terça-feira, 1 de outubro de 2019

01 DE OUTUBRO - SANTA TERESA DE LISIEUX


Chamada de ‘maior santa dos tempos modernos’ e recentemente elevada à glória de doutora da Igreja Católica, Teresa de Lisieux transformou-se num dos personagens mais venerados no mundo católico como ‘Santa Teresinha do Menino Jesus’. Feitos extraordinários para uma simples carmelita, que viveu no mais absoluto ostracismo e morreu com apenas 24 anos de idade. Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em Alençon, em 02/01/1873, e faleceu em Lisieux, em 30/09/1897. Foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, que posteriormente a declarou ‘Patrona Universal das Missões Católicas’ em 1927. O Papa João Paulo II tornou-a Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997. 

Por desígnios divinos, Santa Teresinha foi a preceptora de um particular caminho de santificação: a chamada ‘pequena via’, a via de confiança absoluta à vontade de Deus. Na plena aceitação dos desígnios divinos sobre as almas de cada um de nós, no abandono de nossas vidas nos braços de Jesus Cristo, na entrega total de nossas ações e pensamentos à proteção da Santíssima Virgem: eis aí a pequena via, o caminho da infância espiritual, a gloriosa trilha de santificação para os homens comuns, o espantoso atalho ao Céu, proposto e vivido intensamente pela santa carmelita. Eis a sua pequena via maravilhosa de santificação: basta aceitar a nossa própria pequenez, a imensa fragilidade humana que nos domina, as enormes limitações de viver em plenitude os desígnios de Deus sobre as nossas almas; fazer de tantas imperfeições e fragilidades, não meros obstáculos, mas as próprias pedras do caminho, rejuntadas e consolidadas firmemente num imenso amor e numa confiança sem limites na bondade e misericórdia de Deus. 

Além de cartas e poesias (e outros documentos registrados por suas irmãs do Carmelo), o legado de Santa Teresinha está por inteiro em sua famosa obra ‘História de uma alma’ (publicado originalmente em 1898), que registra, além de seus manuscritos autobiográficos e de suas proposições espirituais, as premissas e os fundamentos do seu caminho da infância espiritual. 

Nesta pequena via, a santificação começa e termina pelo propósito de fazer, de cada dia, mais um passo na peregrinação ao Céu, transformando cada ação diária, cada ato da nossa vida mundana, por mais simples e despojado que seja, em obra de perfeição cristã, compartilhado e vivido para a plena glória do Pai (‘sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito’). Nesta pequena via, a santificação é caminho simples e fácil para todos os homens e mulheres dos nossos tempos, e precisa apenas da resolução tão claramente expressa na curta vida da carmelita de Lisieux: ‘nunca distanciar a minha alma do olhar de Jesus’.

domingo, 29 de setembro de 2019

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Tu, que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado
(1Tm 6,11-12)

sábado, 28 de setembro de 2019

29 DE SETEMBRO - SÃO MIGUEL ARCANJO

(São Miguel com elmo e armadura medieval - Catedral de Bruxelas)

'Houve uma batalha no Céu: Miguel e os seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou, juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado e não se encontrou mais um lugar para eles no Céu' (Ap 12, 7-8).

'Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande Príncipe, constituído defensor dos filhos do seu povo e será tempo de angústia como jamais houve' (Dn 12, 1).

Assim como Lúcifer é o chefe dos demônios, Miguel é o maior dentre os anjos, Príncipe das milícias celestes, protetor da Santa Igreja e da humanidade contra as forças do inferno. Assim, a designação de arcanjo (oitavo coro dos anjos) tem sentido genérico e nominativo, pois certamente São Miguel, sendo o primeiro dentre os Anjos, é o maior dos serafins. Dentre os vários santuários destinados ao Arcanjo São Miguel, Príncipe das milícias celestes, destaca-se aquele localizado no Monte Saint Michel na França, cuja foto constitui a abertura e o símbolo deste blog.

