sábado, 1 de abril de 2017

PRIMEIRO SÁBADO DE ABRIL


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
 DEVOÇÃO PARA O QUARTO SÁBADO 


ATO DE DESAGRAVO
AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

em reparação contra as blasfêmias daqueles que afastam e corrompem as inocentes crianças em relação ao tesouro de graças de Nossa Senhora

Ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam vosso santo nome e vossas excelsas prerrogativas; eis prostrado aos vossos pés vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido vos oferecer este ato de reparação contra as injúrias, blasfêmias, indiferenças e injustiças cometidas contra vós pela impiedade dos homens que não vos conhecem.

Neste Quarto Sábado, ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, desejo reparar particularmente as blasfêmias daqueles que procuram publicamente por no coração das crianças a indiferença, o desprezo e até mesmo o ódio contra Vós, ó Mãe Imaculada. Virgem Maria, doçura das crianças e mãe admirável de Deus menino; por vós, exultam os céus, alegram-se os anjos e os arcanjos e a terra inteira. E contra este tesouro de graças, homens ímpios ousam vos blasfemar... Feliz, porém, aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe Santíssima, e possa proclamar as bem-aventuranças do vosso Santo Nome nos confins de toda a terra. Que este meu pequeno ato de puro amor e devoção seja depositado no repositório de graças da Santa Igreja em desagravo e reparação às blasfêmias daqueles que buscam afastar e corromper as inocentes crianças diante de vossa Maternidade Divina.

E que meu ato de amor seja também um ato de  esperança e de súplica à vossa misericordiosa mediação: concedei-me, ó Imaculado e Doloroso Coração de Maria, o firme propósito de vos ser fiel todos os dias de minha vida, de defender a vossa honra de todos os ultrajes, de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias a todos os homens, de amar Vosso Filho de todo o meu coração  e a graça suprema de estar convosco e com Jesus no Céu por toda a eternidade. Amém. 

(rezar 3 Ave Marias em desagravo ao Imaculado Coração de Maria pelas blasfêmias cometidas por aqueles que afastam e corrompem as inocentes crianças em relação ao tesouro de graças de Nossa Senhora)

Orações e Práticas da Devoção neste Quarto Primeiro Sábado de 2017:

Confissão*
Sagrada Comunhão
Rezar o Terço
Meditação dos Mistérios do Rosário (15 minutos)

* A confissão pode não ser realizada neste sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte. Caso não tenha sido realizada, fazê-la com esta intenção explícita numa próxima confissão.

sexta-feira, 31 de março de 2017

CORAÇÃO DE JESUS: MISTÉRIO DOS TEMPOS FINAIS

Deus tudo faz oportunamente. Sua sabedoria tem brilhado ao lado de sua misericórdia, dando à Igreja o divino tesouro do Coração de Jesus em tempos em que esta mais havia de necessitá-lo. O mesmo Salvador disse primeiro à Santa Gertrudes, e depois à beata Margarida Maria: 'Meu divino Coração está destinado para os últimos tempos'.

Não há que duvidar: todos os sinais indicados pelo Filho de Deus no Evangelho de São Mateus (capítulo XXIV) reúnem-se, acumulam-se, por assim dizer, com espantosa evidência: a fé diminui e se apaga em muitos; o Evangelho tem sido pregado em quase todas as partes; todas as sociedades cristãs têm apostatado; guerras horríveis, lutas de povo contra povo, de nação contra nação, fazem abalar o mundo; brotam milagres de todas as partes; um conjunto extraordinário de profecias, muitas delas indubitavelmente autênticas, unem-se a um secreto instinto das almas santas. Finalmente, os três mistérios que parece devem servir de refúgio à Igreja de Deus nas supremas tribulações, o mistério da infalibilidade do Papa, o da Imaculada Conceição de Maria, o do Sagrado Coração de Jesus, dominam a tempestade universal levantada contra tudo o que é católico, dando aos verdadeiros fiéis firmeza na fé e na obediência, a graça da inocência necessária para o triunfo, e o dom de uma caridade, de uma misericórdia e de uma reparação absolutamente divinas. Tudo nos indica a proximidade mais ou menos imediata destes 'últimos tempos' preditos pelo Deus do Sagrado Coração.

