e será chamado o dia de Meu Sagrado Coração. É Minha vontade que seja esta a grande festa da terra, a festa genuína dos mortais, dos que sofrem, dos que vivem comigo no deserto: vossa festa, filhinhos Meus! Celebrai nessa sexta-feira a grande Páscoa de Minhas misericórdias; celebrai a conquista de uma terra ingrata com as lágrimas e o perdão de vosso Deus. Cantai a Mim nesse dia regozijos de alegria. Cantai a Mim, Rei amável de vossos lares. Ah, sim: cantai a Mim, triunfador da paz e da humildade pelas inesgotáveis ternuras de Meu benigno Coração!
(Pausa)
(Prometei celebrar, com íntimo regozijo, ante o altar e em vossos lares, como festa de família, a grande festa do Sagrado Coração)
As almas
Oh, sim! Jesus. Queremos cantar agora em Sião, aqui na terra, um hino de ação de graças, um cantar de Eucaristia, que os anjos não saberiam entoar a Vós, porque nem pecaram, nem sofreram. Nem jamais comungaram. Nós, os perdoados, banhados em pranto de amargura e de reconhecimento, queremos dizer-Vos, com os discípulos de Emaús, ao terminar esta Hora Santa e feliz: Ficai conosco, Coração de Jesus!
(Todos, em voz alta)
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, em nome de tantos pecadores resgatados. E quando nossa fraqueza e as tentações queiram expulsar-Vos da consciência destes filhos Vossos, não nos deixe, Mestre!
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, em nome de tantos tristes consolados. E quando o tentador de inevitáveis penas venha a ferir-nos cruelmente, com licença Vossa, não nos deixe, Mestre!
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, em nome de tantos pobres fortificados em Vossa esperança. E quando as asperezas da vida a façam cansada e muito penosa, não nos deixe, Mestre!
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, em nome de tantos desvalidos, alentados por Vossas promessas. E quando a terra nos brindar seus frutos naturais de espinhos, não nos deixe, Mestre!
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, em nome de tantos decepcionados, felizmente alumiados por Vossa graça. E quando a ingratidão nos despedaçar a alma e nos desenganar das criaturas, não nos deixe, Mestre!
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, em nome de tantos caídos e enfermos, regenerados por Vossa caridade. E quando nossas fragilidades queiram arrastar-nos à morte, não nos deixe, Mestre !
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Obrigado, Senhor, por tantos moribundos redimidos salvos na última hora. E quando a agonia nos advirta que se aproxima à hora da justiça inexorável, ó não nos deixe, Redentor e Mestre!
Ficai conosco, Coração de Jesus.
Sim, ficai nesse instante de supremo pesar, quando desaparecerem todas as ilusões mentirosas da terra, ao resplendor pavoroso de um tribunal infalível e inapelável. Ah, para essa hora Vos damos procuração, Jesus, recordamo-Vos, desde agora, Vossas promessas, e Vos suplicamos que leiais nossa sentença decisiva naquele livro de amor em que escrevestes, segundo a Vossa palavra, nossos nomes; sentenciai-nos com a benignidade e a ternura de Vosso doce Coração!
Pai Nosso e Ave Maria, pelas intenções particulares dos presentes.
Pai Nosso e Ave Maria, pelos agonizantes e pecadores.
Pai Nosso e Ave Maria, pedindo Reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações.
(Cinco vezes)
Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino!
Invocação para a Agonia
Amado e Divino Agonizante do Getsêmani, Jesus Sacramentado, tenho aqui as testemunhas fidelíssimas de Vosso pesar mortal do Horto, que vêm em demanda de uma graça suprema aos consoladores e apóstolos de Vosso entristecido Coração. Senhor, não Vos pedimos saúde, tesouros, nem uma longa vida; suplicamos-Vos que, na dor mortal da agonia, estendei-nos os braços, mostrai-nos a chaga aberta do lado e, ao morrer, nos deixeis exalar, Jesus, o último suspiro de amor, de adoração e de desagravo na ferida celestial de Vosso Sagrado Coração.
Quando nessa hora de recordações se apresente, à nossa mente, a infância, a juventude, a vida inteira com todas suas fraquezas, Jesus amado, recordai-nos Vossas promessas, assinaleis a ferida abrasadora do lado, nos revelais Vosso Coração para aquietar aos que agonizam e aos que, nesse momento decisivo, queremos uma âncora segura e desejamos abraçar Vossa Cruz, pedir-Vos perdão entre gemidos, chamar Santa Maria em nosso socorro e balbuciar Vosso nome! Se nossos lábios não puderem pronunciar Vosso Nome; Vós, Jesus, que trocastes Vossa vida por nossas vidas; Vós, que nos abraçastes na mesa da comunhão; Vós, que nos sorristes consolado na Hora Santa, aproximai-Vos dulcíssimo, oferecendo-nos a ferida abrasadora do Vosso lado, revelando-nos Vosso Coração para aquietar os que agonizamos.
