terça-feira, 6 de agosto de 2013

ORAÇÃO DA BOA MORTE

Meu Senhor Jesus Cristo, Deus de bondade e Pai de misericórdia, eu me apresento a vós com o coração contrito e humilhado, para recomendar-vos o meu último suspiro e o que depois dele me espera.

Quando a imobilidade de meus pés me advertirem que a minha carreira neste mundo está prestes a terminar:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando as minhas mãos trêmulas e entorpecidas já não puderem sustentar o crucifixo e, a meu pesar, o deixarem cair sobre o meu leito de dor:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando os meus olhos, ofuscados pelo horror da morte iminente, fixarem em Vós as vistas lânguidas e desfalecidas:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando os meus lábios, frios e trêmulos, pronunciarem pela última vez o vosso nome adorável:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando a minha face, pálida e lívida, inspirar aos circunstantes compaixão e terror, e os meus cabelos, banhados de suor da morte, anunciarem o meu fim próximo:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando os meus ouvidos, prestes a cerrarem-se para sempre aos discursos dos homens, se abrirem para escutar a vossa voz, que pronunciará a irrevogável e decisiva sentença de minha sorte para toda a eternidade:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando a minha imaginação e o meu espírito perturbados pelo aspecto das minhas iniquidades e pelo temor da vossa justiça, lutarem contra o anjo das trevas, que procurará afastar-me da vista consoladora das vossas misericórdias e precipitar-me no abismo da desesperação:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando o meu débil coração, oprimido pelas dores da enfermidade e tomado dos horrores da morte, se achar extenuado pelos esforços que tiver feito contra os inimigos de minha salvação:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando correrem dos meus olhos as últimas gotas de lágrimas, sintomas da minha destruição; recebei-as, ó meu Jesus, em sacrifício expiatório, para que eu expire como vítima de penitência, e nesse terrível momento:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando meus parentes e amigos, ao redor do meu leito, se enternecerem à vista do meu doloroso estado e vos invocarem por mim:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando eu tiver perdido o uso de todos os meus sentidos, e o mundo inteiro tiver desaparecido diante de mim, deixando-me só, inteiramente só, a gemer nas angústias da extrema agonia e nas aflições da morte:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando as ânsias extremas do coração forçarem a minha alma a desprender-se do corpo, arrancando os últimos suspiros, aceitai-os como sinal de uma santa impaciência de unir-se a vós:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando a minha alma sair para sempre deste mundo e deixar meu corpo pálido, frio, inanimado e cadáver, aceitai essa destruição do meu ser em sacrifício de homenagem por mim prestada à vossa divina majestade, e então:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Finalmente, quando minha alma comparecer na vossa presença, e ver pela primeira vez o esplendor de vossa infinita majestade, não a expulseis da vossa vista, antes recebei-a no amoroso seio da vossa misericórdia, para que cante eternamente os vossos louvores:

– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

ORAÇÃO

Meu Deus que, condenando-nos à morte, nos ocultastes a hora dela, fazei que, vivendo em justiça e santidade todos os dias da nossa vida, mereçamos sair deste mundo em vosso santo amor, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que convosco vive e reina, na unidade com o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.

('O Pequeno Missionário - Manual de Instruções, Orações e Cânticos'; Pe. Guilherme Vaessen, 6a. Edição, Editora Vozes, 1953)

domingo, 4 de agosto de 2013

A VERDADEIRA RIQUEZA ESTÁ EM DEUS

Páginas do Evangelho - Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum


'Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo' (Lc 12,13). Alguém, no meio da multidão, fez este pedido a Jesus. Um pedido movido por razões absolutamente terrenas e dirigido a alguém que era julgado apenas na dimensão da sabedoria humana. Um apelo, potencialmente justo, afeto às demandas de um juiz dotado de isenção e discernimento, bastava ao postulante. Mas, diante dele, estava Deus entre os homens e não um mero sábio das contendas humanas. Àquele homem, Jesus destinou então um ensinamento muito mais profundo, muito além da busca desenfreada da aquisição de bens materiais, mas centrado num caminho de heranças eternas. 

