sexta-feira, 11 de julho de 2025

ORAÇÃO DAS TRÊS HORAS DA TARDE


Senhor Jesus,
estamos agora espiritualmente aos pés da cruz
junto à vossa Mãe e o discípulo que amastes.
Pedimos-vos perdão pelos nossos pecados
que são a causa da vossa morte.

Agradecemos-vos por lembrardes de nós
naquela hora da salvação
e por nos ter legado Maria como nossa Mãe.

Virgem Santa, acolhei-nos sob a vossa proteção
e abri-nos à ação do Espírito Santo.

São João, alcançai-nos
a graça de acolher Maria em nossas vidas, como vós o fizestes,
e de auxiliá-la em sua missão. Amém.

(oração de tradição carmelita)

OS PAPAS DA IGREJA (XIX)

 




quinta-feira, 10 de julho de 2025

O DOGMA DO PURGATÓRIO (CIV)

Capítulo CIV

Meios de se Evitar o Purgatório - Os Sacramentos - Efeitos Espirituais e Medicinais da Extrema Unção [Unção dos Enfermos]

Indicamos, como quarto meio de satisfação neste mundo, o uso dos sacramentos, e especialmente a recepção santa e cristã dos últimos sacramentos na aproximação da morte.

O Divino Mestre nos adverte no Evangelho para nos prepararmos bem para a morte, a fim de que ela seja preciosa aos seus olhos e a coroação digna de uma vida cristã. Seu amor por nós faz com que Ele deseje ardentemente que deixemos este mundo inteiramente purificados, despojados de toda dívida para com a Justiça Divina; e que, ao comparecermos diante de Deus, sejamos considerados dignos de ser admitidos entre os eleitos, sem necessidade de passar pelo Purgatório. É para esse fim que Ele normalmente nos envia as dores da doença antes da morte e que instituiu os sacramentos, para nos ajudar a santificar os nossos sofrimentos e nos dispor mais perfeitamente a comparecer diante de sua face.

Os sacramentos que recebemos em tempo de doença são três: a Confissão, que podemos receber assim que desejarmos; o Santo Viático e a Extrema Unção, que podemos receber assim que houver perigo de morte. Esta circunstância do perigo de morte deve ser entendida no sentido amplo da palavra. Não é necessário que haja um perigo iminente de morte e que toda a esperança de recuperação esteja perdida; nem mesmo é necessário que o perigo de morte seja certo; basta que seja provável e prudentemente presumido, mesmo quando não há outra enfermidade além da velhice.

Os efeitos dos sacramentos, bem recebidos, correspondem a todas as necessidades, a todos os desejos legítimos dos doentes. Esses remédios divinos purificam a alma de seus pecados e aumentam seu tesouro de graça santificante; fortalecem o doente e o capacitam a suportar seus sofrimentos com paciência, a triunfar sobre os ataques do demônio no último momento e a fazer um generoso sacrifício de sua vida a Deus. Além disso, além dos efeitos que produzem sobre a alma, os sacramentos exercem uma influência salutar sobre o corpo. A extrema-unção, em especial, conforta o doente e alivia os seus sofrimentos; e até mesmo restaura sua saúde, se Deus julgar conveniente para sua salvação.

Os sacramentos são, portanto, para os fiéis, uma ajuda imensa, um benefício inestimável. Não é de se surpreender, portanto, que o inimigo das almas tenha como objetivo principal privá-las de um bem tão grande. Não podendo roubar os sacramentos da Igreja, ele se esforça para mantê-los longe dos doentes, seja fazendo com que eles os negligenciem completamente, seja fazendo com que os recebam tão tarde que percam todos os seus benefícios. Ai de mim! Quantas almas se deixam levar por essa armadilha! Quantas almas, por não receberem prontamente os sacramentos, caem no inferno ou no abismo mais profundo do purgatório!

Para evitar tal desgraça, a primeira preocupação de um cristão, em caso de doença, deve ser pensar nos sacramentos e recebê-los o mais rápido possível. Dizemos que ele deve recebê-los prontamente, enquanto ainda está em posse do uso de suas faculdades, e insistimos nessa circunstância pelas seguintes razões:

(i) Ao receber os sacramentos prontamente, o paciente, ainda com forças suficientes para se preparar adequadamente, obtém todos os frutos deles.

(ii) Ele precisa receber o mais rápido possível a assistência divina, a fim de suportar os seus sofrimentos, vencer a tentação e santificar o tempo precioso da doença.

(iii) É somente recebendo os óleos sagrados a tempo que podemos experimentar os efeitos de uma cura corporal.