(Santuário de São Miguel - Monte Saint Michel/França)

São Miguel, rogai por nós!
Intercedei a Deus por nós!

SOBRE A CONFISSÃO

(adaptação de ilustração original publicada no blog Senza Pagare)

'O pecado não é vergonhoso senão quando o fazemos mas, sendo convertido em confissão e penitência, é honroso e saudável. A contrição e a Confissão são tão formosas e de tal fragrância que apagam a fealdade e desvanecem o mau cheiro do pecado'.
(São Francisco de Sales)

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE DORÉ (II)

PARTE II (Gn 12 - 27)

[Abraão a caminho da Terra de Canaã (Gn 12)]

 [Abraão com os Três Anjos (Gn 18)]

 [Fuga da família de Lot de Sodoma (Gn 19)]

[A expulsão de Hagar e Ismael por Abraão (Gn 21A)]

 [Hagar e Ismael no deserto (Gn 21B)]

  [Abraão submetido ao teste de fé (Gn 22)]

  [O sepultamento de Sara (Gn 23)]

  [Eliezer e Rebeca no poço (Gn 24A)]

  [O encontro de Isaac e Rebeca (Gn 24B)]

 [Isaac abençoa Jacó (Gn 27)]

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

SOBRE A DOR

A criação foi obra de amor. O bem tende a comunicar-se. Deus, o ser infinitamente bom, quis espalhar em torno de si algo de sua bondade; infinitamente rico, quis distribuir as suas riquezas; infinitamente feliz, quis tornar felizes a outros. As criaturas, que lhe saíram das mãos divinas, criaturas angélicas e criaturas humanas, foram logo cumuladas por Ele de benefícios; uma doce felicidade, isenta de dor, foi o quinhão dos anjos e dos homens durante o período de provação. Em troca, o Senhor pede às criaturas que O amem; Ele as amou, em primeiro lugar, com amor gratuito, ipse prior dilexit nos; a justiça, a honra divina, exigem que elas lhe paguem amor com amor.

Ai de nós! em vez de amor e reconhecimento, Deus só recebe, de grande parte das criaturas, ingratidão e pecado. O amor divino é um fogo devorador que não pode permanecer sem efeito; se não provocar no coração da altura um incêndio de amor, que lhe seja alegria e felicidade, tornar-se-á um fogo vingador ao serviço de sua justiça. Essa justiça, portanto, sucede ao amor desprezado, enquanto os castigos sucedem aos benefícios.

Os anjos rebeldes foram os primeiros a fazer tão triste experiência; em seguida, os homens, após o pecado, viram dissipar-se a alegria e surgir a dor. Tanto nos anjos rebeldes, como nos condenados, a justiça divina defronta o ódio e a obstinação; longe de aceitar a expiação exigida pela honra divina, erguem-se contra Deus, no orgulho e na revolta; então a pena que atraem sobre si torna-se numa tortura que lhes excita o rancor e aumenta o ódio. Na terra, ao contrário, o homem pode reconhecer sua falta, detestá-la e submeter-se ao castigo; a pena assume então um caráter inteiramente diverso: é a dor resignada e amorosa, amorosa, porque o amor que os benefícios de Deus não puderam produzir, a dor o fará brotar do coração.

Tal é, pois, o escopo da dor, reparar a honra de Deus, punir o pecado, destruir todas as consequentes corrupções. O fogo terrestre purifica, devorando tudo quanto é corruptível e separando as escórias dos elementos incorruptíveis. Edificamos, diz o apóstolo, firmados em Cristo, um edifício em que se mesclam ouro e prata, pedras preciosas e lenha, feno e palha; o fogo porá esse vício à prova, revelando tudo quanto continha de puro e sólido. É o fogo da justiça, o fogo da dor, que produz semelhante efeito; no inferno, no purgatório, o fogo vingador atinge tudo quanto está maculado; não atua, porém, sobre o que se conservou puro.