Lembrai-Vos Jesus de quanto quisemos amar-Vos e não de nossas indiferenças...
Lembrai-Vos de quanto oramos para salvar almas para Vós, e não de nossos pecados...
Lembrai-Vos de nossos desejos em entronizar-Vos, como Rei de amor, e não de nossas ingratidões...
Lembrai-Vos que nossos nomes os escrevestes aí onde ninguém jamais poderá apagá- los...
Não Vos pedimos gozos da terra, nem afagos de glória, nem amor humano. Suplicamo-Vos que, na hora mortal da agonia, mostrai-nos a chaga aberta do lado e nos deixeis, Jesus, exalar o último suspiro de amor, de adoração e de desagravo na ferida celestial de Vosso Sagrado Coração. Agora e na hora de nossa morte: Venha a nós o Vosso reino!
Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria
Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.
Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.
(Hora Santa de Dezembro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)
PRIMEIRO SÁBADO DE DEZEMBRO
Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima:
(Pontevedra / Espanha)
‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
SANTOS E MÁRTIRES (IV)
(Mártires nas Catacumbas, Jules Lenepveu, 1855)
Durante o reinado de Marco Aurélio, um grande número dos que professavam a fé em Cristo sofreu crudelíssimos tormentos e castigos. Entre eles estava Policarpo, o digno bispo de Esmirna. Sobre o seu fim e martírio julguei que seria útil legar para a história aquilo que Eusébio declara ter sido extraído de uma certa carta escrita pelos membros da sua própria igreja (de Policarpo) para todos os irmãos espalhados pelo mundo.
"Três dias antes de ser preso, enquanto estava orando à noite, ele adormeceu e viu num sonho o seu travesseiro incendiar-se e logo consumir-se no fogo. Acordando em seguida, imediatamente relatou a visão aos circunstantes e profetizou que ele seria queimado vivo por amor de Cristo. Quando as pessoas que andavam à sua procura fecharam-lhe o cerco, ele foi induzido, por amor dos irmãos, a retirar-se para outra aldeia. Para lá, porém, logo foram os perseguidores em seu encalço. E tendo apanhado dois rapazes que moravam na vizinhança, açoitaram um deles até que este os conduziu ao retiro de Policarpo.
Os perseguidores, tendo chegado tarde da noite, descobriram que ele já fora para a cama no alto da casa. Dali, se quisesse, ele poderia ter fugido para o interior de outra casa. Mas recusou-se, dizendo: 'Seja feita a vontade do Senhor'. Ao saber que os perseguidores haviam chegado, desceu e dirigiu- lhes a palavra com semblante alegre e agradável, de modo que eles, que nunca o haviam visto, ficaram maravilhados contemplando a sua venerável idade e gravidade e perguntavam-se por que deveriam se preocupar tanto com a captura de um homem tão velho.
Ele imediatamente ordenou que uma mesa fosse posta, exortou-os a comer com apetite e pediu que lhe concedessem uma hora para orar sem ser molestado. Tão repleto estava ele da graça de Deus que os circunstantes ficaram assombrados ao ouvir-lhe as orações e muitos lamentaram que um homem tão venerável e piedoso devesse ser levado à morte. Depois de terminar as orações, nas quais fez menção de todas as pessoas com quem entrara em contato na vida, pequenas e grandes, nobres e comuns, e de toda a Igreja Católica disseminada pelo mundo. Chegada a hora de partir, eles o puseram sobre um jumento e o trouxeramn para a cidade.
Lá Policarpo encontrou-se com o irenarca Herodes e seu pai Nicetes, que, fazendo-o subir para a Sua carruagem, puseram-se a exortá-lo dizendo: 'Que mal há em dizer: Senhor César e em oferecer sacrifícios e assim salvar a própria vida?' De início ele ficou em silêncio. Porém, ao ser forçado a falar, disse: 'Não agirei de acordo com os seus conselhos'. Quando perceberam que ele não se deixava convencer, dirigiram-lhe palavras grosseiras e logo o empurraram para fora da carruagem de modo que, ao descer, ele machucou a perna. Todavia, imperturbável como se nada estivesse sofrendo, foi em frente exultante, escoltado pelos guardas, até o estádio.
Lá, em meio a um ruído tão forte que poucos conseguiam ouvir alguma coisa, uma voz veio do céu dizendo: 'Sê forte, Policarpo, e comporta-te como um homem'. Ninguém viu quem falou, mas muitos ouviram a voz. Quando ele foi trazido ao tribunal, houve um grande tumulto no instante em que a multidão percebeu que Policarpo estava preso. O procônsul perguntou-lhe se ele era Policarpo. Ao ouvir a confirmação, ele o aconselhou a negar a Cristo, dizendo-lhe: 'Olhe para si mesmo e tenha pena de sua idade avançada'. E acrescentou muitas outras frases que eles costumam dizer, tais como 'Jure pela fortuna de César', 'Arrependa-se' e 'Diga: Abaixo os ateus'.
