segunda-feira, 17 de agosto de 2015

DOS RITOS BIZANTINOS (I)

PARAKLESIS* À SANTA MÃE DE DEUS (ODES VII, VIII e IX)

* exortação, súplica

Os jovens, vindos da Judeia 
e outrora em Babilônia, 
pisaram sobre a chama da fornalha 
com sua fé na Trindade, 
enquanto cantavam:
'Tu és bendito, ó Deus de nossos pais!' 
Santíssima Mãe de Deus, salva-nos! 

Quando quiseste por em ação
teu plano de salvação, 
moraste, ó Salvador, no seio da Virgem, 
designando-a socorro do mundo. 
Tu és bendito, ó Deus de nossos pais! 
Santíssima Mãe de Deus, salva-nos! 

Insiste agora, Mãe pura, 
junto a quem geraste, 
tão inclinado à misericórdia, 
que livre da culpa e manchas da alma 
aqueles que com fé proclamam: 
'Tu és bendito, ó Deus de nossos pais!' 
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 

Sacrário de salvação e fonte de incorrupção, 
constituíste aquela que um dia te deu à luz, 
baluarte seguro e porta da penitência 
para os que clamam: 
'Tu és bendito, ó Deus de nossos pais!'
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém. 

Com tua altíssima proteção, ó Mãe de Deus, 
digna-te curar as dores dos corpos 
e as enfermidade da alma 
dos que recorrem com amor a Ti, 
aquela que nos deu o Cristo, Salvador! 

Cantai ao Rei dos Céus, 
a quem louvam os angélicos exércitos, 
enaltecei-o por todos os séculos!
Santíssima Mãe de Deus, salva-nos! 

Não desprezes, ó Virgem, 
os que invocam o teu auxílio, 
cantando teus louvores e te enaltecem, 
ó Donzela, pelos séculos! 
Santíssima Mãe de Deus, salva-nos! 

Tu, ó Virgem, 
derramas abundante auxílio 
sobre os com fé, 
a Ti entoam louvores 
enaltecendo teu inefável juramento. 
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 

Cura as enfermidades de minha alma 
e as dores de meu corpo, ó Virgem, 
para que te glorifique, ó Cheia de Graça! 
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém. 

Tu pões em fuga os assaltos das tentações 
e os ataques das paixões. 
Por isso, ó Virgem, 
nós te louvamos pelos séculos. 
Nós, por Ti remidos, ó Virgem pura,  
confessamos-te verdadeira Mãe de Deus,  
e te enaltecemos com todos os coros angélicos.  
Santíssima Mãe de Deus, salva-nos! 

Não despreze as torrentes de minhas lágrimas, 
Tu que deste à luz o Cristo, 
e que sempre enxugaste 
as lágrimas de todas as faces.
Santíssima Mãe de Deus, salva-nos! 

Inunda minha alma de alegria, ó Virgem, 
Tu que abrigaste a plenitude da alegria, 
dissipando a tristeza do pecado. 
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 

Os raios de tua luz, ó Virgem, 
ilumine os que, com piedade, 
te proclamem Mãe de Deus 
e dissipem as trevas da ignorância. 
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém. 

Cura de seu mal, ó Virgem, 
os que jazem alquebrados 
em seus leitos de enfermos, 
transforma em força a sua fraqueza. 

Honremos com cantos e hinos 
a mais excelsa dos Céus, 
a mais pura que o esplendor do sol, 
a que nos livrou da maldição, 
a Rainha do mundo. 

Verdadeiramente é digno e justo 
que te bendigamos, 
ó bem-aventurada Mãe de Deus. 
Tu, mais venerável que os querubins 
e, incomparavelmente, 
mais gloriosa que os serafins; 
deste a luz ao Verbo de Deus, 
conservando intacta a glória da tua virgindade. 
Nós te glorificamos, 
ó Mãe de nosso Deus! 

Por causa de meus muitos pecados 
estão enfermos meu corpo e minha alma; 
e a Ti me dirijo, ó Cheia de Graça, 
esperança dos desesperados: socorre-nos! 
Senhora, Mãe do Redentor, 
acolhe as súplicas de teus indignos servos, 
intercede junto daquele que nasceu de Ti. 
Rainha do mundo, sê nossa medianeira. 
Com ardor e alegria cantamos este hino, 
Mãe de Deus, digna de todo louvor. 

Com o Precursor e com todos os santos, 
implora, ó Divina Mãe, 
que alcancemos misericórdia. 
Emudeçam os lábios dos ímpios, 
que não veneram teu nobre ícone, 
a Odighitria* que São Lucas pintou. 
Exércitos de todos os Anjos, 
Precursor do Senhor, 
coro dos Apóstolos e de todos os Santos, 
intercedei junto à Mãe por nossa salvação. Amém.

