(50 anos da Lacrimação da Imagem de Nossa Senhora em Nova Orleans/EUA, em 1972)
segunda-feira, 12 de dezembro de 2022
domingo, 11 de dezembro de 2022
EVANGELHO DO DOMINGO
'Vinde, Senhor, para salvar o vosso povo!' (Sl 145)
Primeira Leitura (Is 35,1-6a.10) - Segunda Leitura (Tg 5,7-10) - Evangelho (Mt 11, 2-11)
11/12/2022 - Terceiro Domingo do Advento
03. 'ÉS TU AQUELE QUE HÁ DE VIR?'
Eis o Advento do Senhor: depois da vigilância e da conversão, vivenciados nos domingos anteriores, segue agora o ressoar das trombetas da legítima alegria cristã neste terceiro domingo. Sim, alegria cristã, alegria plena do amor de Cristo, proclamada pelo livro do Profeta Isaías: 'Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos; cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto' (Is 35, 10). Neste deleite da graça, esparge-se a luz do entendimento da fé e amolda-se suavemente a paz divina ao coração humano que palpita inquieto enquanto não repousar definitivamente em Deus.
É neste sentimento de alegria, nascida e vivenciada numa fidelidade extrema ao amor de Deus, que exulta João Batista, ainda que na prisão. Uma alegria de tal plenitude de confiança e de graça, que vai merecer o elogio jubiloso do próprio Jesus: 'Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista' (Mt 11,11). João Batista não está nos palácios reais, aturdido pelos prazeres do mundo; João Batista não se move pelo respeito e pelas condescendências humanas, na inconstância de 'um caniço agitado pelo vento' (Mt 11,7). No deserto ou na prisão, o primado de João é o da plenitude inabalável da fé cristã; nele como se fecha a sucessão dos profetas e se abre o novo tempo da missão dos apóstolos.
Diante da indagação dos discípulos de João Batista: 'És Tu, aquele que há de vir?' (Mt 11,3), Jesus manifesta a glória de Deus e a Vinda do Messias: 'Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados' (Mt 11, 4-5). É como se lhes proclamasse aos corações: 'Nos sinais de tantos portentos e milagres, alegrai-vos, pois a Luz do Mundo está entre vós'. E Jesus vai exortá-los à alegria eterna dos Filhos de Deus: 'Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!' (Mt 11,6).
Eis a felicidade eterna trilhada por João Batista, e também a de todos os santos e santas de Deus, que percorreram igualmente a mesma via de santificação. Louvado seja o homem que recebeu do próprio Cristo elogio de tal honra e glória; louvores muito maiores sejam dados aos homens e mulheres que se consumiram de alegria na mesma via de santidade e habitam para sempre as moradas do Pai, porque mesmo 'o menor no Reino dos Céus é maior do que ele' (Mt 11, 11), o maior dentre todos os homens nascidos até então. Nascidos para a eternidade, e herdeiros da Visão Beatífica, no Céu todos se tornam ainda maiores que o João Batista do mundo.
sábado, 10 de dezembro de 2022
A VIDA OCULTA EM DEUS: AÇÃO SOBRE AS ALMAS
O bem se expande espontaneamente. A alma interior, rica em Deus, dá-a a quem sinceramente a pede - a uns mais, a outros menos - segundo a vontade de Deus e as disposições particulares de cada um. Um recebe trinta, outro sessenta, outro cem. Mas todos se nutrem da sua influência benéfica. Ela se dá a todos e dá tudo a todos. O que se tem como certeza é que, do seu afeto sincero, abnegado, desinteressado e sobrenatural, pode-se dizer o que foi dito sobre o amor de uma mãe pelos seus filhos: 'Cada um recebe a sua parte e todos o tem por completo'. Assim como não existe um bem que possa ser comparado a Deus - o Bem absoluto, também não há dádiva comparável àquela que a alma interior distribui a todos aqueles que a ela se dirigem com o coração ávido desse Bem de bens.
