terça-feira, 8 de janeiro de 2019

AS 15 MEDITAÇÕES DA VIDA DE CRISTO (II)

A regra fundamental de nossa Sociedade é a vida de nosso Senhor Jesus Cristo, para imitá-lo com humildade e confiança, com toda a possível perfeição, em todas as obras da vida oculta e do público ministério, para a maior glória de Deus nosso Pai celeste e para a maior santificação de nossa alma e de nossos próximos (São Vicente Pallotti)

ORAÇÃO INICIAL

Por mim nada posso, mas com Deus tudo posso. Tudo quero fazer por amor a Deus. Meu Deus, quer esteja acordado, quer dormindo, pensando em vós ou não, vós sempre pensais em mim e me amais com amor infinito. Fazei que durante este dia, eu possa ter os mesmos pensamentos, a mesma humildade, a mansidão, a paciência e a caridade de nosso Senhor Jesus Cristo, para assim realizar a vossa santíssima vontade. Amém.


6. A INFÂNCIA DE JESUS CRISTO E SUA FUGA PARA O EGITO

Pela graça dos sofrimentos e perseguições de Jesus; dai-me Senhor a graça de suportar qualquer sofrimento e perseguição em qualquer tempo e situação.

'José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e partiu de noite para o Egito' (Mt 2, 14) (Os 11,1)

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

7. INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE DE JESUS

Pela graça da estada de Jesus em Nazaré, conceda-nos Senhor a graça de aperfeiçoar em nós o espírito de nossa consagração para vivermos plenamente como consagrados a Deus na obediência cordial e afetuosa.

'O menino crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele' (Lc 2, 39)

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

8. A SUBMISSÃO DE JESUS A MARIA SANTÍSSIMA E A SÃO JOSÉ

Pela submissão de Jesus a Maria Santíssima e a São José, conceda-me a graça de crescer a cada dia mais na santidade e na perfeição de todas as virtudes cristãs. Fazei que esforcemo-nos por viver na mais perfeita obediência e submissão.

'Jesus desceu com Maria e José e foi para Nazaré, e lhes era submisso' (Lc 2,48-52)

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

9. O BATISMO DE JESUS CRISTO, O SEU RETIRO NO DESERTO, O SEU JEJUM, A ORAÇÃO E O TRIUNFO SOBRE O TENTADOR

No deserto em oração e jejum, Jesus por três vezes foi tentado. Pela graça da oração de Jesus dai-me, Senhor, a graça de imitá-lo na oração e nos exercícios de piedade com perfeição e fervor. Conceda-nos a graça de imitá-lo no amor a solidão, na vida de oração, na vida de mortificação, na humildade e confiança em Deus, e aprender a vencer todas as tentações.

'Depois de ser batizado, o Espírito conduziu Jesus ao deserto para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome' (Mt 3, 16-4,1-2)

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

10. A PREGAÇÃO DE JESUS CRISTO

Jesus percorria todas as cidades e povoações da Palestina pregando o Evangelho, restituindo a visão aos cegos, a fala aos mudos, a audição aos surdos, a saúde aos enfermos, a vida aos mortos, saciando a fome dos famintos, e evangelizando os pobres, e ainda se retirava na solidão para rezar por nós. Dai-nos, Senhor a graça de vivermos sempre ocupados numa vida de oração, de retiro e de obras do sagrado ministério evangélico, para a maior glória de Deus e para a maior santificação nossa e dos próximos.

'Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades porque para isso é que fui enviado'(Lc 4, 43)

Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória...

(São Vicente Pallotti)

OREMUS! (8)

08 DE JANEIRO

Si adhuc homnibus placerem [se quisesse agradar aos homens] (Gl 1,10)

É verdade que precisamos ganhar a todos para Nosso Senhor. E as palavras duras, as atitudes ríspidas, nunca foram meios de apostolado. Foi pela mansidão que Nosso Senhor atraiu a todos: Discite a me, quia mitis sum, et humilis corde  [aprendei de mim que sou manso e humilde de coração].