Em tempos precedentes, para cada novo mal o Salvador tirava um remédio saudável 'do tesouro de seu Coração'; mas, em nosso tempo, em que todas as negações e todos os males antigos vêm concentrando-se, unindo-se estreitamente sob a bandeira da revolução e do anticristianismo, Jesus se digna abrir-nos e dar-nos todo inteiro esse mesmo Coração, esse precioso tesouro, com tudo o que contém. É o último esforço de seu amor; o remédio supremo universal.

Sim, o Sagrado Coração é o que necessita a Igreja nos tempos extraordinários. Para grandes males, grandes remédios; para um mal extremo, há que lhe aplicar o remédio mais eficaz. A Europa cristã está gangrenada até o coração; para evitar, pois, a morte, é preciso que os fiéis se lancem a buscar a vida em sua fonte, penetrando no Coração do Rei dos céus. Quanto mais penetrarmos, com mais verdade poderá dizer-se: 'Não há salvação fora do Coração de Jesus'. Vislumbram-se os fins admiráveis da Providência ao retardar a manifestação do Sagrado Coração para finais do século XVII, para aquela época em que Satanás haveria de suscitar Voltaire, Rousseau, a franco-maçonaria, o ateísmo filosófico, a Revolução propriamente dita, ou seja, a grande rebelião da sociedade contra a Igreja, do homem contra o Filho do homem, da terra contra o céu.

Ao terminar o século XVII, a heresia quis destruir, na teoria e na prática, o Sacramento do amor e, por conseguinte, o amor mesmo, o amor santo e confiado que nasce da Comunhão. Aos fariseus dos últimos tempos, Jesus opõe a revelação de seu Coração adorável, transbordando doçura e humildade, fonte inesgotável de ternura, de caridade, de misericórdia, de verdadeira santidade e de verdadeiro amor. A impiedade no século XVIII levanta um grito satânico, grito de guerra contra Jesus Cristo: 'esmaguemos o infame' e, com sofismas, com sua propaganda infernal e universal, perturbam as inteligências. Que fará Jesus Cristo? Ele, que fez o homem e que o conhece, vai direto a seu coração e o manifesta sob sua forma mais poderosa, mais íntima, mais sedutora: como soberano Amor. Entrega-lhe seu Coração divino; e, pelo coração, lhe arranca às mortais seduções do entendimento. Com efeito, nada mais forte do que o amor; e pela revelação de seu Sagrado Coração Jesus se fará amar. Admirável ardil de guerra!

Há mais! Aquelas grandes blasfêmias vão dar por fruto grandes crimes; a seita anticristã vai comover a Igreja até seus alicerces; uma perseguição selvagem vai destruir as antigas instituições católicas na Europa; faz rodar pelo cadafalso a cabeça de Luis XVI, fecha os templos, degola sacerdotes e bispos, destrói as ordens religiosas, faz subir uma prostituta nos altares, conduz o Papa ao desterro (Pio VI) e lhe faz morrer nele; inaugura uma sociedade nova sem fé, sem Deus, sem Jesus Cristo; propaga por todo o mundo essa grande blasfêmia que se chama a separação da Igreja e o Estado; extingue em milhões e milhões de almas a vida da graça.

A esses crimes que provocam necessariamente as represálias da Justiça Divina, a esses sacrilégios públicos e até então inauditos, Nosso Senhor Jesus Cristo opõe uma expiação cuja santidade sobrepuja e sobrepujará a perversidade humana; revela, inaugura o culto público de seu Sagrado Coração, e este culto mil vezes bendito, essencialmente expiatório e reparador, irá propagar-se de tal maneira, que 'ali onde abundou o pecado, sobreabundará a graça' sempre. Inspire Satanás quanto queira aos demônios em carne humana que há mais de cem anos fazem ressoar o mundo com suas blasfêmias, insultam e pisoteiam a santíssima e adorabilíssima Eucaristia; incite-lhes a blasfemar da Santíssima Virgem, a assassinar sacerdotes, a cometer toda classe de crimes: tudo em vão: a Igreja tem de hoje em diante um meio de reparação mais poderoso que todas as maquinações do inferno: tem o Sacratíssimo Coração de Jesus, o Coração do mesmo Deus.