É preciso primeiro buscar as coisas do Alto. Os legítimos interesses humanos devem ser pautados pelo equilíbrio e pela moderação, para não ser instrumentos de afeições desmedidas e descontroladas, sementes de ganância. Jesus é enfático neste conselho: 'Tomai cuidado contra todo tipo de ganância' (Lc 12, 15). A abundância de bens é uma fonte de preocupações contínuas e a soberba do possuir é mera vaidade: 'Tudo é vaidade' como diz o Livro do Eclesiastes (Ecl 1,2). 

Para ilustrar a insensatez do homem que busca acumular tesouros na terra, Jesus apresenta, então, a parábola do homem rico. Entusiasmado por uma farta colheita, planeja em detalhes multiplicar sua riqueza com a construção de celeiros muito maiores, armazenar grandes quantidades de trigo, viver uma vida de gozo e tranquilidade. Mas, tolo entre tolos, não cuida que seus dias estão contados e não terá usufruto algum de tanta riqueza acumulada: 'Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo' (Lc 12, 21). A ganância de querer sempre mais e a ânsia de ser ainda mais rico aviltam a legitimidade do bem possuído aos domínios da cobiça mórbida. 

Deus não tem lugar no coração abrasado de poder de tal homem porque o nosso coração permanecerá inquieto enquanto não repousar em Deus. A paz interior nasce da partilha, no ato de compartilhar os bens e os dons disponíveis com todos. Dispor o que se recebe, repartir o que se tem: eis a regra de ouro para se almejar as heranças eternas e acumular tesouros nos Céus. A verdadeira riqueza é aquela que se guarda no Coração de Deus.

04 DE AGOSTO - SÃO JOÃO MARIA VIANNEY (CURA D'ARS)

São João Batista Maria Vianney (Cura D' Ars)

A mais difícil, extraordinária e espantosa obra feita pelo Cura d’Ars foi a sua própria vida

Existem vidas extraordinárias entre os santos da Igreja. Mas poucas delas foram tão cingidas pela pequenez, pela humildade e pelo aniquilamento interior como a do pobre cura de Ars, São João Batista Maria Vianney (nascido em 08 de maio de 1786, em Dardilly, na França). Ordenado sacerdote em 1815, aquele que teria o dom extraordinário de ler consciências foi proibido inicialmente de atender confissões, 'porque não teria capacidade para guiar consciências'. Três anos depois, aceitou ser o vigário do minúsculo povoado de Ars, situado ao norte de Lyon, na época com pouco mais de 200 habitantes e nenhuma prática religiosa. Ali chegou em fevereiro de 1818, ali construiu uma santidade ímpar entre os padres da Igreja, ali se tornou um santuário de peregrinação de toda a Europa. Ali viveu incansavelmente a fadiga das confissões intermináveis (geralmente 17 horas diárias), da oração constante, da devoção incondicional à pequenez e à pobreza, até a sua morte, em 04 de agosto de 1859, aos 73 anos de idade. 

São João Batista Vianney foi canonizado em 1925 pelo Papa Pio XI e seu corpo incorrupto encontra-se depositado na igreja da paróquia de Ars. Foi proclamado Padroeiro dos Sacerdotes e no dia de sua morte, 4 de agosto, celebra-se o Dia do Padre


'Nós devemos nutrir um grande amor por todos os homens, pelos bons e pelos maus. Quem tem o amor não pode querer que alguém faça o mal, porque o amor perdoa tudo'


Corpo Incorrupto do Santo em Ars

sábado, 3 de agosto de 2013

SOB O DOMÍNIO DO MAL

Nos dias atuais, a civilização cristã é impiedosamente atingida pelo domínio do mal. É um redemoinho espantoso e generalizado de ações diabólicas, convergindo para a supressão dos valores e da moral cristã. Não há uma única fronteira em que as forças malignas não se irrompem avassaladoras, atingindo brutalmente os fundamentos da religião católica, da igreja, da família, do casamento, da castidade. Não são poupados os velhos, os jovens e nem mesmo as crianças: o vórtice medonho ameaça engolir na sua voragem alucinante os pilares da civilização cristã.