E devemos aqui observar um ponto importante: o remédio sacramental da santa unção produz seu efeito sobre o doente da mesma maneira que os remédios médicos. Assemelha-se a um medicamento requintado que auxilia a natureza, na qual ainda se supõe haver um certo vigor; de modo que a extrema-unção não pode exercer uma virtude medicinal quando a natureza tornou-se muito fraca e a vida está quase extinta. Assim, um grande número de pessoas doentes morre porque adia a recepção dos sacramentos até estar em estado terminal; enquanto não é incomum ver aqueles que se apressam em recebê-los se recuperarem totalmente.

Santo Afonso nos fala de um doente que adiou receber a Extrema Unção até que fosse quase tarde demais, pois morreu pouco depois. Deus revelou, diz o santo doutor, que se ele tivesse recebido esse sacramento mais cedo, teria recuperado a saúde. No entanto, o efeito mais precioso dos últimos sacramentos é aquele que eles produzem na alma; eles a purificam dos resquícios do pecado e tiram, ou pelo menos diminuem, sua dívida de punição temporal; eles a fortalecem para suportar o sofrimento de maneira santa; eles a enchem de confiança em Deus e a ajudam a aceitar a morte em união com a de Jesus Cristo.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LV)

'Na oração, alça-se voo bem alto até perder de vista as misérias da terra, incensado da serenidade dos que já estão vizinhos do Céu'

(Serva de Deus Madre Maria de Jesus)

Oferecei a Deus os preciosos minutos de tua vida numa oração profunda: 'que se faça a vossa vontade, Senhor, e não a minha vontade'! Deus quer trocar com você tempos bem diversos: alguns minutos de agora pelos amanhãs sem fim da eternidade!

OS PAPAS DA IGREJA (XVIII)



terça-feira, 8 de julho de 2025

QUESTÕES SOBRE A DOUTRINA DA SALVAÇÃO (XIX/Final)

P. 41 - Quais são as disposições que os membros da Igreja de Cristo devem ter e que linha de conduta devem seguir em relação àqueles que estão separados de sua comunhão?

É impossível ter um amor verdadeiro e sincero por Deus sem também amar tudo o que está relacionado com Ele; e quanto mais algo estiver relacionado com Deus, maior deve ser o nosso amor por isso. Ora, todos aqueles que estão em uma religião falsa, embora separados da comunhão da Igreja, têm, em muitos outros aspectos, uma conexão muito próxima com Deus, pois são suas criaturas, obra de suas mãos, feitas para sua glória; são suas imagens, feitas à semelhança e semelhança de Deus; são redimidos pelo sangue de Jesus, que morreu pela humanidade; são criados para serem eternamente felizes com Ele no céu; pois Deus não deseja a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva.

Todas estas considerações mostram que somos obrigados a ter um amor sincero e fervoroso por eles, e um zelo caridoso pela sua salvação eterna e, consequentemente, a ter a mais terna simpatia e compaixão por eles, considerando o perigo em que se encontram as suas almas; e esta é a disposição radical e essencial dos nossos corações, que somos obrigados a ter para com toda a humanidade, sem exceção. Temos um belo exemplo disso em São Paulo, que expressa assim a disposição de seu coração para com seus irmãos, os judeus incrédulos: 'Falo a verdade em Cristo, não minto, minha consciência me testemunha no Espírito Santo, que tenho grande tristeza e pesar em meu coração: pois eu desejava ser anátema' (isto é, uma maldição) de Cristo, por meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne' (Rm 9,1-3). Agora, esse amor sincero e zelo pela salvação deles deve se manifestar principalmente nos seguintes pontos:

(i) 'Estar sempre prontos para satisfazer a todos os que nos pedirem razão da esperança que há em nós' (1Pd 3,15), isto é, estar sempre dispostos e prontos para explicar nossa santa fé a eles e mostrar-lhes os fundamentos sobre os quais nossa fé está construída, sempre que algum deles nos pedir para fazê-lo. Isso deve ser feito com toda a modéstia e mansidão para com eles, sem entrar em disputas inúteis, nem manter contendas com calor e acrimônia, mesmo que eles sejam tão irracionais no que dizem contra nós, mas dando conta da esperança que há em nós com mansidão e caridade, e deixando o resto à disposição da Divina Providência; pois a Escritura diz: 'Rejeita as discussões tolas e absurdas, visto que geram contendas. Não convém a um servo do Senhor altercar; bem ao contrário, seja ele condescendente com todos, capaz de ensinar, paciente em suportar os males. É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do demônio, que os mantém cativos e submetidos aos seus caprichos'. (2 Tm 2,23-26) e 'Procedei com sabedoria no trato com os de fora. Sabei aproveitar todas as circunstâncias. Que as vossas conversas sejam sempre amáveis, temperadas com sal, e sabei responder a cada um devidamente' (Cl 4,5-6).