Mas estas e outras muitas razões que seria demasiado longo expor aqui, a misericordiosíssima Providência manifestou de um modo admirável revelando o culto do Sagrado Coração no final do século XVII. Acrescente-se a isto que quando a Santíssima Virgem apareceu em 19 de setembro de 1846, na montanha de La Salette, a fim de salvar, se fosse possível, a sociedade, declarou, entre outras coisas, que a propagação do culto do Sagrado Coração seria um dos meios de que Deus se serviria para combater o anticristianismo e santificar os fiéis, a seus escolhidos dos últimos tempos. Esta revelação tem contribuído muito para propagar por todas as partes o amor e o culto do Sagrado Coração.

Entremos nesta corrente de fé, que é o caminho de salvação. Escutemos a voz da Igreja; escutemos as advertências da Santíssima Virgem; creiamos, aceitemos com amor a palavra de Nosso Senhor. Sim, o Sagrado Coração é o mistério dos últimos tempos. Mas a fim de penetrarmos mais das inefáveis excelências do Sagrado Coração e, por conseguinte, da excelência do culto e da devoção que se lhe tributam na Igreja, contemplemos de mais perto com os olhos da fé, e com a felicidade e alegria do divino amor, esse Coração amantíssimo e mil vezes adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Excertos da obra 'El Sagrado Corazon de Jesus', de Monsenhor de Ségur)

quinta-feira, 30 de março de 2017

DA PERVERSÃO DO HOMOSSEXUALISMO


Este vício [a sodomia] não é absolutamente comparável a nenhum outro, porque supera a todos enormemente. Este vício é a morte do corpo e a perdição da alma. Infecta a carne, extingue a luz da inteligência, expulsa o Espírito Santo do templo do coração do homem, fazendo nele entrar o diabo fomentador da luxúria, induz ao erro, subtrai a verdade da alma enganada, prepara armadilhas para os que nele incorrem, obstrui a saída do poço para que os que nele se prostram; abre-se-lhes o inferno, e se lhes são fechadas as portas do Céu, transforma-os de herdeiros da Jerusalém Celeste em habitantes da Babilônia infernal; arranca-os do seio da Igreja e os lançam às chamas da geena ardente.

Este vício busca destruir as muralhas da pátria celeste e tornar redivivos os muros calcinados de Sodoma. É algo que atropela a temperança, assassina o pudor, distorce a castidade e aniquila a virgindade, como o aguilhão de uma chaga repugnante. Tudo corrompe, tudo contamina, tudo macula e como não tem nada de pudor e nada alheio à imundície, nada suporta que seja puro. Como dito pelo Apóstolo: 'tudo é puro para os puros; para os impuros e imundos, nada é puro' (Tito 1, 15). Esse vício expulsam-nos do coro da assembléia eclesiástica e os obrigam a se associarem com os energúmenos e com aqueles que compartilham a causa do demônio; separa a alma de Deus para uni-la ao Diabo.

Este reino pestilentíssimo dos sodomitas torna os que se submetem aos seus desvarios em torpes perante os homens e odiosos perante a Deus. Exige impor a eles uma guerra abominável contra o Senhor e a marcharem sob as milícias de espíritos absolutamente perversos; separa-os do convívio dos Anjos e, sob o jugo de sua torpe dominação, priva as almas de sua nobreza inata. Despoja os seus servos das armas das virtudes e os expõem para serem transpassados pelos arpões de todos os vícios. Humilha-se na Igreja, condena-se no fórum, conspurca-se secretamente, sofre desonra em público, rói a consciência como um verme, queima a carne como o fogo, arde-se para se satisfazer em luxúria. E, por outro lado, teme se revelar, expor-se publicamente diante os homens. Aquele que olha com apreensão o próprio cúmplice, o que mais não poderá temer?

...

Arde a mísera carne com o furor da luxúria, estremece a fria inteligência pela suspeição, ferve o coração do infeliz mergulhado num caos infernal; a todo momento assomem-lhes à mente os aguilhões da consciência como a lhes torturarem com os tormentos futuros das penas. Uma vez que esta serpente de veneno mortal tenha cravado os seus dentes numa alma desgraçada, imediatamente ela perde o seu domínio, a memória se desvanece, a inteligência reduz-se obscurecida, perde-se a essência de Deus e se perde a essência de si mesmo. Esta peste solapa os fundamentos da fé, inibe as forças da esperança, dissipa os vínculos da caridade, aniquila a justiça, fragiliza a fortaleza e corrói os fundamentos da prudência.

