terça-feira, 20 de agosto de 2019

A ORAÇÃO DO ROSÁRIO

1. NA ESSÊNCIA DO ROSÁRIO ESTÁ O MISTÉRIO DE CRISTO

O Concílio de Éfeso (431) afirmou: 'Quem não confessar que o Emanuel é verdadeiramente Deus e que, consequentemente, a bem-aventurada Virgem Maria é a Mãe de Deus (Theotokos), porque, segundo a carne, deu à luz o Verbo encarnado que procede de Deus, seja excomungado'. Esta afirmação conciliar, que vincula todas as grandes confissões cristãs, indica o fundamento, o lugar na história da salvação, sobre o qual se ergue todo culto mariano bem ordenado. Como afirma o Magnificat, Deus realizou 'grandes coisas' em Maria. Estas grandes coisas nada mais são senão isso: Maria tornou-se Mãe de Deus.

No centro da oração do rosário, com sua repetição da 'Ave-Maria' (três ciclos, cada um dos quais consta de cinquenta repetições), estão os dois mistérios inseparáveis da fé: 'Jesus – Filho de Deus' e 'Jesus – Filho da Virgem Maria'. A saudação angélica (Lc 1,28) e o louvor pronunciado por Isabel (Lc 1,42), juntamente com as súplicas da Igreja: 'Santa Maria, Mãe de Deus...' envolvem, como que num quadro continuamente reproduzido, a sucessão histórico-salvífica dos mistérios da vida de Jesus. A finalidade última e autêntica da oração é o louvor a Cristo, ao passo que Maria abre o caminho para ele. A contemplação dos mistérios do Redentor – tradicionalmente subdivididos nos três ciclos dos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos – não permite ao orante guardar uma distância teórica e neutra, mas une-o estreitamente à vida, paixão e glória do Senhor.

O olho espiritual do orante percorre como um ponteiro do relógio as situações mais importantes da obra salvífica de Cristo e, por isso, podemos falar com razão – tanto o do coração como o do intelecto – capta, por assim dizer, os pontos nodais, o compêndio da vida do Homem-Deus, que se desenvolveu unicamente por nosso amor, apenas 'por nós', assim como nos é narrada nos evangelhos. Quem reza o rosário de maneira devida sente-se chamado pessoalmente, sente-se preso e inserido no destino e no curso da vida do Redentor. A nossa vida feita diariamente de altos e baixos, de desenvolvimento, maturação e entardecer, encontra aqui uma explicação que a eleva, uma interpretação sem igual. Por isso podemos dizer que o rosário é uma oração extremamente importante sob o perfil existencial.

Como a nossa terra, a natureza e a humanidade vivem 'das graças' do sol, assim também a fé cristã ilumina o caminho do homem. A oração do rosário solicita o orante, e a consequência interior que disso deriva, é: 'Segue-me'. Alegria, gratidão, dor, súplica, promessa e esperança constituem as condições fundamentais de toda vida humana. Na oração, nós as revivemos nas sequelas de Cristo. Lançando-nos para além da simples reflexão, captamos quase imperceptivelmente algo do destino daquela vida na qual está encerrada a salvação de todos os homens e de todos os tempos. A 'solidariedade' cheia de fé com aquela pessoa que constitui o centro e o vértice da história de Deus com os homens permanece sempre a mesma na sucessão dos mistérios contemplados, permitindo ao orante deter-se tranquilo neste centro. Por isso e neste sentido, o rosário, apesar de toda a aparência externa, merece o título de oração do Senhor, de oração cristológica e verdadeiramente bíblica.

2. O ROSÁRIO É UMA ORAÇÃO MEDITATIVA E, PORTANTO, ATUAL E FECUNDA PARA O NOSSO TEMPO

O rosário é uma forma excelente de oração para exercitar-se na meditação contemplativa. É uma oração em que as forças do espírito e da alma se reúnem em torno da pessoa do Redentor e a ele aderem para revitalizar o seu fascínio. O que, à primeira vista, pode parecer monotonia mecânica e 'produção em série', aos olhos do orante revela-se um meio apropriado para concentrar todas as energias psíquicas e espirituais, todas as faculdades racionais e irracionais do homem.