A alma interior exerce, com efeito, uma verdadeira atração sobre as outras almas, principalmente sobre aquelas tocadas pela graça. Estas entendem, como que por instinto, que existe uma misteriosa harmonia entre elas e aquela alma privilegiada. Então elas se aproximam dela cheias de confiança e se sentem seguras à sombra dessa alma. Elas estão convictas que podem compartilhar com ela as suas tristezas, os seus medos, os seus desejos e suas esperanças e que, não serão apenas compreendidas - o que já é muito, mas também que serão iluminadas, consoladas, fortalecidas e vivificadas. Em suma, elas encontrarão assim, de uma só vez, tudo o que lhes falta. E isso é verdade. É por isso que uma alma plenamente interior é tão preciosa. E é por isso que, embora escondida na maioria das vezes, ela exerça uma influência tão profunda.
Apesar de pensar pouco em seu próprio interesse e alegremente tenda a se esquecer de si mesma - e talvez até por causa disso - a alma interior vê que todas as coisas convergem para o bem. Tudo o que faz tem frutos bons. Isso é porque a sua vontade, perfeitamente unida à vontade de Deus, tende a se tornar tão eficaz quanto à vontade divina. O que a alma empreende não é para ela, mas somente para Deus e segundo a vontade de Deus. O que ela faz - mais do que ela mesma - é Deus quem faz por meio dela. Por que se surpreender, então, com tantos frutos? Mesmo o que parecem ser perdas aparentes acabam, no final, trabalhando de alguma forma a seu favor. Acontece com ela como seria com Jesus. Na hora em que tudo parece definitivamente perdido é quando, ao contrário, tudo está definitivamente alcançado. Da morte provém a vida e, da humilhação, obtém-se a glória. A última palavra é sempre proferida pelos amigos de Deus.
(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte IV - Fecundidade Apostólica; tradução do autor do blog)
sexta-feira, 9 de dezembro de 2022
PALAVRAS DA SALVAÇÃO

(Santo Agostinho)
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
GLÓRIAS DE MARIA: IMACULADA CONCEIÇÃO
'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.
(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)
Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição. Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.
A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez).
O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. A confirmação do dogma, a partir de manifestações que remontam os primeiros Padres da Igreja, foi ratificada muitas vezes pela própria Mãe de Deus, em várias aparições:
'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!' foi a mensagem que Nossa Senhora pediu que fosse inscrita na Medalha Milagrosa, mediante recomendação expressa a Santa Catarina Labouré em 1830 (24 anos antes da promulgação formal do dogma pela Igreja).
'Eu sou a Imaculada Conceição!' assim Nossa Senhora se apresenta à pequena vidente Bernadette Soubirous em Lourdes, no dia 25 de março de 1858 (apenas 4 anos depois da promulgação formal do dogma pela Igreja).
'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!' mensagem de Nossa Senhora em Fátima sobre a devoção ao seu Coração Imaculado.
Excertos da Bula INEFFABILIS DEUS de Pio IX
Pio IX |
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
Escolha da Santíssima Mãe
2. Em vista disso, desde todos os tempos, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho, na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado. E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complacência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade, mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito.
Com efeito, era conveniente que tão venerável Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando, assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15). E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo. Deu-Lho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, também, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe. Ela é, enfim, a criatura de quem o Espírito Santo quis que o Filho, do qual procede, fosse concebido e nascido por obra sua. [...]
Pedidos para a Definição
33. Aqui a razão por que, desde os tempos remotos, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ordens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervorosos memoriais à Sé Apostólica, em prol da definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogma da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram-se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à atenção de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa memória, e a Nós mesmo, não só por bispos, mas também pelo clero secular, comunidades religiosas, por legisladores de nações e pelos fiéis. [...]
O Consistório
39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conveniente e reto, a exemplo de Nossos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a Nossos Irmãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a maior alegria espiritual ao ouvi-los suplicarem promulgássemos a definição do dogma da Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus.
40. Por isso, tendo plena confiança no Senhor de que já chegou o tempo oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Mãe de Deus, que as Divinas Escrituras, a veneranda Tradição, o desejo incessante da Igreja, o singular consentimento dos Bispos católicos e dos fiéis, e os atos e constituições assinalados dos Nossos antecessores ilustram e proclamam; havendo considerado diligentemente todos os acontecimentos e tendo dirigido a Deus solícitas e sinceras preces, Nós julgamos não devermos fazer tardar por mais tempo a ratificação e definição, por Nossa autoridade suprema, da Imaculada Conceição da Virgem, satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho.