Então Policarpo, com aspecto grave, contemplando toda a multidão no estádio e acenando-lhe com a mão, emitiu um profundo suspiro e, erguendo os olhos para o céu, disse: 'Removam-se os ateus'. Então, o procônsul insistiu com ele dizendo: 'Jure, e eu o colocarei em liberdade; renegue a Cristo'. Respondeu Policarpo: 'Há oitenta e seis anos eu O sirvo, e Ele nunca me faltou. Como então blasfemarei meu Rei, que me salvou?' O procônsul novamente insistiu: 'Jure pela fortuna de César'. Respondeu Policarpo: 'Uma vez que sempre em vão o senhor se esforça para me fazer jurar pela fortuna de César, como o senhor diz, fingindo ignorar o meu verdadeiro caráter, ouça-me declarar com franqueza o que sou. Eu sou um cristão, e se deseja aprender a doutrina cristã, marque um dia, e então poderá me ouvir'.
Ouvindo isso, disse o procônsul: 'Tenho feras selvagens. Se não se arrepender, eu entregarei a elas'. 'Mande trazê-las — replicou Policarpo — pois para nós o arrependimento é uma atitude ruim quando significa mudar do melhor para o pior, mas é uma atitude boa quando significa uma mudança do mal para o bem. 'Se não se arrepender, domarei você com fogo' — disse o procônsul — urna vez que despreza as feras selvagens. Então disse Policarpo: 'O senhor me ameaça com um fogo que queima durante uma hora e logo se apaga. Mas o fogo do julgamento futuro e do castigo eterno reservado para os ímpios, esse o senhor ignora. Mas por que está se delongando? Faça tudo o que lhe agradar. O procônsul mandou o arauto proclamar três vezes no meio do estádio: 'Policarpo confessou que é cristão'. Mal essas palavras foram proferidas, toda a multidão, tanto gentios quanto judeus que moravam em Esmirna, com fúria violenta se pôs a gritar: 'Este é o doutor da Ásia, o pai dos cristãos e o destruidor dos nossos deuses, que ensinou muitos a não oferecer sacrifícios e a não adorar'.
A esta altura pediam ao asiarca Filipe para que soltasse um leão contra Policarpo. Mas ele recusou-se, alegando que havia encerrado o seu espetáculo. Então puseram-se a gritar em uníssono que ele deveria ser queimado vivo. Pois sua visão precisava se cumprir — a visão que ele tivera quando estava orando e viu o seu travesseiro incendiar-se. O povo imediatamente apanhou lenha e outros materiais secos nas oficinas e nos banhos. Nesse serviço os judeus, com a sua costumeira maldade, sentiram-se particularmente dispostos a ajudar.
Quando quiseram amarrá-lo na fogueira, disse Policarpo: 'Deixem-me como estou. Não é preciso prender-me com pregos, pois aquele que me dá forças para suportar o fogo também me fará permanecer na fogueira sem eu querer fugir'. Assim, ele foi amarrado mas não pregado. Disse ele então: 'Ó Pai, eu te bendigo por me teres considerado digno de receber o meu prêmio entre os mártires'. Assim que ele proferiu a palavra 'Amém', os oficiais acenderam o fogo.
A chama, formando uma espécie de arco semelhante à vela enfunada de um barco, envolveu feito um muro o corpo do mártir que estava no meio do fogo, não como carne queimando mas sim como ouro e prata sendo purificados na fornalha. Recebemos em nossas narinas um aroma semelhante ao que se evola do incenso ou de alguns outros perfumes preciosos. Finalmente, o povo maldoso, ao perceber que o seu corpo não poderia ser consumido pelo fogo, mandou que o carrasco se aproximasse e nele enterrasse a espada. Imediatamente, urna quantidade tão grande de sangue jorrou que o fogo se extinguiu.
Mas o invejoso, maligno e despeitado inimigo do justo procurou um jeito de nos impedir de recolher o pobre corpo. De fato, algumas pessoas sugeriram a Nicetes para procurar o procônsul e pedir-lhe que não entregasse o corpo aos cristãos: 'Para evitar' — disseram eles — 'que, abandonando o crucificado, eles passem a adorar a esse'. Isso disseram depois de ouvir as sugestões e argumentos dos judeus, que também nos vigiaram quando queríamos retirar o corpo da fogueira. O centurião, percebendo a malevolência dos judeus, fez colocar o corpo no meio do fogo e queimá-lo. Recolhemos em seguida os seus ossos — mais preciosos que ouro e jóias — e os depositamos num lugar adequado".
(Excertos da obra 'O Livro dos Mártires', de John Foxe, tradução de Almiro Pisetta)
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