(ii) Ser sincero em orar a Deus pela conversão e salvação deles é como expressamente ordenado nas Escrituras: 'Desejo, portanto, antes de tudo, que súplicas, orações, intercessões e ações de graças sejam feitas por todos os homens... pois isso é bom e agradável aos olhos de Deus, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade' (1Tm 2,1.3-4). Temos um belo exemplo disso no mesmo santo apóstolo, que, cheio de caridade pela salvação dos judeus, tem pena do zelo equivocado deles por seus próprios erros e derrama as orações de seu coração por eles: 'Irmãos' - diz ele - 'a vontade do meu coração e a minha oração a Deus é pela salvação deles; pois lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas não segundo o discernimento' (Rm 10, 1-2).

(iii) Dar-lhes bom exemplo, pelo exercício de boas obras e pela prática de todas as virtudes cristãs. Nada é mais eficaz para dar aos outros uma opinião favorável de nossa santa religião do que uma vida boa. Este é um argumento vivo que ensina os mais ignorantes e convence os mais obstinados. E, por isso, encontramos isso repetidamente ordenado nas Escrituras com o propósito de edificar aqueles que estão de fora e estimulá-los a glorificar a Deus. 'Assim brilhe a vossa luz' - diz o próprio Jesus Cristo - 'diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai celestial' (Mt 5,16). E São Pedro se expressa assim sobre este importante dever: 'Caríssimos, rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma. Comportai-vos nobremente entre os pagãos. Assim, naquilo em que vos caluniam como malfeitores, chegarão, considerando vossas boas obras, a glorificar a Deus no dia em que ele os visitar... porque esta é a vontade de Deus que, praticando o bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos' (1Pd 2, 11-12.15).  São Paulo também exige a mesma coisa, dizendo: 'Em tudo, mostre-se um exemplo de boas obras, na doutrina, na integridade, na seriedade; que a sua fala seja sã, de modo a não ser censurada, para que o adversário seja confundido, não tendo a dizer de nós mal algum (Tt 2,7-8).

(iv) Por último, se, apesar de tal comportamento piedoso e edificante, perseguições e provações forem permitidas pela Divina Providência para nos atingir por seus próprios propósitos sábios e justos, se formos caluniados falsamente, se as verdades de nossa santa religião forem difamadas e nossa doutrina deturpada, não devemos nos surpreender nem desanimar; mas lembrar que essa foi a maneira como o mundo tratou nosso próprio Senhor e Mestre, que predisse que os seus fiéis seguidores seriam tratados da mesma maneira. São Pedro também nos assegura que este é um dos sinais daqueles que seguem seitas de perdição, falar mal da verdade, 'por meio dos quais' - diz ele - 'o caminho da verdade será difamado' (2Pd 2,2) e São Judas acrescenta: 'que blasfemam contra tudo o que ignoram' (Jd 1,10).

Tais provações não devem diminuir, nem mesmo no menor grau, nossa sincera caridade por eles e nosso desejo de sua salvação; mas, ao contrário, devem aumentar nossa piedade e compaixão por suas pobres almas e nos tornar mais sinceros em nossas orações por eles, imitando nosso abençoado Salvador, que, na própria cruz, orou por seus perseguidores: 'Pai' - disse Ele - 'perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem'. Acima de tudo, nunca devemos ter o menor pensamento de vingança, 'não retribuindo mal com mal, nem injúria com injúria, mas, pelo contrário, abençoando; pois para isso fostes chamados, para que herdeis a bênção' (1Pd 3,9). Pelo contrário, considerando nossas provações como dispostas e ordenadas pela mão de Deus, 'sem o qual nem um cabelo de nossa cabeça pode cair em terra', devemos 'regozijar-nos por sermos considerados dignos de sofrer afronta por causa de Cristo' (At 5,41).

Pois 'se também sofrerdes por causa da justiça, sois bem-aventurados... pois é melhor fazer o bem (se tal for a vontade de Deus) e sofrer do que fazer o mal' (1Pd 3,14.17). E, portanto, 'Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória. Se fordes ultrajados pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós. Que ninguém de vós sofra como homicida, ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do alheio. Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter esse nome' (1Pd 4,12-16), lembrando-se sempre das palavras de nosso Senhor: 'Bem-aventurados sois quando os homens vos injuriarem e perseguirem, e disserem falsamente todo mal contra vós por minha causa; alegrai-vos e exultai, pois será grande a vossa recompensa nos céus' (Mt 5,12).