A Definição Infalível
41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo. Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invocamos o Paráclito. Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.
42. Em conseqüência, se alguém ousar – o que Deus não permita – pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabelecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima.
Frutos da Imaculada Medianeira
43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmagou a cabeça envenenada do mais cruel dragão, trazendo ao mundo a salvação; Ela é a glória dos Profetas e dos Apóstolos, a honra dos Mártires, a coroa e delícia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amparo de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo. Ela é a suma glória e ornamento, a fortaleza inexpugnável da Santa Igreja. Pois Ela destruiu todas as heresias e livrou os povos e nações fiéis de todas as calamidades gravíssimas. Também a Nós livrou-Nos de tantos perigos que nos assediavam. Temos, pois, confiança e esperança absolutas e totais de que a Bem-aventurada Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, fará com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erros dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa florescer, sempre mais, entre todas as nações e povos e possa espalhar seu reino “de mar a mar, do rio até aos confins da terra” (Sl 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade. Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanho e um só pastor.
44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras. Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confiança a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[...]
Publicação da Definição
45. Para que, finalmente, esta Nossa definição da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.
Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de Dezembro do ano de 1854 da Encarnação de Nosso Senhor, 9º ano de Nosso Pontificado.
Pio IX, PAPA
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
TESOURO DE EXEMPLOS (188/191)
188. PROPÓSITO INQUEBRANTÁVEL
Cambronne pertencia ao regimento de Nantes. Bebia com frequência. Um dia, em estado de enrbriaguês, bateu em seu chefe. Seu coronel, depois de conseguir que se revogasse a sentença, chamou-o e disse-lhe:
➖ De ti depende a tua honra e a tua liberdade!
➖ Meu coronel, a sentença é muito justa.
➖Não importa - respondeu o chefe - não morrerás; deves, porém, prometer que não mais te embriagarás.
➖ Meu coronel, prefiro nunca mais beber em toda a minha vida.
➖ Serias capaz de tal promessa?
➖ Sim; já que meu coronel foi capaz de tanta generosidade.
Passaram-se anos. Cambronne subiu a general e estava em Paris, acompanhando Napoleão. Hospedou-se na casa de seu antigo coronel. À hora do brinde foi oferecido a Cambronne o melhor vinho. Ele, porém, recusou, lembrando ao seu antigo chefe a promessa à qual devia a vida.
189. OS PAIS DESEDUCAM
Aquele colégio figurava entre os mais afamados. Dirigiam-no religiosos eminentes por sua ciência e virtude. Desfilaram diante de nós primeiramente os estudantes. Eram uns 130 internos. Havia entre eles jovenzinhos de poucos anos; e havia outros já crescidos, belos rapazes. Todos traziam no rosto a alegria e a esperança.
➖Padre - dizia-me o Diretor - aí vê o senhor cento e trinta rapazes. Destes, uns cento e vinte comungam todos os dias; os outros, ao menos uma vez por semana.
Atrás vinham os Padres Professores. Seriam uns trinta aproximadamente. Uns começavam a carreira do magistério, outros haviam encanecido no ensino. Depois que passaram, disse-me o Reitor:
➖ Todos eles, às vezes, têm tentações de desânimo... quase de desespero.
➖ Por quê? - interroguei.
➖ Porque trabalham nove meses no ano. Com grandes sacrifícios conseguem implantar nos corações desses meninos o amor da virtude e o respeito às leis divinas. Fazê-los serem bons e honestos. Mas saem daqui e em quinze dias os pais, meio descrentes, indiferentes e relaxados no cumprimento dos deveres cristãos, destroem o labor de um ano inteiro. Nas férias, a exemplo dos pais, faltam à missa, aos sacramentos. Terminado o curso, tornam-se ímpios, libertinos... Lançam muitos a culpa nos religiosos, esquecendo-se de que são os pais que deseducam os filhos.
190. VINHAM NADANDO
Conta um missionário que, quando chegava a alguma ilha da Oceania, para anunciar a sua presença levantava um mastro bem grande. Os negros acudiam de toda a parte e vinham até de muito longe. Um domingo, pela manhã, viu chegar uma turma de negros que vinham nadando de outra ilha, para terem o consolo de ouvir a santa Missa.