As práticas e os métodos de meditação não cristãos dizem-nos que o homem pode ser reconduzido da dispersão e da laceração exterior e interior à reflexão, à interioridade e ao recolhimento com a ajuda da repetição contínua e aparentemente monótona de uma palavra ou de uma frase. Uma única e mesma palavra, uma única e mesma frase continuamente repetidas tornam-se o veículo do recolhimento e da concentração psíquica e espiritual. Ao mesmo tempo, também a oração do rosário, com o seu ritmo bem articulado, possui a capacidade de separar o orante do mundo exterior sensível e guiá-lo para o silêncio, o recolhimento e à 'simplicidade do coração'. 

Que o indivíduo recorra ao esquema orgânico e fixo de uma oração continuamente repetida não é necessariamente uma coisa que deva envergonhar-se. Pelo contrário, agindo desta forma, o orante manifesta significativamente a sua pobreza e impotência na busca do mistério de cuja energia e de cujo centro vive o homem. Portanto, a coisa decisiva é que esta oração, por assim dizer, toma pela mão o orante na sua fraqueza, o sustenta na sua pobreza e, por fim, lhe revela o centro de sua vida de fé. Paulo VI fala muitas vezes da 'riqueza e variedade' da oração do rosário, que devemos descobrir e aproveitar. Oração individual ou oração comunitária, nunca deixa de dar múltiplos frutos.

No curso dos séculos, foram ditas coisas grandes e sublimes, profundas e instrutivas sobre a oração do rosário, mas as palavras não estão em condições para exprimir adequadamente aquilo que no fundo move o orante. Para compreender realmente a natureza desta oração e experimentar a sua benção, existe apenas um caminho: aproximar-se dela e rezá-la.

(Excertos de 'O Culto a Maria Hoje', texto de Hans Urs von Balthasar)

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

SOBRE VIVER NA POBREZA E NA ABUNDÂNCIA

Há muitos anos – mais de vinte e cinco – eu costumava passar por um refeitório de caridade, para mendigos que não comiam em cada dia outro alimento senão o que ali lhes davam. Tratava-se de um local grande, entregue aos cuidados de um grupo de senhoras bondosas. Depois da primeira distribuição, acudiam outros mendigos, para recolher as sobras. Entre os deste segundo grupo houve um que me chamou a atenção: era proprietário de uma colher de lata! Tirava-a cuidadosamente do bolso, com avareza, olhava-a com satisfação e, quando acabava de saborear a sua ração, voltava a olhar para a colher com uns olhos que gritavam: é minha! Dava-lhe duas lambedelas para a limpar e guardava-a de novo, satisfeito, nas pregas dos seus andrajos. Efectiva mente era sua! Um pobre miserável que, entre aquela gente, companheira de desventura, se considerava rico.

Por essa altura, conhecia também uma senhora com título nobiliárquico, grande de Espanha. Isto não conta nada diante de Deus: somos todos iguais, todos filhos de Adão e Eva, criaturas débeis, com virtudes e com defeitos, capazes dos piores crimes, se o senhor nos abandona. Desde que Cristo nos redimiu, não há diferença de raça, nem de língua, nem de cor, nem de estirpe, nem de riquezas... Somos todos filhos de Deus. Essa pessoa de que vos falo agora residia numa casa solarenga, mas não gastava consigo mesma nem duas pesetas por dia. Por outro lado, pagava muito bem aos seus empregados e o resto destinava-o a ajudar os necessitados, passando ela própria privações de todo o gênero. A esta mulher não lhe faltavam muitos desses bens que tantos ambicionam, mas ela era pessoalmente pobre, muito mortificada, completamente desprendida de tudo. Compreendestes bem? Aliás, basta escutar as palavras do Senhor: bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.

Se desejas alcançar esse espírito, aconselho-te a que sejas sóbrio contigo e muito generoso com os outros. Evita os gastos supérfluos por luxo, por capricho, por vaidade, por comodidade... não cries necessidades. Numa palavra, aprende com São Paulo a viver na pobreza e a viver na abundância, a ter fartura e a passar fome, a ter de sobra e a padecer necessidade. Tudo posso naquele que me conforta. E, como o Apóstolo, também sairemos vencedores da luta espiritual, se mantivermos o coração desapegado, livre de ataduras.