A dor é, pois, filha do pecado. O Deus de toda bondade que poderia não a ter excluído a princípio do plano divino, só a introduziu, de fato, no mundo, em seguida ao pecado. Antes da queda original, o homem não sofria a tirania das paixões e só devia esperar alegrias do convívio com sua companheira e as criaturas só lhe proporcionavam prazeres, enquanto elevavam o seu coração a Deus pelo reconhecimento.

Mas o pecado desmoronou toda a ordem da natureza. Para colher, o homem deve primeiro semear no labor e na fadiga; deve ganhar o pão com o suor de seu rosto. As rosas que o encantam estão cercadas de espinhos, aptos a ferir quem as quiser colher. Cada criatura parece dizer em sua linguagem muda: Que uso pretendes fazer de mim? Fui encarregada, pelo nosso comum Criador, de te por à prova. Ou então: sou de tal natureza que o só fato de me encontrares em teu caminho, será penoso para ti. Ou ainda: se te sou útil, obrigo-te a esforços árduos e, não raras vezes, sou rebelde a esses esforços e te imponho cruéis privações. 

Mais acerbos ainda que os sofrimentos exteriores são os sofrimentos íntimos; angústias do coração dilacerado pelas separações, pelos lutos, pela visão dos males de nossos irmãos; dores da alma causadas pelos nossos insucessos, pelas nossas próprias misérias, pelos nossos defeitos e pecados. Esses sofrimentos visam todos corrigir e reparar as consequências do pecado; são uma força destruidora e é isto que os torna tão pungentes. Há na alma humana, maculada pelo pecado original, tendências egoístas, apegos maus que se desenvolveram e se fortaleceram com as faltas individuais; são outros tantos obstáculos que impedem e tolhem as santas inclinações depositadas em nós pela graça. O fogo da dor visa devorar essas impurezas; Deus que consumir em nós o que lhe ofende a pureza do olhar e, sobre as cinzas de nossos defeitos, fazer germinar belas virtudes.

Quão viva e penetrante é por vezes a dor da alma cheia de imperfeições, mas que procura purificar-se! Dir-se-ia uma fogueira que consome muitas achas e, em cujo montão de cinzas, esperamos encontrar ocultas algumas moedas de ouro. Levará muito tempo para consumir todo esse lenho que, verde ainda, gemerá ao torcer-se e ao lançar ondas de fumaça; e só se deixará destruir depois de opor viva resistência às chamas. Assim também as almas imperfeitas têm tanto afeto às coisas deste mundo e tanto apego à sua opinião e à sua vontade, têm um amor próprio tão desenvolvido que, tudo quanto tende a consumir esses defeitos, isto é, as privações, as contradições, as humilhações mais insignificantes, tudo lhes parece extremamente penoso. E tal sofrimento, que perdurará enquanto não fizerem reais progressos na renúncia, é necessário às almas imperfeitas.

A sensualidade será destruída pela dor física; a avareza, pela perda ou diminuição dos bens; o orgulho, dos desprezos, pelas críticas, ou pelas calúnias; o egoísmo, pelo abandono, pela indiferença do próximo. Quando ao contrário, a alma está livre de tais apegos, cheia de amor de Deus e disposta a tudo aceitar de suas mãos, aquilo que outrora lhe fazia sofrer, agora a deixa indiferente; suas dores são menos acerbas; o fogo devorador tem nela pouco alimento; encontrando apenas um lenho seco ou já meio queimado, acaba de consumi-lo em silêncio. Isso não significa que essa alma purificada esteja isenta de toda dor, mas essa dor é geralmente suscitada por causas mais nobres e assim sofrerá pelas ofensas feitas a Deus. Ademais, a essas penas une-se uma paz cheia de doçura e uma resignação total que alivia e que torna amáveis as próprias dores.

(Excertos da obra 'O Caminho que leva a Deus', do cônego Augusto Saudreau)