191. DOMINGOS SÁVIO AJUDA À MISSA
Este angélico jovem, aos cinco anos de idade, já sabia ajudar à missa e fazia-o com grandes demonstrações de amor a Jesus. Como era muito pequeno, o padre mesmo tinha de mudar o missal. Mas era tão grande o seu desejo de servir ao altar, que muitas vezes chegava à igreja quando esta ainda estava fechada, e ali permanecia esperando e rezando. Numa fria manhã de janeiro de 1847 ali o encontraram tiritando de frio e coberto de neve que caía copiosamente. Pode servir de modelo aos coroinhas.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
O QUE É SER SANTO?
Ser santo não é fazer milagres. E' somente amar a Jesus de todo o coração, é entregar-se a Ele sem reservas, é crer firmemente em seu amor. Ser santo não é ser isento de faltas. E' tão somente não pecar por malícia, não amar os seus defeitos. E' refugiar-se nos braços de Jesus depois de cada fraqueza e pedir-lhe a cura. Ser santo não é extenuar-se em macerações, fugir aos olhares do mundo, ocultar-se no fundo de um deserto; nem mesmo assombrar o mundo com o esplendor das obras ou subjugá-lo com o poder da palavra.
Longe disso, ser santo é aplicar-se tranquilamente a cumprir os deveres de seu estado para agradar a Jesus; suportar, para lhe ser agradável, os pesares da vida e deixar-lhe plena liberdade em dispor a seu bel prazer da alma e do corpo, da saúde e de todos os seus bens. Jesus não pede senão o coração. Quando o amam, tudo vai bem. Genoveva e Pascoal Bailão eram pastores, mas amavam a Jesus e foram santos. Isidoro era lavrador; Zita, uma criada; Crispim, sapateiro; Benedito Labre, mendigo. Que importa! Todos eles não tinham senão um ideal: amavam a Jesus apaixonadamente e esqueciam-se de si mesmos.
Não queres fazer o mesmo? Não queres unir-te a essa legião de almas generosas de todas as condições, de todas as idades e de todos os países que formam a corte de honra do rei Jesus? Eu digo que elas são uma legião. O divino Mestre suscita-as todos os dias nas grandes Sodomas modernas e nas mais humildes aldeias cristãs, nos palácios dos grandes e nas choupanas dos pobres. Ele parece temer que lhe falte o tempo de concluir a sua obra de amor aqui na terra e prodigaliza então os seus favores às almas humildes e confiantes. De ti também Ele quer fazer um santo. Ele te chama; convida-te para fazer um retiro de amor. Não te assustes da tua fraqueza nem da tua inconstância. Jesus é bom e poderoso. Ele pode reparar num momento o teu
passado. Deixa-te cativar pela graça. Ele fará de ti a
conquista do seu amor. O segredo de encantar o coração
de Jesus, de tudo obter dele, é jamais duvidar de sua
bondade.
Considera, em seguida, que a santidade à qual podes elevar-te, se quiseres, é uma coisa sublime, um ideal encantador.
Tua perfeição é o encontro de dois corações: do coração de Jesus e do teu, num ato de amor que dura toda
a vida; é uma comunhão inefável de Deus com a alma,
e da alma com Deus; é um amplexo indizível de dois
espíritos, Deus e a alma.
Ser perfeito é amar a Jesus e, amando-o, deixar-se
transformar nele e por ele; é viver no mundo do mesmo
amor que Deus vive no céu; é reproduzir, numa alma
unida a um corpo de carne, a vida que levam as três
Pessoas divinas no seio da adorável Trindade. Essa vida divina, tu a produzes todas as vezes que fazes uma aspiração de amor, que cumpres um dever para
agradar a Deus.
Quanto mais vivo, profundo e puro é o teu amor, tanto mais penetras na Santíssima Trindade; e mais também a vida
de Jesus se imprime em ti.
Que sonho poderes exercitar-te aqui na terra para essa
vida que levarás nos séculos dos séculos!
(Excertos da obra 'O Divino Amigo', do Pe. Schrijvers)
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