* A virgem Odighitria, 'aquela que indica o caminho', ícone no qual a Mãe de Deus indica, com a sua mão direita, o menino Jesus, que é o Caminho e a Verdade e que, segundo a tradição, teria sido um dos ícones de Nossa Senhora pintados pelo evangelista São Lucas.

(tradução do Pe. André Sperandio e Pe. Paulo Augusto Tamanini)

domingo, 16 de agosto de 2015

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Páginas do Evangelho - Solenidade da Assunção de Nossa Senhora
 'O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor'

As glórias de Maria podem ser resumidas na portentosa frase enunciada pelo anjo Gabriel: 'Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus' (Lc 1, 30). Ao receber a boa-nova do anjo, Maria prostrou-se como serva e disse 'sim', e por meio desse sim, como nos ensina São Luís Grignion de Montfort, 'Deus Se fez homem, uma Virgem tornou-se Mãe de Deus, as almas dos justos foram livradas do limbo, as ruínas do céu foram reparadas e os tronos vazios foram preenchidos, o pecado foi perdoado, a graça nos foi dada, os doentes foram curados, os mortos ressuscitados, os exilados chamados de volta, a Santíssima Trindade foi aplacada, e os homens obtiveram a vida eterna'.

Esta efusão de graças segue Maria na Visitação, pois ela é o reflexo da presença e das graças do Espírito Santo que são levadas à sua prima Isabel e à criança em seu ventre. No instante da purificação de São João Batista, o Precursor, Santa Isabel foi arrebatada por inteira pelo Espírito Santo: 'Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo' (Lc 1,41). Por meio de uma extraordinária revelação interior, Santa Isabel confirma em Maria o repositório infinito das graças de Deus: 'Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu' (Lc 1,43).

E é ainda nesta plenitude de comunhão com o Espírito Santo, que Maria vai proclamar o seu Magnificat'A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre' (Lc 1, 46-55).

Mãe da humildade, mãe da obediência, mãe da fé, mãe do amor. Mãe de todas as graças e de todos os privilégios, Maria foi contemplada com o dogma de fé divina e católica da assunção, em corpo e alma, à Glória Celeste. Dentre as tantas glórias e honras a Maria, a Igreja celebra neste domingo a Serva do Senhor como Nossa Senhora da Assunção. 

sábado, 15 de agosto de 2015

GLÓRIAS DE MARIA: ASSUNÇÃO AO CÉU

A Assunção de Maria - Palma Vecchio (1512 - 1514)

"Pronunciamos, declaramos e de­finimos ser dogma de revelação divina que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à Glória celeste”.

                            (Papa Pio XII, na Constituição Dogmática  Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de 1950)


A solenidade da Assunção da Virgem Maria existe desde os primórdios do catolicismo e, desde então, tem sido transmitida pela tradição oral e escrita da Igreja. Trata-se de um dos grandes e dos maiores mistérios de Deus, envolto por acontecimentos tão extraordinários que desafiam toda interpretação humana: 

1. Nossa Senhora NÃO PRECISAVA morrer, uma vez que era isenta do pecado original;

2. Nossa senhora QUIS MORRER para se assemelhar em tudo ao seu Filho, pela aceitação de sua condição humana mortal e para mostrar que a morte cristã é apenas uma passagem para a Vida Eterna;  

3. Nossa Senhora NÃO PODIA passar pela podridão natural da carne tendo sido o Sacrário Vivo do próprio Deus;

4. A morte de Nossa Senhora foi breve (é chamada de 'Dormição') e ela foi assunta ao Céu em corpo e alma;

5. Aquela que gerou em si a vida terrena do Filho de Deus foi recebida por Ele na glória eterna;

6. Nossa Senhora foi assunta ao Céu pelo poder de Deus; a ASSUNÇÃO difere assim da ASCENSÃO de Jesus, uma vez que Nosso Senhor subiu ao Céu pelo seu próprio poder.


Louvor a Ti, Filha de Deus Pai,
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!

15 DE AGOSTO - NOSSA SENHORA DO PILAR



A devoção a Nossa Senhora do Pilar tem origem na Espanha. Segundo a Tradição, o apóstolo São Tiago Maior, enviado à Espanha para anunciar o Evangelho, estava frustrado pelos resultados limitados de sua atuação, quando teve uma visão da Virgem incentivando-o no cumprimento de sua missão. Nossa Senhora lhe apareceu encimando uma coluna (pilar), às margens do Rio Ebro, na região de Saragoza. Nossa Senhora do Pilar é invocada como sendo o Refúgio dos Pecadores e a Consoladora dos Aflitos. Na Espanha e nos países ibéricos, a festa é comemorada em 12 de outubro.  