Mas que o nosso zelo não seja imprudente e sentimental, a ponto de nos levar a um erro perigoso. Condescender com certas ideias e fraquezas, por de lado a simplicidade cristã, porque certa classe de pessoas a não tolera, modernizar-se mundanamente com o intuito de agradar e atrair; enfim, sacrificar a verdade, apresentando-a menos pesada e mais agradável, certamente não seria isso digno do sacerdote de Nosso Senhor, o qual estaria perdendo pensando ganhar.

As almas somente se deixam atrair pela virtude. E se esta nem sempre agrada, nem por isso a podemos profanar. O sacrifício da Verdade não ganha a ninguém; antes põe a perder as almas; elas querem ver no sacerdote o homem de Verdade que não se diminui. Com o nosso modo de apresentar a Verdade aos homens, nunca poderemos prejudicá-la. O Apóstolo, com todo o seu zelo, confessava não ter agradado a todos: Si adhuc hominibus placerem, Christi servus non essem [Se quisesse agradar aos homens, não seria servo de Cristo, palavras de São Paulo aos Gálatas, em Gl 1, 10]. 

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O CÉU É AQUI...

OREMUS! (7)

07 DE JANEIRO

Ego elegi vos [eu vos escolhi] (Jo 15,19)

Pouco antes de morrer, num discurso que não chegou a pronunciar, Pio XII escreveu: imensa é a bondade de Deus para com aqueles que Ele escolhe, como instrumento da sua vontade salvífica. Depositário e dispensador dos meios de salvação, o sacerdote, como não pode dispor deles segundo o próprio arbítrio, pois que é 'ministro', assim mantém inalterada a autonomia da sua pessoa, a liberdade e responsabilidade dos seus atos. 

Ele é portanto um instrumento consciente de Cristo, que, como um artista genial, dele se serve, como de um cinzel, para esculpir nas almas a imagem divina. Ai se o instrumento se negasse a seguir a mão do divino Artista; se deformasse o desenho dele, por próprio capricho! Bem medíocre resultaria a obra, se o instrumento fosse, por própria culpa, inepto. 

A santidade é o elemento primário que faz do sacerdote um instrumento perfeito de Cristo, já que o instrumento é tanto mais perfeito e eficaz, quanto mais unido estiver à causa principal (...) Em muitos casos não basta o fervor das próprias persuasões, nem o zelo da caridade para conquistar e conservar as almas para Cristo. Também aqui o bom povo tem razão, quando reclama de sacerdotes 'santos e doutos'.

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)

domingo, 6 de janeiro de 2019

EPIFANIA DO SENHOR

Páginas do Evangelho - Festa da Epifania do Senhor


Epifania é uma palavra grega que significa 'manifestação'. A festa da Epifania - também denominada pelos gregos de Teofania, significa 'a manifestação de Deus'. É uma das mais antigas comemorações cristãs, tal como a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo - era celebrada no Oriente já antes do século IV e, somente a partir do século V, começou a ser celebrada também no Ocidente. 

Na Anunciação do Anjo, já se manifestara a Encarnação do Verbo, revelada porém, a pouquíssimas pessoas: provavelmente apenas Maria, José, Isabel e Zacarias tiveram pleno conhecimento do nascimento de Deus humanado. O restante da humanidade não se deu conta de tão grande mistério. Assim, enquanto no Natal, Deus Se manifesta como Homem; na Festa da Epifania, esse Homem se revela como Deus. Na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus  é revelado a todas as nações da terra, a todos os povos futuros; a síntese da Epifania é a revelação universal da Boa Nova à humanidade de todos os tempos.

A Festa da Epifania, ou seja, a manifestação do Verbo Encarnado, está, portanto, visceralmente ligada à Adoração dos Reis Magos do Oriente: 'Ajoelharam-se diante dele e o adoraram' (Mt, 2, 11). Deus cumpre integralmente a promessa feita à Abraão: 'em ti serão abençoados todos os povos da terra ' (Gn, 12,3) e as promessas de Cristo são repartidas e compartilhadas entre os judeus e os gentios, como herança comum de toda a humanidade. A tradição oriental incluía ainda na Festa da Epifania, além da Adoração dos Reis, o milagre das Bodas de Caná e o Batismo do Senhor no Jordão, eventos, entretanto, que não são mais celebrados nesta data pelo rito atual.