(Excertos da obra 'The Sincere Christian', V.2, do bispo escocês George Hay, 1871, tradução do autor do blog)

segunda-feira, 7 de julho de 2025

CIVILIZAÇÃO CRISTÃ OU SOCIEDADES MORTAS

Os perniciosos erros que se espalham pelo mundo tendem à descristianização completa dos povos. Ora, isto começa no século XVI com a renovação do paganismo, ou seja, com a renovação da soberba e da sensualidade pagã entre cristãos. Este declínio avançou com o protestantismo, através da negação do Sacrifício da Missa, do valor da absolvição sacramental e, por consequência, da confissão; pela negação da infalibilidade da Igreja, da Tradição ou Magistério, e da necessidade de se observar os preceitos para a salvação.

Em seguida, a Revolução Francesa lutou manifestamente para a descristianização da sociedade, conforme os princípios do deísmo e do naturalismo. O espírito da revolução conduziu ao liberalismo que, por sua vez, queria permanecer numa meia altitude entre a doutrina da Igreja e os erros modernos. Ora, o liberalismo nada concluía; não afirmava, nem negava, sempre distinguia, e sempre prolongava as discussões, pois não podia resolver as questões que surgiam do abandono dos princípios do cristianismo. Assim, o liberalismo não era suficiente para agir, e depois veio o radicalismo mais oposto aos princípios da Igreja, sob a capa de anticlericalismo', para não dizer anticristianismo: a maçonaria.

O radicalismo, então, conduziu ao socialismo e o socialismo, ao comunismo materialista e ateu, como na Rússia, e quis invadir a Espanha e outras nações negando a religião, a propriedade privada, a família, a pátria, e reduzindo toda a vida humana à vida econômica como se só o corpo existisse; como se a religião, as ciências, as artes, o direito fossem invenções daqueles que querem oprimir os outros e possuir toda a propriedade privada.

Contra todas essas negações do comunismo materialista, só a Igreja, somente o verdadeiro Cristianismo ou Catolicismo pode resistir eficazmente, pois só ele contém a Verdade sem erro. Portanto, o nacionalismo não pode resistir eficazmente ao comunismo. Nem, no campo religioso, o protestantismo, como na Alemanha e na Inglaterra, pois contém graves erros, e o erro mata as sociedades que nele se fundam, assim como a doença grave destrói o organismo; o protestantismo é como a tuberculose ou como o cancro, é uma necrose por causa da sua negação da Missa, da confissão, da infalibilidade da Igreja, da necessidade de observar os preceitos.

O que, pois, se segue dos erros citados no que diz respeito à legislação dos povos? Esta legislação torna-se paulatinamente ateia. Não somente desconsidera a existência de Deus e a lei divina revelada, tanto positiva como natural, mas formula várias leis contrárias à lei divina revelada, por exemplo, a lei do divórcio e a lei da escola laica, que termina por tornar-se ateia. Por fim, vem a liberdade total de cultos ou religiões, e da própria impiedade ou irreligião.

As repercussões destas leis em toda sociedade são enormes. Por exemplo, a repercussão da lei do divórcio: qualquer que seja o ano, qualquer que seja a nação, milhares de famílias são destruídas pelo divórcio e deixam sem educação, sem orientação, crianças que acabam por se tornar ou incapazes, ou exaltadas, ou más e, por vezes, péssimas.

Do mesmo modo, saem da escola ateia, todos os anos, muitos homens ou cidadãos sem nenhum princípio religioso. E portanto, em lugar da fé, da esperança e da caridade cristã, têm eles a razão desordenada, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, o desejo de riqueza e a soberba de vida. Todas essas coisas são erigidas num sistema especialmente materialista, sob o nome de ética laica ou independente, sem obrigação e sanção, na qual às vezes remanesce algum vestígio do decálogo, mas um vestígio sempre mutável. Portanto, qual é, segundo este princípio, o modo de discernir o falso do verdadeiro? O único modo é a livre discussão, no parlamento ou em algum outro lugar, e esta liberdade é, portanto, absoluta, nada pode ser subtraído à sua jurisdição, nem a questão do divórcio, nem a necessidade da propriedade individual, nem a da família ou da religião para os povos.

Neste caso, é para se concluir que estas sociedades, fundadas sobre princípios falsos ou sobre uma legislação ateia, tendem para a morte. Nelas, com o auxílio da graça, as pessoas individuais ainda se podem salvar. Mas estas sociedades, como tais, tendem para a morte, pois o erro, sobre o qual se fundam, mata, como a tuberculose ou o cancro que, progressiva e infalivelmente, destrói o nosso organismo. Só a fé cristã e católica pode resistir a estes erros, e tornar a cristianizar a sociedade, mas, para isso, requer-se uma condição: uma fé mais profunda, conforme as Escrituras: 'Este é o poder vitorioso que venceu o mundo: a nossa fé' (1Jo 5, 4).

(Pe. Reginald Garrigou-Lagrange)