A ação diabólica é claramente definida em três grandes frentes: na promiscuidade moral e na pornografia, na banalização de toda e qualquer violência, no espírito satânico da divisão. Estas três vias de iniquidade espumam o mesmo vômito do demônio, são elas as rédeas que submetem grande parte da atual humanidade sob o domínio do mal. O diabo é intrinsecamente maquiavélico e nunca mostra a sua cara medonha, mas o rastro da sua baba asquerosa é mais previsível que a loucura dos homens servis a ele.   

A nudez é a roupa do diabo. Onde a nudez está exposta, a máscara diabólica se escancara. No corpo seminu que vende joias, carros, perfumes e cerveja ou na prostituição disfarçada de capas de revistas, existe algo além do corpo exposto de uma mulher. A exposição do corpo e cenas de nudez explícita inundam os filmes, as novelas, as revistas, as propagandas, as manifestações artísticas de maneira geral. A nudez é exaltada como norma de marketing, a nudez é endossada como coisa natural e corrente, a nudez é vendida a preço de banana. Mas a nudez é intrinsecamente diabólica.

Mas a nudez é apenas a porta de entrada para todo um cenário de perversões diversas que tem como destino a pornografia explícita. Os relacionamentos sexuais passam a exigir, então, poções virulentas de criatividade e dimensões de contorcionismos animalescos, que degradam a natureza humana a limites insondáveis. A escravidão ao prazer não distingue limites ou freios; o hedonismo impera como conduta geral; o vício que corrói a carne insatisfeita extravasa pelos poros da insaciedade, do adultério, da promiscuidade, da pedofilia e se alimenta cotidianamente, em qualquer esquina ou na internet à mão, de uma indústria pornográfica gigantesca e universal. E os valores do casamento, da família, da castidade, da inocência das crianças,  são tragados neste redemoinho de perversões expostas. Não há dúvida de que esta é, sim, uma forma de amor, a do amor satânico que se locupleta pela nudez, pelo prazer a qualquer preço, pela idolatria da perversidade da pornografia.

A violência é o sopro do diabo. Em nossos dias, a violência campeia de tal sorte que não nos sensibilizam mais as tragédias diárias. Viraram 'notícias do cotidiano'. De vez em quando, quando a violência irrompe a um novo patamar, dá-se uma repercussão mais incisiva para, pouco a pouco, declinar subserviente ao rol de tantas outras tragédias anunciadas. A violência das ruas e das praças começam no ventre materno, no aborto monstruoso de gerações inteiras. Continua no seio das famílias, na violência doméstica, espraia-se pelas ruas, dispersa-se pelas mazelas de uma sociedade anestesiada de Deus, até se entorpecer como moeda corrente nas redes de tráfico, nas gangues e no submundo do crime. O sopro diabólico vende a eutanásia como prática conciliadora e a cultura da morte como 'princípio de escolha'; semeia o ódio e estimula as rivalidades étnicas; fomenta as guerras e induz os genocídios.  

A divisão é a marca do diabo. É na divisão, no espírito da quebra da ordem, no solapamento dos valores, na desarticulação dos princípios morais, que a ação diabólica mais se nutre e mais se locupleta. Famílias divididas, casamentos destruídos, ambientes corrompidos, Igreja cismática, civilização cristã em frangalhos, tudo isso é a obra de satanás levada ao cume de sua possessão doentia. Divisões raciais, religiosas, étnicas, políticas, econômicas... divisões de países, blocos, regiões, estados... fomento de guetos, grupos, cismas, facções... eis o modelo primário de toda e qualquer ação do demônio. Nada se partilha, tudo se desmorona; nada se compraz na conjunção dos esforços, tudo se dilui na revolta das partes; nada se robustece pela união de todos, tudo se resume no naufrágio da vontade. Pois o mal necessariamente se alimenta da maldade.  