Nossa Senhora do Pilar é Padroeira da cidade de Ouro Preto/MG, maior acervo arquitetônico barroco do Brasil e patrimônio cultural da humanidade. A festa de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto é comemorada em 15 de agosto, data de sua entronização. Eu visitei e conheço bem a Igreja do Pilar, a mais imponente e mais rica de Minas Gerais. Recentemente (2012), a Paróquia do Pilar em Ouro Preto comemorou 300 anos como comunidade paroquial (1712 - 2012), 300 anos com Maria, a Senhora do Pilar. À cidade histórica mais importante do Brasil, a minha homenagem nestes versos à sua Padroeira.

Nossa Senhora do Pilar

Estão abertas as portas da Igreja do Pilar.
Entro. E logo nos meus primeiros passos,
meu olhar encontra no mais alto do altar
a Santa Virgem com Jesus nos braços.


Hesito. Diante da bela imagem da Senhora,
de repente, imensa inquietude me possui:
pois o homem que inda sou traz lá de fora
o pobre pecador que eu sempre fui.

Mas, do Vosso olhar materno não viceja
revolta alguma, nada de condenação:
Este caminho que atravessa a igreja
É uma via crucis que só tem perdão!

Sob o Vosso olhar de Mãe na minha fronte,
avanço sem medo a tão grande tesouro:
Sois Porta da terra, aberta para o horizonte,
Sois Pilar do Céu, entronizada em ouro.


Se inda há algo em mim que me pertença,
por mais louvável, quanto mais profano,
que seja apenas o tênue fio da presença,
do amor que pulsa no meu peito humano.


E, assim, diante do Vosso altar, prostrado,
Padroeira de Ouro Preto, ouso suplicar:
que eu seja por Vosso Filho muito amado,
como eu Vos amo, ó Senhora do Pilar!

(Arcos de Pilares)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

14 DE AGOSTO - SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE

 

São Maximiliano Maria Kolbe (08/01/1894 - 14/08/1941)

Quando tinha apenas 10 anos, Raimundo Kolbe recebeu uma dura repreensão de sua mãe: 'Se aos dez anos você é tão mau menino, briguento e malcriado, como será mais tarde?' Estas palavras doeram fundo na alma da criança e, muito perturbado por tal admoestação, prostrou-se aflito diante da imagem de Nossa Senhora: 'Que vai acontecer comigo?' A Mãe de Deus apresentou-se, então, diante dele, trazendo nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha e lhe perguntou, sorrindo, qual delas ele escolhia para a sua vida. O pequeno escolheu as duas. A coroa branca lhe assegurou a castidade; a coroa vermelha lhe outorgou a glória do martírio. Assim nascem os santos, assim se forjam os mártires.

Assumindo a sua vocação religiosa, decidiu ser capuchinho franciscano com o nome de Maximiliano e fez os solenes votos do sacerdócio em 01 de novembro de 1914, acrescentando o nome de Maria aos seu nome religioso. Quase 40 anos após a visão da Santa Virgem, ele receberia a coroa do martírio. Em fevereiro de 1941, o padre Kolbe foi levado à prisão de Pawiak, em Varsóvia para interrogatório, tornando-se em seguida o prisioneiro de número 16670 do campo de concentração de Auschwitz durante a II Grande Guerra Mundial. Mais do que nunca, exerceu ali o seu apostolado de oração e pela conversão daqueles condenados. No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14 do campo, cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas. Numa dada oportunidade, ocorreu a fuga de um deles e, como castigo, dez outros foram sorteados para morrer de fome e de sede num abrigo subterrâneo. 

O sargento Franciszek Gajowniczek do exército polonês foi um dos dez escolhidos e suplicou pela sua vida, por ser pai de uma família ainda de pequenos. Padre Kolbe se ofereceu para substitui-lo no 'bunker da morte' e assim foi feito. Desnudos, os dez homens padeceram o suplício da fome e da sede no subterrâneo confinado. Pe. Kolbe lhes deu toda a assistência espiritual possível neste período de martírio. Ao final de três semanas, 4 ainda estavam vivos e receberam, então, injeções letais de ácido muriático. Era o dia 14 de agosto de 1941, véspera da Festa da Assunção de Nossa Senhora. Pe. Kolbe foi o último a morrer. Sua festa religiosa é celebrada em 14 de agosto. Foi canonizado pelo papa João Paulo II em 10 de outubro de 1982.