O que devo acrescentar? No momento em que se há expulsado do coração humano todo o rol das virtudes, como que arrancando os ferrolhos das suas portas, este fica exposto e refém à barbárie de todos os vícios. A estes se aplica com exatidão aquele versículo de Jeremias que trata da Jerusalém terrena (Lm 1, 10): 'o inimigo tomou em suas mãos todas as coisas que Jerusalém julgava como as mais preciosas, e viu entrar os gentios em seu santuário, aqueles que dissestes que nele não deveriam entrar'. 

Aqueles que são devorados pelas entranhas desta besta famélica, são mantidos aprisionados, como por grossas correntes, da prática de quaisquer boas obras e são instigados a se projetarem sem nenhuma cautela aos precipícios da mais infame perversão. Quando se cai neste abismo de perdição extrema, se é exilado da pátria celeste, separado do Corpo de Cristo, desprezado pela autoridade de toda a Igreja, condenado pelo juízo dos Santos Padres, expulsos da companhia dos herdeiros das moradas celestes. O Céu se enrijece como ferro e a terra como bronze: não se pode ascender ao Céu por se estar vergado sob o peso da ignomínia, nem sobre a terra poderá ocultar por muito tempo o seu desvario no esconderijo da ignorância. Não poderá almejar felicidade nesta vida, e muito menos quando morrer, porque agora está refém do escárnio dos homens e, depois, dos tormentos da condenação eterna.

...

Choro por Vós, ó alma infeliz entregue às mazelas infernais da impureza, e choro com todas as lágrimas que podem chorar os meus olhos. Que dor atroz!

...

Ai de vós, alma miserável! Por vossa desgraça e perdição, entristecem-se os anjos, enquanto o inimigo exulta de alegria. Convertestes em prenda do demônio, espólio do mal, despojo dos ímpios. Abriram as bocas contra Vós todos os vossos inimigos; rugem e rangem os dentes e vociferam: 'Eis chegada a hora há tanto esperada; vamos nos apropriar de vossa alma e devorá-la inteira'. Por isso, ó alma miserável, eu choro todas as minhas lágrimas, porque não vos vejo chorar por vós.

(São Pedro Damião, excertos da obra Del Liber Gomorrhianus - Livro Gomorriano, tradução do autor do blog)

quarta-feira, 29 de março de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (IV)

MEDITAÇÃO PARA A QUARTA SEMANA DA QUARESMA

A SATISFAÇÃO EXIGIDA PELOS NOSSOS PECADOS


PRIMEIRO PONTO - A IMPORTÂNCIA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO COMETIDO, MESMO DEPOIS DE PERDOADO
     
Toda falta merece uma punição e cada injúria exige uma reparação. Nossa falta, se for grave, merece punição eterna; Deus, por meio do sacramento da Penitência, nos perdoa o castigo eterno, mas continua a nos exigir uma punição temporal. 'Vós perdoais, Senhor' diz Santo Agostinho 'o pecador que confessa a sua culpa, mas com a condição de que seja punido'. E existe coisa mais justa? É justo que inocente, o Deus-homem tenha sofrido por nossos pecados a mais cruel de todas as mortes e que o culpado se beneficie do preço pago sem tomar parte na expiação? Paulo não pensava de outra forma, quando dizia: 'Eu completo em minha carne o que falta aos sofrimentos de Jesus Cristo; nós não seremos glorificados em Jesus Cristo, se não padecermos junto com Ele'. 

A Igreja também confirma esta crença, quando define a penitência como um batismo laborioso, que somente justifica a alma ao custo de muitas lágrimas e penas. Assim, por sua bondade, Deus nos perdoa; mas, por sua justiça, exige satisfação do pecado. Uma satisfação que o homem é incapaz por mérito próprio satisfazer à sua justiça; mas que, por sua bondade, aceita o homem tirar proveito dos méritos infinitos do Salvador, associando-os às suas obras e usufruindo com isso de uma união de valor infinito. Desta forma, a justiça e bondade divina são plenamente satisfeitas. Admiremos e bendigamos estas primícias maravilhosas de sabedoria divina.