Eis aí a síntese da ação diabólica que permeia a humanidade atual, no estertor de condenar ao desaparecimento a Igreja Católica e a civilização cristã. A roupa, o sopro e a marca do diabo: a nudez, a violência e a divisão. O primeiro passo para vencer o inimigo é conhecer as armas que ele possui. E, então, combatê-las tenazmente e superá-las por completo, amparados na fé cristã e nas verdades insuperáveis dos Evangelhos, em nome de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, e para honra e glória de Deus.

(texto livre, de autoria do autor do blog, baseado em sermão do Arcebispo Fulton Sheen)

PRIMEIRO SÁBADO DE AGOSTO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque  durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

01 DE AGOSTO - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO


'Quem reza se salva, quem não reza se condena!'

Hoje é o dia da celebração da festa de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor e autor de 'Glórias de Maria', obra prima de devoção mariana. Nasceu em Marianella, pequena comunidade próxima a Nápoles, em 27 de setembro de 1696, de família nobre e, aos 16 anos, já era doutor em direito civil e canônico. Abandonando uma promissora carreira de advogado, consagrou-se a Nossa Senhora e ordenou-se sacerdote em 1726. Em 09 de novembro de 1732, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor. Em 1762, foi nomeado Bispo de Santa Ágata dos Godos, cidade perto de Nápoles, retornando à devoção exclusiva à sua ordem somente em 1775. Faleceu no dia 1º de agosto de 1787, aos 91 anos, sendo canonizado pelo Papa Gregório XVI em 1839; Pio IX o declarou Doutor da Igreja em 1871 .

A santificação não é um processo único e específico, mas todos os santos têm em comum um extraordinário senso de auto-sacrifício e uma devoção ardente à Vontade Divina. Santo Afonso correspondeu à graça vencendo dolorosas doenças, perseguições e tentações.  A pior de todas as suas doenças foi um ataque terrível de febre reumática durante o seu episcopado, que durou de maio de 1768 a junho de 1769, que o deixou paralisado até o fim de seus dias. Por esta razão, a sua imagem é comumente retratada com seu queixo avançando proeminente em direção ao peito, reflexo da violenta curvatura que dobrou sua coluna vertebral para a frente e que limitava enormemente seus movimentos. As perseguições vieram principalmente do seu zelo fervoroso no combate às heresias do jansenismo e as tentações surgiram principalmente no final de sua vida quando, ao longo de três anos, passou por terríveis provações e diabólicas tentações contra todas as suas virtudes.

Tão notável quanto a intensidade com que Santo Afonso trabalhou é a enorme quantidade de trabalhos que produziu, sendo que esta prodigiosa coleção de obras teve início quando o santo já contava com cerca de 50 anos de idade. O primeiro esboço de sua obra 'Teologia Moral', por exemplo, só apareceu por volta de 1748. Entre o grande número de suas obras dogmáticas e ascéticas, 'Glórias de Maria', 'A Selva' e 'Meditações para Todos os Dias e Festas do Ano' são as mais conhecidas. Foi também poeta, músico e até pintor (o crucifixo abaixo foi pintado pelo santo). Amparava-se no princípio de não ser admissível perder um um único momento do seu tempo em render graças a Deus, como ilustrado exemplarmente neste seu sermão sobre o valor do tempo.


VALOR DO TEMPO

Fili, conserva tempus et devita a malo: 'Filho, guarda o tempo e evita o mal' (Ecl. 4, 23)

Sumário. Um só momento de tempo vale tanto como Deus, porque o homem pode a cada instante, por um ato de contrição ou de amor, adquirir a graça de Deus e aumentar a glória eterna. E tu, meu irmão, em que empregas o tempo tão precioso? Porque adias sempre para amanhã o que podes fazer hoje?... Reflete que o tempo passado já não te pertence; que o futuro não está em tua mão. Só tens o tempo presente para fazeres o bem, e este é brevíssimo! Mister é, pois, que o aproveites depressa, se não o quiseres chorar depois como perdido irremediavelmente.