(São Josemaria Escrivá)

sábado, 17 de agosto de 2019

5 ATOS DE CONTRIÇÃO

1. Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado, e porque Vos amo e estimo sobre todas as coisas: pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de Vos ter ofendido; pesa-me, também, por ter perdido o Céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de vossa divina graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero alcançar o perdão de minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Amém.

2. Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, e porque Vos amo sobre todas as coisas, pesa-me de todo o coração de Vos ter ofendido; proponho firmemente nunca mais pecar, confessar-me, cumprir a penitência que me for imposta, e afastar-me de todas as ocasiões de Vos ofender; ofereço-Vos a minha vida, obras e sofrimentos em satisfação de todos os meus pecados, e confio na vossa bondade e misericórdia infinitas que os perdoareis pelos merecimentos do vosso preciosíssimo Sangue, Paixão e Morte, e me dareis graça para emendar-me e perseverar em vosso santo serviço até o fim da minha vida. Amém. 

3. Senhor meu e Deus meu! Do íntimo do coração, me pesa de todos os pecados da minha vida. Pesa-me porque com eles mereci o purgatório ou o inferno; porque tenho desprezado o céu e porque tenho sido tão ingrato para convosco, o meu maior benfeitor. Pesa-me, sobretudo, porque, com os meus pecados, Vos tenho açoitado e crucificado, a Vós meu amabilíssimo Salvador. Agora, porém, amo-Vos, meu maior benfeitor, meu pai amabilíssimo e misericordiosíssimo Redentor; amo-Vos de todo o coração e sobre todas as coisas e, porque Vos amo, me pesa e me arrependo de Vos ter ofendido, Deus meu, que sois infinitamente formoso, bom e digno de ser amado. Proponho firmemente emendar a minha vida e não mais pecar. Ó meu Jesus! dai-me a vossa graça para assim o cumprir. Amém. 

4. Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Vós me criastes à vossa imagem e semelhança, Vós me remistes com infinito amor, morrendo na Cruz e me quereis levar ao Céu para me fazer eternamente feliz. Eu, em troca, tenho-Vos ofendido tantas vezes com meus pecados e tenho merecido justos castigos nesta vida e na outra. Sim, sou culpado do vosso Sangue e de vossas feridas; tenho afligido e amargurado o vosso amantíssimo Coração de Redentor com meus pecados e minha ingratidão. Detesto esta ingratidão e, para compensá-la, amo-Vos com mais ardente amor, sobre todas as coisas. E, porque Vos amo, pesa-me de todo o coração e sobre todas as coisas, de Vos ter ofendido, Senhor meu e Deus meu. Perdoai-me, eu Vos peço. Quero desde este momento emendar-me com fervor. Dai-me, Jesus misericordioso, a vossa graça para isto. Amém.

5. Eu, ruim e indigna criatura, me lanço aos vossos pés, Deus meu e, com o coração contrito e aflito, reconheço e confesso diante de Vós, Redentor de minha alma que, desde o instante em que nasci até agora, tenho cometido inumeráveis negligências e pecados. Tenho-Vos ofendido, Deus meu! Pequei, Senhor! Porém, detesto os meus pecados e me arrependo do íntimo do coração. Por isso, prometo solenemente não mais pecar. Porém, se Vós, em vossa altíssima sabedoria, preveis que posso novamente ofender-Vos e cair outra vez no vosso desagrado, de todo o coração Vos peço que me leveis agora desta vida, em vossa graça. Oxalá a minha dor fosse tão grande que o propósito de não mais Vos ofender permanecesse sempre imutável! Porque Vos devo infinito agradecimento pela vossa divina bondade e porque mereceis que Vos ame sobre todas as coisas, arrependo-me de meus pecados, não tanto para livrar-me dos tormentos eternos que por eles mereci, nem para gozar das delicias do Céu, que tão inconsideradamente desprezei, como porque vos desagradam a Vós, Deus meu, que, por vossa bondade e infinitas perfeições, sois digno de infinito amor. Oxalá todas as criaturas vos mostrem, sem interrupção, amor, reverência e agradecimento. Amém.