SEGUNDO PONTO - MEDIDA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO PERDOADO
       
Se a penitência imposta pelo confessor é geralmente muito leve, é apenas pelo temor de desencorajar o penitente exigindo mais. Mas, na realidade, uma satisfação em grau muito diferente é devida. 'Se deve a Deus', diz Tertuliano, 'uma penitência que seja uma compensação ou uma abreviação das penas eternas'. E o Concílio de Trento acrescenta que toda a vida cristã deve ser uma perpétua penitência. Se Deus perdoou a Adão e a Davi, foi apenas com a condição de que eles seriam punidos com terríveis castigos: um em si mesmo e em toda a sua posteridade; o outro em sua pessoa e em seu povo. Os santos, mesmo depois de terem recebido o perdão, consagram-se por toda a vida a pesadas penitências e, por fim, os justos no Purgatório, ainda que Deus lhes tenha perdoado as culpas, sempre têm que padecer penas que tornam, por comparação, todos os sofrimentos desta vida como sendo muito leves. Ó justiça de Deus, quão severa sois, e como nós nos tornamos inimigos de nós mesmos fazendo pouca penitência neste mundo!

TERCEIRO PONTO - MODOS DE PRESTAR SATISFAÇÃO A DEUS PELOS PECADOS COMETIDOS
       
1. É preciso cumprir rigorosamente a penitência imposta pelo confessor. Esta ação traz consigo algumas graças especiais, que fazem parte integrante do sacramento; e, faltar ao seu cumprimento, seria mutilar o sacramento e, consequentemente, ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo. Retardá-la seria retardar o mérito, que nos ajuda a viver melhor; seria diminuir a graça contra os pecados veniais que iríamos cometer neste intervalo; seria ainda perdê-la integralmente se, neste período, viéssemos a cair em pecado mortal. Ainda mais, esta ação nos preserva contra recaídas e nos propicia os meios necessários para viver devotamente certos dias santos. 

2. É preciso receber esta penitência com respeito e submissão, como imposta pelo próprio Jesus Cristo na pessoa do seu ministro, tomando-a como sendo infinitamente menor do que a exigida pelos nossos pecados e cumpri-la devotamente, aspirando a uma vida melhor e com vívidos sentimentos de pesar pelos pecados cometidos. 

3. A penitência sacramental deve ser acompanhada por uma plena aceitação de todos os problemas associados à nossa posição ou estado, incluindo todas as nossas enfermidades, o rigor das estações, as diversas contradições da vida, os desgastes causados pelos defeitos dos outros, aceitando todas essas cruzes com espírito de penitência e dizendo-nos muitas vezes: 'o que é isso comparado ao inferno, onde eu merecia estar para sempre?'

4. Enfim, é preciso, com o mesmo espírito de penitência, renunciar ao prazer e à sensualidade, aos entretenimentos perigosos, inúteis ou demasiado longos, para a satisfação da curiosidade, da vontade própria, da auto-estima e do caráter e colocar todo o nosso prazer na linha do dever, privando-nos do usufruir, dizendo como aquele santo penitente a quem se propôs prazeres, banquetes e jogos: 'Deixo tudo isso para as almas justas; mas eu pequei e estou em perigo de pecar ainda e, assim, não tenho outra opção que não seja gemer e fazer penitência'. Podemos colocar em prática estes diversos modos de satisfazer a justiça divina?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II, tradução do autor do blog).

terça-feira, 28 de março de 2017

BREVIÁRIO DIGITAL - AS VISÕES DE TONDAL (V/Final)

A experiência além da morte de uma alma medieval percorrendo o Céu, o Inferno e o Purgatório, guiada pelo seu Anjo da Guarda.

VISÕES DE TONDAL - PARTE V/Final


Deslocando-se ainda na parte do Purgatório destinada à expiação dos pecados dos 'bons que não foram na terra perfeitamente bons', o anjo e  alma de Tondal se defrontam com as almas de dois antigos reis irlandeses - Cantúbrio e Donato - antes inimigos e agora juntos no convívio após a morte. Ambos se salvaram; o primeiro porque, após uma grave doença, tornou-se um monge e o segundo, por ter doado todos os seus bens aos pobres. Embora salvos, ainda não merecem o Céu e, assim, a cada dia, são submetidos a 21 horas de bem estar e felicidade e a outras 3 horas de purgação.