A viagem e a adoração dos Reis Magos diante o Menino Deus em Belém simbolizam a humanidade em peregrinação à Casa do Pai. Viagem penosa, cansativa, cheia de armadilhas e dificuldades (quantos não serão os nossos encontros com os herodes de nossos tempos?), mas feita de fé, esperança e confiança nas graças de Deus (a luz da fé transfigurada na estrela de Belém). Ao fim da jornada, exaustos e prostrados, os reis magos foram as primeiras testemunhas do nascimento do Salvador da humanidade, acolhido nos braços de Maria: 'Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe' (Mt, 2, 11): o mistério de Deus revelado de que não se vai a Jesus sem Maria. Com Jesus e Maria, guiados também pela divina luz emanada do Espírito Santo, também nós haveremos de chegar definitivamente, um dia, à Casa do Pai, sem ter que voltar atrás 'seguindo outro caminho' (Mt, 2, 12). 

A ADORAÇÃO DOS TRÊS REIS MAGOS


No Evangelho de Mateus (Mt 2, 1ss), encontra-se a narrativa geral da adoração ao Menino-Deus pelos três reis magos do Oriente. Melquior, o mais velho, ofereceu ouro como presente a Jesus, símbolo de realeza; Gaspar, o mais moço, ofereceu incenso, símbolo da divindade de Cristo, enquanto Baltasar, o mouro, ofertou mirra, em adoração à humanidade de Jesus. A mirra, como símbolo de sofrimento, torna-se uma pré-anunciação e uma profecia das dores da Paixão do Senhor.




Mas, além da narrativa tão sobejamente conhecida, é importante ressaltar que o ato de adoração dos reis magos diante o Menino-Deus foi um ato de prostração de joelhos. Três reis, de origens incertas e longínquas, símbolos e representantes dos reis de toda a terra e da soberania sobre todas as nações (Sl 71, 11), dotados de poderes humanos e munidos de graças sobrenaturais, prostraram-se diante de Jesus Menino e O adoraram. De joelhos, de joelhos no chão.

Um antigo Pai da Igreja dizia que o diabo não tem joelhos e, em sendo assim, não pode ajoelhar-se, não pode prostrar-se, não pode adorar. A essência do mal é a não adoração, é a não prostração de joelhos. Que a Festa da Epifania do Senhor nos lembre deste grande exemplo dos reis magos: prostrar-nos de joelhos diante o Menino-Deus; dar-nos conta que temos joelhos e somos Filhos da Luz e, assim, inclinados e reclinados diante de Deus, possamos ser testemunhas e ofertas puras de sua santa redenção.

OREMUS! (6)

06 DE JANEIRO

Invenerunt puerum [acharam o menino...] (Mt 2, 11)

Sim, eles acharam o Menino, mas à custa de muito trabalho e sacrifício. Após uma viagem longa e penosa, chegaram enfim ao palácio do Rei dos judeus: um casebre, onde, na maior pobreza, estava uma simples criança. Para mim foi tão fácil achar Nosso Senhor! E nem sempre eu soube aproveitar dessa facilidade...

Eles acharam o Menino cum Maria, Matre eius [com Maria, sua Mãe]. Sempre com sua Mãe — foi assim que o Redentor realizou a sua obra de Redenção. Se não podemos separar o Redentor de sua Mãe Santíssima também não podemos separar Nossa Senhora da vida sacerdotal. O Alter Christus [outro Cristo] não saberá trabalhar sem Ela.

Os Magos ofereceram ouro, incenso e mirra. Não nos é tão difícil oferecer a Nosso Senhor o ouro e o incenso de um exuberante apostolado exterior. Anos e anos de trabalho, no afervoramento de uma paróquia, na organização de uma obra de assistência social, é com satisfação que entregamos tudo a Nosso Senhor. Mas... oferecer a mirra de certas renúncias interiores e mesmo exteriores... oferta dolorosa, muitas vezes, no entanto, necessária. Nosso Senhor não se contenta com uma parte do sacrifício que nos pede. Ele quer um sacrifício completo. Ele quer tudo. Ecce nos reliquimus omnia [Eis que deixamos tudo, palavras de São Pedro a Jesus, em Mt 19, 27].

(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)