(Excertos da obra 'A Contrição Perfeita', do Pe. J. de Driesch)

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

DA PRÁTICA DA CARIDADE PELO SERVIÇO

1. Quanto a caridade que deveis praticar nas vossas ações, procurai estar dispostas a servir vossas irmãs em todas as suas necessidades [o texto foi dirigido originalmente à orientação espiritual de religiosas]. Algumas religiosas dizem que amam suas irmãs e que as conservam todas no coração, mas não querem incomodar-se em coisa alguma por seu amor. Esquecem-se do que o apóstolo São João escreveu aos seus discípulos: 'Filhinhos, não amemos com as palavras e com a língua, mas com obras e verdade' (1Jo 3,18).

Para satisfazer a caridade, não basta amar o próximo somente com palavras, é preciso amá-lo também com fatos. Todos os santos, diz o Sábio, são cheios de caridade e de compaixão para com aqueles que tem necessidade de seus socorros (Pv 13, 13). Escreve-se de Santa Teresa que ela procurava todos os dias praticar algum ato de caridade com suas irmãs e, quando alguma vez o não fazia durante o dia, procurava fazê-lo à noite, ao menos saindo da sua cela com a candeia, para fornecer luz às monjas que passavam no escuro diante dela

2. Quando puderdes fazer alguma esmola do vosso pecúlio, fazei-a. A sagrada Escritura diz que a esmola livra o homem da morte, o purifica dos pecados e lhe alcança a misericórdia divina e a salvação eterna (Tb 12,9). E reflete São Cipriano que nada há que o Senhor recomende tanto como a esmola, nas Sagradas Escrituras. 

3. Por esmola não se entende somente o dinheiro e os objetos materiais, mas também todo o alívio que se dá ao próximo necessitado desse auxílio. 'Como pode ufanar-se de ter caridade', pergunta São João, 'aquele que vendo seu irmão na necessidade, lhe fecha suas entranhas, e lhe não vem em auxílio, quando pode?' (1Jo 3,17). A religiosa faz uma esmola muito agradável a Deus, quando ajuda suas irmãs nos seus trabalhos. Santa Teodora, religiosa, procurava ajudar todas as irmãs nos seus ofícios, e evitava ao contrário que as outras a ajudassem no seu. 

Santa Maria Madalena de Pazzi, quando havia algum trabalho extraordinário para se fazer, logo se oferecia para fazê-lo sozinha; e depois ajudava as outras em todos os ofícios mais penosos, pelo que era voz corrente no convento que só ela trabalhava mais do que quatro irmãs conversas. Procurai também vos proceder desse modo, quanto for possível, e quando vos achardes cansadas, olhai para o divino esposo levando a cruz às costas, e abraçai alegremente vosso novo trabalho. O Senhor virá em vosso auxílio, quando ajudardes as vossas irmãs. 

Ele mesmo o disse: 'Pela medida com que houverdes medido, sereis medidos (Mt 7,2). Donde conclui São João Crisóstomo que a prática da caridade é uma arte muito lucrativa e o meio de ganhar muito diante de Deus . E Santa Maria Madalena de Pazzi se achava mais feliz socorrendo o próximo do que gozando na contemplação, pois como dizia: 'Quando estou em contemplação, é Deus que me auxilia e quando socorro o próximo, sou eu que ajudo a Deus'. O divino Salvador, com efeito, declarou que o bem que fazemos ao próximo, nós o fazemos a ele mesmo (Mt 25, 40).

4. Mas prestando serviços às irmãs, não deveis esperar delas nenhuma recompensa nem agradecimento. Regozijai-vos antes, se, em vez de agradecimentos, receberdes desatenções e censuras; porque, então, lucrareis uma dupla vantagem. É também um ato de caridade condescender com os pedidos honestos que vos fizerem vossas irmãs. Mas isto sempre se entende, contanto que o pedido não prejudique o vosso adiantamento espiritual; por exemplo: se a irmã quisesse que omitísseis os vossos exercícios de piedade, sem outro motivo que ficar a conversar com ela para lhe comprazer; nesse caso, é melhor que cuideis dos vossos afazeres. A caridade é bem ordenada, como diz a Esposa dos Cânticos (Ct 2,4). Não há pois caridade naquilo que prejudica o vosso bem espiritual ou o de vossa irmã. 