O Paraíso é um lugar de alegria e tranquilidade, em que a alma de Tondal, acompanhada pelo Anjo, percorre em escala hierárquica crescente de graças e privilégios. O Paraíso é cercado por três grandes muros, cada um mais grandioso que o outro, feitos de prata, ouro e pedras preciosas, nesta sucessão. Num dos espaços após o primeiro muro, envolvidos por cantos melodiosos e jardins floridos, encontram-se as almas dos castos e dos casados que permaneceram puros, todos felizes e trajando roupas brancas, sinal da retidão e da prática cristã no sacramento do matrimônio, vivido com desvelo e fidelidade.



O Muro de Ouro é o lugar de morada dos religiosos e dos grandes construtores da Igreja e da civilização cristã, dos monges e dos missionários, dos sacerdotes e dos santos que, superando os limites dos valores mundanos, alcançaram graças extraordinárias e avançaram firmemente na fé e na caridade cristã. Para eles, estão destinadas especialmente as moradas eternas, onde recebem toda sorte de gozo e de alegrias sem fim.



No nível mais alto do Paraíso, a alma de Tondal encontra-se diante o Muro de Pedras Preciosas, a mais bela e grandiosa das muralhas celestes, lugar do descanso eterno reservado às nove ordens de anjos (serafins, querubins, dominações, tronos, principados, potestades, virtudes, anjos e arcanjos), aos patriarcas e profetas da Bíblia, aos pais da Igreja e aos Apóstolos de Jesus. Além desse muro, a alma de Tondal não pode adentrar e, assim, ela deve retornar ao corpo do cavaleiro, para que ele possa renascer espiritualmente a partir da sua fantástica experiência além da morte.

segunda-feira, 27 de março de 2017

FOTO DA SEMANA

'Sou eu, o Senhor, que abate a árvore soberba, e exalta o humilde arbusto; que seca a árvore verde e faz florescer a árvore seca' 
(Ez 17, 24)


domingo, 26 de março de 2017

A CEGUEIRA ESPIRITUAL

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo da Quaresma


O Quarto Domingo da Quaresma é chamado Domingo Laetare ou Domingo da Alegria, e constitui um dos mais festejados do Ano Litúrgico. Por se enquadrar na metade do tempo quaresmal, período este vivido pela Igreja em meio à tristeza e penitências, a liturgia desse domingo se propõe a reacender nos católicos a firme alegria e esperança que devem ser o sustento dos católicos até a plenitude do tempo pascoal. E a alegria e esperanças cristãs se fundem em plenitude na Luz de Cristo.

Na eternidade, veremos Deus face a face. Na terra, vivemos na jubilosa esperança da posse eterna da Plena Visão. E, como cegos, tateamos na penumbra da fé para não nos deixarmos submergir pelas trevas do mundo. Neste domingo, celebramos a luz, a luz de Cristo, que rompe a escuridão de nossa alma cega nos afazeres mundanos. 'Vai lavar-te na piscina de Siloé' (Jo 1,7) é a intimação de Jesus ao mendigo cego de nascença, para lhe curar a cegueira física; 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo' (Jo 1, 37) é a confirmação a ele de que está diante do Filho do Homem e pleno da visão de Deus.

Jesus curou o cego de nascença moldando o barro do chão; Jesus nos cura da cegueira espiritual moldando a argila frágil da natureza humana, pelo cinzel da graça e do amor de Deus. Ao se debruçar até o pó, nos dá ciência de que conhece a nossa imensa fragilidade; ao proclamar sua divindade, nos conforta de que somos os herdeiros da divina misericórdia.

E, diante milagre tão portentoso, os fariseus expulsaram o mendigo da sinagoga e se aferraram ainda mais na obstinação dos condenados e, cegos de descrença, mergulharam ainda mais fundo nas trevas do pecado. A perda da visão física é passageira, a perda da visão sobrenatural tem o preço da eternidade. No meio do caminho desta jornada quaresmal, elevemos a Cristo nossas almas frágeis de argila e a Ele supliquemos conservá-las firmemente na direção do Círio Pascal, ao encontro da luz do Cristo Ressuscitado.