I. Meu filho, diz o Espírito Santo, sê cuidadoso em conservar o tempo, porque é a coisa mais preciosa e o maior dom que Deus pode dar ao homem na terra. Até os próprios pagãos sabiam o que vale o tempo. Dizia Sêneca que não há valor igual ao do tempo: Nullum temporis pretium. Os Santos, porém, avaliaram muito melhor ainda o valor do tempo. Diz São Bernardino de Sena que um só momento vale tanto como Deus; porque o homem pode a cada instante, por um ato de contrição ou de amor, adquirir a graça de Deus e aumentar a glória eterna: Tempus tantum valet, quantum Deus.

O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida; não se encontra na outra, nem no inferno, nem no céu. No inferno o grito contínuo dos réprobos é este: Oh, si daretur hora! 'Oxalá se nos desse uma hora!' Comprariam por todo o preço uma hora de tempo, que lhes bastaria para reparar a sua ruína; mas essa hora não a terão mais. No céu não há tristeza; mas se os bem-aventurados pudessem estar tristes, a sua única tristeza seria de terem perdido tempo nesta vida, tempo em que podiam adquirir maior glória e que não existe mais para eles.

Uma religiosa beneditina apareceu, depois da morte, com a auréola da glória, a uma pessoa e disse-lhe que estava plenamente contente; mas, se pudesse desejar alguma coisa, seria voltar à terra e sofrer para merecer mais glória. Acrescentou que de boa mente consentiria em sofrer até o dia do juízo a doença dolorosa que tinha sofrido antes de morrer, para adquirir a glória que corresponde ao merecimento de uma só Ave-Maria. - 'E tu, meu irmão, em que empregas o tempo? Porque adias sempre para amanhã o que podes fazer hoje?'

II. Reflete que já não te pertence o tempo passado; que o futuro não está em teu poder: só tens o tempo presente para praticares o bem. Pelo que te avisa São Bernardo: 'Desgraçado! como ousas contar com o futuro, como se Deus tivesse posto o tempo à tua disposição?' E Santo Agostinho acrescenta: 'Diem tenes, qui horam non tenes?' ('Como te podes prometer o dia de amanhã, se nem sequer sabes se te é dada mais uma hora de vida?') Em suma, conclui Santa Teresa: 'Se não estás pronto hoje para a morte, teme morrer mal'.

Ó meu Deus, agradeço-Vos o tempo que me dais para reparar as desordens da minha vida passada. Se chegasse a morte neste momento, uma das minhas maiores penas seria pensar no tempo que perdi. Ah! meu Senhor, destes-me o tempo para Vos amar, e empreguei-o em Vos ofender! Merecia ser enviado ao inferno desde o instante em que Vos voltei as costas; Vós, porém, me chamastes à penitência e me perdoastes. Prometi nunca mais ofender-Vos, mas quantas vezes tornei a injuriar-Vos, e Vós ainda me perdoastes! Bendita seja para sempre a vossa misericórdia! Se não fosse infinita, como poderíeis suportar-me tanto tempo? Quem poderia ter para comigo a paciência que Vós tivestes? Quanto sinto ter ofendido um Deus tão bom!

Meu amado Salvador, a vossa paciência para comigo deveria ser suficiente para me inflamar de amor para convosco. Por quem sois, não permitais que viva por mais tempo ingrato ao amor que me haveis dedicado. Desligai-me de tudo, e atraí-me todo ao vosso amor. Não, meu Deus, não quero perder outra vez o tempo que me dais para reparar o mal que fiz; quero empregá-lo todo em vosso serviço e em vosso amor. Fortalecei-me, dai-me a santa perseverança. Amo-Vos, ó bondade infinita, e espero amar-Vos sempre. Graças vos dou, ó Maria! Tendes sido a minha advogada para impetrar-me o tempo que estou gozando. Assisti-me agora, e fazei que o empregue sem reserva a amar o vosso divino Filho, meu Redentor, e a vós, minha Rainha e minha Mãe (II 50).

Santo Afonso Maria de Ligório: 'Valor do tempo' em Meditações para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II. Herder & Cia, 1921, p. 252-254, disponível em www.obrascatolicas.com

Santo Afonso de Ligório, rogai por nós!