(Excertos da obra 'A Verdadeira Esposa de Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

GLÓRIAS DE MARIA: ASSUNÇÃO AO CÉU


A Assunção de Maria - Palma Vecchio (1512 - 1514)

"Pronunciamos, declaramos e de­finimos ser dogma de revelação divina que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à Glória celeste”.

                            (Papa Pio XII, na Constituição Dogmática  Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de 1950)


A solenidade da Assunção da Virgem Maria existe desde os primórdios do catolicismo e, desde então, tem sido transmitida pela tradição oral e escrita da Igreja. Trata-se de um dos grandes e dos maiores mistérios de Deus, envolto por acontecimentos tão extraordinários que desafiam toda interpretação humana: 

1. Nossa Senhora NÃO PRECISAVA morrer, uma vez que era isenta do pecado original;

2. Nossa senhora QUIS MORRER para se assemelhar em tudo ao seu Filho, pela aceitação de sua condição humana mortal e para mostrar que a morte cristã é apenas uma passagem para a Vida Eterna;  

3. Nossa Senhora NÃO PODIA passar pela podridão natural da carne tendo sido o Sacrário Vivo do próprio Deus;

4. A morte de Nossa Senhora foi breve (é chamada de 'Dormição') e ela foi assunta ao Céu em corpo e alma;

5. Aquela que gerou em si a vida terrena do Filho de Deus foi recebida por Ele na glória eterna;

6. Nossa Senhora foi assunta ao Céu pelo poder de Deus; a ASSUNÇÃO difere assim da ASCENSÃO de Jesus, uma vez que Nosso Senhor subiu ao Céu pelo seu próprio poder.


Louvor a Ti, Filha de Deus Pai,
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!

15 DE AGOSTO - NOSSA SENHORA DO PILAR



A devoção a Nossa Senhora do Pilar tem origem na Espanha. Segundo a Tradição, o apóstolo São Tiago Maior, enviado à Espanha para anunciar o Evangelho, estava frustrado pelos resultados limitados de sua atuação, quando teve uma visão da Virgem incentivando-o no cumprimento de sua missão. Nossa Senhora lhe apareceu encimando uma coluna (pilar), às margens do Rio Ebro, na região de Saragoza. Nossa Senhora do Pilar é invocada como sendo o Refúgio dos Pecadores e a Consoladora dos Aflitos. Na Espanha e nos países ibéricos, a festa é comemorada em 12 de outubro.  

Nossa Senhora do Pilar é Padroeira da cidade de Ouro Preto/MG, maior acervo arquitetônico barroco do Brasil e patrimônio cultural da humanidade. A festa de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto é comemorada em 15 de agosto, data de sua entronização. Eu visitei e conheço bem a Igreja do Pilar, a mais imponente e mais rica de Minas Gerais. Recentemente (2012), a Paróquia do Pilar em Ouro Preto comemorou 300 anos como comunidade paroquial (1712 - 2012), 300 anos com Maria, a Senhora do Pilar. À cidade histórica mais importante do Brasil, a minha homenagem nestes versos à sua Padroeira.

Nossa Senhora do Pilar

Estão abertas as portas da Igreja do Pilar.
Entro. E logo nos meus primeiros passos,
meu olhar encontra no mais alto do altar
a Santa Virgem com Jesus nos braços.



Hesito. Diante da bela imagem da Senhora,
de repente, imensa inquietude me possui:
pois o homem que inda sou traz lá de fora
o pobre pecador que eu sempre fui.

Mas, do Vosso olhar materno não viceja
revolta alguma, nada de condenação:
Este caminho que atravessa a igreja
É uma via crucis que só tem perdão!

Sob o Vosso olhar de Mãe na minha fronte,
avanço sem medo a tão grande tesouro:
Sois Porta da terra, aberta para o horizonte,
Sois Pilar do Céu, entronizada em ouro.


Se inda há algo em mim que me pertença,
por mais louvável, quanto mais profano,
que seja apenas o tênue fio da presença,
do amor que pulsa no meu peito humano.


E, assim, diante do Vosso altar, prostrado,
Padroeira de Ouro Preto, ouso suplicar:
que eu seja por Vosso Filho muito amado,
como eu Vos amo, ó Senhora do Pilar!

(Arcos de Pilares)