'Não tenham medo de amar demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o próprio Jesus: e imitar Jesus é nossa santificação. Quanto mais pertençamos à Imaculada, tanto melhor compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus, Deus Pai, a Santíssima Trindade'.


(o 'bunker da morte')

Mas o que aconteceu com Gajowniczek - o homem que Padre Kolbe salvou? Depois da guerra, retornou à sua cidade natal, reencontrando a sua esposa. Seus dois filhos tinham sido mortos durante a guerra. Todos os anos, no dia 14 de agosto, ele retornou à Auschwitz e divulgou durante toda a vida o ato heroico do Pe. Kolbe. Morreu aos 95 anos, em 13 de março de 1995, em Brzeg, na Polônia, quase 54 anos depois de ter sido salvo da morte por São Maximiliano Kolbe. 


(Franciszek Gajowniczek)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

ORÁCULO DAS ALMAS DO PURGATÓRIO (II)

São Jerônimo: 

‘Durante a cele­bração de uma missa por uma alma sofredora, esta alma pode ser preservada de todo ou em parte da pena do fogo. Em cada missa que se celebra, diver­sas almas são livres do purgatório. Refleti ainda nis­to: a vossa caridade por estas almas será de muita vantagem para vós. Ó missa bendita, és útil há um tempo para os vivos e os mortos! No tempo e na eter­nidade!’ 

São Leonardo de Porto Maurício:

Permite que vos dirija uma súplica, e quero vos pedir de joelhos: tomai a firme resolução de ouvir ou de fazer cele­brar todas as missas que vossas ocupações e vossos recursos vos permitirem, não só pelos defuntos mas também por vossas almas. Dois motivos devem vos decidir: o primeiro motivo, alcançar uma boa mor­te. Ó, como será doce e tranquila a morte de quem empregou sua vida em ouvir o maior número de mis­sas que puder! O segundo motivo é alcançar para vós mesmos o imenso favor de roubar o céu até sem pas­sar pelo purgatório, ou abreviar muito o tempo de permanência naquelas chamas expiadoras'.

Beato João d’Ávila:

Ao chegar aos seus últimos instantes da vida, perguntaram-lhe o que mais deseja­ria depois da morte: — missas! missas! missas!

Santa Mônica:

Santa Monica estava às portas da eternidade. No leito de morte, disse ao filho querido, Agostinho, que lhe custara tantas lágrimas e que a havia en­chido de tantas consolações nos últimos dias: 'Meu filho, logo não tereis mãe. Quando eu não estiver mais neste mundo, rezai pela minha al­ma, não vos esqueçais daquela que tanto vos amou. No Sacrifício do Cordeiro sem mancha, recomendai minha alma a Deus'.

O Santo Doutor jamais se esqueceu da recomen­dação materna. Chorou muito quando morreu San­ta Mônica, mas suas lágrimas foram sempre acom­panhadas de muitas preces fervorosas e sufrágios. 'Deus de misericórdia', dizia ele, 'perdoai à minha mãe e não entreis em juízo com ela. Lembrai-vos de que antes de deixar este vale de lágrimas, não pediu para os seus restos mortais funerais pomposos, mas somente que vossos ministros se lembrassem dela no Altar do Divino Sacrifício'.

Bem aventurado Henrique Suzo:

Henrique fez um con­trato com um dos amigos muito íntimos: 'O que mor­resse primeiro, teria um certo número de missas que o outro sobrevivente se obrigaria a mandar celebrar o mais depressa possível'. O amigo do bem aventurado partiu primeiro para outra vida. Algum tempo depois, apareceu a Henrique Suzo, gemendo de dor e a se queixar: 'Ai! Já te esquecestes da promessa!'

'Não, meu amigo', respondeu Henrique, 'eu não cesso de rezar pela tua alma desde que morreste' — 'Ó, mas isto não me basta, não, não basta!' geme o defunto; 'falta-me, para apagar as chamas que me abrasam, falta-me o Sangue de Jesus Cristo! O Sangue de Jesus Cristo!' O bem aventurado compreendeu logo que falta­vam as missas.

No dia seguinte ao da aparição, foi logo à igreja pedir muitas missas pelo amigo defunto. Obteve diversas missas nesta intenção. O amigo lhe apareceu já glori­ficado, e agradeceu-lhe feliz: 'Meu querido amigo, mil vezes agradecido! Graças ao Sangue de Jesus Cristo Salvador, estou livre das chamas expiadoras. Subo ao céu e lá nunca te esquecerei!'

(Excertos da obra 'Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!' de Monsenhor Ascânio Brandão, 1948)

O CÉU É AQUI...